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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Rógger Anderson Caridade de Lira

COMUNICAÇÃO PÚBLICA E EXERCÍCIO DE CIDADANIA: UMA ANÁLISE NO

CONTEXTO DOS DIREITOS DO TRABALHADOR

Natal - RN 2020

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Rógger Anderson Caridade de Lira

COMUNICAÇÃO PÚBLICA E EXERCÍCIO DE CIDADANIA: UMA ANÁLISE NO

CONTEXTO DOS DIREITOS DO TRABALHADOR

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda.

Orientador: Prof. Dr. José Zilmar Alves da Costa

NATAL - RN 2020

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Rógger Anderson Caridade de Lira

COMUNICAÇÃO PÚBLICA E EXERCÍCIO DE CIDADANIA: UMA ANÁLISE NO

CONTEXTO DOS DIREITOS DO TRABALHADOR

Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, outorgado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, tendo sido aprovado pela banca examinadora composta pelos professores.

Data de aprovação: ____/____/____ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________

Prof. Dr. José Zilmar Alves da Costa (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

____________________________________________________

Prof. Dr. Josenildo Soares Bezerra (Examinador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_____________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Fernando Dal Pian Nobre (Examinador)

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AGRADECIMENTOS

Esta monografia foi desenvolvida em meio a um momento muito especial, de realização de sonhos. Mas também muito difícil, em que eu precisei conciliar trabalho, estudos, organização do meu casamento, reforma, dentre várias outras coisas que demandaram muito da minha saúde física e mental. Houve muitas dúvidas, mas o amor de Deus e o apoio das pessoas ao meu redor me ajudaram a não desistir.

Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre ao meu lado em meio a todas as tribulações, cuidando de mim, guiando- me e me proporcionando a graça de viver experiências maravilhosas. À Nossa Senhora, Mestra e Rainha, por sempre interceder por mim, e por seu amor incondicional de mãe.

À minha mãe, Anália, e ao meu pai, Rui, por todo amor, preocupação, apoio, e por terem se esforçado tanto para transformar suas realidades e pra que hoje eu pudesse ter uma educação maravilhosa e ter esta oportunidade única.

À minha noiva, Carolina, por todo amor, por aceitar compartilhar sua vida e se us sonhos comigo, por batalhar ao meu lado, de mãos dadas, e sem a qual eu não teria conseguido chegar até aqui. Só vem março de 2021!!!

Aos meus irmãos, Rodrigo e Berg, por serem unidos e sempre presentes. À minha tia e madrinha, Adelaide, por todo amor e por me ajudar sempre, vibrando a cada conquista.

Ao meu orientador, José Zilmar, por sua disponibilidade em me ajudar, pela empatia que teve por mim neste momento atribulado, procurando sempre me tranquilizar, e por sua enriquecedora orientação.

Ao meu amigo, Victor, por ser um verdadeiro irmão que Deus me deu, com quem posso compartilhar absolutamente tudo. Por todo apoio de sempre, e porque também vai casar no mesmo período que eu. À minha amiga, Mari, por todo apoio, torcida, conselhos, por se fazer sempre presente e ser a irmã que eu não tive, e que completa nosso trio. A todos os demais amigos que, embora não tenha citado seus nomes, inspiram- me sempre através de seus exemplos.

Ao professor Josenildo e ao professor Dal Pian pela disponibilidade e pelas contribuições fundamentais a este estudo. E a todos meus professores, pelos valiosos ensinamentos ao longo do curso, e por terem assumido este compromisso com uma profissão tão nobre e maravilhosa.

À UFRN e ao Departamento de Comunicação Social, pelo ensino de qualidade e por todas as experiências que marcaram este ciclo de minha vida.

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“Se você encarar que o problema está em você, tudo ficará mais fácil,

pois a solução também estará em você.” Flávio Augusto

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RESUMO

Este estudo tem a finalidade de realizar uma investigação acerca da relação e importância da comunicação como espaço para o exercício da cidadania. Para alcançar tal objetivo, é realizada uma observação sobre as recentes implementações nas políticas de emprego, trabalho e renda, com ênfase no novo módulo do seguro desemprego pela internet e na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) digital, relacionando-os ao campo da comunicação pública. O processo de pesquisa abarca uma contextualização sobre conceitos essenciais da área da comunicação pública, como, por exemplo, o interesse público e a esfera pública, assim como uma explanação sobre o conc eito de cidadania, sobre o público-alvo deste estudo, o trabalhador, e sobre o contexto de desenvolvimento das políticas de emprego e renda no Brasil. Por fim, a pesquisa culmina em um estudo de caso sobre os principais canais de comunicação pública para q ue o cidadão possa se relacionar com a administração pública e com os órgãos que desenvolvem as referidas políticas em âmbito federal, estadual e municipal.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Pública. Cidadania. Interesse Público. Esfera Pública.

Canais de Comunicação. Seguro Desemprego. CTPS Digital.

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ABSTRACT

This study aims to conduct an investigation about the relationship and importance of communication as a space for the exercise of citizenship. To achieve this goal, an observation is made about the recent implementations in employment, work and income policies, with emphasis on the new module of unemployment insurance over the internet and on digital Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), relating them to the field of public communication. The research process encompasses a contextualization about essential concepts in the area of public communication, such as, for example, the public interest and the public sphere, as well as an explanation about the concept of citizenship, about the target audience of this study, the worker, and on the context of development of employment and income policies in Brazil. Finally, the research culminates in a case study on the main channels of public communication so that the citizen can relate to the public administration and to the organizations that develop these policies at the federal, state and municipal levels.

KEY-WORDS: Public Communication. Citizenship. Public interest. Public Sphere.

Communication channels. Unemployment insurance. CTPS Digital.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados sobre intermediação de mão-de-obra de 2000 até 2015 ... 28

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Resumo das estatísticas da Covid-19 no Brasil até outubro de 2020... 33

Figura 2 - Estatísticas do Seguro-Desemprego: 2ª quinzena de janeiro de 2020... 34

Figura 3 -Estatísticas do Seguro-Desemprego: 2ª quinzena de março de 2020 ... 34

Figura 4 -Estatísticas do Seguro-Desemprego: 1ª quinzena de abril de 2020 ... 35

Figura 5 - Estatísticas do Seguro-Desemprego: 1ª quinzena de outubro de 2020 ... 35

Figura 6 - Banner digital do Fala.br ... 37

Figura 7 -Print: Lista de órgãos que aderiram ao Fala.br ... 39

Figura 8 -Print: Primeiros lugares do ranking com maior demanda em pedidos de informação. ... 39

Figura 9 -Print: Posição do Ministério da Economia no ranking de satisfação dos usuários. . 40 Figura 10 -Print: Primeiros lugares em quantidade de manifestações de ouvidoria. ... 40

Figura 11 -Print: Tempo médio de respostas de ouvidoria. ... 41

Figura 12 -Print: Assuntos mais demandados em ouvidoria. ... 41

Figura 13 -Print: Tipos de manifestações de ouvidoria. ... 42

Figura 14 -Print: Capa do Guia Prático da Cidadania. ... 43

Figura 15 -Print: Capa da Coletânea de Defesa do Usuário de Serviços Públicos. ... 43

Figura 16 -Print: Canal de atendimento para imprensa no sítio eletrônico do Ministério da Economia. ... 44

Figura 17 - Print: Página inicial da plataforma Participa + Brasil ... 45

Figura 18 - Print: Tabela de Pedidos de informação do mês de outubro de 2020 ... 47

Figura 19 -Print: Gastos do RN em favor da SETHAS ... 48

Figura 20 -Print: Tabela com a data de integração da SETHAS ao Fala.br ... 49

Figura 21 -Banner digital da ouvidoria do município ... 50

Figura 22 - Print: Slogan do portal da transparência do município ... 51

Figura 23 - Print: Quantitativo de pedidos atendidos e respostas de 2014 a 2020 ... 52

