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FICHAMENTO E INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS COM SAFS NO BRASIL. TÍTULO: Arranjo Produtivo Local do Cacau de Várzea no Baixo e Médio Amazonas Brasil

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Apoio financeiro: Apoio técnico:

FICHAMENTO E INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS COM SAFS NO BRASIL

ZZZDOPHGLRIU

TÍTULO: Arranjo Produtivo Local do Cacau de Várzea no Baixo e Médio Amazonas – Brasil

RESUMO: Visando auxiliar o desenvolvimento sustentável dos produtores da região de

Urucurituba, foram eleitas como metas do Balcão, a prestação de serviços as três associações para prepará-las para a obtenção de certificação orgânica e para a instrução de um pedido de reconhecimento de indicação geográfica.

REDATORA DA FICHA

NOME: SILVA, Erinaldo Barbosa da.

ORGANIZAÇÃO: AMIGOS DA TERRA – AMAZÔNIA BRASILEIRA ENDEREÇO: Rua Bento de Andrade, 85.

CEP: 04503-010 – São Paulo – SP – Brasil

Tel.: 55 11 3887-9369 Fax: 55 11 3884-2795 www.amazonia.org.br

DATA DE REDAÇÃO: 2005/02/22

TEXTO: Contexto

Estima-se que 80% da produção do cacau do Amazonas é proveniente do município de Urucurituba. As três associações locais reúnem juntas, cerca de 400 famílias. A CEPLAC – Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira - presta assistência técnica aos produtores associados e estima que este número possa dobrar, caso haja uma maior assistência à região.

A produção anual de Urucurituba, oficialmente controlada pela CEPLAC, é estimada em 400 toneladas. Pelo menos mais de 30% deste total, segundo a CEPLAC, está sendo vendido sem registro fiscal e controle das comercializações. Através da implementação de técnicas de manejo adequadas, controle da produção, assistência técnica e extensão rural, espera-se que a produção total de cacau do município de Urucurituba possa alcançar 1.500 toneladas/ano.

A população da microrregião produtora de cacau é de 15 mil habitantes, dos quais 40% residem na zona rural, onde por sua vez, cerca de 80% da população depende da exploração do cacau e da pesca.

A atividade de exploração do cacau na região de Urucurituba enquadra-se nos parâmetros da agricultura familiar. O produtor normalmente vive e trabalha na sua propriedade. À medida que os filhos vão se casando, o produtor cede parte de sua propriedade a eles, a fim de torná-los independentes. As áreas de produção normalmente são pequenas (96% com menos de cinco hectares e quase 90% com menos de três hectares). Os produtores não têm o hábito de abandonar a gleba e não há contratação de mão-de-obra permanente. Em média, cada família é composta por sete membros. A família típica do cacauicultor de Urucurituba é patriarcal. Os jovens da zona rural concluem o ensino fundamental na própria comunidade e para complementar os estudos são obrigados a migrar para a sede do município. As habitações (pau a pique, palafitas) são simples e não têm acesso aos serviços públicos de saneamento básico e energia elétrica.

Diagnóstico

Inicialmente, as comunidades surgiram por meio do trabalho de base da Igreja Católica, com grande influência da CPT – Comissão Pastoral da Terra. Atualmente, as igrejas evangélicas têm se mostrado cada vez mais presente nas comunidades.

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FICHAMENTO E INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS COM SAFS NO BRASIL

Entre os produtores é comum a compra das amêndoas moles por aqueles que possuem melhor infra-estrutura física. O produtor-comprador, por sua vez, seca as amêndoas em tendais ou barcaças (benfeitoria construída de madeira, com uma cobertura móvel). A armazenagem é quase inexistente, pois a venda ocorre rapidamente. A amêndoa seca é vendida para um ou mais intermediários (regatões), que a entregam em Itacoatira - AM, onde se encontram os revendedores (ou “exportadores”), que mandam o cacau da região para as grandes empresas processadoras. Toda a produção local é escoada pelo rio Amazonas.

