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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ANA CAROLINA MOSELE VIVAN CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

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ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

Caxias do Sul 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul.

Orientadora Profa. Ma. Ana Laura Paraginski

Caxias do Sul 2016

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ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul.

Orientadora Profa. Ma. Ana Laura Paraginski

APROVADA EM: ____/____/____

Banca Examinadora

________________________________________________ Profa. Ma. Ana Laura Paraginski

Universidade de Caxias do Sul

________________________________________________ Profa. Ma. Adriana dos Santos Schleder

Universidade de Caxias do Sul

________________________________________________ Profa. Dra. Marlene Branca Sólio

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AGRADECIMENTOS

À minha família, principalmente à minha mãe, à minha avó, ao meu padrasto e ao meu avô, por me proporcionar chegar à esta etapa e me aguentar durante o período de monografia. Se estou aqui, hoje, é por ―culpa‖ deles que me incentivaram desde os tempos de colégio para eu ser uma profissional competente.

Às professoras Ana Laura Paraginski e Ana Maria Acker, por acreditarem em minhas ideias e abraçarem a causa comigo, auxiliando-me com referências bibliográficas e direcionando o andamento da pesquisa.

Aos pilotos da Aeroplano, por me apoiarem nesta jornada e deixarem eu dedicar um tempinho a mais dos meus dias para a monografia.

Ao Vagner Espeiorin, por ter me acompanhado desde o início e me aconselhado em diversos momentos.

À Paula Sperb, por ter me mostrado um universo lindo, mágico e viciante chamado redes sociais.

Aos meus amigos por entenderem o motivo da minha ausência durante o semestre e que agora irão comemorar esta conquista comigo.

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Você só vive uma vez. É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível. Jojo Moyes

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise de conteúdo das estratégias de viralização da

fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook. Além de analisar as estratégias, o

trabalho tem como objetivo discutir a produção de conteúdo para o jornalismo na internet e estudar o contexto de compartilhamento e interatividade em fanpages do

Facebook. Constata-se, inicialmente, que, na maioria das vezes, os posts do BuzzFeed Brasil são muito compartilhados, tornando-se um viral na web. Assim,

neste trabalho, ainda será feita uma análise dos processos editoriais destas publicações que alcançam altos índices de compartilhamento. Para um melhor entendimento, inicialmente, serão apresentados conceitos teóricos referentes à internet, às redes sociais, com ênfase no Facebook, e, por fim, à viralização na web. Em seguida, serão explicadas as teorias do jornalismo online e como ele se comporta nas redes sociais. Em um terceiro momento, será apresentado o objeto de estudo da pesquisa – o BuzzFeed – e se dará início ao processo de análise, com as metodologias de pesquisa qualitativa, pesquisa bibliográfica, estudo de caso e análise de conteúdo. Sabe-se que é difícil prever o que será viralizado na rede, porém é possível estudar as estratégias que a página utiliza para conseguir tal feito. Para isso, serão analisados tópicos do corpus delimitado, como o formato, o conteúdo, a linguagem, a imagem e as interações das postagens mais viralizadas. Ao final, a pesquisa apontará as estratégias utilizadas pela fanpage do BuzzFeed Brasil para viralizar o conteúdo publicado.

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ABSTRACT

This paper presents a review of the content of the viralization strategies of the fanpage BuzzFeed Brazil on Facebook. In addition of revieing the strategies, the paper has as its aim to discuss the production of the content for the journalism on the Internet and to study the sharing context and interactivity in fanpages on Facebook. It appears, at first, that in most cases, the posts of BuzzFeed Brazil are very shared, making it a viral on the web. So, this paper will also make an analysis of the editorial processes of these publications that reach high share indexes. For a better understanding, initially, theoretical concepts related to the internet, social networks will be presented, with emphasis on Facebook, and finally viralization on the web. Then the online journalism theories and how they behave in social networks will be explained. In a third step, the research object of the study will be presented – the BuzzFeed – and it will begin the review process, with the methods of qualitative research, bibliographic research, study of the case and content analysis. It is known that it is difficult to predict what will be a viral on the network, but it is possible to study the strategies the page uses to achieve such situation. For this, topics will be analyzed from the delimited corpus, as the format, content, language, image and interactions of the viralized posts. Finally, the research will give the strategies used by fanpage BuzzFeed Brazil to viralize the content published.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. As reações do Facebook ... 36 Figura 2. Página inicial do BuzzFeed Brasil ... 66 Figura 3. 22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os homofóbicos ... 73 Figura 4. 16 histórias da vida de quem tem cara de bravo ... 74 Figura 5. Este gif do que fazer com o título de eleitor está sendo muito compartilhado no Facebook ... 75 Figura 6. Eis aqui um manifesto em defesa do bombom Caribe ... 76 Figura 7. 12 tuítes que ―desenharam‖ a cultura do estupro... 78 Figura 8. 29 coisas que nós mulheres evitamos fazer porque tememos por nossa segurança ... 79 Figura 9. 15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa demais ... 80 Figura 10. 18 fotos que mostram como a sua vida muda depois que você adota um gato ... 83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Sites mais acessados no Brasil ... 20

Tabela 2. Sites de notícias mais acessados no Brasil ... 21

Tabela 3. Dez posts mais viralizados de 8 de maio a 8 de junho de 2016 ... 71

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

1 INTERNET ... 15

1.1 HISTÓRICO ... 15

1.1.1 Marco Civil da Internet ... 18

1.2 SITES ... 19 1.3 WEB 2.0 ... 21 1.4 REDES SOCIAIS ... 23 1.4.1 Facebook ... 31 1.4.2 Viralização na Internet ... 38 2 JORNALISMO ... 45 2.1 JORNALISMO NA INTERNET ... 45 2.1.1 Hipertextualidade... 48 2.1.2 Multimidialidade ... 49 2.1.3 Personalização de conteúdo ... 52 2.1.4 Memória ... 54 2.1.5 Atualização contínua ... 55 2.1.6 Interatividade ... 56

2.2 JORNALISMO NAS REDES SOCIAIS ... 60

3 ANÁLISE ... 62 3.1 METODOLOGIA ... 62 3.1.1 Pesquisa qualitativa ... 62 3.1.2 Pesquisa bibliográfica ... 62 3.1.3 Estudo de caso ... 63 3.1.4 Análise de conteúdo ... 64 3.2 O BUZZFEED ... 66 3.3 O BUZZFEED NO FACEBOOK ... 69 3.4 DELIMITAÇÃO DE CORPUS ... 70 3.5 ANÁLISE ... 71

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3.5.1 Formato ... 72 3.5.2 Conteúdo ... 77 3.5.3 Linguagem ... 81 3.5.4 Imagem ... 84 3.5.5 Interatividade ... 85 3.6 FECHAMENTO DA ANÁLISE ... 86 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 88 REFERÊNCIAS ... 92 ANEXOS ... 97 1 PRINTS ... 97 2 PROJETO DE PESQUISA ... 107

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INTRODUÇÃO

Há cada dia, a Internet altera ainda mais a forma de comunicação da sociedade. Se antes bastava ler os principais jornais impressos e acompanhar os telejornais e programas de rádio para se manter informado, hoje a possibilidade de conteúdo na web é gigantesca. São milhares de sites com os mais variados formatos disponíveis a todos que têm acesso à Internet a qualquer hora e em diferentes locais, utilizando computadores, smartphones e tablets. Mais do que nunca, a velocidade integra o processo comunicacional e, como tudo acontece muito rápido, na Internet, é cada vez mais fácil estar a par das informações. Além disso, a

web possibilita ao internauta acompanhar a mesma notícia abordada de diferentes

visões e formatos, de acordo com o perfil do veículo de comunicação.

