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Licitação – Forma de apresentação de documentos de habilitação –

Certidões eletrônicas – Autenticação Notarial – Exigência descabida

Sidney Martins* I - DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA

A vexatia quaestio sob exame diz respeito à obrigatoriedade ou não de se proceder à autenticação em cartório de certidões fornecidas eletronicamente para lhes conferir veracidade, isso porque certos órgãos licitadores fazem exigências nesse sentido, o que tem provocado controvérsias e a repulsa de licitantes que entendem que essa exigência constitui no mínimo um custo desnecessário.

O descortinar dessa questão trazida exige algumas considerações prévias, ainda que breves.

II - A APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO NA VISÃO DO ESTATUTO DAS LICITAÇÕES

A forma de apresentação dos chamados documentos de habilitação tem a sua matriz normatizadora assentada no art. 32, da Lei n° 8.666/93.

Por esse dispositivo a documentação exigida para habilitação nas licitações pode ser apresentada da seguinte maneira:

- no original;

- por cópia autenticada pelos cartórios notariais2;

- por cópia com autenticidade atestada por servidor da Administração capacitado para tanto;

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- por exemplar que traz a publicação feita em órgão da imprensa oficial. O Código de Processo Civil, no inciso III do art. 365, proclama que os documentos autenticados têm o mesmo valor probante que os originais.

Ao tratar do assunto, JUSTEN FILHO leciona que:

“ A Lei determina a necessidade de apresentação dos documentos no original, por publicação na imprensa oficial ou por cópia autenticada. Deve-se entender que também se admite a cópia (desde que autenticada) da publicação na imprensa Oficial. Como regra, a ausência de autenticação desqualifica o documento. O interessado tem o dever de apresentar documento autenticado. Ainda quando a exigência não constitua formalidade que se exaure em si própria , trata-se de dever que recai sobre as partes no exercício de seu direito de licitar. Aquele que não apresenta os documentos exigidos ou os apresenta incompletos ou defeituosos descumpre seus deveres e deverá ser inabilitado”.3

Destarte, tendo na devida conta que a Lei n° 8.666/93 traz normas básicas de licitação, a Administração Pública de qualquer esfera de poder está obrigada a dar cumprimento aos seus termos, sendo indevido criar outras formas de apresentação de documentos distintas das fixadas na lei.

III- A LEI DO PREGÃO EM TORNO DO TEMA

Uma vez que o procedimento licitatório poderá ocorrer sob a modalidade de pregão, cujo regramento vem traçado em legislação específica, cumpre-nos examinar essas disposições especiais.

Uma rápida varredura na Lei n° 10.520/02 e no Decreto n° 3.555/004 focada na habilitação e nos documentos que lhe são pertinentes, permite-nos identificar os seguintes dispositivos:

“ Lei n° 10.520/00:

Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:

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XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira;

( ... omissis ...)

XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos de habilitação que já constem do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitantes o direito de acesso aos dados nele constantes;

(... omissis ...).” “Decreto n° 3.555/00:

Art. 1º Este Regulamento estabelece normas e procedimentos relativos à licitação na modalidade de pregão, destinada à aquisição de bens e serviços comuns, no âmbito da União, qualquer que seja o valor estimado.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime deste Regulamento, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as entidades controladas direta e indiretamente pela União.

(... omissis ...).

Art. 11. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:

(... omissis ...).

XIII - sendo aceitável a proposta de menor preço, será aberto o envelope contendo a documentação de habilitação do licitante que a tiver formulado, para confirmação das suas condições habilitatórias, com base no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF, ou nos dados cadastrais da Administração, assegurado ao já cadastrado o direito de apresentar a documentação atualizada e regularizada na própria sessão;

(... omissis ...).

Art. 13. Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclusivamente, a documentação prevista na legislação geral para a Administração, relativa à:

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II - qualificação técnica;

III - qualificação econômico-financeira; IV - regularidade fiscal; e

V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição e na Lei n° 9.854, de 27 de outubro de 1999.

Parágrafo único. A documentação exigida para atender ao disposto nos incisos I, III e IV deste artigo deverá ser substituída pelo registro cadastral do SICAF ou, em se tratando de órgão ou entidade não abrangido pelo referido Sistema, por certificado de registro cadastral que atenda aos requisitos previstos na legislação geral.”

Não nos interessa nesta oportunidade tecer considerações amiúde em torno de cada uma das disposições retro reproduzidas.

Todavia, proveitosa é a transcrição porque nos permite vislumbrar que em sede de documentos de habilitação as normas que presidem o pregão não explicitam a forma de apresentação dos mesmos, nem quais são os passíveis de exigência.

Essa constatação atrairia o raciocínio preliminar de que estaríamos diante de uma lacuna legislativa.

