UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL CURSO DE ENFERAMGEM
DISCIPLINA: FITOTERAPIA
PLANTAS MEDICINAIS PARA O SISTEMA RESPIRATÓRIO
DOENÇAS DA VIAS RESPIRATÓRIAS
Resfriado comum, infecção respiratória superior:Inflamação benigna com catarro do trato respiratório superior e médio, causada por infecção viral.
Medidas fitoterápicas:
Os medicamentos não devem comprometer o mecanismo de limpeza mucociliar do trato respiratório superior;
Se aparecerem complicações bacterianas, os medicamentos fitoterápicos podem ser administrados como adjunto da terapia de antibiótico.
Estágios inicias de resfriado (“garganta raspando”, indisposição):
Chás quentes; Banhos;
Repouso.
Flores de Sabugueiro (Sambucus nigra);
Flores de Tília (Tilia platyphyllos, Tilia cordata) Casca do Salgueiro (Salix alba)
Salix alba
Tilia cordata Sambucus nigra
SABUGUEIRO
Sambucus nigra
Fitogeografia: Europa e Ásia central
Parte utilizada: flores
Princípio ativo: glicosídeo cianogênico (sambunigrina), óleos essenciais, mucilagens, taninos, e ácidos orgânicos.
Ação: atividade antiviral in vitro contra um sorotipo viral respiratório. (Fetrow, 2000). Propriedades diurética, antipirética, antiséptica. (Lorenzi e Matos, 2002). Utilizada para gripes e resfriados (ANVISA , 2010)
Reações colaterais: diarréia (bagas), vômito (ingestão excessiva das bagas), envenenamento por cianeto a partir das cascas, raízes, folhas e bagas verdes do sabugueiro. Altas doses podem causar hipocalemia.
Contra-indicação: gestantes, lactantes e crianças. Em superdosagem causa hipocalemia
Modo de usar: Infusão: água fervente (150 ml) para 1 colher de sopa (3g) de flores secas de sabugueiro, deixar em infusão por 5 min, coar e tomar 1 xícara 2 a 3 vezes ao dia. (ANVISA , 2010)
Salgueiro
Salix Alba
Fitogeografia: Europa (S. alba) e América do Norte (S. nigra)
Parte utilizada: casca do caule
Princípio ativo: glicosídeos fenólicos (salicina, salicortina,..) ésteres do ácido salicilico, taninos e flavonóides.
Ação: exercem efeitos antiinflamatórios, analgésicos, antipiréticos. (Fetrow, 2000) Indicado para doenças febris, problemas reumáticos e dor de cabeça. (Schulz, 2002). Inflamação, dor, febre, gripe e resfriados (ANVISA, 2010).
Reações colaterais: aumento do tempo de sangramento, dermatite de contato, disfunção hepática, lesão renal, sangramento GI, intoxicação por salicilato (náusea, vômito, tontura, zumbido, confusão, letargia, diarréia, acidose metabólica)
Posologia: a dose diária de salicina é de 60 a 120 mg VO. Casca seca: 1 a 3 g na forma de decocção VO, 3 X ao dia
Contra-indicação: gestantes, lactantes e crianças. Pacientes com hipersensibilidade aos salicilatos. Utilizar com cautela por pacientes com asma, história pregressa de alergia a plantas, bem como propensos a desenvolver tromboembolismo sistêmico, IAM prévio, AVC, insuficiência renal, úlcera péptica, sangramento GI pregresso.
Interações: Agentes anticoagulantes. Agentes anti-hipertensivos Diuréticos. (Fetrow, 2000). Passiflora sp. Corticóides e antiinflamatórios. (ANVISA, 2010).
Importante: recomenda-se apenas o uso de produtos padronizados de salicilato.
FITOTERÁPICOS PARA TOSSE
Três métodos básicos estão disponíveis para o tratamento puramente sintomático da tosse:
Redução da irritação local da garganta; Supressão periférica do reflexo da tosse; Supressão central do reflexo da tosse.
Expectorantes Fitoterápicos
Os expectorantes são agentes que podem influenciar a consistência, a formação e o transporte de secreções bronquiais.
Mecanismos de ação:
Redução da viscosidade do muco; Liquefação de secreções
GUACO
Mikania glomerata Spreng.
Fitogeografia: Planta nativa do Sul do Brasil, habita as bordas da Mata Atlântica. Costuma vegetar em condições de sombreamento parcial). Ocorre também na Argentina, Uruguai e Paraguai.
Parte Usada: Folhas frescas ou secas
Princípio ativo: Óleo essencial
(sesquiterpenos), taninos, saponinas, resinas, substância amarga (guacina), cumarinas, guacosídeo.