Os preços são informados pela CEPLAC para as associações, mas o preço final que cada produtor recebe é função do número de intermediários pelo qual seu produto irá passar até chegar às indústrias processadoras. Uma das razões para que o preço pago ao produtor seja baixo é o fato destes comercializarem sua produção de forma individual, favorecendo a ação dos regatões. Na última safra, o cacau da região alcançou o preço máximo de R$ 2,20/kg. Por esta razão, é recomendável o fortalecimento das associações ou a criação de uma cooperativa, responsável pelas ações de mercado. De modo geral, pode-se dizer que a estrutura organizacional das associações carece de um fortalecimento estrutural.

O desflorestamento na pequena propriedade é praticamente nulo, pois não há aberturas de novas áreas para cultivo do cacau ou implementação de sistemas agroflorestais (SAFs), que vêm sendo incentivados pela CEPLAC; o produtor costuma aproveitar as capoeiras. Assim, a atividade de SAFs na região é considerada de baixo impacto ambiental e alto poder de recuperação da floresta, introduzindo culturas adaptadas à região amazônica.

O produtor rural da várzea, em geral, adota princípios agroecológicos, com uso de técnicas de controle biológico de pragas, principalmente para as causadoras de danos econômicos à atividade agroflorestal. Somente os produtores detentores de maior área e criadores de bovinos utilizam métodos da agricultura convencional para o controle de espécies invasoras (principalmente insetos).

Proposta Sugerida

Para que os produtores possam estar preparados para a apresentação de um pedido de certificação orgânica e outro de reconhecimento de indicação geográfica, o Balcão propôs, inicialmente, prestar os seguintes serviços:

Gestão Empresarial

ƒAssessoria administrativa para promover a organização interna das associações.

ƒConsultoria para elaboração e implementação de plano de negócios para as associações. ƒTreinamento em gerenciamento da unidade produtiva, associativismo e cooperativismo.

Processo Produtivo

ƒRealização de um seminário, com todos os atores relacionados à produção do cacau na região, visando à elaboração de um plano para o desenvolvimento da cultura do cacau (provavelmente no final de outubro de 2004), de forma a chamar todos os atores às suas responsabilidades institucionais e viabilizar um desenvolvimento integrado das atividades do cacau na região.

ƒApoio para obtenção da certificação orgânica junto a órgão certificador.

ƒCapacitação em técnicas agroflorestais e manejo de recursos naturais para a produção orgânica.

ƒCriação de grupo de produtores de cacau orgânico e de cacau com indicação geográfica. ƒCriação de Conselho Regulador e de regulamento de indicação geográfica.

ƒMonitoramento do processo de colheita, transporte, armazenagem e beneficiamento das amêndoas.

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FICHAMENTO E INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS COM SAFS NO BRASIL

ƒIdentificação de ações de melhoria para cada uma dessas fases com vistas a promover a organização da produção, embasar as decisões e opções de investimentos fixos para armazenagem e beneficiamento do cacau (se na propriedade rural ou se em infra-estrutura de uso comum dos associados).

Marketing e Comercialização

ƒAnálise do processo de comercialização atual.

ƒAnálise das vantagens e desvantagens da comercialização da produção in natura e semi-beneficiada.

ƒApoio à comercialização da produção dos Sistemas Agroflorestais (SAF’s).

ƒAnálise da viabilidade de implantação de agroindústrias para produção de chocolates finos e ou produção artesanal, na região, com matéria prima certificada.

ƒAvaliação da capacidade de semi-beneficiamento e comercialização por meio das associações.

ƒEstudo dos impactos na comercialização da obtenção de um reconhecimento de indicação geográfica e do certificado orgânico.

ƒBusca de novos compradores ou melhoria dos preços praticados, em favor dos produtores, para o produto da região.

