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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DE GESTOR DE CURRÍCULO RESUMO

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Academic year: 2021

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GESTOR DE CURRÍCULO

Prof. Dr. Catia Maria Nehring UNIJUÍ/DeFEM/GEEM – catia@unijui.tche.br

Prof. MSc. Marta Cristina Cezar Pozzobon1 UNIJUÍ/DeFEM/GEEM – marta.pozzobon@unijui.tche.br

RESUMO

Neste artigo, a nossa intencionalidade é discutir a formação dos professores de Matemática da Educação Básica. Acreditamos que é função do professor a reflexão, a discussão, a articulação e a gestão de propostas curriculares de Matemática. Para tanto, um conhecimento necessário para o profissional da educação matemática, é o entendimento dos fundamentos de constituição da ciência matemática, considerando três grandes escolas: o Platonismo, o Formalismo e o Construtivismo. Pois este entendimento é estruturante do objeto matemático e necessário para a gestão de propostas curriculares. Diante destas reflexões, torna-se fundamental o rompimento com a visão de formação da racionalidade técnica nos cursos de formação, por uma perspectiva de constituição de um profissional reflexivo e investigador de sua prática.

Palavras-chave: Formação de Professores, Matemática, Currículo, Educação

Básica.

Introdução

Na tentativa de continuarmos as reflexões e estudos sobre a formação de professores de Matemática desencadeadas no GEEM/Ijuí, no ano de 2004, optamos inicialmente por realizar um estudo envolvendo a discussão dos fundamentos epistemológicos e filosóficos de constituição da ciência matemática, considerando o viés da história2. A explicitação dos fundamentos tinha como intencionalidade a discussão dos objetos de estudo desta ciência a partir de concepções ou de dogmas que se faziam presentes nas práticas

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Professoras da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, do Departamento de Física, Estatística e Matemática, Pesquisadoras do GEEM – Ijuí (Grupo de Estudos em Educação Matemática).

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Parte da Pesquisa intitulada “Fundamentos Epistemológicos e Filosóficos do Conhecimento Matemático: possibilidades de gestão de propostas curriculares”, aprovada pelo Comitê de Ética na Pesquisa da UNIJUÍ.

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pedagógicas com a Matemática. A nossa hipótese de pesquisa estava ancorada na crença de que o professor poderá pensar e articular propostas curriculares, na perspectiva didática e metodológica, se tiver conhecimento dos fundamentos de constituição da ciência matemática.

Neste momento da pesquisa, estamos enfatizando a formação inicial e continuada como o eixo articulador da presente discussão. Ou melhor, não estamos mudando o foco da pesquisa, mas talvez melhorando o foco de análise. Para tanto, trazemos como hipótese deste estudo a necessidade do professor de Educação Básica discutir em sua formação inicial e continuada os fundamentos de constituição da ciência matemática, para que a partir da explicitação deste conhecimento tenha possibilidade de refletir, articular e gestar propostas curriculares que rompam com a racionalidade técnica.

A presente pesquisa está sendo desenvolvida pelas pesquisadoras em função de nossa atuação com grupos de professores de Matemática, através da formação continuada e inicial, no curso de licenciatura, bem como a participação no Grupo de Estudo em Educação Matemática da Universidade (GEEM/Ijuí). Estas três atuações nos levam a refletirmos e reavaliarmos constantemente a formação do professor de Matemática e seu papel enquanto gestor do currículo escolar. Acreditamos que esta pesquisa é de fundamental importância para a Educação Matemática, pois oportuniza a discussão e a reflexão da formação do professor considerando novas demandas impostas pela sociedade e a trajetória já desenvolvida no processo de formação inicial. Além disso, possibilita a discussão entre pesquisadores em fóruns de debate, nos encontros, seminários e outras situações.

Nesta perspectiva, nossa intencionalidade é trazer teoricamente o entendimento sobre a formação inicial e continuada do professor de Matemática, que representa o foco desta pesquisa, articulado com os fundamentos da ciência matemática. A partir desta discussão, delimitamos o caminho metodológico traçado pela pesquisa, apresentando os fundamentos das três escolas: o Platonismo, o Formalismo e o Construtivismo, pontuando que estes podem ser os balizadores das opções curriculares dos professores.