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CODEFAT – Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

CP – Comunicação Pública

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CPF – Cadastro de Pessoas Físicas

CP-SINE – Convênios Plurianuais do SINE CGU – Controladoria-Geral da União

CONTROL – Controladoria Geral do Estado do RN FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada INSS – Instituto Nacional do Seguro Social IMO – Intermediação de Mão de Obra LAI – Lei de Acesso à Informação

OIT – Organização Internacional do Trabalho

PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PDET – Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho PIS – Programa de Integração Social

SINE – Sistema Nacional de Emprego

SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego SD – Seguro Desemprego

SEMTAS – Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social - Natal

SETHAS – Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Socia l - RN

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ... 12

2 REFLEXÃO ACERCA DA COMUNICAÇÃO... 13

3 CONCEITO E PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇÃO PÚBLICA ... 15

3.1 COMUNICAÇÃO PÚBLICA SOB A PERSPECTIVA DA COMUNICAÇÃO GOVERNAMENTAL ... 17

3.2 COMUNICAÇÃO PÚBLICA NO CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL... 18

4 O INTERESSE PÚBLICO ... 19

5 A ESFERA PÚBLICA ... 21

6 O PÚBLICO NO CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO PÚBLICA ... 22

6.1 COMUNICAÇÃO E CIDADANIA NO BRASIL ... 22

7 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA NO BRASIL .... 24

7.1 BREVE HISTÓRICO ... 24

7.2 SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO - SINE ... 26

7.3 REDE DO SINE NO RN ... 28

8 CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (CTPS) ... 29

8.1 CTPS DIGITAL ... 30

9 SEGURO-DESEMPREGO ... 30

9.1 NOVO MÓDULO DO SEGURO-DESEMPREGO PELA INTERNET ... 32

10 IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS - COVID-19 - NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA... 32

10.1 ESTATÍSTICAS DO SEGURO DESEMPREGO NO RN EM 2020 NO CONTEXTO DA PANDEMIA... 33

11 O ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA... 36

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11.1 CANAIS DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA EM ÂMBITO FEDERAL ... 37

11.1.1 Fala.br 37 11.1.2 Painel Lei de Acesso à Informação ... 39

11.1.3 Painel Resolveu?... 40

11.1.4 Central de conteúdos do portal Ouvidorias.gov... 42

11.1.5 Central Alô Trabalho - 158 ... 43

11.1.6 Canal de atendimento para imprensa ... 44

11.1.7 Participa + Brasil ... 45

11.1.8 Conselhos de usuários de serviços públicos do gove rno federal ... 46

11.2 CANAIS DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA EM ÂMBITO ESTADUAL ... 46

11.2.1 Sistema Integrado de Informações ao Cidadão - SIC - RN ... 46

11.2.2 Portal da Transparê ncia do Rio Grande do Norte ... 48

11.2.3 Redes sociais digitais ... 49

11.2.4 Ouvidoria do governo do estado do RN e da SETHAS - RN ... 49

11.3 CANAIS DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA EM ÂMBITO MUNICIPAL ... 50

11.3.1 Ouvidoria Geral do Município do Natal - OGM... 50

11.3.2 Portal da Transparê ncia do Município ... 51

11.3.3 Portal de acesso à informação do município de Natal ... 51

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52

REFERÊNCIAS ... 55

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1. APRESENTAÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido principalmente dentro do campo da comunicação pública, analisando se a administração pública, em todas as suas esferas, está fornecendo as informações necessárias e educando a população para o exercício de seus direitos, obedecendo aos princípios da Constituição Federal em seu art. 37, que apresenta, dentre outros, o princípio da publicidade (BRASIL, 1988).

Nessa perspectiva, o art. 6º da Constituição da República Federativa do Brasil apresenta os direitos sociais, dos quais pode-se destacar o direito ao trabalho e à previdência social (BRASIL, 1988), que serão fundamentais no direcionamento desta pesquisa. Mais precisamente será proposta aqui uma reflexão acerca do papel da comunicação no processo de manutenção desses direitos, levando em consideração acontecimentos recentes, como a incorporação do Ministério do Trabalho e Emprego ao Ministério da Economia, o processo de implementação da CTPS digital e a possibilidade do trabalhador requerer o benefício do seguro desemprego pela internet.

Dessa forma, ao abordar o contexto dos trabalhadores, de usuários do serviço público e do Sistema Nacional de Emprego - SINE, principalmente, este estudo pretende tecer considerações sobre a importância do processo de comunicação pública no exercício dos direitos ao trabalho dos cidadãos e, da mesma forma, no exercício da cidadania como um todo.

Para alcançar esse objetivo, a presente pesquisa está organizada de modo a traçar um caminho que engloba reflexões sobre a comunicação, de maneira geral, e sobre sua importância socialmente; em seguida é contextualizado sobre o campo de estudo da comunicação pública, foco deste estudo, apresentando seus princípios fundamentais, bem como os problemas relacionados à sua delimitação conceitual.

Adiante são apresentadas duas modalidades que podem ser compreendidas como comunicação pública, relacionadas à comunicação governamental e organizacional, a partir das considerações de Brandão (2012), e que dialogam com este estudo; também é realizada uma contextualização sobre o princípio do interesse público, bem como sobre o tema da esfera pública; e em seguida é discorrido sobre o desenvolvimento das políticas de emprego e renda, sobre os direitos do trabalhador, sobre o Sistema Nacional de Emprego – SINE, e também quanto ao contexto do seguro desemprego e da carteira de trabalho, com ênfase nos módulos digitais, bem como as implicações da pandemia de Covid-19 sobre as referidas políticas de emprego.

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Por fim, é realizado um estudo de caso através de um levantamento sobre os principais canais de comunicação pública no contexto dos direitos do cidadão, com ênfase no trabalhador, relacionando-os aos conceitos e princípios teóricos apresentados aqui, analisando como ocorre o processo de participação, engajamento, debate e manifestações, por exemplo, de modo a contribuírem para o processo de exercício de cidadania.

2. REFLEXÃO ACERCA DA COMUNICAÇÃO

Quando refletimos sobre a comunicação, em sua forma abrangente e empírica, passamos a compreendê- la mais nitidamente como um dos principais meca nismos para o desenvolvimento social, na medida em que o ato de comunicar permeia todas as coisas, desde as relações do ambiente familiar, da gestação à maternidade e à paternidade, nos laços de amizade, durante a formação escolar, nos relacionamentos interpessoais de trabalho, nas ciências, em manifestações artísticas, dentre outros inúmeros exemplos. Em sua ubiquidade social, a comunicação permite a manifestação cultural de um povo, cidade, estado e nação, e, principalmente, por meio da qual se é possível interpretar, imergir e vivenciar esses costumes, ou seja, sua importância é vital, uma vez que perpetua uma cultura.

Dentre os significados do termo comunicação presentes no dicionário online Michaelis, por exemplo, podemos extrair um trecho que tem viés na linguística, e que a considera como um “ato que envolve a transmissão e a recepção de mensagens entre o transmissor e o receptor, através da linguagem oral, escrita ou gestual, por meio de sistemas convencionados de signos e símbolos” (COMUNICAÇÃO, 2020). Esse postulado passa a ser importante pois nos remete a possibilidade de a comunicação ser codificada e decodificada, bem como remete ao caráter cíclico estabelecido entre emissor e receptor dentro do processo comunicacional.

