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4. SELEÇÃO DE NOVAS VARIEDADES DE

4. SELEÇÃO DE NOVAS VARIEDADES DE

4. SELEÇÃO DE NOVAS VARIEDADES DE

4. SELEÇÃO DE NOVAS VARIEDADES DE

4. SELEÇÃO DE NOVAS VARIEDADES DE

CANA-DE-AÇÚCAR E SEU MANEJO DE PRODUÇÃO

CANA-DE-AÇÚCAR E SEU MANEJO DE PRODUÇÃO

CANA-DE-AÇÚCAR E SEU MANEJO DE PRODUÇÃO

CANA-DE-AÇÚCAR E SEU MANEJO DE PRODUÇÃO

CANA-DE-AÇÚCAR E SEU MANEJO DE PRODUÇÃO

Marcos Guimarães de Andrade Landell1

Luciana Rossini Pinto1

Silvana Creste1

Mauro Alexandre Xavier1

Ivan Antônio dos Anjos1

Antônio Carlos Machado Vasconcelos1

Márcio Aurélio Pitta Bidóia2

Daniel Nunes da Silva2

Marcelo de Almeida Silva3

1 Pesquisador Científico do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC/Apta/SAA), Ribeirão Preto, SP; e-mail: mlandell@iac.sp.gov.br 2 Engenheiro Agrônomo do Programa Cana do Instituto Agronômico (IAC/Apta/SAA), Ribeirão Preto, SP.

3 Pesquisador Científico do Pólo Regional Centro-Oeste (DDD/Apta/SAA), Jaú, SP.

1. INTRODUÇÃO

A

pesar da história da cana-de-açúcar, ao lon-go dos últimos sete sé-culos, estar associada principalmente à produção de açúcar, há registros da propagação vegetativa desse vegetal em seus centros de origem destinada, tam-bém, à ornamentação e à alimentação in natura. Nesse período, os nativos asiáticos propagavam as formas de

Saccharum que apresentassem cores mais atraentes associadas ao baixo teor de fibra e caldo mais açucarado. Em 1493, supostamente, Cristóvão Colombo introduziu no “Novo Mundo” a variedade Crioula, resultado de uma hibridação natural entre Saccharum officinarum e Saccharum barberi (BREMER, 1932). Durante apro-ximadamente 250 anos manteve-se em cultivo, sendo substituída, posteriormente, por formas de cana “nobre” (Saccharum officinarum), assim conhecida devido às suas qualidades distinguidas.

Como se vê, é bastante antiga a busca por formas varietais que apresentem maior teor de sacarose, destacando-se nesta con-tribuição a espécie Saccharum officinarum, que até o início do século XX era responsável por grande parte da matéria-prima mundial, através de variedades como Bourbon. À doença do sereh e, posteriormente, ao mosaico e à gomose, pode ser creditada a grande importância que assumiu a técnica do melhoramento ge-nético, a partir de 1880. Inicialmente, objetivou-se a resistência às principais doenças conhecidas, utilizando-se como “ferramenta” o cruzamento interespecífico envolvendo Saccharum officinarum, S. spontaneum, S. barberi e S. sinense. A exploração dessas outras espécies proporcionou uma significativa alteração no ideótipo varietal. Plantas, antes sem capacidade de perfilhamento, passaram a apresentar, a partir de então, não apenas tal característica, como também grande habilidade de brotação após o seu corte. Colmos que apresentavam diâmetro excessivo e baixíssimo teor de fibra, agora eram de média grossura, com valores médios-altos de fibra (EDGER-TON, 1955). Desde o advento de hibridações manipuladas, o perfil varietal se distinguiu, oferecendo à indústria uma nova concepção de matéria-prima. Os programas de melhoramento genético da cana conduzidos em dezenas de países têm sido responsáveis por essa mudança essencial, usando para tanto de estratégias de hibridação e seleção diferenciadas. São eles que, atentos às novas demandas, lançam-se no exercício de construir os cenários de médio e longo prazo, equivalente ao seu ciclo de produção tecnológica.