Entrementes, o legislador propiciou a resolução dessa problemática ao dispor no art. 9º., da Lei nº 10.520/00, que as normas contidas na Lei nº 8.666/93, aplicam-se de forma subsidiária às que tratam do pregão.

Isso importa em que, na omissão da Lei específica do Pregão, devemos buscar nas disposições do cognominado Estatuto das Licitações os subsídios necessários para a solução das questões que não foram tratadas expressamente.

Na esteira desse mecanismo legislativo – aplicação subsidiária da Lei nº 8.666/93 para os casos não disciplinados explicitamente pela Lei do Pregão – vemos que, como já elucidado em linhas atrás, a forma de apresentação dos documentos de habilitação vem delineada no art. 32, do Estatuto.

Por conseguinte, no presente momento nos é dado registrar que, seja qual for a modalidade de licitação eleita, o modo de apresentação da documentação é a mesma. Aquela definida no art. 32, da Lei de Licitações.

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IV- A MODERNIZAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS BUROCRÁTICAS Já nos idos de 1999 o legislador ciente da evolução tecnológica tratou de estabelecer regramentos que contemplassem a informatização como instrumento de certificação.

O Decreto n° 3.048, de 06.05.1999, que traz o Regulamento da Previdência Social, previu:

“Art. 257. Deverá ser exigido documento comprobatório de inexistência de débito relativo às contribuições a que se referem os incisos I, III, IV, V, VI e VII do parágrafo único do art. 195, destinadas à manutenção da seguridade social, fornecida pelo órgão competente, nos seguintes casos:

I - da empresa:

a) na licitação, na contratação com o poder público e no recebimento de benefícios ou incentivo fiscal ou creditício concedidos por ele;

(... omissis ...).

§ 7o O documento comprobatório de inexistência de débito quanto às contribuições sociais previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, às contribuições instituídas a título de substituição e às contribuições devidas, por lei, a terceiros, inclusive às inscritas em dívida ativa do INSS, é a Certidão Negativa de Débito, cujo prazo de validade é de até cento e oitenta dias, contado da data de sua emissão. (Redação dada pelo Decreto nº 5.586, de 2005)

(... omissis ...).

§ 15. A prova de inexistência de débito perante a previdência social será fornecida por certidão emitida por meio de sistema eletrônico, ficando a sua aceitação condicionada à verificação de sua autenticidade pela Internet, em endereço específico, ou junto à previdência social. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999).5

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§ 16. Fica dispensada a guarda do documento comprobatório de inexistência de débito, prevista no § 5º, cuja autenticidade tenha sido comprovada pela Internet. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999).”

A Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, que dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais, o CADIN, trouxe ao mundo jurídico as chamadas certidões eletrônicas, ao prever que:

“Art. 35. As certidões expedidas pelos órgãos da administração fiscal e tributária poderão ser emitidas pela internet (rede mundial de computadores) com as seguintes características: I - serão válidas independentemente de assinatura ou chancela de servidor dos órgãos emissores;6

II - serão instituídas pelo órgão emissor mediante ato específico publicado no Diário Oficial da União onde conste o modelo do documento.”7

II.4 O Sistema de Certidões na atualidade

Através do Decreto nº 6.106, de 30 de abril de 2007 (DOU de 2.5.2007), o Poder Executivo Federal, eliminando questiúnculas que descabe comentar nesta oportunidade, dispôs sobre a prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional, alterando inclusive o Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999 (Regulamento da Previdência Social).

Esse diploma prescreveu que a Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, no âmbito de suas competências, expedirão os atos necessários ao cumprimento do disposto no referido Decreto (Art. 5o).

Nesse diapasão, foi expedida a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3, de 2 de Maio de 2007 (DOU de 2.5.2007, Edição Extra) que, entre outras disposições, cuidou da emissão das certidões para a prova de regularidade fiscal da seguinte maneira:

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Art. 2º A "Certidão Conjunta Negativa de Débitos relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União" será emitida quando não existirem pendências em nome do sujeito passivo: I - perante a RFB, relativas a débitos, a dados cadastrais e à apresentação de declarações; e II - perante a PGFN, relativas a inscrições em cobrança.

Parágrafo único. A certidão de que trata este artigo será emitida conforme os modelos constantes nos Anexos I e II a esta Portaria.”

“ Da Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa

Art. 3º A "Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União" será emitida quando, em relação ao sujeito passivo, constar débito relativo a tributo federal ou a inscrição em Dívida Ativa da União, cuja exigibilidade esteja suspensa na forma do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional (CTN).

§ 1º A certidão de que trata o caput também será emitida quando, em relação ao sujeito passivo, existir débito:

I - relativo a tributo federal cujo lançamento se encontre no prazo legal de impugnação, conforme art. 15 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972;

II - inscrito em Dívida Ativa da União, garantido mediante penhora de bens cuja avaliação seja igual ou superior ao montante do débito atualizado.

