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TEORIA E PRÁTICA NA AÇÃO DOCENTE: POSSIBILIDADES DA LEITURA LITERÁRIA NA INFÂNCIA

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Academic year: 2021

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ISBN 978-85-7846-516-2

TEORIA E PRÁTICA NA AÇÃO DOCENTE:

POSSIBILIDADES DA LEITURA LITERÁRIA NA INFÂNCIA

Nathalia Martins - UEL nathaliamartins92@hotmail.com Francielle Nascimento Merett - UEL francielle1024@hotmail.com Geuciane Felipe Guerim Fernandes - UEL geu_ tc@hotmail.com Sandra Aparecida Pires Franco - UEL sandrafranco26@hotmail.com

Eixo 1: Didática e formação de professores na Educação Básica

Resumo

Este artigo tem como objetivo investigar possíveis articulações entre teoria e prática na Educação Infantil frente a experiências com a leitura literária visando pensar em práticas pedagógicas intencionais desenvolvidas neste espaço. O campo de pesquisa foi um Centro Municipal de Educação Infantil localizado em um distrito do munícipio de Londrina, região norte do Paraná, junto à professora da turma P5. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com pressupostos teóricos do Materialismo Histórico-Dialético e da Teoria Histórico-Cultural. Para a produção de dados, foram utilizados de observação e entrevista semiestruturada. Os resultados apontaram o fato de que a prática pedagógica articulada com teoria e prática propõe a compreensão e produção de sentidos e significados no planejamento da ação docente. Conclui-se, desta forma, que o processo pedagógico e metodológico realizado pela professora junto às crianças constituíram-se como possível travessia para criar necessidades da formação da identidade leitora na Educação Infantil. Palavras-chave: Educação Infantil, Formação de leitores, Sequência básica.

Introdução

Há alguns anos as pesquisas na área da educação e os cursos de formação de professores têm intensificado o valor de alguns pressupostos para o desenvolvimento de uma prática pedagógica que contribua para a formação de uma escola de qualidade. Conceitos como conhecimento prévio, relação teoria e prática, sentido, contexto da aprendizagem, dentre outros, têm sido relacionados ao discurso pedagógico e interligados ao êxito da aprendizagem escolar, em especial, ao domínio da leitura.

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362 No entanto, ao nos depararmos com o contexto social, questionamos o que realmente mudou na escola contemporânea? Em especial na Educação Infantil? Quais atividades têm sentido e significado? Estas atividades têm contribuído para a formação do leitor desde a mais tenra idade?

Buscamos, desse modo, discutir a prática do professor da Educação Infantil, e sua viabilidade em relação ao elo teoria e prática com base em uma ação metodológica que possa corroborar e superar com o processo de ensinar o ato de ler de maneira disciplinar, descontextualizado e unilateral, visando uma reflexão sobre as formas de atuar com crianças na Educação Infantil.

Firmamo-nos sobre o elo entre prática-teoria-prática, vislumbrando que tal percurso possa suscitar uma nova percepção do ato de ler e, consequentemente, do desenvolvimento humano e das possibilidades de reorganização da prática de ensinar a leitura literária.

A realidade da sala de aula

É preciso ressaltar que a instituição pesquisada conta com um grupo de estudos que tem como linha teórica a perspectiva da Teoria Histórico-Cultural e que a coordenadora do referido grupo participa do projeto de pesquisa “A Leitura e sua relação conteúdo, forma e destinatário na Educação Básica", além das possibilidades que o próprio município proporciona as professoras em relação a formação continuada nesta mesma linha.

Diante destes elementos selecionamos a referida instituição com intuito de perceber por meio de observações e em entrevista semiestruturada com a professora as possibilidades deste elo entre teoria e prática em especial frente as experiências com a leitura literária.

A turma selecionada foi o P5, visto que, nesta turma há os maiores relatos em relação ao utilitarismo da literatura em especial, a massificação em relação as letras e intenção de didatizar a mesma.

Assim realizamos a entrevista semiestrutura com a professora com intuito de perceber em que momento a literatura estava presente no planejamento e quais as características que permeavam a mesma, desta maneira a docente relatou que havia selecionado a obra literária “O menino que aprendeu a ver” de Ruth Rocha (2013), apresentando os seguintes elementos:

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Foram utilizados dois critérios para seleção do livro: inicialmente o trabalho com questões próximas as crianças do P5, isto é, com o conteúdo da pré-alfabetização e o conhecimento das letras e com isso a intenção de provocar além das semelhanças, estranhamentos nas crianças. O segundo critério foi referente à organização da ilustração e grafia do livro que se complementam de maneira simultânea, pois, o texto narrado com rimas interage com a ilustração da obra e conteúdo “convidando-nos” para a história, as crianças amam isso! (INFORMAÇÃO VERBAL)

Foi possível perceber diante da fala da professora que em nenhum momento a intenção do planejamento proposto apresentava aspectos de um trabalho utilitário, ao contrário a professora compreendia a necessidade de explorar as diversas linguagens desta literatura, além de apresentar critérios para escolher a mesma, dando a devida importância e lugar a literatura.

Nesta perspectiva percebe-se inicialmente por meio da entrevista semiestruturada que a ação docente compreende a literatura na escola da infância “[...] como um poderosíssimo instrumento de desenvolvimento da mente humana, das funções psíquicas superiores, constituintes do progressivo processo de humanização”. (ARENA, 2010, p. 242). Desse modo, é de extrema relevância que o trabalho com a mesma seja planejado e intencional por meio da ação docente para que potencialize este desenvolvimento nas crianças.