2. PROCESSOS DE SELEÇÃO

O sucesso de um programa de melhoramento genético está condicio-nado à utilização e ao manejo corretos dos recursos genéticos ao longo dos ciclos seletivos (RESENDE, 2002). O melhoramento genético da cana-de-açú-car inicia-se com a obtenção de popula-ções com ampla variabilidade genética. Para obtenção dessa variabilidade utili-za-se o processo de hibridação para ge-ração de populações segregantes. Isso pode ser obtido, conven-cionalmente, pelos seguintes tipos de hibridações:

a) Cruzamentos Bi-Parentais: cruzamento simples utilizan-do-se dois parentais conhecidos;

b) Policruzamentos: quando é utilizado um grupo de paren-tais selecionados, que é intercruzado. Nesse caso, conhece-se so-mente o parental feminino, de onde serão coletadas as panículas fecundadas por machos diversos.

No Brasil, a atividade de hibridação tem sido desenvolvida em áreas litorâneas da Bahia e Alagoas, que oferecem condições climáticas bastante favoráveis ao florescimento e à viabilidade dos grãos de pólen. Muitos programas de melhoramento de cana no mundo utilizam-se de “Casa de Fotoperíodo”, ou seja, aplicam con-dições artificiais para induzir o florescimento da cana. O planeja-mento dos cruzaplaneja-mentos é realizado adotando-se como critérios prin-cipais: grau de endogamia entre parentais, teor de açúcar, produti-vidade agrícola, resistência às principais doenças (carvão, mosaico, ferrugem, amarelinho e escaldadura), capacidade de brotação da soqueira e hábito ereto de crescimento da touceira dos genitores. O grau de sucesso nessa etapa correlaciona-se com a qualidade da coleção de genótipos mantida para o fim de hibridação. Ela deve receber, de maneira contínua, germoplasma de diversas origens e, principalmente, conter uma estratégia para incorporação de indi-víduos oriundos do processo de seleção recorrente, que tem como principal objetivo alterar a média populacional dos caracteres no sentido de uma melhor adequação aos interesses agrícolas (VEN-COVSKY e BARRIGA, 1992). O conhecimento da herdabilidade dos caracteres de maior importância econômica também tem um grau de grande importância na eficácia do processo seletivo.

Na cana-de-açúcar, o genótipo de cada planta pode ser transmitido integralmente através das gerações e multiplicados via clonagem através dos colmos (BRESSIANI, 2001). Dessa forma, a

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nova variedade de cana estará disponível na população na primeira fase de seleção (geração F1), ou seja, teoricamente, se houvessem instrumentos de discernimento eficazes, a variedade seria obtida logo após o processo de hibridação. No entanto, isso é normalmente atingido após 10 anos de avaliações contínuas. Nesse período, amplia-se a área experimental, as observações são repetidas em diferentes condições edafoclimáticas e distintos anos e, assim, os melhores materiais se distinguem. O eficaz progresso genético decorre da habilidade do melhorista em conduzir eficientemente todas as etapas desse longo processo, desde o planejamento da hibridação até os ensaios de competição em diferentes locais e épocas de colheita, passando por etapas de seleção em que o com-ponente tácito é bastante exercitado. Diversos trabalhos destacam a base comum na árvore genealógica dos principais programas de melhoramento de cana no mundo (TAI e MILLER, 1978; POMMER e BASTOS, 1984; PIRES, 1993). Esse estreitamento da base genética é um aspecto crítico em relação à endogamia, afetando a variabili-dade genética das populações. Na prática, porém, o que ocorre é a constatação de variabilidade em níveis que ensejam uma seleção satisfatória e ganhos genéticos significativos, principalmente, para o caráter produção agrícola. O fato de a cana-de-açúcar ser mul-tiplicada via propagação vegetativa perpetua formas que podem apresentar alto grau de heterose, proporcionando a segregação constatada em F1.