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A formação inicial e continuada de professores de Matemática: uma breve discussão teórica

Estamos considerando que o processo de formação do professor de Matemática, necessariamente precisa ultrapassar os pressupostos da racionalidade técnica. De acordo com Schön (1992), a formação na perspectiva da racionalidade técnica pressupõe a ênfase na teoria, na técnica, para depois, utilizar-se da prática como uma instância de aplicação da teoria ou das prescrições técnicas.

As diretrizes curriculares dos cursos de licenciatura, bem como as Resoluções do Conselho Nacional de Educação nº 01 e 02/2002, desencadeiam todo um repensar do processo de formação do professor de Matemática articulado ao lócus profissional. Nesta perspectiva é necessário entendermos que os professores da academia não são os únicos que detêm o saber e, por outro lado, os professores das escolas e/ou os acadêmicos não possuem somente a experiência como sustentáculo de sua ação. Ambos possuem saberes que precisam ser recuperados, valorizados e compartilhados, na tentativa de discutirmos a formação inicial e continuada.

É necessário, como afirma Fiorentini (1998), que se estabeleça um “diálogo entre estes dois mundos” se desejarmos ultrapassar os pressupostos da racionalidade técnica e trabalharmos na perspectiva de formação de profissionais reflexivos. Para que isso se efetive é urgente que os cursos de formação, através dos formadores de professores e dos professores das escolas de Educação Básica enfrentem o palco de tensões

...tensões entre acadêmicos e professores, entre proposições, formadores e a “voz da experiência”, entre teoria e prática. Os acadêmicos, de um lado, tendem a usar argumentos teóricos genéricos, estruturados na forma de conceitos. Os professores, de outro, preferem, por exemplo, o uso de analogias e metáforas. (FIORENTINI, 1998:308-309).

Esta perspectiva leva muitas vezes a ausência de diálogo entre os formadores e os formados. É necessário romper com este pressuposto e trabalharmos para estabelecer um diálogo entre a Universidade e a Escola.

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Isso significa entendermos o papel de processos reflexivos na formação inicial e continuada, ou seja, entender o professor como um profissional reflexivo e investigador de sua prática (FIORENTINI, SOUZA JR e MELO, 1998).

Neste sentido, é necessário que haja uma modificação no processo de formação do futuro professor de Matemática, rompendo com a idéia de que a Universidade vai dar conta de todos os saberes necessários à profissão. Isso significa que no curso de licenciatura para além do licenciando aprender cálculo, análise, equações diferenciais, é importante enfocar a constituição da ciência matemática. Isso nos leva a não centralizarmos as ações na licenciatura, na resolução de exercícios ou na resolução de problemas de cada campo da Matemática. Mas acreditamos na necessidade da implementação de discussões e reflexões na licenciatura sobre o constitutivo desta ciência.

Na tentativa de ultrapassarmos a racionalidade técnica como eixo articulador da formação inicial e continuada de professores de Matemática, consideramos os fundamentos de constituição desta ciência, como saberes profissionais necessários do profissional de educação matemática. A discussão proposta está na linha do que propõe Tardif (2003) quando considera os saberes profissionais como um saber plural, proveniente de diferentes âmbitos e instituições. E, ainda, o professor não possui apenas uma única concepção de sua prática, pois os saberes dos professores são oriundos da sua realidade cotidiana e história de vida.

Os caminhos metodológicos

Na perspectiva de esclarecer as opções metodológicas realizadas, trazemos algumas questões que perpassaram a definição do tema desta pesquisa, que inicialmente foram: Qual a importância do professor de matemática conhecer os objetos de estudo da Matemática? Quais as características do objeto ou dos objetos de estudo da Matemática? Qual a importância do professor de Educação Básica discutir sobre linguagem matemática, simbolismo, representações...? Quais são os fundamentos filosóficos e epistemológicos da matemática?...