Todavia a professora destaque que:

[...] claro que eu não desconsidero que durante este percurso o processo educou, ensinou as crianças, mas está não era a essência da proposta, porque meu objetivo nunca foi utilizar a história pra isso! Reconheço que já fiz isso, em um passado, mas hoje quero fugir desta visão (risos) Eu eu tento fazer diferente. (INFORMAÇÃO VERBAL)

A partir deste entendimento, Silva (2012) enfatizam que a leitura literária torna os sujeitos ativos e criativos e revela-se como um elemento norteador para a produção de sentidos, ao passo que, na interlocução entre autor, leitor e obra, há o encontro de experiências que possibilitam um novo olhar, uma nova compreensão, proporcionando um novo sentido para o que se lê, e neste aspecto a professora enfatiza que “hoje quer fugir desta visão”, visto que, por meio dos estudos teóricos compreende que isso não possibilidade a necessidade de criar sentidos e significados na criança.

Durante a observação em relação ao planejamento foi possível perceber o interesse da professora em proporcionar às crianças atividades significativas que potencializassem a formação de leitores por meio de uma educação literária, visto

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364 que, entre uma hora-atividade e outra para pensar sobre o planejamento ela sempre mencionava:

“Preciso me policiar pra trazer o contexto pras crianças, tem que fazer sentido, sem lições de moral com a história, esse processo é difícil, (risos) porque eu trabalhei assim durante muito tempo, agora tenho que pensar antes de ir fazendo isso. (INFORMAÇÃO VERBAL).

Estes aspectos no discurso da professora sobre pensar criticamente o planejamento e perceber suas dificuldades em relação ao posterior desenvolvimento do mesmo demonstram a compreensão que a ação docente necessita sempre ser repensada, problematizada, em seguida professora continua afirmando:

Lemos e conversamos em nosso grupo de estudos que é necessário trabalhar com a formação das crianças, que isso não acontece sozinho, é preciso apresentar pra elas o que foi produzido historicamente, é preciso ir contra esta sociedade da fragmentação dos pedaços, precisamos trabalhar com a formação integram das nossas crianças. (P).

Diante do relato percebe-se que este tem sido um percurso árduo, e de grandes cobranças sobre si, além de compreender que a sociedade é um espaço para luta e transformação, assim como Heller (2008) reitera que os indivíduos podem mover o ambiente no qual participam, todavia, é preciso ir além do que envolve a ideia de mudança, havendo a necessidade de exceder a cotidianidade.

Neste sentido, a professora afirma em sua fala elementos teóricos e que tenta fazer esta transposição em seu planejamento compreendendo que a existência humana não é garantida pela natureza, isto quer dizer que o homem não nasce pronto, precisa tornar-se homem, formar-se homem. Esse processo é ao mesmo tempo um ato educativo, assim, a educação coincide com a origem do próprio homem, ressaltando a união entre trabalho e educação, pois, “O que o homem é, o é pelo trabalho. A essência do homem é um feito humano”. (SAVIANI, 2007, p. 107).

Nesse sentido, compreende-se que o pensar em uma ação docente, visando à leitura literária como expectativa de nova visão de mundo apresenta possibilidades de superação: de uma visão confusa, caótica, possibilitando galgar frente a formação de leitores com compreensão do texto e, consequentemente, de mundo, ao contribuir e estabelecer relações entre ambos, com a possibilidade de ampliar horizontes e proporcionar as crianças um novo olhar sobre a história e sua realidade.

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365 Percebeu-se no decorrer da pesquisa as possíveis articulações entre teoria e prática na Educação Infantil frente a experiências com a leitura literária possibilitam a uma prática pedagógica intencional e direcionada sobre o trabalho com a leitura literária na Educação Infantil.

Além também da presença da teoria desmistificar a literatura apenas como tempo de espera entre uma atividade e outra, ou também como pré-texto minimizando sua potencialidade de poder contribuir para a mediação sobre o ato de ler, uma vez que esse processo de um trabalho intencional com o uso desta pode criar condições para a criança interpretar a realidade e compreender-se no mundo.

Afinal, a literatura provoca uma vivência interna ao leitor e produz o sentimento de pertença. Pois, foi possível perceber com a observação e os dizeres da professora que mesmo diante das dificuldades do trabalho ela também acredita neste potencial da literatura.

Nesta perspectiva, ressalta-se que é necessário continuar pensando em práticas que possibilitem este deleite para que as crianças se interessem pela leitura e com este caminho cheguemos ao encontro do almejado, isto é, da formação de leitores e não de pessoas que apenas decodificam de maneira mecânica as letras.

É necessário percorrer esse caminho que exige ousadia e pressupostos que norteiam a prática pedagógica, no entanto, também fazem surgir resultados positivos frente à humanização e a compreensão de mundo.

Referências Bibliográficas

ARENA, D. B. O ensino da ação de ler e suas contradições. Ensino em Revista, Uberlândia, v.17, n.1, p. 237-247, jan./jun.2010. Disponível em:

<http://www.seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/8193/5210> Acesso em: 12 set. 2018.

HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Tradução de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.

RUTH. R. O menino que aprendeu a ver. Salamandra, 9ª, 2013.

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13. ed. São Paulo: Autores Associados; Cortez, 2007.

SILVA, E. T. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova Pedagogia da Leitura. 11. Ed. São Paulo: Cortez, 2012.

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