Seguindo o raciocínio, os sites de redes sociais também alteraram a forma de consumo da informação. Antes da existência deles, era comum discutir os assuntos do momento em pequenos grupos presenciais. Ainda havia a possibilidade de interagir com os veículos por canais de comunicação, via cartas do leitor, por exemplo. Com a introdução das redes sociais na Internet, a comunicação ficou mais fácil e, para interagir com a informação, basta clicar em alguns botões. Agora, o internauta interage com os veículos de forma mais rápida, via fóruns e e-mails, por exemplo, além de ter a oportunidade de curtir, comentar e compartilhar sua opinião sobre os acontecimentos em sua rede de contatos, em especial no Facebook, que é a maior rede social do mundo, com 1,65 bilhão1 de usuários, segundo as pesquisas mais recentes divulgadas em abril de 2016. Além disso, o aumento da procura por conteúdos relevantes nas redes sociais, principalmente nas fanpages do Facebook, fez com que os veículos de comunicação aumentassem a atenção para os novos canais, pensando em formatos específicos para cada rede social, de acordo com o público-alvo de cada uma delas.

Quando uma publicação é muito compartilhada, ela pode se transformar em um viral na web, que nada mais é do que uma notícia que tem a capacidade de se espalhar pela rede de forma rápida e intensa. Um dos especialistas em produzir conteúdo compartilhável, considerado até como uma fábrica de virais, é o site

BuzzFeed (buzzfeed.com), que tem uma média de 150 milhões de usuários mensais

1

Fonte: Assuntos Criativos, disponível em <http://www.assuntoscriativos.com.br/2016/05/os-novos-dados-surpreendentes-do.html>. Acesso em maio de 2016.

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(SARDÁ; LUPINACCI, BARBOSA, et all, 2014). O site de notícias e entretenimento, fundado em 2006 por Johan Peretti, é conhecido por publicar o conteúdo, na maioria das vezes, em formato de listas numeradas, com assuntos que variam de comportamento a dicas de culinária, de fofocas de celebridades a sessões de nostalgia, normalmente acompanhadas de imagens animadas com um tom de humor.

O sucesso do BuzzFeed extrapolou as fronteiras dos Estados Unidos e, atualmente, o site já tem colaboradores em quatro países – Inglaterra, França, Espanha e Brasil. Além de postagens traduzidas da versão norte-americana, cada redação produz conteúdo próprio, valorizando a cultura local, mas sem perder a essência do veículo – a preferência por conteúdos em formato listicle (list + article), que é a marca registrada do site. Porém, as populares listas do BuzzFeed já existiam antes. Assim como a viralização, que não surgiu no meio digital – ela existe desde o jornalismo do século XIX, quando os editores assinavam vários jornais para replicar conteúdos que pudessem servir para as suas publicações.

As postagens, normalmente no formato listicle, mantêm um padrão leve e descontraído, abusando do humor em diversas situações. Porém, o site também trabalha com questões mais sérias. Nesse caso, as listas funcionam como uma espécie de resumo do que aconteceu, fazendo uma ligação com a publicação original. Além disso, o BuzzFeed possui uma linguagem típica da web e um padrão de conteúdo já reconhecível no meio online. Dessa forma, mais do que buscar informação, o internauta que acessa o BuzzFeed procura também uma forma mais leve de abordar o conteúdo, além de publicações que sejam mais descontraídas, ideais para relaxar dos conteúdos do dia a dia.

Com uma questão norteadora que busca entender quais são as estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil, este trabalho apresenta duas hipóteses. A primeira delas deduz que o formato de listas é popular nas redes sociais e costuma atrair a atenção do internauta nos posts, fazendo com que o conteúdo viralize na web. A outra hipótese diz que a linguagem, as imagens e os memes ajudam o processo de viralização da postagem. Além de responder a questão norteadora da pesquisa e comprovar ou não as duas hipóteses propostas, o trabalho tem como objetivo analisar as estratégias de viralização da fanpage do

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internet e estudar o contexto de compartilhamento e interatividade das fanpages do

Facebook.

Para responder à questão norteadora, a pesquisa está dividida em três capítulos. Primeiramente, opta-se por contextualizar a Internet, passando por um breve histórico e incluindo as definições de sites e Web 2.0, para, depois, imergir na teoria das redes sociais, nas características do Facebook até chegar ao conceito de viralização na web. Em seguida, no capítulo 2, serão explicadas as teorias do jornalismo online, com foco nas seis características propostas por Palacios (2007) – hipertextualidade, multimidialidade, personalização de conteúdo, memória, atualização contínua e interatividade.

Depois da fundamentação teórica desenvolvida nos capítulos iniciais, no capítulo 3 é justificada a escolha metodológica: pesquisa qualitativa, pesquisa bibliográfica, estudo de caso e análise de conteúdo. Após, apresentam-se os objetos de estudos da pesquisa – o BuzzFeed e sua fanpage no Facebook. Sabe-se que é difícil prever o que será viralizado na rede, porém é possível estudar as estratégias que a página utiliza para conseguir tal feito. O corpus é formado por dez posts direcionados ao site, os quais tiveram mais compartilhamentos entre 8 de maio e 8 de junho de 2016. Tais publicações serão estudadas para entender os seus compartilhamentos. Para isso, tópicos, como o formato, o conteúdo, a linguagem, a imagem e as interações das postagens mais viralizadas, serão analisados, com base na teoria da Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2000). Ao final, a pesquisa apontará as estratégias utilizadas pela fanpage do BuzzFeed Brasil para viralizar o conteúdo publicado.

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1 INTERNET

1.1 Histórico

A Internet surgiu em 1969, quando o Advanced Research Projects Agency2 (Arpa), órgão norte-americano que trabalhava em pesquisas tecnológicas e científicas para o serviço militar, criou a Arpanet, uma ―rede nacional de computadores, que servia para garantir comunicação emergencial caso os Estados Unidos (EUA) fossem atacados por outro país – principalmente a União Soviética‖ (FERRARI, 2008, p.15).

Em janeiro de 1972, a rede funcionou pela primeira vez, interligando quatro computadores em lugares distantes, todos na Costa Oeste dos EUA. Em 1973, o governo assumiu a administração dos pontos da Arpanet espalhados pelo país. A missão foi dada para Vinton Gray Cerf, matemático e professor da Universidade de Stanford. Foi Cerf um dos responsáveis pela criação de um mecanismo que permitia que dois computadores conversassem entre si quando ligados à rede, além de possibilitar que duas ou mais redes de computadores também se comunicassem (VIEIRA, 2003).

Em 1975, depois de testes de conexão entre Estados de maior distância, a Agência de Comunicações e Defesa ganhou o controle da Arpanet, com a função de facilitar a comunicação com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

O tráfego de dados cresceu rapidamente e, entre os novos usuários, havia pesquisadores universitários com trabalhos na área de segurança e defesa. Embora a comunidade acadêmica usasse a rede para transferir arquivos extensos por meio de e-mails, o foco da Arpanet era o serviço de informação militar (FERRARI, 2008, p. 15).

De 1975 a 1982, começou a troca de arquivos pela rede, o FTP3, até se chegar ao correio eletrônico, o tradicional e-mail. Em 1986, ainda em solo norte-americano, a National Sciente Foundation4 (NSF) desenvolveu uma rede que conectava pesquisadores do país inteiro por meio de computadores. Neste momento, surgiu a Bitnet, que transportava mensagens de e-mail, e a NSFnet, que

2

Agência de Pesquisa e Projetos Avançados.