Os componentes de produção determinantes para o potencial agrícola são: altura de colmo (h), número de perfilhos (C) e diâmetro de colmos (d). Considerando-se a densidade do colmo igual a 1, o valor da tonelada de cana por hectare (TCH) pode ser estimada pela fórmula abaixo, no espaçamento entre os sulcos (E) (Figura 1):

Figura 1. Componentes de produção em cana-de-açúcar e o cálculo do

TCH volumétrico.

2.1. Fases da seleção 2.1.1. Seleções iniciais

O termo seleção é definido como a reprodução diferencial dos diferentes genótipos em condições naturais ou sob interven-ção do homem, esta última conhecida como seleinterven-ção artificial, basea-da em critérios definidos pelo próprio melhorista (RESENDE, 2002). Para exemplificar o processo de seleção, será doravante re-portado o que é executado no programa de melhoramento de cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Após a obtenção das sementes, essas serão germinadas no Núcleo de Produção de Seedlings instalado na Unidade de

Pesquisa e Desenvolvimento de Jaú/APTA. Posteriormente, os seedlings produzidos serão distribuídos em oito regiões com carac-terísticas edafoclimáticas distintas, abrangendo algumas das mais importantes áreas canavieiras do Centro-Sul do Brasil. Esses pontos de introdução são: Piracicaba, Ribeirão Preto, Jaú, Mococa, Pindo-rama, Assis e Adamantina, no Estado de São Paulo, e Goianésia, no Estado de Goiás (Figura 2).

Figura 2. Regiões de estudo: introdução e seleção de seedlings e de clones

de cana-de-açúcar pelo Programa Cana IAC.

Mato Grosso Adamantina Pindorama Ribeirão Mococa Assis Piracicaba Jaú São Paulo Goiás Minas Gerais Goianésia Mato Grosso Distrito Bahia Regiões de estudo: introdução e seleção de seedlings

50o0’0”W 20 o0’0”S 20 o0’0”S 50o0’0”W Localização Rio de Janeiro Tocantins Oceano Atlântico

No Quadro 1 são apresentadas todas as fases de seleção que integram o programa de melhoramento de cana desenvolvido pelo IAC. Para avaliação das fases descritas, as características serão quantificadas pelas escalas conceituais apresentadas no Quadro 2. Essa escala conceitual é aplicada, principalmente, nas fases ini-ciais de seleção com o intuito de aprimorar a percepção tácita do melhorista.

A escala de conceito 1 é utilizada para características como: altura, perfilhamento, diâmetro de colmo, germinação e brotação de soqueiras. A escala 2 presta-se para avaliações fitopatológicas, prin-cipalmente relacionadas à ferrugem (AMORIN et al., 1987), utili-zando-se, para tanto, de diagrama com a intensidade de sintomas foliares. Conceitua-se, ainda, o florescimento e o hábito de cresci-mento de touceiras. Adota-se, para a variedade padrão, a nota 4, no caso das características relacionadas à produção, tais como altura e diâmetro de colmos e perfilhamento.

Na primeira fase de seleção FS1, instala-se o campo de seedlings com as plantas individualizadas em touceiras,

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adotan-Na fase FS2, instala-se o campo de seleção com a multipli-cação de duas linhas de 3 m por clone (2 x 3). Nessa segunda fase

Quadro 2. Escala conceitual de notas para avaliação de clones em fases

de seleção no Programa Cana IAC.

Nota Conceito 1 Conceito 2

1 Excepcional Muito resistente

2 Ótimo Resistente

3 Muito bom Moderadamente resistente

4 Bom Intermediária +

5 Médio Intermediária

-6 Abaixo da média Moderadamente suscetível

7 Inferior Suscetível

8 Ruim Muito suscetível

9 Péssimo Extremamente suscetível

Fonte: AMORIN et al. (1987); LANDELL (1995).