Outra conceituação bastante pertinente nesta reflexão, volta-se à etimologia do termo em questão, em que Eduardo Duarte esclarece que a comunicação

[...] é derivada da palavra lat ina communis, da qual surge o termo comu m no nosso idio ma. Communis quer dizer pe rtencente a todos ou a muitos. Dessa mesma ra iz latina surge a palavra comunicare, origem de comungar e comunicar. Nu m novo desdobramento dessa raiz, a inda no latim, chegamos a comunicationis que indica a ideia de tornar co mu m. Desdobrando um pouco ma is a palavra co municação te mos junto a ideia de tornar comum que deriva de communis, o sufixo latino ica que indica estar e m relação e o sufixo ção que indica ação de. (DUARTE, 2003, p. 42-43)

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Em assim sendo, pode-se depreender que, desde seu aspecto etimológico, a comunicação atua como um processo compartilhado, entre dois ou mais seres, os quais procuram tornar comum no seu meio alguma informação, conhecimento, sentimento, dentre outras coisas. Marcondes Filho (2014) vai além ao propor, no sentido social, que a comunicação está também no estabelecimento de relações entre indivíduos e a própria cultura, reiterando o que foi proposto no início dessa discussão quando aspectos culturais foram trazidos à tona a partir de abstrações provenientes da experiência do quotidiano.

A partir dessas considerações iniciais, refletir acerca desse conceito na perspectiva da Comunicação Social, enquanto campo de estudo, implica retomar aspectos das Teorias da Comunicação. Estudos teóricos como o de Martino (2009) consideram não haver delimitações tão claras e que, portanto, é resultado da interação com outros campos de estudo. É difícil não se lembrar do modelo pioneiro de estudo desenvolvido por Lasswell que, ainda de acordo com Martino (2009), baseou-se na Arte Retórica de Aristóteles e permitiu dividir e concentrar a análise sobre cada um dos agentes que integravam o processo comunicacional, representando, portanto, ponto de partida de vital importância para os demais estudiosos que vieram em seguida.

A intenção não é de se aprofundar no mérito das dificuldades encontradas no contexto da epistemologia da comunicação, a qual Duarte (2003) propõe limitações que vão desde sua conceituação, delimitações, e digamos que também no processo de busca por um consenso quanto aos seus objetos de estudo, metodologia e investigação. A intenção é propor um caminho que direcione à compreensão da dimensão da comunicação, em que “nos últimos cem anos essa palavra tornou-se a expressão de um dos motores essenciais da civilização contemporânea” (DUARTE, 2003, p. 41). Para fins deste estudo podemos, portanto, compreendê- la como “um núcleo de ideias que se associam formando um conceito: pertencente a muitos, comungar, tornar comum, estar em relação e ação de se associam no

macroconceito chamado comunicação” (DUARTE, 2003, p. 43).

Nessa perspectiva, um dos objetivos deste estudo é fazer uma abordagem com ênfase na comunicação pública enquanto modalidade mais adequada ao público alvo desta reflexão: o trabalhador, de maneira geral; os usuários do Sistema Nacional de Emprego – SINE, os quais dependem dos serviços públicos no contexto de trabalho para estarem engajados socialmente e poderem exercer seus direitos de cidadão.

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3. CONCEITO E PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇÃO PÚBLICA

Quando se adentra no campo da comunicação pública, é possível se deparar, da mesma forma, com um primeiro grande debate, que diz respeito a sua conceituação. Conforme explica Brandão (2012, p. 01) esta “é uma área que abarca uma grande variedade de saberes e atividades e pode-se dizer que é um conceito em processo de construção”. Ainda de acordo com Brandão (2012), por estar em processo de construção, contempla diversas perspectivas, podendo ser até mesmo conflitantes e, dentre elas, pode-se observar a relação com a área da comunicação organizacional, a comunicação científica, a governamental, política, com a praticada pela sociedade civil organizada, em que, na verdade, todas elas contribuem para o entendimento da comunicação pública e atuam em determinadas situações como modalidades dela.

Marina Koçouski (2013, p. 41), por exemplo, complementa dizendo que “no Brasil, o conceito de comunicação pública ainda é recente e a bibliografia sobre o tema, escassa.” A autora (KOÇOUSKI, 2013) também indica os nomes mais expressivos nos estudos acerca da comunicação pública, nacionalmente, dentre os quais estão Elizabeth Pazito Brandão, citada anteriormente, Heloiza Matos, Jorge Duarte, Maria José da Costa Oliveira; Eugênio Bucci; Luiz Martins da Silva e Mariângela Furlan Haswani. Por outro lado, levando em consideração o cenário internacional,

[...] a princ ipal refe rência nos estudos brasileiros de comun icação pública é o resumo de La co mmunicat ion publique [...], do francês Pierre Zé mo r. Recente mente, outros autores internacionais têm se destacado nos estudos, co mo o colomb iano Juan Ca milo Jara millo Lópe z [...] e o italiano Paolo Mancini [...] (KOÇOUSKI, 2013, p. 41)

Jorge Duarte (2012), por exemplo, também aponta Pierre Zémor como a principal referência internacional para os estudos brasileiro s acerca da comunicação pública e explica que, mesmo tendo esta fonte em comum, é possível verificar diferentes interpretações a partir de seus textos, o que reforça o caráter conflitante entre as diferentes óticas possíveis nesta modalidade de comunicação, da mesma forma que Brandão propôs. Quanto às especificidades da comunicação pública, o autor propõe ainda que ela

[...] coloca a centralidade do processo de comunicação no cidadão, não apenas por me io da garantia do direito à informação e à e xpressão, mas também do diá lo go, do respeito a suas características e necessidades, do estímulo à partic ipação ativa, racional e corresponsável. (DUARTE, 2012, p. 61)

A expressão também está associada “ao esforço de melhorar a vida das pessoas pela comunicação” (DUARTE, 2012, p. 61). Além disso, Duarte (2012) ainda identifica, dentro

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das discussões neste campo e no próprio processo de estudo, construção e delimitação conceitual, uma tendência e uma necessidade de desvincular a comunicação de interesses particulares de instituições públicas, privadas ou determinados grupos dominantes, mas, sim, adotar uma postura de mudança de foco a favor da cidadania, do interesse coletivo, de uma comunicação mais democrática.

Koçouski (2013) aponta a possibilidade de haver múltiplos emissores no processo de comunicação pública, porém reflete que o que a define vai além do agente de origem da comunicação, colocando maior relevância para o princípio que a norteia, conforme pode ser verificado abaixo:

A comunicação pública pode ser protagonizada por diversos atores: Estado, Terceiro Setor (associações, ONGs, etc.), partidos políticos, empresas privadas, órgãos de imprensa privada ou pública, sociedade civil organizada, etc. Ela não é determinada e xclusiva mente pelos promotores/emissores da ação comunica tiva, mas, sim, pelo objeto que a mobiliza – o interesse público – afastando-se, ainda, de uma finalidade de cunho mercadológico.