§ 2º A certidão de que trata este artigo terá os mesmos efeitos da "Certidão Conjunta Negativa de Débitos relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União" e será emitida conforme os modelos constantes nos Anexos III a VIII a esta Portaria.”

“Da Certidão Conjunta Positiva

Art. 4º A "Certidão Conjunta Positiva de Débitos relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União" indicará a existência de pendências do sujeito passivo:

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I - perante a RFB, relativas a débitos, a dados cadastrais e à apresentação de declarações; e II - perante a PGFN, relativas a inscrições em cobrança.

Parágrafo único. A certidão de que trata este artigo será emitida conforme os modelos constantes nos Anexos IX e X a esta Portaria.”

“Da Emissão de Certidões (... omissis ...).

Art. 5º As certidões de que tratam os arts. 2º e 3º serão solicitadas e emitidas por meio da Internet, nos endereços eletrônicos <http://www.receita.fazenda.gov.br> ou <http://www.pgfn.fazenda.gov. br>.

Parágrafo único. Quando as informações constantes das bases de dados forem insuficientes para a emissão das certidões na forma do caput deste artigo, será prestada ao sujeito passivo, em resposta a sua solicitação, orientação para comparecer a uma unidade da RFB ou da PGFN, conforme o caso.”

Art. 6º A certidão de que trata o art. 4º será emitida, pelas unidades da RFB ou PGFN, exclusivamente mediante sistema informatizado específico.

Art. 7º Na impossibilidade de emissão pela Internet, o sujeito passivo deverá apresentar requerimento de certidão conjunta perante o órgão indicado na resposta à solicitação de que trata o art. 5º.

§ 1º O requerimento deverá ser apresentado perante a unidade da RFB ou da PGFN do domicílio tributário do sujeito passivo.

§ 2º Na hipótese de indicação para que o sujeito passivo compareça à RFB e à PGFN, deverão ser apresentados requerimentos específicos em cada órgão, observado o disposto no art. 9º desta Portaria.

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(... omissis ...).

Art. 14. Somente terão validade as certidões emitidas eletronicamente, pela Internet ou pelas unidades da RFB ou da PGFN, mediante sistema informatizado específico, sendo vedada qualquer outra forma de certificação manual ou eletrônica.

§ 1º As certidões referidas no caput conterão, obrigatoriamente, a hora e a data de emissão e o respectivo código de controle.

§ 2º Somente produzirá efeitos a certidão conjunta cuja autenticidade for confirmada nos endereços eletrônicos referidos no art. 5º.”8

A simples leitura dessas disposições torna evidente que nos dias hodiernos os meios tecnológicos assumem relevância ao ponto de serem guindados à condição de únicos instrumentos para a emissão de certidões de regularidade fiscal.

É o que se depreende do disposto nos arts. 5º., 6º. e 14, da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2007, que expressamente declaram que as certidões serão emitidas exclusivamente mediante sistema informatizado específico, vedando inclusive o uso de certificação manual.

V – ILAÇÕES

A par do exposto, podemos concluir que:

a) as certidões emitidas pela internet são válidas independentemente de assinatura ou chancela dos órgãos emissores, a teor do disposto no inciso I do art. 35 da Lei n° 10.522/2002;

b) podem ser consideradas como originais as certidões provenientes da internet, já que inexigível assinatura de servidor, carimbo ou qualquer espécie de selo autenticador;

c) cabe ao ente que recebe a certidão obtida através da internet conferir a sua autenticidade nos endereços eletrônicos respectivos.

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Por último, parece-nos oportuno, para evitar eventuais equivocidades, enaltecer que as reproduções tiradas da certidão emitida pela internet se sujeitam à regra geral da necessária autenticação notarial a que alude o art. 32, da Lei n° 8.666/93, já que são qualificadas como meras fotocópias (sem valor probante).

* Formado em Direito, em 1982, pela Faculdade de Direito de Curitiba, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Paraná; Foi Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Curitiba e Região Metropolitana, no período de 1997/2000. Exerceu diversos cargos na Administração e controle financeiro de estatais. Autor de livros nas áreas de Licitações e de Trânsito; Ex-colaborador da Editora NDJ, responsável pelo Boletim de Licitações e Contratos; Diversos artigos e pareceres publicados em revistas especializadas; Palestrante e consultor no campo de Direito Público. Especialista em Direito Administrativo e Trânsito.

Disponível em:<

http://mail.google.com/mail/?realattid=0.1&attid=0.1&disp=vah&view=att&th=11663a8da eb318f8> Acesso em.: 21. nov. 2007.

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