Grupo médio Grupo superior Grupo inferior

é feita uma pré-avaliação utilizando-se das escalas conceituais para características morfológicas e condições fitossanitárias, além do Brix. Após a identificação dos melhores genótipos, é realizada a biometria, conforme a seguinte metodologia:

• Altura do colmo: medido da base à inserção da folha +3, amostrando-se cinco colmos seguidos na linha;

• Diâmetro do colmo: estimado nos mesmos cinco colmos, mensurado no meio do internódio na altura dada por um terço de comprimento do colmo;

• Número de colmos: estimado com a contagem dos colmos de todas as linhas da parcela.

A fase FS3 consiste de um campo de seleção onde cada clone está numa parcela de oito linhas de 5 m (8 x 5). Nessa fase são realizadas as mesmas avaliações da fase anterior e em épocas também semelhantes.

Concomitantemente, são mantidos os campos de seleção das fases FS2 e FS3, permitindo as observações, no mesmo perío-do, dos parâmetros de produção e da longevidade de produção. A avaliação tecnológica é realizada coletando-se amostras na soca de FS2 em três épocas distintas para caracterizar a curva de ma-turação de cada genótipo.

2.1.2. Ensaios de competição varietal

Os clones que se destacarem na fase FS3 participarão dos ensaios de seleção nas empresas sucroalcooleiras colaboradoras

Quadro 1. Cronograma das fases de seleção no programa de melhoramento de cana IAC.

Plantio Seleção e colheita Tipo de avaliação (mês/ano) (mês/ano)

Hibridação realizada em Maio/ano 0. Germinação das sementes em Agosto/ano 0

FS1 ⇒ Seedlings Novembro/ano 0 Junho/ano 1 Levantamento de doenças nas progênies em cana-planta

de FS1

Março/ano 2 Seleção fenotípica em soca de FS1 através da avaliação de diâmetro de colmo, altura, perfilhos, Brix refratomé-trico e aspecto fitossanitário

FS2 ⇒ Clones Março/ano 2 Dezembro/ano 2 Seleção fenotípica

Março/ano 3 Seleção fenotípica e quantificação biométrica para plantio de FS3

Abril, maio e agosto/ano 3 Análise tecnológica

Junho-agosto/ano 3 Avaliação de outros caracteres (florescimento, isoporização e hábito de touceira, etc.) Março/ano 4 Seleção na soca de FS2

Março/ano 4 Fevereiro/ano 5 Escolha de clones para serem estudados em ensaios regionais com base nas informações simultâneas dos campos FS2 e FS3

Março/ano 5 1o corte = ano 6 TCH, PCC, TPH, curva de maturação, caracterização 2o corte = ano 7 biométrica (altura, diâmetro e número de colmos)

Em fevereiro/ano 7 faz-se a eleição dos melhores clones os quais deverão ser multiplicados visando ao teste estadual no ano 8

Março/ano 8 1o corte = ano 9 TCH, PCC, TPH, curva de maturação, caracterização 2o corte = ano 10 biométrica (altura, diâmetro e número de colmos)

Ano 10 = criação de viveiros estratégicos, incluindo os clones que provavelmente serão considerados variedades

LIBERAÇÃO DA VARIEDADE ANO 11-12

Planta individual, com as touceiras espaçadas 0,50 m na linha e 1,50 m na entrelinha

FS3 ⇒ Clones

Oito linhas de 5 metros, espaçadas em 1,50 m nas entre linhas Ensaios regionais

Parcela de cinco linhas de 8 metros, espaçadas em 1,50 m, utilizando-se o delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições 3o corte = ano 8 4o corte = ano 9 Ensaios Estaduais Competição e Épocas de colheita

Duas linhas de 3 m, espaçadas em 1,50 m nas entrelinhas

3o corte = ano 11 4o corte = ano 12

Fases

do-se o espaçamento de 1,50 m entre linhas e 0,50 m entre plantas. São realizadas observações ao longo dos ciclos de cana-planta e cana-soca, quantificando índices de doenças nas progênies. A seleção final é feita em cana-soca aproximadamente nove meses após o primeiro corte, utilizando-se de critérios visuais e do refra-tômetro de campo para avaliação do Brix. Atualmente, adota-se a seleção massal com taxas de seleção diferenciadas em função da qualidade da família.