(KOÇOUSKI, 2013, p. 52)

Nessa perspectiva dos diversos emissores da comunicação pública, Koçouski (2013, p. 53) enfatiza que “o Estado é crucialmente diferente em relação aos demais atores, uma vez que suas atividades têm obrigação legal de serem pautadas pela supremacia do interesse público.” Ou seja, configurando-se como “o único entre os demais atores que deve atuar integralmente com a comunicação pública” (KOÇOUSKI, 2013, p. 53)

Ainda no contexto do processo de formulação do conceito de comunicação pública, e considerando o princípio orientador apresentado anteriormente, Koçouski destaca a abrangência deste campo com base em

[...] três áreas da comunicação: o jorna lis mo, as re lações públicas e a publicidade e propaganda. Esses campos não devem ser confundidos com as formas de med iação utilizadas (radiodifusão, impressos, internet e outros), nem ta mpouco com os seus promotores/sujeitos. Pela natureza de suas atividades, observa-se que o jornalis mo é a área que mais tem p ro ximidade com o interesse público, enquanto a propaganda e a publicidade, por sua natureza persuasiva e voltada a fins me rcadológicos, menos. (KOÇOUSKI, 2013, p. 52)

Com base nas constatações feitas até o momento e, considerando a compreensão de que o conceito de comunicação pública ainda está em desenvolvimento, fica entendido portanto como

[...] u ma estratégia ou ação comunicativa que acontece quando o olh ar é direcionado ao interesse público, a partir da responsabilidade que o agente tem (ou assume) de reconhecer e atender o direito dos cidadãos à informação e participação em assuntos relevantes à condição humana ou vida em sociedade. Ela te m co mo objet ivo s promover a cidadania e mobilizar o debate de questões afetas à coletividade, buscando alcançar, em estágios mais avançados, negociações e consensos. (KOÇOUSKI, 2013, p. 54)

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Ou seja, é um conceito que abrange aspectos que convergem e dialogam com os demais autores apresentados neste estudo, abarcando princípios que fomentam o exercício da cidadania, o interesse público, o debate público, o direito à informação e a participação, por exemplo.

3.1. COMUNICAÇÃO PÚBLICA SOB A PERSPECTIVA DA COMUNICAÇÃO

GOVERNAMENTAL

Retomando as constatações citadas anteriormente, através de Brandão (2012), que considera a possibilidade de diversos sentidos e aplicações como modalidades da Comunicação Pública, será assumido aqui um viés mais voltado ao contexto da comunicação governamental, uma vez que este estudo procura relacionar a reflexão da comunicação com o desenvolvimento das políticas públicas de emprego, trabalho e renda. Nesta perspectiva, compreende-se a “comunicação pública como um processo comunicativo das instâncias da sociedade que trabalham com a informação voltada para a cidadania” (BRANDÃO, 2012, p. 05), ou seja, vale a pena reiterar que aqui consideram-se o direito ao trabalho e a informação como mecanismos que viabilizam o próprio exercício da cidadania.

Além dessas considerações iniciais, a autora auxilia ainda na compreensão de outros critérios que enquadram a comunicação governamental dentro da comunicação pública, a partir do momento em que ela atua como

um instrumento de construção da agenda pública e direciona seu tra balho para a prestação de contas, o estímulo para o engajamento da população nas políticas adotadas, o reconhecimento das ações promovidas nos campos políticos, econômico e social, em su ma, provoca o debate público. Trata-se de uma forma leg ítima de u m governo prestar contas e levar ao conhecimento da opinião pública projetos, ações, atividades e políticas que realiza e que são de interesse público. (BRA NDÃO, 2012, p. 05)

Avançando nesse viés da comunicação pública, Brandão propõe também que, devido à natureza do público ao qual este tipo de comunicação se direciona, consta majoritariamente a utilização da “grande mídia - televisão, rádio, web, impressos – e o método mais utilizado é a campanha publicitária” (2012, p. 05). Inclusive, Brandão (2012) destaca ainda, nesse contexto, a tendência a maior consciência e engajamento político dos cidadãos, o que junto ao avanço tecnológico culminou na criação das ouvidorias, audiências públicas, dentre outros canais para atender a demanda do cidadão consciente e par ticipativo.

(19)

Entretanto, também é fundamental destacar que, embora esteja sendo utilizado aqui um viés de comunicação governamental, e mesmo que durante muito tempo este tenha sido prioritariamente o sentido dado à comunicação pública, compreende-se que ela hoje não está mais estritamente relacionada a este contexto, e caminha gradativamente para substituição pelo termo comunicação pública, desvinculando de ideias e contextos passados que remetem a propaganda política ou marketing político, por exemplo, ainda à luz de Brandão (2012).

Dessa forma, essa noção tende a ficar bem clara enquanto avançamos nesta reflexão. Ao propor aqui esta ótica, não se confunde como foco deste estudo a questão da mera comunicação ou processo de construção da imagem de organizações públicas perante seu público. Evidencia-se aqui, com base nos estudos provenientes de autores como Jorge Duarte, Elizabeth P. Brandão, Heloiza Mato s, dentre outros, o caminhar para um processo comunicativo voltado principalmente para o exercício da cid adania, por meio do direito à informação, do direito ao trabalho, ao engajamento dos cidadãos nas tomadas de decisões, dentre inúmeros outros aspectos em prol da população. De acordo com Matos, inclusive, “o entendimento da comunicação pública como espaço da/para sociedade organizada é relativamente recente” (2012, p. 47).

3.2. COMUNICAÇÃO PÚBLICA NO CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO

ORGANIZACIONAL

Outro entendimento possível para a comunicação pública, que também é pertinente a esta reflexão e pode ser aplicado na perspectiva da área das políticas de emprego e do serviço público, é aquele relacionado ao campo da comunicação organizacional. Brandão (2012, p. 1) aponta que “em muitos países, o entendimento de CP está claramente identificado com a comunicação organizacional, isto é, a área que trata de analisar a comunicação no interior das organizações e entre ela e seus públicos, buscando estratégias e soluções”.

Dessa forma, partindo-se do princípio em que as políticas de emprego e renda fazem parte dos direitos do cidadão ao trabalho, viabilizam o exercício da cidadania, e, ao considerá-las como assunto de interesse público, é indispensável, portanto, um cuidado especial em sua prestação aos trabalhadores.

Essa consideração é importante pois, ao se refletir sobre a dinâmica das instituições, sejam privadas ou, neste caso, prioritariamente no contexto do serviço público, não é difícil visualizar situações em que nós mesmos ou pessoas próximas se depararam com o

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recebimento de informações divergentes e conflitantes sobre determinado serviço, o que acaba prejudicando o acesso ao mesmo. Isso pode ocorrer quando não há um alinhamento da comunicação entre órgãos do setor público, seja federal, estadual ou municipal que prestam um mesmo serviço, ou, ainda, entre funcionário s de uma mesma instituição.

Este é apenas um exemplo que está diretamente ligado ao contexto da comunicação interna e externa de uma organização, que tem o potencial de definir a eficiência e qualidade de serviços ou informações prestadas aos cidadãos. Podem também interferir no exercício de seus direitos e, da mesma maneira, na formação da imagem do serviço público e das instituições. Isso porque a comunicação organizacional tem o objetivo de “tratar a comunicação de forma estratégica e planejada, visando criar relacionamentos com os diversos públicos e construir uma identidade e uma imagem dessas instituições, sejam elas públicas e/ou privadas” (BRANDÃO, 2012, p. 1).

Embora implique na formação da imagem das organizações, o foco está na prestação de um serviço e informações de qualidade à população, no acesso democrático a esses serviços e, principalmente, em como o processo de comunicação pública se encaixa nesse contexto, assim como foi citado anteriormente..

4. O INTERESSE PÚBLICO

A noção de interesse público permeia grande parte dos estudos acerca da comunicação pública, uma vez que pode ser compreendida como uma de suas bases estruturais. Refletindo-se a respeito deste princípio, empiricamente, é possível inferir a ideia de algo relevante e capaz de impactar a vida das pessoas de alguma maneira. A saúde, por exemplo, é de interesse público, assim como a educação, segurança, dentre outros aspectos básicos e fundamentais para a vida do cidadão.