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Estas questões pautaram a definição da proposta de pesquisa e estão presentes no nosso estudo, como desencadeadoras do processo de discussão. Neste momento da pesquisa, estamos considerando como questão investigativa: Como o professor de Matemática realiza as escolhas curriculares, considerando que é responsável pela organização e gestão curricular?

Para realizar a primeira parte da pesquisa, utilizamos como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica, considerando os aspectos ontológicos de constituição da ciência matemática a partir das discussões dos fundamentos gerados no século XIX, que desencadearam as três grandes escolas: Platonismo, Formalismo e Construtivismo. Na segunda parte, enfatizamos a definição e o entendimento dos referenciais do processo de formação de professores de matemática. A partir desta parte bibliográfica, enfocada nos momentos anteriores, realizamos o entrelaçamento destas teorias, na perspectiva de responder a questão de pesquisa.

Este procedimento desencadeou novas demandas à pesquisa, gerando a necessidade de ouvir os professores de matemática da escola de Educação Básica, pois necessitamos entender como o professor realiza suas escolhas curriculares. Portanto, no ano de 2006, realizaremos a definição dos professores que efetivamente participarão desta parte da pesquisa, tendo em vista a disponibilidade para os encontros, entrevistas e socialização de experiências. Acreditamos que a opção de trazermos a participação dos professores será pelas histórias de vida profissional e pelos documentos utilizados em seu exercício profissional.

Concepções dos fundamentos matemáticos e propostas curriculares

Acreditamos na necessidade do professor de Matemática da Educação Básica conhecer sobre a natureza do conhecimento matemático, para que possa rever as suas concepções e optar por posturas condizentes com os discursos ancorados em uma perspectiva crítica de abordagem do conhecimento, do ensinar e aprender, da relação entre professor e aluno.

Neste sentido, para refletirmos e gestarmos currículos de Matemática dentro das escolas, considerada o lócus de atuação dos professores, é preciso

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que os mesmos conheçam sobre o objeto ou objetos de estudo da Matemática, considerando os aspectos internos a esta ciência e os aspectos externos à Matemática, que são os possibilitadores para pensarmos em Educação Matemática. Isso nos leva a concordarmos com Davis & Hersh, quando questionam:

O que é conhecer algo em matemática? Que tipo de sentido é transmitido por afirmativas matemáticas? Assim, problemas inadiáveis da prática diária da matemática conduzem a problemas fundamentais de epistemologia e ontologia, mas quase todos os profissionais aprenderam a evitar estes problemas, julgando-os irrelevantes. (1985: 49)

A partir do proposto por estes autores, consideramos algumas discussões sobre os fundamentos desta ciência que aconteceram no final do século XIX e início do XX, pois neste período há um esforço no sentido de sistematização do acúmulo de resultados práticos das fases anteriores.

A Matemática esteve presente nos estudos de teóricos do século XIX, como um estudo de propriedades formais, como produto intelectual do homem, divergindo das ciências naturais, passíveis de serem observadas. As principais discussões a respeito da natureza da Matemática, de sua relação com a realidade, surgiram a partir da segunda metade do século XIX, em que se discute os seus fundamentos a partir de grandes escolas, ou melhor, a partir de “três dogmas-padrão”, de acordo com Davis & Hersh (1985): Platonismo, o Formalismo e o Construtivismo.

Na concepção platônica, a Matemática existe independente dos homens, pois está em alguma parte, no mundo das idéias platônicas. Acredita-se que os objetos matemáticos existem, mesmo que não tenhamos conhecimento sobre eles, isto é,

... os objetos matemáticos são reais. Sua existência é um fato objetivo, totalmente independente de nosso conhecimento sobre eles. Conjuntos finitos, conjuntos infinitos não-numeráveis, variedade de dimensão infinita, curvas que enchem o espaço – todos os membros do zoológico matemático são objetos definidos, com propriedades definidas, algumas conhecidas, muitas desconhecidas. (Davis & Hersh, 1985: 359).

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Nesta perspectiva de considerarmos a Matemática, os objetos são entes ideais, não são físicos ou materiais, existem desligados de um espaço e tempo, portanto são imutáveis. O papel do matemático é o de descobrir o que já existe, está pré-determinado no mundo.