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do programa. Atualmente, cerca de 200 ensaios de competição varietal (ensaios regionais e estaduais) são conduzidos juntamente com usinas e cooperativas. O software CAIANA foi criado como um instrumento gestor, permitindo grande dinamismo para a rea-lização dos relatórios estatísticos desses ensaios (Tabela 1). Uma rede de 40 empresas integram o chamado PROCANA IAC. A gera-ção de dados em parceria com estas empresas permite que elas tenham contato precoce com a tecnologia variedade a ser lançada posteriormente pelo IAC. Essa estratégia aumenta a eficácia da difusão de tecnologias IAC, permitindo sua adoção mais efetiva pelo setor sucroalcooleiro.

2.2. Caracterização dos ambientes de produção

Cabe ao melhorista, portanto, selecionar os indivíduos superiores, sendo que esta tarefa muitas vezes é dificultada quando se trabalha em diferentes ambientes, e não se tem a preocupação de caracterizá-los em relação ao seu potencial edafoclimático. Uma estratégia adotada é o desenvolvimento de pequenos programas regionais, reduzindo, assim, a diversidade ambiental e suas intera-ções na população introduzida. Essa estratégia não impede de se selecionar genótipos de adaptação ampla, com base na média dos diversos locais. Mas a opção por uma seleção específica para cada local considerado deverá proporcionar ganhos superiores, como constatado por Bressiani (2001).

O programa de melhoramento de cana desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas adota, inicialmente, uma estra-tégia de seleção regional, em que indivíduos adaptados a cada uma das regiões destacadas na Figura 1 são eleitos. Teoricamente, no final desse processo de seleção regional, tem-se uma variedade regional, em um curto espaço de tempo (6 a 7 anos). Para tanto, a acumulação de observações em anos sucessivos, abrangendo ci-clos distintos das plantas (cana-planta, cana-soca e ressoca), in-teragindo com anos agrícolas subseqüentes, é usada como prin-cipal ferramenta para o exercício do discernimento do melhorista. Estratégias semelhantes são utilizadas nos programas de melho-ramento de cana da Austrália (COX et al., 2000), da África do Sul (SASA, 2004) e do Caribe (KENNEDY e RAO, 2000).

Conforme pode-se observar no Quadro 3 e na Tabela 2, regiões como Ribeirão Preto, Assis e Piracicaba diferem acentua-damente nos parâmetros climáticos. Assim, na região 02, existe um maior excedente hídrico no período de crescimento vegetativo em relação às demais, o que, associado às elevadas temperaturas, justifica as altas produtividades aí alcançadas. A região de Assis, dentre todas as estudadas, é a única que não apresenta déficit hídrico histórico no período de maturação, prejudicando esse pro-cesso fisiológico. Destaca-se também, a grande diferença das regiões 01 e 07 em relação às médias de temperaturas nos períodos de crescimento vegetativo e maturação, com diferenças médias de 2,2oC e 3,0oC, respectivamente.

No Quadro 4 estão relacio-nadas as características inerentes às regiões de estudo que, no processo de seleção, são metas peculiares a serem agregadas às outras caracte-rísticas varietais prioritárias.

Como ilustração, pode-se destacar a região 01, onde existe um esforço no sentido de identificar genótipos com maior potencial de desenvolvimento no período de se-tembro a abril, ou seja, que apresente grande eficiência no aproveitamento da água disponível no período, o que, normalmente, ocorre nos clones de maior tolerância ao alumínio. Na região 02, por exemplo, que se des-taca pelo grande déficit hídrico no período de maturação, agravado pela alta freqüência de solos ácricos, bus-ca-se genótipos capazes de sobres-sair na brotação no período de seca e, posteriormente, no crescimento das touceiras. O oposto ocorre na região de Assis, onde uma grande ênfase é dada para o potencial de maturação, pois esse consiste na principal limitação para a produti-vidade agroindustrial competitiva.