Estudo de Mercado

Estudo de mercado para o cacau orgânico, com indicação geográfica e convencional, vendido “in natura” ou semi-beneficiado, assim como para produtos derivados do cacau que possam ser feitos na região, envolvendo, mas não se limitando a: (i) pesquisa qualitativa junto às empresas consumidoras, (ii) mapeamento da entrega da produção local inter-membros, demonstrando as diferenças de competências entre os produtores das associações, como forma de identificar os pontos para desenvolvimento e nivelamento da cadeia produtiva, (iii) pesquisa junto às organizações de produtores de cacaus especiais, para verificar as vantagens e desvantagens comerciais existentes, (iv) pesquisa junto às empresas produtoras e comerciantes de chocolates artesanais e de chocolates finos, no Brasil e no exterior, (v) identificação de novos compradores para o cacau beneficiado, semi-beneficiado e produtos acabados produzidos localmente, visando diminuir os níveis do canal de distribuição.

Meios a serem utilizados

Para a execução dos serviços, o Balcão contratará três consultores ad hoc, sendo um consultor em agronegócios, um técnico agroflorestal e um engenheiro florestal e equipe técnica de São Paulo.

Resultados obtidos (lições aprendidas) ou resultados esperados

A partir desenvolvido da primeira fase do plano de trabalho pudemos constatar a existência de diversas pendências a serem regularizadas, por esta razão entendemos que serão necessárias as providências para regularização da situação, bem como fortalecer atuação das organizações em prol de seus associados:

ƒatualizar o Estatuto conforme o novo código civil;

ƒprovidenciar a inscrição dos associados como produtores rurais para que possam emitir notas fiscais na venda dos produtos;

ƒexplicar aos associados os benefícios que a atuação conjunta de todos os produtores de cacau pode lhes gerar;

ƒpromover o fortalecimento da associações para que os associados não dependam dos regatões;

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ƒcoibir a obtenção de empréstimos junto ao Basa por “associados” que não possuem terras e que não têm condições de produzir e repagar o financiamento;

ƒmotivar os associados para que participem mais da administração da associações e para que acompanhem as ações do Presidente e demais diretores;

ƒatuação junto à Prefeitura Municipal para constituir o Conselho Municipal, permitindo que o Município de Urucurituba seja beneficiado pelo Pronaf infra-estrutura e serviços;

ƒpromover o rodízio de diárias entre os trabalhadores que não possuem capital para contratar diaristas no período de preparo da terra para cultivo;

ƒos associados devem continuar não utilizando agrotóxicos, tampouco adubos químicos em sua produção;

ƒos produtos vendidos diretamente para o mercado consumidor devem ser produzidos com boas condições de higiene e devem ser submetidos a análises, quando necessário, como no caso do cacauarí;

ƒas embalagens em que os produtos são comercializados, como a utilizada para a geléia de cacau, devem estar registradas junto ao Ministério da Saúde e;

ƒAs associações devem obter certidão negativa de débito junto à Receita Federal, para verificar se está regular junto ao Fisco.

Fatores Limitantes (gargalhos) e/ou Insucessos

As associações estão juridicamente formalizadas, embora estejam se reorganizando porque os presidentes anteriores não tomaram as providências para manter a organização interna. Padecem do mal da centralização na pessoa presidente, que, invariavelmente usam-nas em benefício próprio. Outro grave problema é uso dessas organizações pelo poder político local para fortalecimento da sua rede de influência. No tocante ao quadro social, é preciso desenvolver um programa de conscientização dos associados a fim de se criar às condições necessárias para formação de uma cooperativa ou uma entidade central responsável pelas ações de mercado (as dificuldades políticas impediram a concretização dessa proposta anteriormente). De modo geral, as associações são carentes de fortalecimento organizacional, a modificação desse cenário passa por um amplo e permanente trabalho de capacitação com o enfoque no protagonismo social e econômico e não no assistencialismo.