No contexto do campo de estudo da comunicação pública, e levando em consideração a ênfase dada aqui neste estudo à ótica voltada a comunicação governamental, pode-se considerar que o interesse público é “o verdadeiro sentido da comunicação pública estatal” (KUNSCH, 2013, p. 4). Isto porque, ainda segundo Kunsch (2013), as instituições de todas as esferas da sociedade devem assumir um compromisso e uma responsabilidade na comunicação com seus públicos, principalmente as instituições que compõem a administração pública, as quais a autora propõe que devem se aproximar cada vez mais dos cidadãos, de maneira inclusiva e democrática, criando canais de interação a fim de atenderem as

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necessidades da sociedade, ou seja, em favor do interesse público. Nessa perspectiva, esta noção que procura tratar sobre assuntos que imp actam a coletividade seria uma orientação no processo de alcance desses ideais, por parte das organizações públicas (KUNSCH, 2013).

De acordo com Jaramillo López (2011, citado por KUNSCH, 2013, p. 6) “a comunicação pública possui como pilares essenciais característicos de seu espectro a causa pública, os princípios democráticos e o interesse público”, ou seja, reiterando o caráter de base fundamental no processo de comunicação para poder enquadrá-la como pública.

Koçouski (2013, p. 51) aponta que a “comunicação pública é muitas vezes definida a partir do interesse público”. Nessa perspectiva, pode-se compreender ainda que

o interesse público é o interesse do todo, do próprio conjunto social, o que não se confunde com a ideia de soma de interesses individu ais. Porém, o autor considera falso acentuar-se o antagonismo entre o interesse das partes e o interesse do todo, pois o interesse público é a dimensão pública dos interesses individuais.

(MELLO, 2001 apud KOÇOUSKI, 2013, p. 51)

Por sua vez, Costa Bueno (2012, p. 134) aponta uma concepção conflitante, ao propor que “organizações, entidades e a própria mídia continuam a insistir, equivocadamente, na existência de fronteiras nitidamente demarcadas entre os interesses públicos e privados”. O autor ainda faz uma distinção entre comunicação pública e comunicação de interesse público, em que a comunicação pública “costuma estar associada a processos, ações e estratégias de comunicação postos em prática pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e, em muitos casos, é entendida apenas como a comunicação do Governo ” (COSTA BUENO, 2012, p. 136). Enquanto isso, a comunicação de interesse público “busca abranger as ações e atividades que têm como endereço a sociedade, independentemente de sua origem - pública ou privada” (COSTA BUENO, 2012, p. 136).

Em suas considerações, mais voltadas ao contexto jornalístico, Medeiros de Faria (2012, p. 175) propõe, inclusive, que o “interesse público não existe em si, ou por si mesmo, mas trata-se de um emaranhado de interesses, de confrontos discursivos, ancorados nos processos sociais em curso.”

No entanto, como este estudo propõe uma reflexão da comunicação pública a partir de novas implementações nas políticas de emprego e, levando em consideração a necessidade e a responsabilidade das entidades públicas de comunicarem e educarem a população para o exercício democrático desses novos recursos, adota-se, portanto, o viés proposto por Kunsch (2013), que considera o interesse público um princípio essencial e inato da própria concepção de comunicação pública estatal.

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5. A ESFERA PÚBLICA

Outro conceito pertinente a esta discussão é o que se refere à Esfera Pública, o qual de acordo com Matos (2012), para se ter um entendimento acerca da comunicação pública é necessário compreendê- la a partir da ampla participação das partes que compõem e estruturam o processo comunicacional, e, dessa forma, a interação entre esses atores acontece dentro de um espaço, que é compreendido como a Esfera Pública. Ela é, portanto, “o conjunto de espaços físicos e imateriais em que os agentes sociais podem efetivar sua participação no processo de comunicação pública” (MATOS, 2012, p. 52).

Em conformidade com a perspectiva adotada aqui, que procura focar no agente

cidadão,

o reconhecimento da esfera pública co mo diversidade de locais de e xpressão exige, por antecipação, a interiorização dos direitos do cidadão - entendida sob prismas diferentes. Por e xe mp lo: co mo a capacidade do agente de reconhecer-se como participante social, de elaborar uma posição própria e e xpressar-se de forma a valorizar a sua posição [...]. Um c idadão que não acredita ter dire ito a se expressar, que não valoriza o que tem a dize r e que se sente incapaz de comunicar isso adequadamente aos outros dificilmente terá condições de integ rar a rede social da comunicação pública. (MATOS, 2012, p. 53)

Essa constatação sugere a necessidade do cidadão ser estimulado a participar do processo de comunicação pública, sendo democrático ao ponto de todos poderem se engajar, ou seja, adotando-se “uma cultura que capacite os agentes a instituírem-se como comunicadores públicos na esfera pública” (MATOS, 2012, p. 53)

À luz dos textos de Matos (2012) ainda pode ser compreendido que para o processo de comunicação pública ocorrer plenamente, todos os age ntes precisam estar integrados, sejam eles o Estado, instituições do governo, os cidadãos, o terceiro setor, dentre outros, de modo que é preciso ter também um cuidado com as informações que circulam dentro da esfera pública, pois elas precisam ser de interesse público.

Esse conceito é fundamental neste estudo uma vez que diz respeito aos canais, vias por onde as informações de interesse coletivo tramitam e, adiante, será feita uma reflexão acerca dos canais por onde circulam as informações sobre as políticas de emprego para o pleno exercício da cidadania através do direito ao trabalho dos cidadãos, ou seja, enquadrando a discussão dentro do contexto da esfera pública.

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6. O PÚBLICO NO CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO PÚBLICA

O público-alvo deste estudo, que desenvolve-se dentro do campo da comunicação pública, é representado pelos cidadãos, na figura dos trabalhadores, usuários do SINE, em meio às políticas de emprego, trabalho e renda. Discorrer acerca deste público implica a necessidade de trilhar um percurso, que demanda uma contextualização sobre questões de cidadania, democracia, comunicação, representação política, participação e, principalmente, a relação entre estes conceitos.

É necessário enfatizar sobre como a comunicação é importante no processo de exercício de direitos e no fomento de uma postura ativa desses cidadãos, atuando como um instrumento fundamental que estimula o exercício da própria cidadania, ou seja, tornando-se um espaço para engajamento e participação.

Paulo Freire (1967 apud DUARTE, 2012, p. 95) constata, por exemplo, que “a essência da democracia está na participação popular, no poder de decisão ou opção dos cidadãos”. Para concluir esta introdução e exemplificar sobre a integração entre esses conceitos, pode-se complementar a partir das considerações de Costa Oliveira que a

[...] c idadania, partic ipação social e movimentos comunitários integra m-se como conceito e ação, já que a cidadania tem re lação direta com a sociedade democrática, de participação na esfera pública, sendo capazes de imple mentar movimentos sociais, relacionamentos entre os atores sociais e tendo como base respeito aos direitos humanos, participação nos negócios públicos, enfim, deveres e dire itos[...] (COSTA OLIVEIRA, 2013, p. 20, 21)

A seguir será desenvolvida com mais profundidade a questão da cidadania a partir da relação com o campo da comunicação, principalmente abordando sobre a importância da comunicação enquanto espaço para desenvolvimento e exercício da cidadania.

6.1. COMUNICAÇÃO E CIDADANIA NO BRASIL

Marcia Y. M. Duarte (2012) tece considerações importantes acerca do desenvolvimento da cidadania no Brasil, o qual é marcado por dificuldades e, de acordo com a autora, “o problema da cidadania no Brasil não se limita à sua dimensão política, enquanto direito, mas em se definir quem pode exercê- la e em que termos” (DUARTE, 2012, p. 95). Isto ocorre porque

[...]dependendo do mo mento histórico e do lugar, somente parce las da população brasileira pudera m e xe rcer p lena mente sua cidadania, porque uma das grandes

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dificuldades do país residiu na incapacitação política dos cidadãos, que é direta mente proporcional ao grau de domínio dos recursos sociais e de acesso a eles. (DUARTE, 2012, p. 95)

Dessa forma, considera-se, portanto, que “o processo de construção da cidadania te m sido lento e gradual, porém não linear; houve, inclusive, períodos de retrocesso e de supressão dos direitos básicos, como nos golpes de Estado”, conforme enfatiza Duarte (2012, p. 103). De acordo com Rubim (2003, apud DUARTE, 2012, p. 105), “os maiores obstáculos à realização da cidadania plena hoje são a desigualdade social e a concentração de poder”.