2.3. Manejo varietal

A produtividade agrícola, expressa por uma determinada cul-tivar, é conhecida como expressão fenotípica para o caráter em ques-tão, e composta pelo genótipo da

Tabela 1. Relatório estatístico de um experimento de competição varietal da rede de ensaios IAC.

PROGRAMA CANA IAC

ENSAIO ESTADUAL 2000 – COLHEITA PRECOCE (média de 3 cortes)

Ensaio: Estadual 2000 - Ribeirão Preto Época: 1 Espaçamento: 1,5

Usina: Us. São Martinho Plantio: 16/03/00 Município: Pradópolis Solo: LRm

Altitude: Ambiente: B2

Variedade FIBRA POL TCH TPH

IAC91-2195 9,92 12i a 13,2 4d ab 124,6 1s a 16,5 1s a

* RB855156 10,02 10i a 13,4 2s ab 118,1 3s abc 16,0 2s a

IAC91-2137 11,05 2s a 13,4 1s a 114,3 4d abc 15,5 3s ab

IAC91-2205 9,93 11i a 12,5 11i ab 120,8 2s ab 15,4 4d ab

IAC91-2218 10,65 4d a 13,0 5d ab 111,7 7d bc 14,8 5d ab

* RB835486 10,72 3d a 13,2 3d ab 110,8 10d bc 14,8 6d ab

IACSP93-6048 10,55 6d a 12,9 8d ab 113,6 6d abc 14,7 7d ab

IAC91-4216 10,38 7d a 12,7 10i ab 113,6 5d abc 14,6 8d ab

* IAC86-2210 10,16 9i a 13,0 7d ab 110,9 9d bc 14,6 9d ab

* SP80-1842 11,24 1s a 13,0 6d ab 111,1 8d bc 14,5 10d ab

IACSP93-7009 10,59 5d a 12,8 9i ab 106,5 11i cd 13,8 11i bc

IAC91-5035 10,36 8d a 12,4 12i b 96,1 12i d 12,1 12i c

Médias 10,47 13,0 112,7 14,8 Méd. Padões 10,54 13,1 112,7 15,0 DMS 1,57 1,0 12,2 2,1 CV 5,57 2,85 4,01 5,17 QMRES 0,34 0,14 20,39 0,58 Lim. Inf. 10,19 12,9 110,0 14,5 Lim. Sup. 10,88 13,4 115,4 15,4 FVAR 1,57 2,33* 755** 6,32** Prob. > F 0,18 0,04 0,00 0,00 Ensaios analisados

Usina Tipo Plantio Estádio de corte Data do corte Ciclo

Us. São Martinho Est. 2000 - Época 3/16/2000 1 5/24/2001 434

Us. São Martinho Est. 2000 - Época 3/16/2000 2 5/22/2002 363

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Tabela 2. Dados de precipitação e evapotranspiração potencial (P – Etp), temperaturas máximas e mínimas no período de crescimento vegetativo

(C. Veg.- outubro a março) e no período de maturação (Mat. – abril a setembro) e grupos de solos predominantes.

P – Etp Temperaturas máximas Temperaturas mínimas C. Veg. Mat. C. Veg. Mat. C. Veg. Mat.

