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ACIDENTE DE VIAÇÃO INDEMNIZAÇÃO DANOS MORAIS

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Tribunal da Relação de Lisboa Processo nº 2559/06.0TBBCL.L1-8 Relator: FERREIRA DE ALMEIDA Sessão: 13 Julho 2010

Número: RL

Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: APELAÇÃO

Decisão: PARCIALMENTE PROVIDA

ACIDENTE DE VIAÇÃO INDEMNIZAÇÃO DANOS MORAIS DANOS FUTUROS

Sumário

I - A indemnização destinada à compensação dos danos futuros previsíveis, decorrentes da incapacidade permanente do lesado, deve corresponder ao capital produtor do rendimento de que a vítima ficou privada e que se extinga no termo do período provável da sua vida activa.

II - Entre os danos não patrimoniais indemnizáveis, incluem-se as dores físicas e psíquicas, a perturbação sofrida, os sofrimentos morais e os prejuízos na vida de relação, sobretudo os provenientes de deforma- ções estéticas.

III - Tendo embora presentes as especificidades de cada concreta situação, não deve a fixação de indemnização, relativa ao ressarcimento de danos não

patrimoniais, afastar-se dos critérios, a tal respeito, seguidos pela jurisprudência.

(sumário do Relator)

Texto Integral

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa :

1. P propôs, contra Companhia de Seguros , SA, acção seguindo forma ordinária, distribuída à, pedindo a condenação da R. a pagar-lhe a quantia total de € 35.966,18, acrescida de juros, desde a citação, bem como da que se vier a liquidar em execução de sentença, a título de indemnização por danos alegadamente por si sofridos em consequência de acidente de viação,

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Contestou a R., impugnando, nomeadamente, o montante dos invocados danos - e concluindo pela improcedência da acção.

Efectuado julgamento, foi proferida sentença, na qual se considerou a acção parcialmente procedente, condenando-se a R. a pagar ao A. a quantia de € 13.677,87, acrescida de juros, contados desde a data da sua prolação, sobre a quantia de € 9.000, e desde a citação, sobre a quantia de € 4.677,87

-absolvendo-a do restante pedido.

Inconformado, veio o A. interpor o presente recurso de apelação, cujas alegações terminou com a formulação das seguintes conclusões :

- Por sentença datada de 31/12/2009, julgou o Tribunal a quo parcialmente procedente a acção instau- rada pelo recorrente contra a recorrida, tendo esta sido condenada a pagar ao primeiro a quantia de € 9.000, a título de danos morais, acrescida de juros de mora desde a prolação da sentença até efectivo e integral pagamento e a quantia de € 4.677,87, a título de danos não

patrimoniais, acrescida de juros de mora desde a citação até efectivo e integral pagamento.

- A quantia de € 9.000, atribuída ao recorrente para o compensar pelos danos morais sofridos em virtude do sinistro de que foi vítima ocorrido no dia

17/3/2006, pelas 7 h, , com a viatura com a matrícula -VC, da qual resultou para o recorrente um traumatismo craneano, uma entorse cervical e de

cervicalgias incapacitantes, é insuficiente para o compensar dos danos que lhe foram infligidos.

- O montante fixado na sentença ora em crise a título de danos morais é igualmente e manifestamente insuficiente para compensar o recorrente das dores no momento do acidente, bem como na sequência dos tratamentos a que foi submetido, desde aquela data, e pela tristeza e angústia vividas por não saber quando é que ficava curado.

- Os tratamentos a que o recorrente se submeteu consistiram, primeiramente, no uso de um colar cervical e, posteriormente, na sujeição do recorrente a sessões de fisioterapia.

- O recorrente retomou tão somente o seu posto de trabalho quase um ano após a ocorrência do sinistro e apenas durante dois meses, tendo desistido da sua actividade profissional por não conseguir suportar as dores que sentia fruto das lesões sofridas na sequência do sinistro de que foi vitima.

- O período de incapacidade geral parcial do recorrente deve ser alargado até 2/3/07 - ou seja, para 350 dias - altura em que obteve alta médica por parte do seu médico de família, uma vez que, decorridos tão somente 4 dias após a alta clínica dada pelos serviços médicos contratados pela recorrida, chegou à

conclusão que o recorrente ainda não se encontrava apto para regressar à sua vida profissional normal.

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- Ao recorrente deve ser atribuído a título de danos morais quantitativo não inferior a € 30.000.

