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Exercícios que dão valor à participação

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Academic year: 2021

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Prática Pedagógica

Exercícios que dão valor à

participação

A garotada conheceu o corpo e aprendeu a conviver e se

respeitar fazendo ginástica

Bruno Mazzoco

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Com a ajuda da professora, a turma conheceu posições da ioga, como a de lótus

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Os estudantes fizeram a invertida sobre a cabeça, que requer bastante equilíbrio

Ao realizar a postura do camelo, os alunos desenvolveram a estabilidade e a força Brigas entre alunos levaram a equipe da EMEF Tenente Alípio

Andrada Serpa, em São Paulo, a incluir valores como o respeito à diversidade e à cidadania entre os objetivos do projeto da escola em 2012. Atenta à realidade da instituição, a professora Jacqueline

Cristina Jesus Martins observou que muitos dos conflitos surgiam de comentários pejorativos das crianças relacionados ao corpo dos colegas. Ela decidiu, então, planejar atividades que trabalhassem a consciência corporal e a convivência e ampliassem os conhecimento da turma de 5º ano. Para isso, elegeu as diferentes

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modalidades de ginástica, entre elas as presentes nos Jogos Olímpicos, destaque do calendário esportivo daquele ano.

A professora começou propondo uma roda de conversa em que mostrou à

meninada imagens de diversas práticas. O objetivo era levantar os conhecimentos prévios dos estudantes. Eles mencionaram o polichinelo, a flexão de braço, o abdominal, a estrela e os movimentos de alongamento, entre outros. Todos foram convidados a realizar os exercícios listados e, depois, a discutir a qual

modalidade eles pertenciam. Nesse momento, os jovens também identificaram os locais onde cada uma delas ocorre no cotidiano, como ginásios e academias. Durante essa aula, a docente percebeu que as crianças tinham muita dificuldade de entender como era o corpo por dentro. Para ampliar o entendimento delas sobre o funcionamento do organismo e os tipos de alterações que a atividade física promove, foram realizados exercícios como saltos, polichinelos e pequenas corridas. Assim, elas observaram mudanças em relação à temperatura corporal, aos batimentos cardíacos, ao cansaço e à sede. Por fim, a classe fez registros sobre as alterações corporais identificadas. Com o auxílio de desenhos sobre o corpo humano, um torso e um esqueleto, Jacqueline explicou como e por que a atividade física nos afeta.

Após a socialização desses conhecimentos, a docente e os alunos elegeram em conjunto o que seria trabalhado no semestre: alongamento, corrida, caminhada, ioga, musculação, ginástica aeróbica, massagem, ginástica artística e

hidroginástica. Jacqueline dividiu as práticas em dois eixos: as ginásticas de saúde e lazer e as de competição. Todas envolviam o levantamento do conhecimento prévio do grupo sobre cada modalidade, os exercícios em si e a sistematização dos conhecimentos por meio de registros, como notas e desenhos. "Falar e escrever gera a chamada conscientização sobre as próprias ações. O que o aluno leva para a vida não é apenas um movimento, mas, sim, o significado mais amplo dele e a importância de trabalhar com outras pessoas", diz João Batista Freire, professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor do livro Educação de Corpo Inteiro - Teoria e Prática da Educação Física (224 págs., Ed. Scipione, tel. 4003-3061, 45,90 reais).

Depois da análise diagnóstica, foi a vez de colocar o corpo em movimento. Jacqueline optou por começar pela caminhada e pela corrida, mais próximas da realidade dos estudantes por ser comuns entre seus familiares. A proposta inicial era que todos corressem sem parar por 15 minutos em um espaço arborizado da escola. O que de início era apontado como fácil pela maioria não se revelou tão simples assim. Muitos não conseguiram encontrar o ritmo adequado para dar conta do desafio e tiveram de terminá-lo caminhando. A professora aproveitou a ocasião para discutir as alterações corporais que surgiram, como o aumento da frequência cardíaca, o suor e a vermelhidão na face dos estudantes.