3

Sigla de File Transfer Protocol. Em português, significa Protocolo de Transferência de Arquivos. O FTP é uma forma rápida e versátil de transferir arquivos, sendo uma das mais usadas na Internet.

4

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permitia o uso interativo de computadores remotos, além da troca de e-mails (VIEIRA, 2003).

Ferrari (2008) descreve que, no fim dos anos 80, o cenário era composto por:

muitos computadores conectados, mas principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa. A Internet não tinha a cara amigável que todos conhecem hoje. Era uma interface simples e muito parecida com os menus dos BBS. Mas, enquanto o número de universidades e investimentos aumentava em progressão geométrica, tanto na capacidade dos hardwares como dos softwares usados nas grandes redes de computadores, outro núcleo de pesquisadores, até bem modesto, criava silenciosamente a Word Wide Web (Rede de Abrangência Mundial), baseada em hipertexto e sistemas de recursos para a Internet (FERRARI, 2008, p. 16).

No Brasil, o primeiro contato com a Internet foi em 1988, quando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) promoveu a primeira conexão à rede. A ação foi comandada pelos professores Oscar Sala e Flávio Fava de Moraes, da Universidade de São Paulo (USP), que também lançaram a conexão oficialmente em 1989.

Enquanto aumentava o número de universidades e investimentos para a área tecnológica, outro grupo de pesquisadores, comandado pelo físico inglês Tim Berners Lee, em 1990, trabalhava silenciosamente na criação da World Wide Web (Rede de Abrangência Mundial), a conhecida WWW. Nesta mesma época, universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conectaram-se à Internet por meio de links com instituições de Ensino dos EUA.

Em 1992, foi a vez do governo federal entrar no meio digital, com a criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que montou uma infraestrutura de cabos para dar suporte à rede mundial de computadores, além de espalhar pontos de conexão nas principais capitais do Brasil, liberando acessos para universidades, ambientes de pesquisas e órgãos do governo (VIEIRA, 2003).

Nesta época, os sites quase sempre seguiam um padrão: fundo cinza, imagens pequenas e poucos links. Em 1996, já eram mais de 56 milhões de usuários no mundo e 95 milhões de mensagens eletrônicas enviadas nos Estados Unidos (FERRARI, 2008). Se em 1993 1,7 milhão de computadores já estavam conectados ao redor do mundo, em 1997, esse número era 20 milhões.

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Os anos seguintes mostraram, além do crescimento gradual da utilização da Internet no meio acadêmico, uma disputa pelos direitos de acesso à rede no Brasil. Segundo Vieira (2003), a RNP entraria com a experiência dos ambientes acadêmicos e com a infraestrutura básica, enquanto a Embratel, empresa responsável pela telefonia, exploraria a parte comercial do acesso à Internet. Em 1995, o governo Fernando Henrique Cardoso decretou que ―as operadoras poderiam atender somente ao mercado corporativo, com o dever de fornecer a infraestrutura e os recursos necessários para viabilizar a montagem dos provedores de acesso‖ (VIEIRA, 2003, p.11). Em 1996, o governo criou o Comitê Gestor da Internet (CG), formado por representantes do Ministério das Comunicações, Ministério da Ciência e Tecnologia, universidades, ONGs e provedores de acesso. Até hoje, o CG é órgão fundamental para o governo quando se trata de Internet.

O ano de 1995 foi fundamental para a história da Internet no Brasil e no mundo. Foi nessa época que surgiam os primeiros nomes comerciais da web, como o site de buscas Yahoo! e a livraria virtual amazon.com. O Yahoo! foi criado pelos engenheiros Jerry Yang e David Filo. Segundo Vieira (2003), o site de busca nasceu meio sem querer.

Na época com 25 anos, era comum ver Yang irritado ao navegar na Internet e não conseguir ―encontrar aquilo que havia visto ‗outro dia‘‖ (VIEIRA, 2003, p. 12). Quase todas as vezes quando isso acontecia, ele corria aos gritos pelos corredores da Universidade de Stanford procurando Filo. Em uma das tardes, Filo catalogou todas as páginas que o amigo tinha acessado. Depois disso, não demorou muito para os colegas unirem as informações e criarem ―um site da web com suas descobertas, aberto a qualquer pessoa que procurasse um guia de navegação‖ (VIEIRA, 2003, p. 12).

Um ano depois, de acordo com Vieira (2003), o site já tinha quase 100 milhões de páginas vistas por mês, além de 40 milhões de dólares na conta bancária dos fundadores. Em 2000, a empresa ganhou mais de 180 milhões de usuários únicos no mês, faturou 1,1 bilhão de dólares no ano e valia mais de 100 bilhões de dólares no mercado financeiro.

Após pensar em vender roupas, carros ou eletrodomésticos, em julho de 1995, o ex-analista do mercado financeiro Jeff Bezos viu a oportunidade de colocar à venda uma grande quantidade de livros. Na ideia de Bezos, os livros eram ―artigos de baixo preço que poderiam ser adquiridos por impulso, fáceis de transportar

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mesmo em grandes quantidades e que poderiam ser vendidos por uma loja virtual praticamente sem estoque‖ (VIEIRA, 2013, p. 14). Assim nascia a amazon.com:

Desde o início, a Amazon trabalhava com a ideia do conteúdo personalizado: examinando os livros que as pessoas compravam e usando métodos de filtragem colaborativa, a Amazon fazia recomendações instantâneas. [...] Além disso, investigando os produtos que cada usuário comprava ao longo do tempo, a Amazon começou a identificar aqueles com preferências similares. [...] Quanto mais pessoas compravam livros na

Amazon, melhor funcionava a personificação (PARISER, 2012, p. 31).

O número de visitantes diários na página da amazon.com saltou de dois mil, em dezembro de 1995, para mais de 50 mil, um ano depois. No fim de 1996, o valor de mercado da empresa era de 300 milhões de dólares. Em 1997, Bezos atingiu seu primeiro milhão de clientes que, seis meses depois, já eram dois milhões.

1.1.1 Marco Civil da Internet

Em 2014, entrou em vigor a Lei nº 12.965, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Conhecida como Marco Civil da Internet, a votação da lei envolveu o Governo Federal, o Congresso Nacional, empresas interessadas e a sociedade civil organizada. A lei estabelece a liberdade de expressão, a proteção da privacidade e a neutralidade da rede como princípios básicos da Internet, além de definir os atores e as responsabilidades de cada um no espaço virtual.

O princípio de neutralidade da rede é um dos pontos mais polêmicos da legislação. Ele garante que a rede deve ser igual para todos, independente do plano de dados utilizado pelo usuário. Além disso, ele sugere que a rede é mais valiosa quando permite a integração dos usuários e a inserção de conteúdo, incentivando a adesão de novos usuários e a inclusão de outros conteúdos.

O termo neutralidade de rede designa um princípio de desenho de rede que, ao visar à maximização da utilidade pública da informação, traz consigo a ideia que todos os conteúdos, independentemente de origem, destino e plataformas envolvidas, devem ser tratados de forma equitativa, sem controles discriminatórios de tráfego entre as pontas da rede (origem e destino) por onde os dados devem passar. Isso permitiria a essa rede compartilhar todo tipo de informação e suportar todo tipo de aplicação (BARBOSA; DEL BIANCO, 2014, p. 8).