01- Piracicaba + 268,4 - 161,3 29,2 25,9 16,6 10,5 Argissolos e Latossolos

02 - Ribeirão Preto + 452,6 - 141,2 30,0 27,5 17,2 12,5 Latossolos

03 - Jaú + 303,6 - 88,2 29,2 26,0 17,5 13,0 Latossolos

04 - Mococa + 439,2 - 126,8 29,6 26,8 17,0 12,5 Argissolos

05 - Pindorama + 307,6 - 118,4 29,8 26,9 18,0 13,2 Argissolos

06 - Assis + 360,6 + 40,8 29,3 26,0 17,1 11,9 Latossolos e Argissolos

07 - Adamantina + 195,0 - 105,0 31,5 28,7 18,7 13,7 Latossolos e Argissolos

08 - Goianésia + 256,15 - 501,7 30,96 31,67 20,67 18,12 Latossolos

Quadro 4. Características peculiares objetivadas no processo de seleção em cada uma das regiões de estudo.

Problemas fitossanitários priorizados por região

01 - Piracicaba Aumento do potencial de produção agrícola e tolerância ao alumínio Ferrugem em subsuperfície

02 - Ribeirão Preto Maior capacidade de brotar em período de estresse hídrico Mosaico, Escaldadura 03 - Jaú Maior resistência às doenças fúngicas, maior capacidade de produção Ferrugem, Carvão, Escaldadura

em solos de baixa fertilidade

04 - Mococa Maior potencial de maturação em condições de baixo estresse hídrico Ferrugem

05 - Pindorama Maior capacidade de brotação em período de estresse hídrico Escaldadura, Nematóides

06 - Assis Maior potencial de maturação em condições de baixo estresse hídrico Mosaico, Estrias de folhas, Ferrugem 07 - Adamantina Capacidade de realizar grande acúmulo de massa verde no período de Carvão

crescimento vegetativo

08 - Goianésia Capacidade de suportar período de estresse hídrico e ausência de Carvão florescimento

planta somado ao efeito ambiental e a interação desses dois com-ponentes. O manejo varietal em cana-de-açúcar é uma estratégia que procura explorar os ganhos gerados da interação genótipo versus ambiente, ou seja, tem como objetivo alocar diferentes cultivares comerciais no ambiente que proporcione a melhor ex-pressão produtiva dessa no contexto considerado. Essa visão engloba um conhecimento especializado sustentado por elementos tácitos somados às informações geradas em um nicho específico. A qualificação do ambiente de produção fornece material essencial para essas interpretações, proporcionando a adoção de estratégias de manejo que reúnam ambientes mais homogêneos a partir da

Quadro 3. Características edafoclimáticas das oito regiões de seleção utilizadas pelo Programa Cana IAC.

Regiões Clima* Solo

Piracicaba Cwa Latossolo Vermelho distrófico; Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico

Ribeirão Preto Cwa para Aw Latossolos Vermelhos eutroférricos, distroférricos, acriférricos

Jaú Cwa Latossolos Vermelhos eutroférricos, distroférricos, Latossolos Vermelhos distróficos

Mococa Aw Latossolos Vermelhos eutróficos, distrófico

Pindorama Aw Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico, Latossolo Vermelho eutrófico

Assis Cwa para Cfa Neossolo Quartzarênico

Adamantina Cwa Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico, Latossolo Vermelho eutrófico

Goianésia Cwa Latossolos eutróficos, mesotróficos e distróficos

* Classificação segundo Köppen.

Regiões Solos predominantes

Regiões Características peculiares priorizadas

estratificação de sub-regiões equivalentes. A estratificação é um procedimento útil, mas restrito em sua eficácia em razão de ocorrência de fatores incontroláveis dos ambientes, como temperatura e chuvas. Os conceitos de ambientes de produção são insuficientes quando se desconhece a resposta do genótipo em relação à diver-sidade ambiental. Assim, uma cultivar deve ser analisada sob os seguintes critérios:

a) Capacidade produtiva; b) Responsividade; c) Estabilidade fenotípica.