- O quantum fixado a título de danos patrimoniais devido ao recorrente é insusceptível de ressarcir o mesmo dos danos que lhe foram causados. - O recorrente peticionou no seu articulado o pagamento das despesas

médicas, medicamentosas e de transportes por si suportadas em virtude das lesões por si sofridas em consequência do sinistro de que foi vítima.

- O Tribunal a quo deu como provado que, durante o ano de 2006, e na

sequência das lesões provocadas pelo acidente, o recorrente foi a consultas da especialidade, efectuou exames e tratamentos médicos e despendeu o

quantitativo de € 101,44, mas absolveu a recorrida do pedido de reembolso dessas despesas suportadas pelo recorrente.

- O valor de € 101,44, constante dos factos assentes, corresponde apenas a parte do valor despendido pelo recorrente em medicamentos e transportes, cujos documentos originais se encontram na posse da recorrida, pois

juntamente com o requerimento de indicação das provas foram juntos diversas facturas/ recibo de medicamentos, consultas e exames de diagnóstico

referenciados no relatório pericial a que foi submetido o recorrente, cujos montantes, no valor global de € 219,93, deveriam ter sido tomados em consideração pelo Tribunal a quo na fixação dos danos emergentes.

- Ao recorrente assiste pois o direito uma indemnização no valor de € 321,37, a título de danos emer- gentes.

- O recorrente tem igualmente direito a ser ressarcido pelas perdas salariais decorrentes do período em que esteve impossibilitado de exercer a sua actividade profissional, período esse que se estende desde 17/3/2006 a 2/3/2007.

- Na determinação do valor das perdas salariais do recorrente deve ter-se em conta o valor da sua remuneração mensal que engloba quer o subsídio de transporte quer o subsídio de alimentação.

- O recorrente deixou de auferir no lapso temporal referido a quantia de € 21.168, 31, valor ao qual deve ser deduzido o montante de € 2.500, já pagos pela recorrida.

- Da sentença ora em crise resulta que não pode ser atribuída ao recorrente qualquer indemnização a título de danos futuros, pois, segundo o entender do Tribunal a quo não ficou demonstrado que tivesse ficado com qualquer IPP na sequência do sinistro de que foi vitima.

- Essa conclusão do Tribunal a quo derivou de uma incorrecta transcrição das conclusões do relatório pericial para a matéria de facto assente, uma vez que do mesmo consta que o recorrente ficou a padecer de uma IPP de 7 pontos e de um quantum doloris fixável em 3 pontos.

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- Se aplicarmos ao caso concreto as ferramentas utilizadas no Ac. de 1/10/2009, Proc. n° 1311/05.4 TAFUN.S1, www.dgsi.pt, para cálculo do

quantum indemnizatório devido ao recorrente pela perda da capacidade de

ganho, temos que o montante devido a título de danos futuros deve ser arbitrado em quantia não inferior a € 80.109,23.

- A decisão ora em crise violou os arts. 496°, 494°, 564°, 566° do CC e 523º do CPC.

- Termos em que deve a decisão ser revogada e, consequentemente,

substituída por uma outra que condene a recorrida a pagar ao recorrente: a) Uma quantia não inferior a € 30.000, a título de danos morais; b) A quantia de € 99.098,91 a título de danos patrimoniais, acrescidas de juros de mora, desde a citação até efectivo e integral pagamento.

Em contra-alegações, pronunciou-se a apelada pela confirmação do julgado. Colhidos os vistos legais, cumpre decidir.

2. Em 1ª instância, foi dada como provada a seguinte matéria factual : Da matéria assente:

A) Por contrato de seguro de responsabilidade civil titulado pela apólice …foi transferida a responsabilidade emergente de acidente de viação do veículo, matrícula VC para a Seguradora, SA - cfr. doc. de fls. 58, cujo teor se dá por reproduzido.

B) O veículo seguro pela R., descrito em B, onde o demandante era

transportado, é um veículo ligeiro de passageiros, de 9 lugares, de marca, matrícula VC.

C) O A. ocupava o lugar do meio da 3a fila de assentos da viatura descrita em B). Todos os lugares da viatura referida em B) estão dotados de sistema de retenção, de cintos de segurança.

D) O veículo descrito em B não tinha airbag de passageiro.

E) Por transacção judicial efectuada nos autos de procedimento cautelar em apenso acordaram as partes no pagamento pela R. da quantia de € 500 mensais, tendo adiantado, em data anterior, a quantia de € 1.000.