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O Marco também prevê o sigilo das informações do usuário, com o princípio da privacidade. Para isso, o projeto de lei regula o monitoramento, filtro, análise e fiscalização de conteúdo para garantir esse direito. Assim, só é possível ter acesso a este conteúdo via ordem judicial para investigações criminais e o provedor não pode ser responsabilizado pelo conteúdo postado pelo usuário. Outra questão deste princípio garante o direito do internauta à privacidade, incluindo a inviolabilidade e o sigilo das informações circuladas na web.

1.2 Sites

Website é o resultado da junção das palavras inglesas web (rede) e site

(sítio, lugar). No contexto da Internet, website e site possuem o mesmo significado e se referem a uma página que pode ser acessada por meio de um determinado endereço eletrônico, geralmente, programado na linguagem HTML e pertencente a um mesmo endereço – denominado URL – disponível na Internet (World Wide Web). O primeiro site do mundo foi o The Project, criado em 1991 por Tim Berners-Lee, físico do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), considerado o pai da web. De aparência simples para os padrões da época, a página era estática, sem recursos, como imagens e vídeos. Aqui, o objetivo era que os profissionais do CERN pudessem trocar informações científicas dos seus próprios computadores, possibilitando que eles pudessem acompanhar o desenvolvimento das pesquisas apenas conectados ao servidor online.

Segundo ranking publicado em julho de 2015 pela Alexa5, o site mais acessado do mundo é o Google, seguido pelo YouTube e Facebook. O Google dispara na frente porque, além dos acessos diretos pelos endereços google.com, contabiliza-se também os acessos de serviços, como o Google Tradutor e o Gmail. A ordem do ranking também vale para o Brasil, onde o Google é o mais acessado, seguido do YouTube e do Facebook. Outros sites que integram a lista dos dez mais acessados no Brasil são:

5

Pesquisa completa disponível em <http://www.alexa.com/topsites/countries/BR>. Acesso em maio de 2016.

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Tabela 1. Sites mais acessados no Brasil Ranking Site Google.com.br Youtube.com Facebook.com Google.com Uol.com.br Globo.com Live.com msn.com Yahoo.com 10º Bing.com Fonte: Alexa

Se um site tem um grande número de acessos diários, significa que ele tem um conteúdo atrativo. Identificar o melhor portal de notícias6 não é tarefa fácil, já que cada um possui seu próprio perfil, com suas particularidades quando se trata de

layout e conteúdo editorial. Em março de 2015, o site Top10+7 publicou uma lista das dez páginas de notícias mais acessadas no Brasil, com base no número de visitas analisado por meio das ferramentas Alexa, Similar Web e Sem Rush. O resultado é o seguinte:

6

Portal de notícias é, para Ferrari (2008), um site que reúne diferentes características. O conteúdo jornalístico é a principal fonte de acessos dos portais, porém eles oferecem outros serviços para o internauta, como ferramenta de buscas, comunidades, comércio eletrônico, e-mail gratuito, entretenimento, esportes, notícias, previsão do tempo, chat, discos virtuais, homepages pessoais, jogos online, mapas, cotações financeiras, canais e um conteúdo personalizado.

7

Disponível em <http://top10mais.org/top-10-melhores-sites-de-noticias-do-brasil/>. Acesso em maio de 2016.

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Tabela 2. Sites de notícias mais acessados no Brasil

Ranking Site de notícias

G1

Uol Notícias

Terra Notícias

Folha de São Paulo

R7 Notícias Estadão MSN Brasil IG Yahoo Notícias 10º ClicRBS Fonte: Top10+ 1.3 Web 2.0

Para dividir a evolução da World Wide Web (WWW), o processo de criação da Internet é separado em três gerações: Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0. A primeira geração – a Web 1.0 – marcou o início da rede, em que os sites ainda eram estáticos e não havia formas de interação com o conteúdo. As páginas mantinham informações úteis para o internauta informar-se, mas como não era atualizado com certa frequência, não convidava o usuário a voltar para o endereço (NICOLAU; SANTOS, 2012). Nesta época, os sites eram basicamente um acumulado de links e o hipertexto já aparecia timidamente em alguns canais. ―O que deixava a desejar era este formato ser apenas um espaço de leitura, onde o máximo de interação era a troca de e-mails entre os usuários‖ (NICOLAU; SANTOS, 2012, p. 5).

Caracterizada pela publicação, compartilhamento e organização de informações, a Web 2.08 é a segunda geração dos serviços online. Com a interação como um dos pilares fundamentais, esta versão da web foi a responsável por um aumento expressivo no conteúdo digital e por torná-lo um ambiente mais dinâmico

8

O termo Web 2.0 foi utilizado pela primeira vez em outubro de 2004 pela empresa americana

O'Reilly Media e pela Media Live International, nomeando uma série de conferências sobre o tema

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para os usuários. Segundo Primo (2014), a Web 2.0 apresenta importantes repercussões sociais, ―que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção social de conhecimento apoiada pela informática‖ (PRIMO, 2007, p. 1).

A segunda geração também aumentou a velocidade e a facilidade do uso de diversos aplicativos para os usuários, além de ser responsável por um aumento significativo no conteúdo existente na internet. Além de tornar o ambiente online mais dinâmico, a Web 2.0 fez com que os usuários colaborassem com a organização do conteúdo digital. A partir dessa etapa, o usuário também é parte fundamental no processo de comunicação, podendo ajudar de forma colaborativa na construção da notícia. Primo (2007) defende a tese de O‘Reilly (2005) de que não há como demarcar precisamente as fronteiras da Web 2.0:

Trata-se de um núcleo ao redor do qual gravitam princípios e práticas que aproximam diversos sites que os seguem. Um desses princípios fundamentais é trabalhar a Web como uma plataforma, isto é, viabilizando funções online que antes só poderiam ser conduzidas por programas instalados em um computador. Porém, mais do que o aperfeiçoamento da ―usabilidade‖, o autor enfatiza o desenvolvimento do que chama de ―arquitetura de participação‖: o sistema informático incorpora recursos de interconexão e compartilhamento. Por exemplo, nas redes peer-to-peer (P2P), voltadas para a troca de arquivos digitais, cada computador conectado à rede torna-se tanto ―cliente‖ (que pode fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um ―servidor‖ (oferta seus próprios arquivos para que outros possam ―baixá-lo‖). Dessa forma, quanto mais pessoas na rede, mais arquivos se tornam disponíveis. Isso demonstra, segundo O‘Reilly, um princípio chave da Web 2.0: os serviços tornam-se melhores quanto mais pessoas os usarem (PRIMO, 2007, p. 2).

Nesta geração da web, os sites começam a trabalhar em uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo (PRIMO, 2007), destacando a mudança da publicação do conteúdo para a participação do internauta. É aqui que a participação do usuário aparece com comentários em blogs, enciclopédias escritas em conjunto (a Wikipédia, por exemplo), páginas de jornalismo participativo e álbuns de fotos no formato do Flickr, que permitem um sistema de buscas. Na Web 2.0, não são apenas os grandes portais importantes. Pelo contrário, a partir desta geração que os

blogs ganharam destaque no meio online, principalmente por segmentar os tipos de

conteúdos, orientando-se ao interesse do internauta. Assim, ―a credibilidade e a relevância dos materiais publicados são reconhecidas a partir da constante dinâmica

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de construção e atualização coletiva‖ (PRIMO, 2007, p. 4). Além disso, as tags9

têm papel fundamental para facilitar o serviço de busca e recuperação de conteúdos na rede.