Na sombra, o teor de cumarina do guaco foi de 5%. A pleno sol produziu 1%, em experimentos na Unicamp. A produção de cumarina nas folhas do guaco é cerca de sete vezes maior do que no caule.
Ação: conforme Silva Junior (2006), a ação das cumarinas promove a fluidificação dos exudatos traqueobrônquicos facilitando sua expulsão pelo reflexo da tosse. Atua relaxando a musculatura lisa das vias aéreas principalmente dos brônquios.
Estimula a secreção e a eliminação da urina (ação diurética). Auxilia a eliminação de ácido úrico.
Possui ação cicatrizante pela presença dos óleos essenciais.
Apresenta atividade antifúngica e antimicrobiana, podendo ser utilizado como preventivo da cárie e placa bacteriana dos dentes.
Em 1942, cientistas publicam um artigo validando o uso do guaco como broncodilatador e expectorante.
Em 1984 estudos brasileiros comprovam a eficácia do chá das folhas do guaco como antitussígeno e broncodilatador.
Outros trabalhos foram publicados em 1992 validando o uso do guaco com broncodilatador e antiinflamatório, inibindo a migração leucocitária para a cavidade pleural sendo amplamente utilizado como analgésico, antitussígeno, antiasmático, broncodilatador e expectorante.
Dosagem/Modo de Usar:
Infuso – 3 g (1 colher de sopa) de folhas para 1 xícara de água fervente (150 ml); tomar 1 xícara - 3 vezes ao dia.
Xarope: tomar 1 a 2 colheres das de sopa 2 a 3 vezes ao dia
Efeitos Colaterais, Contra-indicações e Interações Medicamentosas:
Altas doses podem provocar: taquicardia náuseas, vômito e diarréia. Pode provocar hipertensão.
A presença da cumarina pode potencializar o efeito de medicamentos anticoagulantes, podendo provocar hemorragia. Interrage com antiinflamatórios.
Curiosidades: É planta melífera – procurada pelas abelhas na época de floração.
ALCAÇUZ
Glycyrrhiza glabra
Fitogeografia: originário do mediterrâneo. Porém cultivado nos Estados Unidos, Espanha, Índia, Grécia,...
Parte Utilizada: rizomas e raízes
Princípio ativo: 5 a 9% glicirrizina (saponina), glicosídeo, ác. Glicirrético, manose, glicose, triterpenóides,...
Ação; antiinflamatória, mineralocorticóide suave, antiulcerosa, diurético leve, antitussígena, antialérgico. (Fetrow, 2000). Tosses, gripes e resfriados (ANVISA, 2010).
Aplicação e uso: estimula a síntese de suco gástrico. Possui ação semelhante as drogas corticosteróides, impede a inflamação e o processo alérgico, acelera a secreção do muco. Usada no tratamento de bronquite e eliminação de secreção no trato respiratório superior. Posologia: 4,5 g (1 ½ colher de sopa) raiz seca em 150 ml de água, tomar 3 a 4 x ao dia. (ANVISA, 2010). Para úlcera péptica: 200 a 600mg VO ao dia, durante 4 a 6 semanas. (FETROW, 2000).
Reações colaterais: efeitos mineralacorticóide (cefaléia, letargia, retenção de sódio e de água, hipopotassemia, hipertensão), fraqueza muscular, Insuficiência cardíaca e parada cardíaca (superdosagem). Interações: anti-hipertensivos e diuréticos, corticosteróides (incluindo tópicos), digoxina (induzir hipopotassemia – risco de intoxicação) e anti -inflamatório.
Contra-Indicações: hipertensão arterial, arritmias e doenças CV, renal, hepática, diabetes e hiperestrogenismo. Evitar uso em gestante, lactantes e crianças. Utilizar com cautela no indivíduo idoso.
AGRIÃO
Nasturtium officinale
Fitogeografia: originária da Europa Parte Utilizada: caule e folhas
Princípio ativo: gliconasturiína, glicosinolato,
vitaminas A, e C, fosfatos e óleos.
Ação: diurético, antiinflamatório leve, antimicrobiano, expectorante, cicatrizante.
Aplicação e uso: afecções das vias urinárias, bronquite, tosse, erupções cutâneas. Ainda são poucos os estudos com a planta.
Modo de usar: xarope: 1 colher de sopa 2 a 3 x ao dia.
Cuidados: evitar uso em gestantes e lactantes. Em tratamentos com acetaminofeno (inibição do metabolismo oxidativo).
Fitogeografia: originária da Índia e Malásia. Introduzida no Brasil no século XIV pelos colonizadores.