F) A R. encaminhou o A. para os Hospitais, onde o mesmo frequentou as consultas de neurologia e ortopedia e submeteu-se a sessões de fisioterapia. G) Por documento particular intitulado de boletim de acompanhamento clínico emitido pelo médico perito da R. consta que o A. sinistrado teve alta clínica, partir de 10/11/2006, e que o sinistrado deve retomar a sua actividade

profissional - cfr. doc. de fIs. 158, cujo teor se dá por reproduzido.

H) Do certificado de incapacidade temporária para o trabalho por estado de doença consta que o A. "se encontra em estado de doença incapacitante para o

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de 12 dias".

H.1) O estado de incapacidade para o trabalho por doença foi prorrogado pelos períodos de 24-11-2006 a 08-12-2006, pelo período de 15 dias; de

09-12-2006 a 01-01-2007, pelo período de 24 dias; de 02-01-2007 a

31-01-2007, pelo período de 30 dias; de 01-02-2007 a 02-03-2007, pelo período de trinta dias, por certificados de incapacidade temporária para o trabalho por estado de doença, doc. fls. 159, 163, 169, 175 e 180, cujo teor se dá por

reproduzido.

Da base instrutória:

J) O A. é trabalhador da sociedade comercial E (facto 1°).

K) No dia de 16/3/2006, o A. prestava trabalho na cidade de Barcelona, localidade onde o A. e demais trabalhadores da referida empresa têm a sua residência, nos períodos em que estão ao serviço da mesma (facto 2°). L) Na data referida em 2°, o A. conjuntamente com outros trabalhadores da empresa identificada em 1°, designadamente D, N, M, P, J e U abandonaram a cidade e rumaram a Portugal (facto 3°).

M) Utilizando como meio de transporte a viatura marca com a matrícula -VC (facto 4°).

N) Que a sua entidade patronal referida em 1° lhes havia disponibilizado para o efeito (facto 5°).

O) No dia 17/3/2006, pelas 7 h, quando o veículo com a matrícula -VC circulava na localidade de na hemi-faixa direita atento o sentido, e se

aproximava do km 145,972, o condutor do veículo, N, perdeu o controlo do mesmo (facto 6°).

P) Indo este primeiramente embater nos rails do lado esquerdo da via (facto 7°).

Q) E, seguidamente, nos do lado direito, galgando-os (facto 8°).

R) Bem como a vedação que separava a via pública do terreno que a ladeava até que capotou, imobilizando-se de seguida (facto 9°).

S) Na sequência do acidente de viação referido em 6° a 9°, o A. foi observado pelos clínicos do Hospital de e, pelo menos, sofreu de entorse cervical e de cervicalgias (facto 10°).

T) O A. usou um colar cervical (facto 11°).

U) O A. regressou a Portugal no dia 17/3/2006 (facto 12°). V) Onde efectuou diversos tratamentos médicos (facto 13°).

W) O médico de família do A. declarou no atestado médico que o A. vitima de acidente de viação em a 17/3/2006, com traumatismo cervical e craniano. Actualmente apresentava sintomatologia dolorosa nos movimentos passivos e activos da coluna cervical (facto 14°).

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).

Y) O A. na data do acidente gozava de boa saúde, não apresentando qualquer defeito físico (facto 16°).

Z) O A. sofreu dores no momento do acidente, bem como na sequência dos tratamentos a que foi submetido, desde aquela data e sentiu tristeza e angústia por não saber quando é que ficava curado (factos 17°, 18°, 19°). AA) Aquando do acidente, o A. era operário metalúrgico com a categoria de ferrageiro (facto 20°).

BB) Auferia, a título de salário, da quantia de € 883,53 (facto 21°).

CC) Quantia à qual acrescia ainda a retribuição paga a título de subsídio de alimentação, cujo valor ascendia aos € 36,36 e subsídio de transporte no valor de € 84,40 (facto 22º).

DD) Pelo menos, até 2/3/2007, o A. deixou de receber qualquer quantia, a título de salário (facto 23º).

EE) O A, retomou o seu posto de trabalho durante dois meses, mas desistiu, por não suportar a actividade devido às dores sofridas (facto 24º).

Factos considerados nos termos do art. 659º, nº3, CPC:

FF) O veículo era propriedade de…., e encontrava-se alugado a E - fls. 371, cujo teor se dá por reproduzido.