Mesmo com a cultura da interatividade seguindo em alta, surgiu a Web 3.0, que ainda aparece timidamente na rotina dos internautas. A terceira geração da Internet caracteriza-se por mostrar a importância do computador no dia a dia das pessoas, inclusive com as facilidades proporcionadas pela tecnologia, e ―pretende interligar os significados das palavras, tornando tais significados perceptíveis tanto a humanos quanto às máquinas‖ (NICOLAU; SANTOS, 2012, p. 8). Também denominada de web semântica, a Web 3.0 pretende aumentar a utilidade da internet. Assim,

a sua aplicabilidade será algo inovador, agregando valor nos serviços direcionados aos usuários. Com ela, os efeitos das buscas serão mais precisos, economizando tempo e compreendendo o contexto do internauta, disponibilizando resultados de acordo com a necessidade de cada indivíduo (NICOLAU; SANTOS, 2012, p. 10).

Como ainda será estudado no próximo item deste capítulo, as redes sociais formam-se por meio dos atores que mantêm alguma forma de interação social entre eles. Assim, os sites de redes sociais, como Facebook e Twitter, também fazem parte da Web 2.0 e, a partir de agora, os usuários deixam de ser espectadores e podem interagir, criar conteúdos, comunicar-se com os amigos e opinar sobre o que é apresentado na tela. São os sites de redes sociais, em específico o Facebook, que serão estudados neste trabalho, com foco nas interações do público com o conteúdo publicado na fanpage do BuzzFeed Brasil.

1.4 Redes Sociais

Alguns dos canais de interatividade mais importantes dos veículos de comunicação estão nos sites de redes sociais e em seus aplicativos. É no

9

Tag, em inglês, significa etiqueta, rótulo. Na Internet, as tags são as palavras-chaves utilizadas para relacionar informações semelhantes, ou seja, são palavras que servem justamente como uma etiqueta e ajudam na hora de organizar informações, agrupando aquelas que receberam a mesma marcação, facilitando encontrar outras relacionadas.

(24)

Facebook10 e Twitter11, por exemplo, que o leitor vai interagir com a informação, compartilhando opinião e curtindo conteúdos que sejam de seu interesse. O assunto, que antes era discutido verbalmente, passou a ter desdobramentos virtuais disponíveis para a rede de amigos do leitor. Para os jornalistas, os sites de busca e redes sociais transformaram-se em grandes aliados na produção e na distribuição das notícias. É por meio da web que, muitas vezes, o repórter busca as melhores fontes e dados para a produção do conteúdo.

Nem toda rede social está em um site e nem todo site é uma rede social. Por isso, antes de apresentar o conceito de sites de redes sociais, é preciso entender a definição de uma rede social. Recuero defende a tese de Wasserman e Faust (1994) de que ―uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: os atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)‖ (RECUERO, 2014, p. 24). Ou seja, as redes sociais são formadas pelas relações entre as pessoas. Então, as redes sociais são ―uma forma de olhar os grupos sociais, onde se percebem as relações e os laços sociais como conexões e os indivíduos como atores estão unidos por essas conexões‖ (BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 23). A seguir, cada elemento que constitui uma rede social – atores, interações, laços sociais e capital social – será explicado individualmente.

Os atores são os primeiros elementos de uma rede social, representados como nós. Eles são as pessoas que se relacionam na rede e atuam de forma a moldar as estruturas sociais, por meio da interação e da construção de laços sociais (RECUERO, 2014). Porém, ao se tratar de redes sociais na Internet, os atores são formados de diferentes modos:

Por causa do distanciamento entre os envolvidos na interação social, principal característica da comunicação mediada por computador, os atores não são imediatamente discerníveis. Assim, neste caso, trabalha-se com representações dos atores sociais, ou com construções identitárias do ciberespaço. (RECUERO, 2014, p. 25)

10

Rede social em que o usuário cria um perfil com fotos e listas de interesses pessoas, acompanha as atualizações do seu círculo de amigos e pode interagir com eles de diferentes formas, curtindo, comentando e compartilhando publicações.

11

Rede social que permite aos usuários enviar e receber informações em forma de tweets com até 140 caracteres.

(25)

Portanto, um ator pode ser representado por um blog12, por uma conta no

Twitter ou um perfil no Facebook, por exemplo. Estas representações dos atores

sociais são espaços de interação dos usuários, onde podem expressar seus pensamentos, expondo sua personalidade e ideias na rede.

Enquanto os atores são os nós na rede, as conexões das redes sociais aparecem de diferentes maneiras. Elas são formadas por laços sociais que, por sua vez, são construídos através da interação social entre os atores. A interação seria a matéria-prima das relações e dos laços sociais. A ação de um depende da reação do outro. ―Interações não são, portanto, descontadas dos atores sociais. São partes de suas percepções do universo que os rodeia, influenciadas por elas e pelas motivações particulares desses atores‖ (RECUERO, 2014, p. 31). Assim, entender as interações sociais é compreender a comunicação entre os atores e a troca de informação entre eles:

Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores, rastros que permitem o reconhecimento do padrão de suas conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros (RECUERO, 2014, p. 24).

A interação no ciberespaço tem alguns fatores diferenciados. O primeiro é, segundo Recuero (2014), que os atores não se conhecem imediatamente. Além disso, neste caso, ―não há pistas imediatas de linguagem não verbal e a interpretação do contexto da interação precisa ser negociada durante o processo‖ (RECUERO, 2014, p. 31). O segundo valor apresenta as possibilidades de comunicação das ferramentas que os atores utilizam. Neste caso, ―há multiplicidade de ferramentas que suportam essa interação, além do fato de permitirem, além do que a interação permaneça mesmo depois do ator estar desconectado do ciberespaço‖ (RECUERO, 2014, p. 32).

Recuero ainda defende a divisão da interação social, proposta por Reid (1991), que pode aparecer de forma síncrona ou assíncrona:

Uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real. Deste modo, os agentes envolvidos têm uma expectativa de resposta imediata ou quase imediata, estão ambos presentes (online, através da

12

Blogs são como um diário online, onde são publicados diversos conteúdos, como textos, imagens, músicas ou vídeos, de um determinado assunto em específico ou algo geral.

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mediação do computador) no mesmo momento temporal (RECUERO, 2014, p. 32).

A comunicação síncrona aparece em chats13 ou de mensagens instantâneas na web. Já a assíncrona, é o tipo de comunicação que aparece em e-mails e fóruns na Internet, pois a resposta não aparece imediatamente:

Espera-se que o agente leve algum tempo para responder ao que foi escrito, não que ele o faça (embora possa fazer, é claro), de modo imediato. Espera-se que o ator, por não estar presente no momento temporal da interação, possa respondê-la depois (RECUERO, 2014, p. 32).

É importante ressaltar que, mesmo que as ações dos atores possam determinar e modificar essas características, a comunicação pode se tornar síncrona ou assíncrona dependendo da situação de uso.

Além desta categorização da interação das redes sociais, Primo (2003, apud RECUERO, 2014) estabelece outra divisão para tratar a interação mediada pelo computador. Segundo ele, existem duas formas de interação – a mútua e a reativa – que se distinguem pela forma de relação entre os agentes envolvidos. A interação reativa é limitada para os atores envolvidos na interação, como, por exemplo, a interação do usuário com um hiperlink14 na Internet. Assim, para Recuero (2014), o hiperlink

não pode redefinir a URL para onde este link aponta, tampouco pode escolher para onde deseja ir a partir daquele link. Trata-se de um ―vetor unidirecional‖, criado por alguém, que permite ao usuário unicamente ir ou não ir ao site para onde ele aponta (RECUERO, 2014, p. 33).