Adriana Studart (2012), cujo estudo apoia-se prioritariamente em aspectos jurídicos, propõe uma relação intrínseca entre o direito e liberdade de informação no processo de desenvolvimento da cidadania, em que o pleno exercício dos direitos fundamentais, socialmente, está condicionado à prática da liberdade de informação. Ou seja, compreende-se como cerne da cidadania a democratização da informação, bem como é inerente ao cidadão o direito de exercê-la (STUDART, 2012). Studart (2012) ainda problematiza que, enquanto a legislação do Brasil acolhe algumas instâncias da sociedade, deixa outras desamparadas em caso de violação de seus direitos.

Outra perspectiva pertinente a este estudo é a proveniente da relação entre cidadania e a ótica da representação política, e a partir deste contexto pode-se extrair o princípio da participação cidadã, o qual

[...]é o componente indispensável do processo de construção da c idadania e as formas de garantir sua rea lização representam, na sociedade atual, caracterizada como do conhecimento, verdadeiros instrumentos estratégicos de desenvolvimento de um país. Hoje, u m dos grandes diferenciais competitivos entre as nações é a competência humana de sua população na produção e uso intensivo do conhecimento. (DUA RTE, 2012, p. 101)

E como a comunicação figura neste contexto, relacionando-se à representação e, consequentemente, a cidadania? Duarte propõe inicialmente que os

[...] canais de comunicação colaboram para a manutenção do bom funcionamento do mecan ismo da representação, pois são capazes de estimula r a participação (e m oposição a passividade) dos cidadãos e solidificar u ma cultura de mocrática e fle xível (e m vez de autoritária e dogmática) nas classes políticas, incentivando o diálogo entre representantes e representados. (DUARTE, 2012, p. 101)

A comunicação, portanto, “é hoje o ponto de partida e de encontro para o processo de reaprendizado da cidadania”, de acordo com os estudos de Duarte (2012, p. 105). Além disso, também pode-se depreender dos estudos da autora considerações que dizem respeito ao direito à comunicação dos cidadãos, que faz parte do contexto de desenvolvimento da democracia e cidadania, ao passo que engloba temáticas essenciais aos cidadãos, como a

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discussão sobre os temas de interesse público e, por outro lado, este direito vai além de apenas os cidadãos terem acesso aos meios de comunicação e poderem se manifestar e terem suas demandas atendidas (DUARTE, 2012). Na verdade “o direito à comunicação passa necessariamente pela participação do cidadão como sujeito ativo em todas as fases do processo de comunicação, tornando-se, também, emissor” (DUARTE, 2012, p.106).

Duarte (2012) propõe que princípios relacio nados à união, engajamento e mobilização social, por exemplo, são inerentes à própria concepção de cidadania, e que o processo de desenvolvimento da compreensão da cidadania, no Brasil, como algo não restrito à determinadas instâncias sociais mas, sim, como pertencente a todos, é resultado de uma luta contínua por direitos. Esse processo resultou, inclusive, no entendimento do cidadão “como um sujeito capaz de interferir na ordem social em que vive, participando das questões públicas, debatendo e deliberando sobre elas” (DUARTE, 2012, p. 112). E a relação estreita entre comunicação e cidadania é o que permite a organização e a mobilização entre os cidadãos, como foi citado anteriormente, situando-os dentro de um processo de exercício de uma cidadania ativa (DUARTE, 2012).

A partir do percurso conceitual traçado até aqui, quanto ao público-alvo deste estudo, no contexto da comunicação pública, e de acordo com os princípios derivados da integração entre os aspectos de cidadania, democracia e comunicação, princ ipalmente, pode-se concebê-lo como um ator capaz de se articular, participar, mobilizar-se em prol da luta por seus direitos, consciente de seu papel social. Estes aspectos podem ser reiterados, por exemplo, através dos estudos de Matos, que considera que a própria comunicação pública está sistematizada como um “espaço plural para a intervenção do cidadão no debate das questões de interesse público” (MATOS, 2012, p. 47).

7. POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA NO BRASIL

7.1. BREVE HISTÓRICO

Para que se possa compreender o contexto no qual este estudo está inserido, é necessário fazer um apanhado histórico que aponte os principais marcos no processo de formulação das Políticas Públicas de Emprego Trabalho e Renda no Brasil. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fornece, através do livro Brasil: o estado de uma nação, importantes parâmetros para esta análise.

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Dentre esses marcos, de acordo com Tafner (2006) pode-se observar já em 1943 o surgimento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a qual representou grande divisor de águas para o trabalhador e para o próprio cenário econômico da época, sendo umas das primeiras iniciativas de organização do mercado de trabalho. Até hoje a CLT é a base regulamentadora do mercado de trabalho formal no Brasil.

Nesse contexto, o autor também aponta que, embora a Constituição de 1946 tenha trazido alguns indícios de proteção ao trabalhador, foi só por volta dos anos 60 que houve realmente a formulação das primeiras políticas, que tiveram como gatilho o grande crescimento econômico e da mão de obra daquele momento (TAFNER, 2006). É importante reiterar que neste período existiam apenas iniciativas, por exemplo, um predecessor do programa Seguro-Desemprego que conhecemos hoje, conforme pode ser verificado abaixo :

[...] a prime ira tentativa de criação de um seguro para o trabalhador desempregado foi feita apenas em 1965, co m a Le i 4.923/65, que criou o Cadastro Permanente de Admissões e Dispensas de Empregados e instituiu um plano de assistência ao desempregado. Esse benefício deveria ser custeado pelo Fundo de Assistência ao Desempregado (FAD). (TAFNER, 2006, p. 398)

Ainda segundo Tafner (2006), sucederam-se a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS em setembro de 1966; o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) em 1970, que são de fundamental importância e chegaram a ir além da finalidade de formação de patrimônio, tendo em determinado momento recursos alocados para financiar o Seguro-Desemprego; e, um dos mais importantes acontecimentos nesse contexto foi a criação do Sistema Nacional de Emprego (SINE) em 1975, um dos principais objetos desta pesquisa, que será discutido com mais detalhes a seguir, mas que desde já pode-se concluir que passou por inúmeros altos e baixos, dentre outros motivos, pela dificuldade de alocação de recursos.

Mais adiante, “passado o pior momento da crise do início dos anos 1980, e refletindo também o ambiente político favorável trazido pela redemocratização do país, o governo federal instituiu o seguro-desemprego (Decreto-Lei 2.284/86) como parte do Plano Cruzado” (TAFNER, 2006, p. 401). Por fim, com o passar dos anos o Seguro teve diversas mudanças nos requisitos para candidatura ao benefício e nas suas fontes de financiamento, em que foram utilizados os recursos do PIS até haver a criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e Codefat através da Lei 7.998, conforme explica Tafner (2006).

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7.2. SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO - SINE

De acordo com o que foi citado anteriormente, o Sistema Nacional de Emprego (SINE) é de fundamental importância para compreender esta pesquisa em sua totalidade, por isso se faz necessário discorrer sobre o mesmo com profundidade, valendo-se da legislação e

sites oficiais pertinentes ao programa.