A segunda corrente ou dogma tem suas raízes em Kant, que considera que a lógica desempenha na Matemática o mesmo papel do que em qualquer outra ciência. “Considera que, sem dúvida, em Matemática os teoremas decorrem dos axiomas de acordo com as leis da Lógica. Nega, no entanto, que os axiomas sejam eles mesmos, princípios lógicos ou conseqüências de tais princípios.” (Machado, 1994: 29). A preocupação estava em considerar o conhecimento como determinado a priori, confundindo-se a lógica com a Matemática.

Nesta corrente formalista, Hilbert adotou as idéias de Kant, organizando um programa em que a Matemática era compreendida a partir das descrições de objetos, que estão imbricados em teorias formais em que a lógica determina o que é fundamental. (Machado, 1987). De acordo com os formalistas não existem objetos matemáticos, “a matemática consiste em axiomas, definições e teoremas – em outras palavras fórmulas.” (Davis & Hersh, 1985: 360).

O formalismo, criado em 1910 por Hilbert (1861-1943), é a escola que mais se aproxima do nominalismo. Na concepção nominalista as entidades abstratas não têm existência, nem fora da mente do sujeito, como para os realistas, nem como construções mentais dentro da mente humana, como para os conceptualistas. Hilbert defende a linguagem formal em detrimento da linguagem cotidiana, natural, pois acredita que a linguagem formal utiliza raciocínios absolutamente seguros, acima de qualquer suspeita ou contradição. A formalização era entendida como um vocabulário básico, a escolha de uma linguagem própria e uma cadeia de símbolos que pudesse ser desenvolvida pela lógica dedutiva.

Por volta de 1908, surge a corrente construtivista, comprometida ao conceptualismo, que admite a existência de entidades abstratas, mas somente na medida em que são construídas pela mente do sujeito. O idealizador desta corrente foi Brower, de acordo com Davis e Hersh (1995), que admite um modelo kantiano de conhecimento a priori, que o homem tem uma intuição

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particular que lhe permite construções mentais a partir de uma percepção imediata. A Matemática é entendida como construção mental e não como um conjunto de teoremas como no logicismo. Nesta corrente, considera-se que

... os objetos matemáticos não podem ser considerados existentes, se não forem dados por uma construção, em número finito de procedimentos, partindo dos números naturais. Não é suficiente mostrar que a hipótese de não-existência conduziria a uma contradição. (Davis & Hersh, 1995: 375).

Ao refletirmos sobre os fundamentos da Matemática, considerando os dogmas-padrão propostos acima, estamos discutindo a constituição desta ciência. Precisamos considerar que as discussões sobre estes fundamentos nos levaram às concepções, que ainda estão presentes na sala de aula, em relação à natureza da Matemática. Estas concepções estão fundamentadas em tendências que descrevem os modos de conceber o ensino de Matemática, a relação professor e aluno, a natureza da Matemática... (Fiorentini, 1995).

A concepção platônica está baseada nas idéias de Platão, que valorizava o trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual. Distinguia o mundo das idéias do mundo das coisas, considerando que as verdades absolutas estavam dadas em um mundo ideal. A Matemática se encontrava neste mundo ideal, tendo supremacia em relação às outras ciências. Baraldi considera que esta concepção está presente quando consideramos a Matemática “contextualizada nela mesma, abstrata, pronta e acabada, que somente pode ser aprendida intelectualmente.” (1999: 85).

A concepção absolutista considera o conhecimento matemático como detentor de verdades absolutas, que podem ser provadas pelo método dedutivo e que não podem ser validadas por métodos experimentais. “Os absolutistas aceitam, sem demonstrações, um conjunto de afirmações básicas, a partir da qual deduzem logicamente outros resultados.” (Idem; 86).