Já em comentários de blogs, por exemplo, a história é diferente. Neste caso, o meio possibilita a criação de um diálogo entre os comentaristas e, além disso, com o próprio autor do blog, aumentando ainda mais a interação do leitor:

Trata-se de uma interação construída, negociada e criativa. É possível observar-se em um blog não apenas a interação em um comentário, mas as relações entre as várias interações e perceber-se que tipo de relação transpira através daquelas trocas (RECUERO, 2014, p. 33).

13

Chat é uma forma de comunicação à distância, utilizando computadores conectados à Internet, e que funciona como um bate-papo ao vivo.

14

Hiperlinks são links que possibilitam ao internauta pular de uma página da web para outra. Links, por sua vez, são elementos de hipermídia formados por um pedaço de texto em destaque ou por um elemento gráfico que, ao ser clicado, abre uma nova página da web.

(27)

Já a interação mútua mediada por computador acontece entre o usuário e o sistema que se comunica, como o link. Um exemplo claro de interação mútua é a interação via redes sociais. Nos perfis, o usuário consegue interagir com diferentes pessoas clicando em algumas teclas. É o caso, por exemplo, das solicitações de amizade do Facebook.

O conjunto de interações entre usuários forma relações sociais que, na Internet, acontecem das mais variadas formas. Na rede, por exemplo, é possível trocar ideias com os amigos, manter conversas profissionais e utilizá-la para pesquisas de estudos. Essas relações sociais são consideradas ―unidade básica de análise em uma rede social. Entretanto, uma relação sempre envolve uma quantidade grande de interações‖ (RECUERO, 2014, p. 37).

O laço social é a conexão entre os atores envolvidos na interação, sendo o resultado das relações formadas entre os agentes. Assim, os ―laços são formas mais institucionalizadas de conexão entre atores, constituídos no tempo e através da interação social‖ (RECUERO, 2014, p. 38). Recuero (2014) apresenta a teoria de Granovetter (1973), em que o estudioso categoriza os laços sociais a partir de intensidades:

Os fortes são aqueles que compreendem mais intimidade, relacionados a uma maior quantidade de valores construídos entre os interagentes. Enquanto isso, os fracos são aqueles que estabelecem menos intimidade e pelos quais também circulam valores, embora em menor grau (RECUERO, 2014, p. 129).

Os laços dividem-se em relacionais, quando são criados por meio das relações sociais e surgem apenas com interações entre os atores de uma rede social, ou de associação, quando é necessário um status de pertencimento a um local, instituição ou grupo (RECUERO, 2014). Na prática, com o Facebook como exemplo, um laço associativo e uma interação reativa acontecem quando uma pessoa solicita amizade para outra. O laço relacional e a interação mútua aparecem nas conversas via web, como o chat e as mensagens publicadas no mural.

Outro aspecto importante no estudo de redes sociais é o capital social, que é o ―valor constituído a partir das interações entre os atores sociais‖ (RECUERO, 2014, p. 45). Além disso, o conceito é fundamental para compreender a conexão entre os atores sociais na web. Assim, a popularidade e a fama no meio digital podem ser criadas a partir do capital social. Nas redes sociais, ele pode aparecer de

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diferentes formas, como, por exemplo, no Facebook, para manter contato com antigos amigos, ou no Twitter, com o número de seguidores e nível de influência do usuário na rede. O capital social também é importante para entender o processo de difusão da informação, incluindo a viralização do conteúdo na web, que será abordada no item 2.5 deste capítulo. ―Muitas dessas informações são difundidas de forma quase epidêmica, alcançando grandes proporções tanto online quanto offline‖ (RECUERO, 2014, p. 116).

Os sites de redes sociais são os espaços utilizados para a expressão do capital social na web. Para Bastos; Recuero; Zago (2015), o estudo das redes sociais na Internet também se associa aos sites de redes sociais:

Ao lado de conteúdo gerado pelo usuário, sites de compras coletivas e jogos sociais, os sites de rede social aparecem como um tipo específico de mídia social (Van Dijck, 2013; Ellison; Boyd, 2013). Embora alguns sites mesclem duas ou mais formas de mídia social (por exemplo, embora o

Facebook seja, primeiramente, um site de rede social, ele permite que o

usuário gere e distribua conteúdos) – sites de rede social correspondem a um tipo específico de site voltado para a criação e manutenção de redes sociais (BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 25).

Outra definição para sites de redes sociais é que, segundo Boyd e Ellison (2007), eles são ―aqueles sistemas que permitem a I) construção de uma pessoa através de um perfil ou página pessoal; II) a interação através de comentários; e III) a exposição pública da rede social de cada ator‖ (RECUERO, 2014, p. 102). Ainda segundo os estudos de Boyd e Ellison (2007), os sites de redes sociais são ―espaços da web que permitem aos indivíduos criar um perfil, interagir através desse perfil, adicionar amigos e exibir a lista de conexões entre os amigos‖ (BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 26). Em 2013, Boyd e Ellison atualizaram a definição de

site de rede social, abordado por Bastos; Recuero; Zago (2015):

Um site de rede social é uma plataforma de comunicação em rede na qual os participantes 1) possuem perfis de identificação única que consistem em conteúdos produzidos pelo usuário, conteúdos fornecidos pelo sistema; 2) podem articular publicamente conexões que podem ser vistas e cruzadas por outros; e 3) podem consumir, produzir e/ou interagir com fluxos de conteúdo gerado por usuários fornecidos por suas conexões no site. (BOYD; ELLISON, 2013, p. 158 apud BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 26)

Esta nova definição muda o foco dos estudos de redes sociais. Se antes, o ponto de análise era voltado para os perfis dos usuários, depois desta nova

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definição, ele virou-se para o fluxo de conteúdo. ―Mais do que visitar o perfil alheio, os usuários querem ver as atualizações mais recentes de seus contatos. Os próprios perfis mudaram para incluir, também, atualizações‖ (BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 27). Esta transformação fez com que os sites de redes sociais se tornassem parte da mídia, integrando os veículos de comunicação na rede online.

É nos sites de redes sociais que, na maioria das vezes, os usuários irão expressar sua opinião. Pode ser através de comentários, compartilhamentos de conteúdo e até em grupos de discussão sobre o assunto. Falando da geração Y, por exemplo, 98% dos jovens fazem parte de alguma – ou mais – rede social (RECUERO, 2014). É aqui que o Facebook e o Twitter, por exemplo, encaixam-se. Recuero ainda salienta que, ―embora os sites de redes sociais atuem como suporte para as interações que constituirão as redes sociais, eles não são, por si, redes sociais. São os atores sociais, que utilizam essas redes, que constituem essas redes‖ (RECUERO, 2014, p. 103).

Os sites de redes sociais propriamente ditos são aqueles focados na exposição pública das redes conectadas aos atores, ou seja, a finalidade está relacionada à publicização dessas redes (RECUERO, 2014). É o caso do Facebook, do extinto Orkut15 e do LinkedIn16. ―São sistemas onde há perfis e há espaços específicos para a publicização das conexões com os indivíduos‖ (RECUERO, 2014, p. 104), ou seja, toda a interação está focada na publicização das redes. ―Em geral, esses sites são focados em ampliar e complexificar essas redes, mas apenas isso. O uso do site está voltado pare estes elementos, e o surgimento dessas redes é consequência direta desse uso‖ (RECUERO, 2014, p. 104).