O SINE foi instituído através do Decreto nº 76.403, de 8 de outubro de 1975 e, conforme explica o Portal do Fundo de Amparo ao Trabalhador, do Ministério da Economia (2016), foi criado “sob a égide da Convenção nº. 88 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que orienta cada país- membro a manter um serviço público e gratuito de emprego, para a melhor organização do mercado de trabalho.”

De acordo com o Art. 2º do Decreto nº 76.403 (1975), “integram o SINE: a Secretaria de Emprego e Salário, os serviços e agências federais de emprego, os sistemas regionais de emprego e as agências núcleos, postos ou balcões de emprego, públicos ou particulares, em todo o território nacional”. Já no Art 3º do mesmo Decreto, é possível observar os seguintes objetivos:

I - Organizar u m sistema de in formações e pesquisas sobre o mercado de trabalho, capaz de subsidiar a operac ionalização da política de e mp rego, a níve l local, regional e nacional.

II - Imp lantar serviços e agências de colocação, em todo o País, necessários à organização do mercado de trabalho.

III - Identificar o t rabalhador, por me io da Carte ira de Trabalho e Previdência Socia l, como partic ipante da comunidade brasile ira de trabalho.

IV - Prop icia r informação e orientação ao trabalhador quant o à escolha de seu emprego.

V - Prestar informações ao mercado consumidor de mão -de-obra sobre a disponibilidade de recursos humanos.

VI - Fornecer subsídios ao sistema educacional e ao sistema de fo rmação de mão -de-obra para a elaboração de suas programações.

VII - Estabelecer condições para a adequação entre a demanda do mercado de trabalho e a força de traba lho e m todos os níveis de capacitação.

(BRASIL, DECRETO Nº 76.403, DE 8 DE OUTUBRO DE 1975)

Ao contrário do que foi visto antes, quando foi falado sobre as primeiras iniciativas dentro do processo de formulação das Políticas Públicas de Emprego Trabalho e Renda no Brasil, é possível visualizar agora um sistema de emprego que procura maior abrangência e organização em todas as esferas, ou seja, procurando integrar melhor os agentes que executarão as ações do programa, bem como o próprio processo de mediação entre o mercado de trabalho e o trabalhador. Isso pode ser evidenciado com a Lei nº 13.667, de 17 de Maio de 2018, que trouxe mais disposições acerca do SINE, como o detalhamento das suas diretrizes em seu Art. 2º, conforme verifica-se abaixo:

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I - a otimização do acesso ao trabalho decente, exerc ido em condições de liberdade, equidade, dignidade e segurança, e a sistemas de educação e de qualificação profissional e tecnológica;

II - a integração de suas ações e de seus serviços nas distintas esferas de governo em que se fizer presente;

III - a e xecução descentralizada das ações e dos serviços referidos no inciso II do

caput deste artigo, em consonância com normas e diretrizes editadas em âmb ito

nacional;

IV - o compart ilha mento da gestão, do financia mento e de recursos técnicos entre as esferas de governo que o integrem;

V - a partic ipação de representantes da sociedade civil e m sua gestão;

VI - a integração e a sistematização das informações e pesquisas sobre o mercado forma l e informa l de trabalho, co m vistas a subsidiar a operacionalização de suas ações e de seus serviços no âmbito da União e das esferas de governo que dele participe m;

VII - a adequação entre a oferta e a demanda de força de trabalho em todos os níveis de ocupação e qualificação;

VIII - a integração técnica e estatística com os sistemas de educação e de qualificação profissional e tecnológica, com vistas à elaboração, à imple mentação e à avaliação das respectivas políticas;

IX - a padronização do atendimento, da organização e da o ferta de suas ações e de seus serviços no âmbito das esferas de governo participantes, respeitadas as especificidades regionais e locais;

X - a me lhoria contínua da qualidade dos serviços ofertados, de forma efic iente, efica z, efetiva e sustentável, especialmente por meio do desenvolvimento de aplicativos e de soluções tecnológicas a serem ofe rtados aos trabalhadores;

XI - a articulação permanente com a imple mentação das demais políticas públicas, com ênfase nas destinadas à população em condições de vulnerabilidade social. (BRASIL, LEI Nº 13.667, DE 17 DE MAIO DE 2018)

Para melhor compreensão, dentre as ações praticadas no Sistema Nacional de Emprego, as principais são: a Intermediação de Mão-de-Obra (IMO), a qual se refere desde ao processo de captação de vagas de emprego, junto aos empregadores, e também ao cadastro do trabalhador no sistema de emprego e atualização do mesmo, consulta e encaminhamento para processos seletivos; a habilitação do Seguro-Desemprego, que está organizada sob diferentes modalidades e pode ser requerida tanto presencialmente quanto pela internet, na atualidade; também pode-se destacar a qualificação profissional, que é baseada na oferta de cursos gratuitos de capacitação para quem tem ou não experiência profissional; e também tem destaque a orientação profissional, para quem pretende ingressar no mercado de trabalho formal ou para viabilizar melhor recolocação do profissional.

Dessa forma, levando em consideração a abrangência do SINE, é importante destacar que o programa é desenvolvido tanto em âmbito federa l, quanto estadual e municipal. Para isso, “os serviços do SINE são prestados aos cidadãos por meio de convênios, chamados Convênios Plurianuais do SINE - CP-SINE” (PORTAL DO FAT, 2016).

Por fim, pode-se concluir que nesse contexto já é possível visualizar políticas mais elaboradas, que não pretendem apenas prover recursos financeiros ao trabalhador, mas sim

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todo um suporte que vai desde o ingresso no mercado de trabalho até, em caso de desemprego, capacitação e recolocação do trabalhador no mercado.

Abaixo é possível visualizar estatísticas retiradas do Portal do FAT referentes ao serviço de Intermediação de Mão-de-Obra, do SINE, no período de 2000 a 2015, que contribuem para validar e legitimar a importância do programa de âmbito nacional:

Tabela 1 - Dados sobre intermediação de mão-de-obra de 2000 até 2015

Fonte: Portal do Fundo de Amparo ao Trabalhador, M inistério da Econo mia .

7.3. REDE DO SINE NO RN

A rede do SINE no RN é composta, em âmbito federal, pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Norte - SRTE/RN - localizada em Natal, Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Mossoró, e Agências Regionais em Goianinha, Nova Cruz, Currais Novos, Caicó e Assu.

Vinculado ao governo do RN, em âmbito estadual, há unidades em Mossoró, Caicó, Currais Novos, Parnamirim, Nova Cruz, Assu, João Câmara, São José de Mipibú, Apodi, Santa Cruz, Pau dos Ferros e Natal, sendo a matriz no bairro de Candelária.

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Em âmbito municipal, levando em consideração a capital Natal, foco desta pesquisa, os serviços do SINE são desenvolvidos pelos Centros Públicos de Emprego, Trabalho e Renda, localizados nos bairros do Alecrim e Cidade Alta.

8. CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (CTPS)

A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento utilizado no Brasil a fim de registro profissional, efetivo ou temporário, para trabalhadores de diversas modalidades, como a formal, do empregado doméstico, dentre outros. Mas, nem sempre este documento teve essa nomenclatura, conforme explica o site da Secretaria de Trabalho, onde entende-se que:

Desde sua criação, a carteira de trabalho sofreu várias modificações. O prime iro documento foi denominado Carteira de Trabalhador Agrícola, instituída por decretos assinados nos anos de 1904 a 1906. Em seguida, com a publicação do Decreto nº 21.175, de 21 de março de 1932, posteriormente regula mentado pelo Decreto nº. 22.035, de 29 de outubro de 1932, institui-se a Carte ira Profissional.