GG) Em consequência das lesões sofridas no acidente supra descrito o A. ficou:

- período de incapacidade temporária geral total fixável num período de um dia;

- período de incapacidade temporária geral parcial fixável num período de 237 dias;

- período de incapacidade temporária profissional total num período de 238 dias;

- quantum doloris fixável em 7 pontos;

- as sequelas descritas são em termos de rebate profissional, compatíveis com o exercício da actividade profissional, mas implicam esforços suplementares; - sem dano estético.

HH) A data de consolidação das lesões fixa-se em 9/11/2006.

II) O A. nasceu a 30/8/74, - cfr. doc. fls. 367, cujo teor se dá por reproduzido. JJ) No âmbito da transacção judicial referida em E) o A recebeu da R. cerca de € 500 mensais, a partir de Agosto de 2006 inclusive, até Dezembro de 2006 inclusive, a título de retribuição provisória.

3.1. Nos termos dos arts. 684º, nº3, e 690º, nº1, do C.P.Civil, o objecto do recurso acha-se delimitado pelas conclusões do recorrente.

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indemnizatório devido ao A., ora apelante, a título de ressarcimento pelos danos sofridos em consequência do acidente em causa.

3.2. Em conformidade com o disposto no art. 564º, nº1, do C.Civil, o dever de indemnizar compreende não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou de obter em consequência da lesão - podendo (nº2 desse

preceito), na fixação da indemnização, o tribunal atender aos danos futuros, desde que sejam previsíveis.

Por seu turno, e nos termos do art. 566º, nº2, do citado Código, deve a

indemnização, quando fixada em dinheiro, ter como medida a diferença entre a situação patrimonial do lesado, na data mais recente que puder ser atendida pelo tribunal, e a que teria nessa data se não existissem danos.

No caso concreto, e no tocante aos danos verificados, impor-se-ầ, antes de mais, operar a correcção do manifesto lapso cometido na decisão recorrida, na parte em que, reportando-se ao relatório médico legal constante de fls. 389 e segs., refere ter sido de 7 pontos (em lugar de grau 3) o quantum doloris aí fixado e omite a incapacidade permanente (7 pontos), no mesmo atribuída. De acordo com esse relatório, e contrariamente ao que sustenta o apelante, a incapacidade decorrente das lesões por si sofridas, restringiu-se ao período (totalizando 238 dias) compreendido entre 17/3/2006 e 9/11/2006.

A esse título, ao lesado será, assim, apenas devida a quantia de € 7.446,19 (€ 6.862,08 + € 584,11), correspondente ao total das remunerações que, em tal período, deixou de auferir, acrescidas do propor cional do subsídio de férias -excluindo, pois, as referentes aos subsídios (de alimentação e de transporte), cujo recebimento pressupõe a efectiva prestação de trabalho.

Demonstrado ter aquele, em consequência das lesões sofridas, ficado afectado de incapacidade permanente, ser-lhe-à igualmente devida indemnização a título de danos futuros.

Com efeito, “independentemente de poder até admitir-se que o autor poderá vir a não ter prejuízos de carácter patrimonial em consequência da

incapacidade permanente de que ficou portador, a incapacidade permanente que o afecta repercutir-se-á, residualmente, em diminuição da condição e capacidade física, da resistência, da capacidade de certos esforços e

correspondente necessidade de um esforço suplementar para obtenção do mesmo resultado, em suma, numa deficiente ou imperfeita capacidade de utilização do corpo no desenvolvimento das actividades humanas em geral e maior penosidade das laborais.

É esta incapacidade física para a execução de tarefas do círculo da vida não especificadamente associado à actividade profissional que integra o dano a indemnizar” (ac. STJ, de 12/1/2010 - Proc. 107/04.5TBVZL.C1.S1).

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Seguindo orientação jurisprudencial corrente, a indemnização destinada à compensação dos danos futuros previsíveis, decorrentes da incapacidade permanente do lesado, deve corresponder ao capital produtor do rendimento de que a vítima ficou privada e que se extinga no termo do período provável da sua vida activa.

Considerado o vencimento auferido pelo lesado, a sua idade, à data do acidente (31 anos), o provável final da respectiva vida activa (65 anos), a incapacidade sofrida e a taxa de remuneração de capital correspondente ao juro praticado (2%), e aplicando a fórmula de cálculo i = p / (r * ((1+ r) vu) /

((1+ r) vu -1)) - em que p representa a perda de rendimento, r a taxa de

remuneração do capital e vu o período de vida útil - obtém-se, no caso, o valor de € 18.181,99 como equivalente ao capital produtor de rendimento,

susceptível de compensar o dano respectivo.