Em seguida, veio a musculação. Com faixas elásticas conhecidas como rubber band (que podem ser encontradas em lojas de artigos esportivos), a docente propôs atividades baseadas em movimentos realizados com o próprio corpo, desmitificando a ideia de que a musculação sempre envolve o uso de máquinas e

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o levantamento de peso. A turma fez exercícios localizados para os membros inferiores, flexões de braço e abdominais, entre outros. Depois, durante a discussão, foram apresentadas imagens de fisiculturistas. O objetivo era estimular o debate sobre os padrões de beleza presentes na sociedade.

Após tanto esforço, veio o momento de descansar e relaxar com o alongamento e a massagem. Embora não seja uma categoria de ginástica, a segunda atividade foi proposta porque oferecia a oportunidade de aprofundar a discussão das

questões de convivência. "Melhor do que dar conselhos sobre como se relacionar com os colegas é envolver a classe em propostas de expressão corporal como essa. Assim, aquele corpo que poderia ser motivo de gozação pode ser mais bem percebido e todos passarão a se respeitar", defende Freire. Para surpresa da professora, que achava que a atividade seria considerada tediosa, ela foi muito bem recebida pelos estudantes, que pediram para repeti-la. "Foi um momento em que eles puderam se tocar, diferentemente de antes, quando isso ocorria no momento das desavenças, da briga", relembra.

De todas as propostas planejadas, a hidroginástica era a mais aguardada pela turma. Comprometida em proporcionar uma vivência inédita para os alunos -muitos deles nunca tinham entrado em uma piscina -, Jacqueline conseguiu autorização da direção da escola para dar aula para as 60 crianças na piscina do CEU Uirapuru, na capital paulista. Elas tiveram a oportunidade de ter uma

experiência real da atividade, fazendo -a no lugar e nas condições em que ela acontece de verdade.

Após a troca de roupa no vestiário e o reconhecimento do local, tudo já estava pronto para a aula. Os alunos entraram na piscina e Jacqueline começou com alongamentos, seguidos por exercícios de aquecimento e outros próprios da prática, com o uso de espaguetes e da resistência provocada pela água para a realização de exercícios de força. Sensível à euforia dos estudantes diante da oportunidade, ela permitiu que eles brincassem livremente por mais uma hora e meia. De volta à escola, houve quem dissesse que aquele tinha sido o melhor dia de sua vida. Elogios à parte, a tematização da hidroginástica permitiu à

professora, com base nas observações da garotada, discutir as diferenças entre realizar os exercícios dentro e fora da piscina, destacando a resistência da água e a diminuição do impacto.

Da ioga às Olimpíadas

Após a hidroginástica, manter o interesse geral era o desafio. A atividade seguinte, conforme o planejado, era a prática da ioga. Sem experiência prévia nessa área, Jacqueline precisou estudar antes de apresentá-la à turma. Para isso, recorreu a livros e vídeos sobre o assunto, também exibidos para a meninada. Depois de reproduzirem algumas das posições vistas nas gravações e nas ilustrações dos materiais levados pela docente, os alunos foram incentivados a montar suas próprias sequências de movimentos, com a liberdade para criar posturas. Alguns arriscaram práticas diferentes e até criaram nomes para elas. Em uma delas, batizada de balança, eles sentaram com as pernas cruzadas e, com as mãos apoiadas no chão, elevaram o corpo, se balançando em seguida. Para

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Marcos Neira, professor da Universidade de São Paulo (USP), o grande mérito dessa escolha é possibilitar um olhar multicultural à classe. "Qualquer prática corporal pode ser inserida no currículo. Essa proposta, por exemplo, permitiu entrar em contato com atividades diferentes das modalidades comuns na Europa e nos Estados Unidos, que foram historicamente privilegiadas na Educação

Física." Como nas demais etapas, a exploração dos movimentos foi seguida de rodas de conversa e registros. Nesse momento, os alunos citaram características que julgavam importantes para essa prática corporal, como flexibilidade, força, concentração e equilíbrio. Também desenharam alguns dos movimentos realizados.