(SECRETA RIA DE TRA BA LHO, 2019)

Logo após, com o Decreto- lei nº 5.452 (1943) foi introduzida a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a qual passou a organizar e estabelecer uma série de normas para as relações trabalhistas, a serem atribuídas aos empregadores e trabalhadores, e definiu a obrigatoriedade de utilização da Carteira Profissional, como era conhecida até então, para o registro e identificação do trabalhador, assim como forneceu outras informações acerca de seu processo de emissão. Foi só com o Decreto-Lei nº 926, o qual alterou a CLT, que de acordo com o Art. 1º ficou “[...]instituída a Carteira de Trabalho e Previdência Social, que substituirá a Carteira Profissional, a Carteira de Trabalho do Menor e a Carteira Profissional do Trabalhador Rural” (DECRETO-LEI nº 926, de 10 de outubro de 1969), finalmente adotando o nome que hoje é comum a todos.

A utilização da CTPS ocorre até hoje e, além do registro profissional, também é documento obrigatório para obtenção de diversos benefícios, dentre os quais pode-se destacar o Seguro-Desemprego e a aposentadoria, por exemplo. Quanto a sua emissão, ao longo dos anos passou por diversas mudanças, tendo pioneiramente a CTPS de papel, a qual facilitava a ocorrência de falsificação e fraudes. Posteriormente, passou a ter o modelo informatizado, o qual era emitido via sistema eletrônico, que cruzava os dados do trabalhador com a Receita Federal, Caixa e INSS, por exemplo, aumentando a segurança, conforme também explica o

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8.1. CTPS DIGITAL

Por fim, ciente da necessidade de estar presente no ambiente digital e adotando uma postura que procura proporcionar modernização e desburocratização nos processos de emissão e de registro profissional, foi desenvolvida a nova CTPS, emitida totalmente em ambiente eletrônico. O aplicativo da CTPS, no entanto, já existia desde 2017, porém em setembro de 2019 foi reformulado e relançado a fim de substituir o documento físico, progressivamente. Sua emissão é regulamentada através da Portaria SEPRT Nº 1065, de 23 de setembro de 2019.

Nesse contexto, é necessário citar, de maneira geral, a necessidade dos empregadores adotarem o sistema do eSocial, que foi lançado através do decreto Decreto nº 8.373, e, de acordo com o Art. 2º, é compreendido como o “[...] instrumento de unificação da prestação das informações referentes à escrituração das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas e tem por finalidade padronizar sua transmissão, validação, armazenamento e distribuição [...]” (DECRETO Nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014). Em outras palavras, é o s istema por meio do qual as empresas fazem os registros e fornecem ao governo tudo que é relativo ao contrato ou vínculo empregatício do trabalhador.

É necessário compreender também que o cadastro para utilização da CTPS digital é vinculado ao Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), e este passa a ser também o número da Carteira de Trabalho e Previdência Social. A Carteira integra, ainda, a plataforma do Gov.br.

9. SEGURO-DESEMPREGO

O Seguro-Desemprego é um benefício criado para amparar o trabalhador desempregado involuntariamente e mediante demissão sem justa causa, provendo assistência financeira temporária ao mesmo. Este benefício integra os Direitos Sociais apresentados nos artigos 6º e 7º da Constituição Federal, tratando especificamente sobre a previdência social.

De acordo com o site oficial da Secretaria de Trabalho (TRABALHO, 2019), “embora previsto na Constituição de 19461, foi introduzido no Brasil no ano de 1986, por intermédio

1

"Constituição 1946 - Planalto." http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm. Acessado em 18 mar.. 2020.

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do Decreto-Lei n.º 2.2842, de 10 de março de 1986 e regulamentado pelo Decreto n.º 92.6083, de 30 abril de 1986 [...] e só após a Constituição de 1988, o benefício do Seguro-Desemprego passou a integrar o Programa do Seguro-Desemprego 4”.

Atualmente é a Lei nº 7.9985 que regulamenta o Programa do Seguro-Desemprego, assim como o Abono Salarial e institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Complementando o que foi citado anteriormente, quanto à finalidade do programa, de acordo com o Art. 2º pode-se compreender que ele pretende:

I - prover assistência financeira te mporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de traba lho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação dada pela Le i nº 10.608, de 20.12.2002)

II - au xiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

(BRASIL. LEI Nº 7.998, DE 11 DE JANEIRO DE 1990)

A lei ainda institui quanto aos requisitos para que o trabalhador possa se habilitar ao

Seguro-Desemprego, obrigatoriedades, condições que podem gerar a suspensão ou

cancelamento do benefício, sobre a quantidade de parcelas, qualificação profissional, dentre

outras informações fundamentais para a execução do programa pelos órgãos responsáveis,

assim como é de fundamental conhecimento por parte do cidadão para o pleno exercício de

seu direito.

Outras modalidades de Seguro podem possuir legislações específicas. Um exemplo disto é o Seguro-Desemprego do Empregado Doméstico, que é instituído pela Lei n.º 10.208 de 23 de março de 2001 e pela Lei Complementar nº 150. Há também a modalidade para o Pescador Artesanal, regulada pela Lei nº 13.134 e a Lei nº 10.779. Por fim, ainda existe o Seguro-Desemprego para o Trabalhador Resgatado e outra modalidade que é solicitada através de determinação judicial. Todas elas possuem especificidades quanto às regras para requisição do benefício.

2

Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto -Lei/ Del2284.htm>. Acessado em 18 mar.. 2020.

3

Disponível em <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/dec reto/1980 -1989/1985-1987/D92608. htm>.

Revogado pelo Decreto de 10.5.1991. Acessado em 18 mar.. 2020.

4

"Seguro-Desemprego - Ministério do Trabalho." 11 jan.. 2016, http://trabalho. gov. br/seguro-desemprego. Acessado em 18 mar.. 2020.

5

"Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990 - Planalto."

(33)

9.1. NOVO MÓDULO DO SEGURO-DESEMPREGO PELA INTERNET

O Seguro-Desemprego, que antes era requerido pelo trabalhador dispensado involuntariamente nos postos de atendimento do SINE, presencialmente e mediante agendamento ou distribuição de senhas, foi lançado pela Secretaria de Trabalho em ambiente virtual, a fim de desburocratizar o acesso ao programa.

De acordo com o Portal Emprega Brasil, do Ministério da Economia, com a implementação desta nova funcionalidade, ficam compreendidas as seguintes orientações:

[...] a partir de 21 de novembro, assim que receber a documentação para encaminhar o Seguro-Desemprego, o trabalhador poderá fazer o pedido imediata mente pela internet, por onde ele já irá preencher o formulário que hoje é respondido no Sine. O prazo de 30 dias para receber o benefício começa rá a contar a partir deste mo mento. (PORTAL EMPREGA BRASIL, 2019)

Para quem está requerendo o SD pela internet, a ida ao posto de atendimento presencial do SINE fica condicionada a eventuais divergências durante o cadastro, ou ainda nos casos em que o próprio sistema notifica que é necessário fazer a confirmação do requerimento presencialmente. Para a maioria das divergências que podem surgir durante o processo de habilitação, o sistema abre a possibilidade de o trabalhador interpor recursos pela internet, o mesmo que já é praticado presencialmente. O portal fornece as instruções para o procedimento, que também pode ser realizado pelo aplicativo Sine Fácil.

10. IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS - COVID-19 - NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA

Por volta de dezembro de 2019 foi identificado em Wuhan na China um novo coronavírus, conhecido por SARS-CoV-2, o qual desde então tem se disseminado mundialmente causando a pandemia do COVID-19. Chegando também ao Brasil por volta de março de 2020 e provocando, até o momento, mais de 147 mil óbitos no país até dia 06/10/2020, conforme dados retirados do painel oficial de comunicação sobre a situação epidemiológica da COVID-19 no Brasil. 6

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