A título de danos patrimoniais, será, assim, devido o total de € 23.229,62, correspondente à soma dos supra aludidos montantes, acrescida do referente a despesas comprovadamente efectuadas pelo lesado (€ 101,44), e deduzida a quantia (€ 2.500) já paga pela ora apelada.

3.3. Dispõe o art. 496º, nº1, do C.Civil que, na fixação da indemnização, se deve atender aos danos não patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam a tutela do direito.

Entre os danos não patrimoniais indemnizáveis, incluem-se as dores físicas e psíquicas, a perturbação sofrida, os sofrimentos morais e os prejuízos na vida de relação, sobretudo os provenientes de deforma- ções estéticas.

Devendo o montante atribuído a esse título ser adequado a reparar ou

compensar os sofrimentos ou contrariedades que a conduta danosa causou ao lesado.

Tendo embora presentes as especificidades de cada concreta situação,

entende-se não dever a fixação de indemnização, relativa ao ressarcimento de danos não patrimoniais, afastar-se dos critérios, a tal respeito, seguidos pela jurisprudência.

Por forma meramente exemplificativa, afiguram-se ilustrativas, nesta matéria, as seguintes decisões :

“Provando-se que a autora, por causa do acidente, ocorrido em 3/8/1998, sofreu traumatismo dos joelhos e pé direito, ficando 30 dias internada no hospital e 5 dias retida na cama em casa, teve dores e dificuldades na marcha, perturbação do sono, sendo o quantum doloris grau 3 numa escala de 7 de gravidade crescente, ficando com dores recorrentes no pé associadas a

mudanças de tempo e frio e com dano estético de grau 2 numa escala de 7 de gravidade crescente, tendo sofrido susto com a perspectiva de morte,

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mostra-se equitativamente justa a fixação da indemnização por danos morais no montante de € 6.000 (ac. STJ, de 12/9/2006 - SJ200609120021406).

“Demonstrado que o autor sofreu dores com a queda da bicicleta onde seguia quando foi embatido, foi internado, teve o braço esquerdo engessado durante 30 dias, ficou com uma limitação (presente e futura) dos movimentos do braço e sente-se triste por estar limitado na sua prática desportiva, considera-se justa e equilibrada a quantia de € 8.000 destinada à reparação dos danos não patrimoniais sofridos” (ac. STJ, de 7/1/2010 - Proc. 5095/04.5TBVNG.P1.S1). “Demonstrado que o autor, menor aquando do acidente, sofreu lesões várias (fractura exposta da perna esquerda e equimoses no braço esquerdo) que o sujeitaram a tratamentos médicos diversos (tratamento com tracção e gesso, imobilização da perna) e determinaram uma IPP de 5% compatível com o exercício das actividades escolares (mas que exige alguns esforços

suplementares nas actividades desportivas que reclamem boa mobilidade dos membros inferiores), um quantum doloris de grau 4, um prejuízo de afirmação pessoal de grau 1, a perda de um ano escolar, medo de ficar aleijado e não poder jogar futebol, e sentimentos de inferioridade e de tristeza por não poder acompanhar os seus colegas, com a mesma desenvoltura com que o fazia, julga-se equitativa e ajustada a quantia de € 25.000 destinada à reparação dos danos não patrimoniais sofridos em consequência do acidente” (ac. STJ, de 7/1/2010 - Proc. 153/06.4TBLSA.C1.S1).

No caso, ficou provado ter o apelante, em consequência do acidente, sofrido lesões que o obrigaram a submeter-se a diversos tratamentos e ao uso de um colar cervical, demandando baixa clínica por um período de 238 dias - sendo-lhe, em função daquelas, atribuído um quantum doloris fixado no grau 3 e 7% de incapacidade permanente.

Em consonância com o critério subjacente às supracitadas decisões, afigura-se, assim, traduzir a indemnização de € 15.000 compensação mais ajustada à reparação dos danos, de natureza não patri- monial, por aquele suportados. 4. Pelo acima exposto, se acorda em, concedendo parcial provimento ao

recurso, alterar a decisão recorrida, condenando-se a R. apelada a pagar ao A. apelante a quantia de € 38.229,62, acrescida de juros, à taxa legal, contados desde a data da sua prolação, sobre € 15.000, e desde a citação, sobre

23.229,62 - absolvendo-a do restante pedido.

Custas, em ambas as instâncias, na proporção do decaimento.

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Ferreira de Almeida - relator Silva Santos - 1º adjunto Bruto da Costa - 2º adjunto

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