Já os sites de redes sociais apropriados são aqueles que não eram, originalmente, voltados para mostrar redes sociais, mas que foram apropriados pelos atores com este objetivo (RECUERO, 2014). É o caso do Twitter e do antigo

Fotolog17. ―São sistemas onde não há espaços específicos para perfil e para a

publicização das conexões. Esses perfis são construídos através de espaços pessoais ou perfis pela apropriação dos atores‖ (RECUERO, 2014, p. 104). Além disso, um site de redes sociais apropriado pode ser criado como um perfil, a partir de

15

Rede social que tinha como objetivo ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos.

16

Rede social voltada para os negócios que ajuda o usuário a encontrar conexões profissionais.

17

(30)

interações do usuário (ator) com outros, como, por exemplo, uma sessão de comentários em uma rede social.

Os sites de redes sociais também possuem uma forte ligação com o capital social. ―Um dos elementos mais relevantes para o estudo da apropriação dos sites de redes sociais é a verificação dos valores construídos nesses ambientes‖ (RECUERO, 2014, p. 107). Um exemplo é a quantidade de amigos que uma determinada pessoa possui no Facebook. O elevado número de conexões, que dificilmente a pessoa terá na vida offline, influencia em vários aspectos, como a visibilidade, a reputação (confiança), a popularidade e a autoridade do usuário na rede social (RECUERO, 2014), podendo até, em alguns aspectos, sair do mundo digital e ir para o real.

Quando um determinado grupo agrega-se em uma rede social, ele forma uma comunidade. Segundo Recuero (2014), alguns autores, como Rheingold (1995), Lemos (2002), Donath (1999) e Castells (2003), já abordavam que as interações via computador possibilitariam o surgimento de novos grupos sociais na

web. Rheingold foi um dos primeiros autores a trabalhar com o termo ―comunidade

virtual‖ e a definiu como

agregados sociais que surgem da Rede (Internet), quando uma quantidade suficiente de gente leva adiante essas discussões públicas durante um tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no ciberespaço (RHEINGOLD, 1995, apud RECUERO, 2014, p. 137).

Assim, discussões públicas, encontros e desencontros, os sentimentos, entre outros elementos, poderiam formar redes de relações sociais, criando uma comunidade. ―Ou seja, quanto mais parecidos e mais interesses em comum tiverem os atores sociais, maior a possibilidade de formar grupos coesos com características de comunidade‖ (RECUERO, 2009, p. 138). Nesse caso, o computador não é peça fundamental para a formação dessas relações, porém, ele, intermediado pelas redes sociais, facilita o processo de agrupamento das pessoas da comunidade.

Outra definição importante de comunidades virtuais é a de Lemos (2002). Segundo ele, ―as comunidades virtuais eletrônicas são agregações em torno de interesses comuns, independentes de fronteiras ou demarcações territoriais fixas‖ (LEMOS, 2002, apud RECUERO, 2014, p. 138). Ou seja, para o autor, é importante

(31)

ressaltar a afinidade, o território e a questão temporal de uma comunidade virtual. ―A rede, portanto, centra-se de atores sociais, ou seja, indivíduos com interesses, desejos e aspirações, que têm um papel ativo na formação de suas conexões sociais‖ (RECUERO, 2014, p. 143). Em outras palavras, um grupo social com características semelhantes de capital, interação e laços sociais forma uma comunidade virtual na web.

1.4.1 Facebook

O Facebook é o maior site de rede social do mundo. Fundado em 2004 por Mark Zuckerberg e seus colegas de quarto da faculdade Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, o Facebook surgiu como um projeto paralelo às aulas da Harvard University (EUA). A primeira ideia de Zuckerberg para a Internet foi o

Course Match, um lugar onde os alunos pudessem escolher as matérias com base

no que já estivessem matriculados nos cursos. Era também possível conferir quem estava em cada turma e o curso das pessoas. Para Zuckerberg, era possível se conectar às pessoas por meio de coisas (KIRKPATRICK, 2011).

O segundo projeto – chamado inicialmente de Facemash – tinha como objetivo descobrir quem era a pessoa mais atraente do campus. Era muito simples: os usuários comparavam duas fotos de pessoas do mesmo sexo e diziam qual era a mais sexy. As imagens para o Facemash vieram dos chamados ―facebooks‖ mantidos nos alojamentos dos alunos da graduação. As fotos eram tiradas no dia da chegada dos calouros à universidade para identificação e eram aquelas que todos queriam esconder, mas Zuckerberg conseguiu encontrar as versões digitais.

Outro projeto que auxiliou Zuckerberg a criar o Facebook foi o Friendster, uma rede social que convidava as pessoas a criar um ―perfil‖ pessoal, citando informações como hobbies e gostos musicais. ―Nesses serviços, as pessoas relacionavam seus próprios perfis aos dos amigos, identificando assim sua própria ‗rede social‘‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 36). Assim como a maioria das redes de relacionamento criadas até o momento, o Friendster era basicamente uma forma de facilitar o contato entre pessoas que queriam namorar. Ao ver o que era possível no

Friendster, os alunos passaram a querer um ―facebook‖ (o livro publicado

(32)

Foi na tarde de 4 de fevereiro de 2004, depois de trabalhar mais um tempo no projeto, que o Thefacebook.com finalmente entrou no ar:

A tela inicial dizia: ―O Thefacebook é um diretório online que conecta pessoas por meio de redes sociais nas faculdades. Abrimos o Thefacebook para uso popular na Universidade de Harvard. Você pode usar o

Thefacebook para: procurar amigos dos seus amigos; ver uma

representação visual da sua rede social‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 39).

Depois de dar o start, os primeiros usuários começaram a aparecer e foram convidando outros alunos para participar e se tornar seus amigos. Dessa forma, começou uma explosão viral:

No domingo, quatro dias após o lançamento, mais de 650 alunos haviam se registrado. Trezentos outros aderiram na segunda-feira. Quase instantaneamente, o Thefacebook tornou-se o principal tema de conversa nos refeitórios de Harvard e nos intervalos entre as aulas. As pessoas não conseguiam parar de usá-lo (KIRKPATRICK, 2011, p. 39).

Para se inscrever era simples: o usuário criava um perfil com uma única foto sua e algumas informações pessoais. Também era possível incluir informações como status de relacionamento, número de telefone, endereço de e-mail, indicar os cursos que estava fazendo, citar os livros, filmes e músicas preferidos, filiação política e uma frase favorita. ―O Thefacebook não tinha nenhum conteúdo próprio. Era meramente um software – uma plataforma para o conteúdo criado por seus usuários‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 39). Porém, a rede ainda era exclusiva e exigia um endereço de e-mail de Harvard para se cadastrar, ou seja, apenas alunos, ex-alunos e funcionários da instituição de ensino podiam entrar na rede.

O Thefacebook foi crescendo e os pedidos por sua expansão foram surgindo. Em abril de 2004, quatro meses depois do lançamento, o site foi formalizado como um negócio. ―Em junho, um financista ofereceu a Zuckerberg 10 milhões de dólares pela empresa. Mark tinha acabado de completar 20 anos. O

Thefacebook tinha quatro meses de idade‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 50). No final

de maio, a rede já estava em 34 faculdades e tinha quase 100 mil usuários. No final do verão, já eram mais de 200 mil usuários (KIRKPATRICK, 2011).

No outono de 2004, o ―ter amigos‖ era praticamente um status social e era considerado uma competição entre os alunos de Harvard – os calouros, por exemplo, antes mesmo de ingressar na universidade, já faziam o seu perfil no

(33)

TheFacebook. Os alunos também gastavam parte de seu tempo melhorando o perfil.