Falta manejo adequado, controle da produção e até a logística e meio de transporte da produção local não são totalmente adequadas, as amêndoas são transportadas via rio amazonas (é a estrada fluvial). Descendo amazonas, em embarcações modestas, se gasta 9 horas de viagem, subindo são necessárias 15 horas de viagem. Não existe infra-estrutura de beneficiamento local, portanto, há pouca agregação de valor e geração de emprego e renda na região direta e indiretamente proveniente dos SAF’s.

Resultados esperados

Espera-se, com a implementação deste projeto, fornecer à região um apoio completo, que culminará com o reconhecimento dos diferenciais qualitativos de seu produto, a obtenção da certificação orgânica e surgimento de agroindústria para beneficiamento local do cacau, cupuaçu, taperebá, açaí e outros produtos do SAF’s; gerando emprego e renda no território.

COMENTÁRIOS:

Urucurituba produz e comercializa amêndoas de cacau in natura e semi-beneficiada. São cerca de 190 produtores, que extraem entre 250 e 300 toneladas por ano. Estimamos que a receita global gerada pelo negócio cacau, em 2004, tenha alcançado entre R$ 750 mil e 900 mil.

O tamanho das propriedades varia entre um e vinte hectares, sendo mais comum, as propriedades entre dois e seis hectares. A produtividade média na região é de 450 quilos por

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FICHAMENTO E INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS COM SAFS NO BRASIL

hectare. O custo de produção representa de 40% a 50% da receita do produtor. Os ganhos com a lavoura cacaueira propiciam uma renda média familiar de R$ 450,00 a R$ 550,00 por mês.

O tratamento pós-colheita (fermentação e secagem) carece de uma infra-estrutura adequada. Parcela dos produtores não dispõe de coxos e tendais. Não há controle de qualidade e classificação das amêndoas. O município não dispõe de instalações para armazenagem dos grãos.

O sistema de comercialização das amêndoas envolve uma extensa cadeia de intermediários até chegar às empresas processadoras de cacau localizadas no sul da Bahia e São Paulo. A maioria dos produtores é financiada pelos intermediários via antecipação de receitas provenientes da colheita.

Existe um esforço das associações recém-criadas em organizar os processos de produção e comercialização. Cabe mencionar ainda que, a CEPLAC está presente na região, prestando assistência técnica aos produtores e fiscalizando a utilização de recursos do PRONAF voltados para as atividades de custeio agrícola.

NOTAS: Esta ficha foi preenchida com base nos banco de dados de empreendimentos da Amigos

da Terra – Amazônia Brasileira, banco este que é fruto do trabalho do projeto Balcão de Serviços para Negócios Sustentáveis. Associações dos Produtores Rurais do Baixo Urucurituba (APRUBU), dos Cacualistas de Urucurituba (ACAMU) e a dos Produtores Rurais da Comunidade São José (APRCSJ), no município de Urucurituba (AM).

PALAVRAS-CHAVE PROPOSTAS: SISTEMA AGROFLORESTAL ; CACAU ORGÂNICO ;

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA.

PALAVRAS-CHAVE GEOGRÁFICAS: BRASIL

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA: Várzea no Baixo e Médio Amazonas, município de Urucurituba

(AM).

TIPO DE FICHA: EXPERIÊNCIA

ORIGEM DA INFORMAÇÃO: ENTREVISTA e DOCUMENTO ESCRITO.

AUTOR DA EXPERIÊNCIA:

PESSOA CONTATO/ENTREVISTA COM: Equipe Técnica Balcão de Serviços para

Negócios Sustentáveis.

ÓRGÃO-CONTATO: Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. DATA DA ENTREVISTA: 2003/08/07

ENDEREÇO-CONTATO: Rua Bento de Andrade, 85 CEP 04503-010

São Paulo – SP

Tel : ++55 11 3887 9369 website: www.amazonia.org.br

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS NA INTERNET:

AMAZONIA. Arranjo Produtivo Local. In: http://www.amazonia.org.br

Referências

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