O estudo da ginástica artística encerrou as atividades. Jacqueline apresentou o esporte e incentivou um debate sobre o contexto real da prática. Também propôs a vivência dela. Exercícios considerados mais desafiadores pela turma, como a parada de mão e o salto mortal, foram realizados em duplas ou grupos, que se ajudavam para executar o movimento. A professora possibilitou, ainda, que os estudantes interessados realizassem a apresentação de exercícios criados por eles para o restante da turma.

A experiência em aula despertou o interesse de todos pela modalidade durante os Jogos Olímpicos, gerando questionamentos, novas rodas de conversa e mais anotações. "Ela se preparou muito bem, com clareza no planejamento e muita intencionalidade em cada proposta", diz Marcos Santos Mourão, o Marcola, educador da Escola da Vila, em São Paulo, e selecionador do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Com certeza, isso fez toda diferença para as crianças da EMEF Tenente Alípio Andrada Serpa.

1 Alterações corporais Proponha exercícios como corrida, salto e polichinelo para

observar mudanças da temperatura do corpo e dos batimentos cardíacos. Discuta o que foi notado, problematizando o funcionamento do organismo.

2 Ginásticas de lazer Eleja as modalidades a ser estudadas com a turma.

Alongamento, corrida e ginástica aeróbica, entre outras, podem ser discutidas. Todas devem envolver uma sondagem, os exercícios em si e a sistematização dos

conhecimentos.

3 Ginásticas de competição Sugira o estudo da ginástica artística. Levante os

conhecimentos prévios da garotada e em seguida proponha os exercícios e a sistematização, por meio de registros dos conhecimentos adquiridos.

Corpos em movimento: conheça mais detalhes das etapas desenvolvidas por Jacqueline e a turma da EMEF Tenente Alípio Andrada Serpa:

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Hidroginástica Sob a orientação da professora Jacqueline, os alunos da EMEF Tenente Alípio Andrada Serpa praticaram exercícios na piscina. Depois de alongar e aquecer, fizeram atividades com o uso de espaguetes.

Teoria Em classe, Jacqueline propôs atividades de registro e apresentou desenhos e esquemas sobre o corpo humano. O objetivo era levar a meninada a

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Sistematização As etapas envolviam o levantamento do conhecimento prévio, os exercícios e o registro das descobertas. Em uma das atividades do projeto, a turma foi convidada a identificar as práticas estudadas.

Ginástica Com bambolês, a turma experimentou exercícios típicos da aeróbica. As alterações corporais, como o suor e o aumento da frequência cardíaca, foram discutidas e a meninada fez registros sobre a modalidade.

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Postura do arco A ioga também foi explorada. A garotada aprendeu posições básicas, como esta, e seus beneficios. Jacqueline explicou que a posição alonga os músculos das costas, do peito e das coxas, além de melhorar a postura.

Triângulo A posição, vista pela meninada em vídeos e ilustrações levados pela professora, também foi estudada. Em seguida, os alunos foram incentivados a montar suas próprias sequências de movimentos.

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Guerreiro Esta outra postura apresentada durante s aulas alonga os músculos das coxas. Depois de aprofundar os conhecimentos sobre a ioga, a garotada registrou tudo que havia aprendido em notas e desenhos.

Massagem Embora não seja uma categoria de ginástica, a prática foi proposta porque oferecia a oportunidade de aprofundar a discussão sobre a convivência e o respeito ao corpo, que costumava ser motivo de brigas e gozações.

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Ponte O estudo da ginástica artística encerrou as atividades do projeto. Jacqueline propôs a vivência do esporte apresentando diversas posições como esta. Em duplas, as crianças reproduziram o movimento.

Parada de mão Em duplas, os alunos conseguiram realizar a prática, inicialmente considerada por eles a mais desafiadora. A professora possibilitou também que os interessados fizessem a apresentação de séries criadas por eles.

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https://novaescola.org.br/conteudo/3468/exercicios-que-dao-valor-a-participacao Links da página

http://www.fvc.org.br/premio-victor-civita/

Referências

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