Era preciso escolher a melhor foto, trocá-la com certa frequência e analisar o que era publicado. ―O seu ‗facebook‘, como começaram a ser chamados os perfis do

site, tornava-se cada vez mais a sua cara pública. Ele definia sua identidade‖

(KIRKPATRICK, 2011, p. 104). Além disso, as pessoas também passavam um tempo visitando os outros perfis da rede. Nesta época, eram poucas as opções possíveis dentro do site: apenas ―manter seu perfil, adicionar amigos, cutucar pessoas e ver os perfis dos outros‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 104).

Em setembro, o TheFacebook passou a ter mais duas características. Os usuários tinham um mural, onde qualquer amigo podia publicar ou comentar algo em seu perfil e qualquer visitante poderia ver. A segunda novidade era os grupos, que a partir de agora, qualquer pessoa poderia criar por qualquer motivo. Com o tempo, os alunos começaram a abandonar a agenda de contatos, já que com o TheFacebook era possível ter o contato de todos os amigos a poucos cliques e sem a necessidade de lembrar dos e-mails de ninguém.

Em junho de 2005, eram 3 milhões de usuários. Quatro meses depois, já eram 5 milhões. Mas, a medida que o número de usuários aumentava, era preciso trabalhar cada vez mais para ―impedir que o sucesso destruísse o serviço‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 144). A questão era simples: quanto mais usuários no site, mais instável ele ficava. Para isso, o TheFacebook precisava crescer na mesma velocidade que o número de usuários. Foi preciso, além de aumentar a equipe de profissionais, aumentar também os servidores e equipamentos de rede dos

datacenters. Foi também em 2005 que o TheFacebook passou a ser apenas Facebook.com e ganhou um novo logotipo, retirando os parênteses que

acompanhavam o nome e apresentando a nova proposta de nome: Facebook. No dia 20 de setembro de 2005, a empresa tornou-se oficialmente Facebook.

Nesta época, ele ainda era voltado apenas para os estudantes universitários – 85% dos estudantes já eram membros e 60% visitavam o site diariamente (KIRKPATRICK, 2011). Em 2006, o Facebook já não era um espaço apenas universitário – ele já tinha invadido as escolas de ensino médio também, porém, eram redes separadas. Aqui, a rede crescia positivamente e ganhava em torno de 20 mil novos usuários por dia (KIRKPATRICK, 2011). O maior desafio desta época foi unir as duas redes em uma única.

(34)

Até aquele momento, o sucesso da rede social estava vinculado ao fato de ser ―de uma simplicidade descerebrada‖, como dizia um dos funcionários: tudo o que os usuários podiam fazer era preencher o perfil e verificar as informações que outros haviam colocado em seus próprios perfis. Havia uma maneira de personalizar e modificar o perfil, porém, que se tornara muito popular. Embora a pessoa só pudesse exibir uma única foto no perfil, os estudantes mudavam essa foto com frequência, às vezes mais de uma vez por dia. Eles claramente gostariam de poder postar mais fotos (KIRKPATRICK, 2011, p. 167).

Dias após atingir a marca de 5 milhões de usuários, mais um novo e importante recurso foi criado: um sistema de hospedagem e armazenamento de fotos, inspirado no Flickr18. Como outros sites, era permitido que os usuários compartilhassem fotos e as adicionassem em álbuns online, permitindo também que outras pessoas comentassem as imagens. Porém, a ideia era buscar algo diferente dos outros espaços da web. Nasceu assim a marcação das fotos, algo inédito até então. E, no Facebook, elas seriam marcadas de forma diferente: com os nomes de quem aparecia nelas. Era possível marcar apenas os seus amigos e as pessoas marcadas recebiam uma notificação alertando-as, assim como ainda funciona hoje. ―O recurso Fotos tornou-se o site de fotografias mais popular da Internet e a característica mais popular do Facebook em pouco tempo‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 170). Depois de um mês, 85% dos usuários já tinham sido marcados em alguma foto e as visitas à página tornaram-se ainda mais frequentes, já que, a partir de agora, sempre tinham coisas novas para ver:

O que as pessoas faziam no Facebook era olhar as informações de outras. Elas estavam ansiosas para saber o que havia de novo, o que havia mudado, o que havia acontecido que elas ainda não soubessem. Estudar o perfil dos amigos era uma atividade obsessiva, mas não muito eficaz (KIRKPATRICK, 2011, p. 195).

Assim, em 2006, a nova ideia era construir uma página onde não mostrasse apenas as fotos adicionadas recentemente, mas também todas as coisas que haviam sido mudadas nos perfis. Nascia aqui o feed de notícias, ―uma tela que mostrasse tudo‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 195). A ferramenta ajudaria os usuários a encontrar tudo aquilo que era de seu interesse a qualquer momento, sejam links,

check-ins ou fotografias. ―A questão era garantir que você visse aquilo que lhe

interessava, o que quer que fosse. A ordem de apresentação das informações

18

Serviço de armazenamento online de imagens. É possível fazer uploads e guardar imagens, utilizando a web, além de dispositivos móveis. Para divulgá-las, é possível utilizar, além do Flickr,

(35)

dependia daquilo que – com o seu comportamento – você tivesse demonstrado que gostava de ver‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 196).

Apresentando um jornal customizado para cada usuário, o feed de notícias entrou oficialmente no ar em 5 de setembro. Junto com ele, também estreou o

minifeed, que aparecia somente no perfil de cada usuário. Porém, a ideia não foi

bem aceita pelos usuários que questionavam a falta de privacidade. No dia de estreia, uma em cada cem mensagens que chegavam até a equipe era positiva (KIRKPATRICK, 2011). Foi uma das maiores crises enfrentadas pela empresa, mas também uma das maiores mudanças da rede social. Até então, era preciso enviar a informação por algum meio – como uma ligação, uma mensagem, um e-mail ou até mesmo uma mensagem instantânea. Agora, a partir do feed de notícias, o processo de comunicação inverteu-se. Sem a necessidade de enviar algo para alguém, basta compartilhar a informação na própria timeline e o Facebook encarrega-se em divulgar a notícia aos amigos do usuário – sempre de acordo com os interesses de cada pessoa.

Em essência, o Facebook tinha criado uma maneira de se ter uma ―assinatura‖ das informações sobre um amigo. Em vez de esperar que essa pessoa lhe enviasse informações, agora você dizia ao Facebook – pelo simples fato de ser amigo daquela pessoa – que desejava receber notícias dela. Ser amigo de alguém era ter uma ―assinatura‖ de seus dados, de modo que o software do Facebook pudesse mandar as informações dessa pessoa para a sua página (KIRKPATRICK, 2011, p. 209).

As mudanças não pararam por aí. Em setembro de 2008, após comemorar os 100 mil usuários do Facebook, a equipe lançou um novo feed de notícias. Desta vez, a principal mudança foi a combinação do mural com o minifeed, pensando em aumentar a velocidade do fluxo de informação entre os usuários e facilitar o compartilhamento das informações, além de possibilitar um espaço maior para discussões. A partir de agora, era possível postar links, fotos e vídeos clicando apenas no botão ―editor‖. Foi neste momento também que a pergunta ―No que você está pensando agora?‖, uma influência do Twitter, surgiu no feed.

Em março de 2009, mais uma atualização importante marcou a história do

Facebook. Agora, as atualizações eram mais visíveis na página inicial, não somente

no mural dos amigos. A ideia do ―compartilhar‖ estava ganhando forças e era uma das maiores apostas de Zuckerberg:

Referências

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