Parte utilizada: rizoma
Principais constituintes químicos: óleo volátil (1 – 3%): gingerol, citral, 1-8 cineol, zingibereno, bisaboleno, geraniol. Princípios amargos. Ácidos Orgânicos. Sais Minerais. Resinas.
GENGIBRE
Ações: segundo Fetrow (2000), é estimulante digestivo, combate gases intestinais, aumenta o peristaltismo e o tônus do músculo intestinal. Protetor GI. Possui ação anti-emética sem demonstrar efeitos colaterais. Estimulante CV.
Agente antiinflamatório útil no tratamento da artrite. Produz alívio da dor e do edema em paciente com artrite reumatóide, osteoartrite ou desconforto muscular.
O extrato de gengibre estimula o centro vasomotor e respiratório. Usado para náuseas e vômitos da gravidez (ANVISA, 2010).
Contra-indicação: Utilizar apenas sob supervisão médica em pacientes que tomam anticoagulantes, portadores de hipertensão, cálculos biliares e irritação gástrica. (Fetrow, 2000 e ANVISA 2010). Evitar o uso em crianças menores de seis anos. (ANVISA, 2010).
Interações: Anticoagulantes: podem aumentar o risco de sangramento Reações colaterais: Possível ocorrência de depressão do SNC ou arritmias (com superdosagem). O uso externo abusivo pode provocar queimaduras.
Outras Propriedades: O pó é usado como condimento no preparo de biscoito, bolos e bolachas. Fabricação de bebidas (gengibeer, conhaque). Preparação do quentão, pé-de-moleque e cocada nordestina
Formas de uso:
Como anti-emético: 500 a 1000 mg de gengibre em pó VO ao dia.
Decocção: 0,5 a 1g (1 a 2 colheres de café) de raiz em 1 xícara das de chá de água (150 ml). Tomar 1 xícara 2 a 4 vezes ao dia.
Cataplasma: Preparo: colocar a quantidade de gengibre em uma bacia e despejar água quente sobre ele, aos poucos, mexendo bem e rapidamente, para obter-se uma pasta homogênea.
Pulmão: 3 colheres de sopa cheia de gengibre ralado. Aplicar no paciente em decúbito ventral, apenas sobre a região do pulmão, durante 20 minutos, 1 x ao dia (bronquite, tosse produtiva)
Rins: 3 colheres de sopa cheias de gengibre ralado. Aplicar 2 cataplasmas concomitante, um de cada lado, com o paciente em decúbito ventral, durante 20 minutos 1 x ao dia. (cólica renal. Não deve ser usado em processos inflamatórios agudos e lesões renais).
Para articulação: 1 a 2 colheres de sopa cheia de gengibre ralado. Aplicar em volta de cada articulação acometida, durante 1 a 2 horas, 2 a 3 x ao dia (usada em quadros artrítico e reumático crônico, com dor nas articulações.)
Outras formas de uso: Rizoma fresco: mascar um pedaço (rouquidão)
EUCALIPTO
Eucalyptus globulus Labil.
Fitogeografia: Originário da Austrália. Partes Usadas: Folhas e óleo essencial.
Principais constituintes químicos: óleo
essencial (0,8 – 1%), eucaliptol ou cineol, alfa e beta pineno, alfa terpinol, borneol. Taninos, ácidos fenólicos, flavonóides. Ceras.
Indicação científica: Fetrow (2000) relata que os óleos essenciais do eucalipto lhe conferem propriedades anti-sépticas e expectorantes e em uso externo é cicatrizante.
Os ácidos fenólicos estão associados a atividade hipoglicemiante em coelhos.
A ANVISA (2010), cita que o eucalipto é indicado para gripes, resfriados, para desobstrução das vias respiratórias e como adjuvante no tratamento de bronquite e asma
Formas de Uso:
Uso externo: sob a forma de inalação do vapor das folhas, 2g (1 colher de sobremesa) para cada 150 ml de água.
Inalação do óleo: pingar algumas gotas (2 a 3) em água fervente (1 litro) e inalar por 20 minutos;
Contra-indicação: Gravidez e lactação. Menores de 12 anos (ANVISA, 2010). Pessoas que estão ingerindo algum tipo de analgésico ou tranqüilizante podem apresentar uma aceleração da atividade destes fármacos, pois o eucalipto acelera o metabolismo hepático destes medicamentos. Pode causar agitação e gastrite em pessoas sensíveis.
Doses altas do óleo são tóxicas. Para pacientes que recebem terapia hipoglicemiante.
Interações: analgésico ou tranqüilizante
Efeitos colaterais: Pode causar náuseas, vômitos e diarréia. Irritação cutânea em pessoas com hipersensibilidade ao óleo.