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Alguns autores reconhecem o genótipo ideal como aquele que tem alta capacidade produtiva, é responsivo para ambientes favoráveis, além de pouco afetado por condições desfavoráveis (por exemplo: IACSP93-3046, na Figura 3). No entanto, há varieda-des que, apesar de terem comportamento mediano sob condições ambientais desfavoráveis, se sobressaem nos melhores ambien-tes, caracterizando-se como responsivas/exigentes (por exemplo: IACSP94-2101, na Figura 3). Outras se destacam apenas em am-bientes desfavoráveis e são denominadas rústicas/não exigentes (por exemplo: IACSP94-2094, na Figura 3). Freqüentemente, as cultivares que se enquadram nesse último grupo têm menor poten-cial produtivo.

Com base na rede de experimentação do PROCANA IAC, construiu-se o Quadro 5, estabelecendo a amplitude dos ambientes e a época de colheita mais apropriadas para cada uma das varie-dades citadas. A caracterização das novas varievarie-dades também é feita por critérios morfológicos (Figura 4).

3. APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA NO

MELHORAMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR

A biotecnologia constitui uma ferramenta valiosa para os programas de melhoramento genético, principalmente por oferecer a possibilidade de reduzir o tempo gasto na produção de novas variedades com características agronômicas desejáveis. Embora a aplicação da biotecnologia na cana-de-açúcar seja relativamente recente, progressos têm sido obtidos nas diferentes áreas de pes-quisa. Marcadores moleculares, por exemplo, têm sido amplamente utilizados em estudos de diversidade genética e caracterização de germoplasma, os quais são fundamentais para ampliar a base ge-nética das variedades de cana-de-açúcar. Esses marcadores também apresentam o potencial de diferenciar de forma segura e precisa clones individuais, proporcionando perfis únicos de DNA, isto é, uma “impressão digital” (fingerprinting) para cada clone de inte-resse. Este tipo de análise é essencial quando se deseja proteger legalmente uma nova variedade, garantindo ao melhorista a sua patente e, conseqüentemente, o retorno do investimento financeiro à Instituição de Pesquisa envolvida no desenvolvimento da nova variedade.

Outra aplicação dos marcadores moleculares é a construção de mapas de ligação, os quais permitem a localização de regiões genômicas de efeito significativo na expressão de características agronômicas importantes. A disponibilidade de marcadores gené-ticos fortemente ligados a genes de resistência, por exemplo, pode auxiliar na identificação de plantas resistentes, nas fases iniciais de avaliação, sem a necessidade de submeter as mesmas ao ataque do patógeno.

Estudos de expressão gênica, pela análise das etiquetas de seqüências expressas (ESTs), obtidas em estímulo a diferentes sinais do ambiente, como estresse biótico e abiótico, têm permitido tificar os genes diretamente envolvidos em cada resposta. A iden-tificação desses genes apresenta conseqüências significativas tanto para o mapeamento quanto para a manipulação genética.

Certamente, o grande impacto da biotecnologia no melho-ramento da cana-de-açúcar advém do desenvolvimento de varie-dades transformadas. A busca contínua por estratégias de controle de doenças na produção agrícola, bem como a necessidade cres-cente de uma agricultura sustentável, têm despertado grande inte-resse na tecnologia de organismos geneticamente modificados como uma ferramenta moderna para incorporação de características de

CASO 1:

IACSP93-3046, VARIEDADE ESTÁVEL E RESPONSIVA

Figura 3. Comportamento de diferentes variedades de cana-de-açúcar

quando testadas em ambientes distintos.

interesse na cana-de-açúcar. Dessa forma, genes conferindo re-sistência às pragas e doenças e tolerância a herbicidas, a alumínio e à seca poderão ser diretamente inseridos em materiais elites, garan-tindo o potencial produtivo desses materiais.

CASO 2:

IACSP94-2101, VARIEDADE EXIGENTE E RESPONSIVA

CASO 3:

(7)

Figura 4. Características morfológicas da variedade IAC91-5155.

4. REFERÊNCIAS

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Quadro 5. Indicação de alocação de variedades, considerando-se os ambientes de produção e época de colheita (baseado no banco de ensaios PROCANA IAC).

Referências

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