As concepções falibilísticas substituem a crença na verdade absoluta pela verdade relativa, sujeita a erros e revisões. No início do século XX, Imre Lakatos, seguidor das idéias de Popper, propõe a superação dos fundamentos da Matemática, o formalismo, o intuicionismo e o logicismo, os quais tinham a pretensão de contribuir com fundamentos seguros para explicar o corpo da Matemática. Este autor considera que as teorias científicas não são deduzidas

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dos fatos, mas são inventadas a partir de hipóteses que podem ser observadas, experimentadas e, portanto, sujeitas a serem refutadas. As teorias não são demonstradas, por isso não podemos dizer com certeza se são verdadeiras. (Davis & Hersh, 1985).

Nesta concepção, os conhecimentos matemáticos são construídos e reconstruídos, não sendo separados “do conhecimento empírico, da física e de outras crenças”. (Baraldi, 1999: 90) A Matemática é considerada uma construção humana e social. Lakatos (1922-1974), matemático, físico e filósofo, representante da concepção falibilística, privilegia o debate em sala de aula na atuação de professor e alunos, que elaboram uma Matemática também viva, rejeitando o formalismo, com o seu modelo dedutivo.

A partir destes aportes teóricos e de outros que consideram a natureza do conhecimento matemático, acreditamos que os educadores matemáticos podem refletir, escolher e gestar propostas curriculares engajadas em concepções falibilísticas. Pois, temos como pressuposto deste estudo que as propostas curriculares perpassam ou são perpassadas pelas concepções do professor a respeito do conhecimento matemático. Se o trabalho do professor com a Matemática estiver ancorado apenas em uma abordagem formal, absolutista, caracterizará sua ação e as propostas curriculares linearmente, pautado em conteúdos que seguem uma ordem seqüencial de pré-requisitos e acúmulo de conhecimentos. Esta concepção está pautada em uma visão platônica e formalista de conceber os conhecimentos matemáticos, como se estes estivessem dados a priori ou possuíssem uma estrutura lógica e imutável.

Nesta perspectiva, levantamos a necessidade do professor implicar-se com sua prática, isso pressupõe uma extrapolação do entendimento da atividade profissional. Consideramos que a ação profissional exige professores engajados com o projeto pedagógico da escola, ampliando a função do professor de Matemática, para gestor de aulas e projetos curriculares coletivos. Isso implica um rompimento com as visões absolutistas, ancorando as propostas curriculares na perspectiva da relatividade do conhecimento, na postura de professor reflexivo. De acordo com Monteiro e Júnior (2001), propostas engajadas nesta perspectiva exigem mudanças de postura do

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professor, geradas por processos reflexivos durante os cursos de formação inicial e na formação continuada.

Com certeza, isso nos leva a refletirmos sobre os saberes necessários a formação profissional, que no nosso entender, baseados em Tardif (2003) são os saberes disciplinares, curriculares e experienciais, articulados em uma prática de argumentação. De acordo com este autor os saberes profissionais são gerados a partir de várias fontes de saberes que perpassam a história de vida dos sujeitos, dos lugares de formação. Pois como propõe, as concepções a respeito do ensinar, do conhecimento, do aprender e outras são constitutivas dos saberes do professor, porém não têm uma coerência teórica e sim pragmática, resultante da necessidade da ação.

Considerações finais

Acreditando que a explicitação dos fundamentos de constituição da ciência matemática é um dos possibilitadores para pensarmos e gestarmos currículos de Matemática para a Educação Básica, optamos nesta pesquisa por enfatizarmos a necessidade de consideramos as concepções que perpassam a disciplina e sustentam as ações e opções didático-metodológicas. A efetivação deste estudo está no sentido de sinalizarmos a formação inicial e continuada em uma perspectiva que privilegia a reflexão em diferentes momentos da ação pedagógica.

Por isso, acreditamos que no processo de formação é importante que o licenciando e o professor em exercício tenha a oportunidade de discutir os fundamentos, ressignificando as suas crenças a respeito do conhecimento matemático, da relação professor e aluno, do ensino, da aprendizagem... A partir de processos reflexivos o professor de Matemática conseguirá optar e gestar propostas curriculares coerentes com as suas concepções. Portanto, o entendimento dos fundamentos que explicam a Matemática é uma das condições necessárias para que realize suas opções metodológicas e didáticas.

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Referências bibliográficas

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