ALHO
Allium sativum L.
Fitogeografia: Origem: Ásia Central. Partes Utilizadas: Bulbo fresco e óleo
Principais Constituintes Químicos: Ca, Silício, Na, Fe, Mg, Mn. Vitamina A, B1, B2, C. Heterosídeos sulfurados: alicina (10-13%). Ácido Fosfórico livre. Óleos essenciais: Aliina (10-13%). Óxido dialildissulfeto (60%), enzimas (aliinase, peroxidase).
Ações: A ação da alicina sobre bactérias gram positivas e gram negativas confere ao alho, ação bacteriostática e bactericida.
Ações: Possui ação vermífuga fraca para Áscaris e Oxiúros.
Os efeitos hipocolesterolêmicos foram bem documentados em animais e seres humanos. O alho reduz os níves de colesterol, triglicerídios e lipoproteínas de baixa densidade (LDL), enquanto produz aumento dos níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL).
Em um estudo foi relatada uma redução média de 6% no colesterol sérico total e 11% nas LDL. (20 pacientes, >220mg/dl de colesterol, tratados durante 12 semanas, com doses de 900mg/dia) (FETROW 2000)
Estimula o pâncreas a produzir Insulina auxiliando diabéticos não insulino- dependentes.
Devido sua ação vasodilatadora é um poderoso hipotensor. Em um estudo (1993) o uso de altas doses de alicina reduziu significativamente a pressão arterial diastólica, porém produziu apenas uma pressão sistólica ligeiramente menor.
Estimula a imunidade e promove a diminuição do ritmo cardíaco, inibe a formação de radicais livres e a oxidação dos lipídeos, além de reduzir a captação dos mesmos pelas células do endotélio basal.
O óleo de alho fluidifica as secreções brônquicas ajudando a desobstruir as vias aéreas.
A ANVISA (2010), ainda relata o uso do alho com ações expectorante e anti-séptica.
Posologia: recomenda-se de 600 a 900 mg ao dia, ou 8 mg (óleo de alho) diariamente. (Fetrow, 2000)
Maceração: 0,5 g (1 col. café) em 30 mL (cálice) de água. Tomar 1 cálice 2x/dia. (ANVISA)
OBS: O cheiro é combatido comendo salsa crua ou bebendo suco de limão em igual quantidade de água, meia hora antes da ingestão do alho.
Contra-Indicação: Casos de hipersensibilidade ao óleo. Pacientes com distúrbios GI, como úlcera, refluxo,... Em casos de hipotensão. Gestantes (efeitos ocitócitos), lactantes e crianças menores de três anos.
Efeitos-Colaterais: Em hiperdosagens pode provocar irritação gástrica e náuseas. Pode ocorrer casos de reações alérgicas em pessoas mais sensíveis. O uso crônico ou em doses excessivas podem resultar em diminuição na produção de hemoglobina e lise dos eritrócitos.
EQUINACEA
Echinacea purpurea
Parte utilizada: rizomas e raízes E. pallida; suco fresco das raízes e partes aéreas da E. purpurea.
Princípio ativo: equinaceína, equilona, equinacosídeo, polissacarídeos, flavonóides, óleos essenciais,....
Ação: imunoestimulante
Aplicação e uso: agente de cicatrização em abscesso, queimaduras. Tratamento de apoio de infecções semelhantes a gripe e infecções recorrentes do trato respiratório superior e trato urinário inferior. Diminui a recidiva de infecções por Candida albicans.
Posologia: extrato seco - 900 mg a 1 g 3x ao dia (adulto), tintura – 15 a 30 gts 2 a 5x ao dia. Usar no máximo por 8 semanas
Cuidados: evitar o uso em gestantes, lactantes, pacientes HIV +, Tuberculose, doenças auto-imunes, esclerose múltipla.
REFERÊNCIAS:
FETROW, Charles W. e ÁVILA, Juan, R. Manual de Medicina Alternativa para profissional. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2000.
LORENZI, H. e MATOS, F. J. A.. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Instituto Plantarum, 2002.
SILVA JUNIOR, Antonio A. Essêntia Herba: plantas bioativas. Florianópolis: EPAGRI, 2006, 633 p., v. 2.
SCHULZ, V. et. al. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia para as ciências da sáude. 4º ed. SP: Manole. 2002.
TESKE, M. TRENTINI, A.M. Herbarium: Compêndio de fitoterapia. 4º edição. São Paulo: Ed. Herbarium, 2001.
BRASIL. Resolução n.º 10 de 9 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras providências. ANVISA. Disponível em: