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Carta à igreja de Éfeso. Apocalipse 2.1-7:

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Academic year: 2021

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Carta à igreja de Éfeso Apocalipse 2.1-7:

1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:

2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;

3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.

4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.

5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.

6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.

7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. Iniciamos, hoje uma série de mensagens intitulada “Cartas às sete igrejas”, baseada nas sete mensagens que o Senhor Jesus enviou às igrejas da Ásia menor. Veremos a necessidade de “ajustes” na vida da igreja, objetivando, como é natural ocorrer na vida de servos do Senhor, que os ensinamentos constantes nas referidas cartas, sejam apreendidos e colocados em prática na vida cotidiana dos santos do Senhor.

A primeira carta, como lemos, foi enviada à igreja que estava situada na cidade Éfeso – a principal cidade da Ásia menor no primeiro século, vez que ela tinha o porto mais importante da região.

Em 129 a.C. a cidade foi dominada pelos romanos e, como consequência, floresceu tornando-se a segunda maior cidade do Império Romano, atrás, apenas de Roma, que era a capital do império.

A sua população era de 250 000 habitantes no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época.

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Durante o Império Romano, a cidade tornou-se um centro administrativo do império (era a capital da província romana na Ásia menor), e era habitada por muitos judeus.

No século II a.C. já era um centro comercial pujante, o que continuou durante o período inicial do cristianismo.

A cidade era, também, um centro religioso. Aliás, era a cidade da deusa-mãe, que os gregos chamavam de Ártemis, enquanto que os romanos a chamavam de Diana (Atos 19.35):

35 O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: Senhores, efésios: quem, porventura, não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da imagem que caiu de Júpiter?

Na cidade havia um suntuoso templo, construído para a referida deusa, que era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Além disso, a cidade era, também, o centro de todos os tipos de práticas supersticiosas e era conhecida, em todo o mundo por suas artes mágicas (At. 19.19:

19 Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinqüenta mil denários.

O povo de Éfeso também era culto. Por tal razão, na cidade havia outras edificações monumentais, como a Biblioteca de Celso e um anfiteatro com capacidade para 25.000 pessoas.

A cidade chegou a ser descrita, como "o maior centro de comércio exterior que havia na Ásia".

Pois bem: por óbvio, essa cidade tão importante não poderia ser ignorada pelos plantadores de igrejas do primeiro século. O apóstolo Paulo foi o fundador da igreja, auxiliado por dois cristãos de destaque, Áquila e Priscila.

O relato do livro dos Atos dos Apóstolos permite a inferência de que os referidos irmãos foram deixados, na cidade, pelo Apóstolo Paulo, para darem sequência à pregação do Evangelho (Atos 18.1-3;18-26:

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1 Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto.

2 Lá, encontrou certo judeu chamado Áqüila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles.

3 E, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas.

(...)

18 Mas Paulo, havendo permanecido ali ainda muitos dias, por fim, despedindo-se dos irmãos, navegou para a Síria, levando em sua companhia Priscila e Áqüila, depois de ter raspado a cabeça em Cencréia, porque tomara voto.

19 Chegados a Éfeso, deixou-os ali; ele, porém, entrando na sinagoga, pregava aos judeus.

20 Rogando-lhe eles que permanecesse ali mais algum tempo, não acedeu.

21 Mas, despedindo-se, disse: Se Deus quiser, voltarei para vós outros. E, embarcando, partiu de Éfeso.

22 Chegando a Cesaréia, desembarcou, subindo a Jerusalém; e, tendo saudado a igreja, desceu para Antioquia.

23 Havendo passado ali algum tempo, saiu, atravessando sucessivamente a região da Galácia e Frígia, confirmando todos os discípulos.

24 Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.

25 Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João.

26 Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus.

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Posteriormente, por volta de dois ou três anos depois, o Apóstolo Paulo voltou à cidade e permaneceu por lá durante três anos, oportunidade em que, tendo a cidade como base, evangelizou toda a província da Ásia.

A igreja na cidade foi, mais tarde, pastoreada por Timóteo, conforme relato feito pelo próprio Apóstolo Paulo na 1ª carta que escreveu ao jovem pastor (1ª Timóteo 1.2-3:

2 a Timóteo, verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.

3 Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina,

Fica claro, então, que por estar inserida em um contexto de idolatria e religiosidade, a igreja em Éfeso era alvo de muitas investidas, que visavam desviá-la do caminho da ortodoxia.

Foi para esta igreja que o Senhor Jesus mandou que João – quando este esteve exilado na Ilha de Patmos (uma pequena ilha situada na costa sudeste da atual Turquia, para onde eram enviados presos perigosos e exilados políticos) – escrevesse-lhe uma carta contendo as advertências e encorajamento que lemos no texto que serve de lastro para esta mensagem.

Cabe aqui, por oportuno, a transcrição de excertos do comentário de Timothy JENNEY1,

sobre as cartas enviadas às sete igrejas da Ásia:

Nenhuma outra seção do Apocalipse foi tão mal interpretada como as sete cartas às igrejas da Ásia Menor.

(...)

A opinião mais simples e adotada por nós, é que eram cartas reais para igrejas reais situadas na Ásia Menor. Não foram organizadas da melhor (Éfeso) para a pior (Laodicéia), nem da pior para a melhor, mas geograficamente (...). Além disso, cada carta contém alguma alusão a eventos locais ou à cultura da época. Sem dúvida, esses detalhes garantiam às congregações que João, e Jesus que ditou as cartas, entendiam

1 JENNEY, Timothy P. Apocalipse. In: ARRINGTON, Grench L. e STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico

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perfeitamente a sua situação (...). Finalmente, as cartas têm um tom pastoral – mensagens de um Deus amoroso, através de um bispo santo, às congregações sob sua supervisão.

(...)

Igreja por igreja, essas cartas descrevem a situação histórica na época em que o livro de Apocalipse foi escrito. sua leitura cuidadosa nos ajudará a compreender o restante do livro – e a razão pela qual Deus deu a João esta grande cisão: encorajar cada uma delas.

A carta é prefaciada, no versículo primeiro, com uma referência a Jesus Cristo – aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro.

“Estrelas” e “candeeiros” têm o objetivo de iluminar. Trata-se de uma referência aos líderes e suas igrejas.

LADD2 ensina que “o verbo grego traduzido como ‘conserva’ (...) é uma palavra (...) que

significa segurar com firmeza, indicando que Cristo segura suas igrejas firme na mão, para que ninguém as agarre”, acrescentando que “A palavra também implica em uma vigilância constante e na presença protetora de Cristo, não só sobre Éfeso mas sobre todas as igrejas.”.

Na sequência, no versículo segundo, o Senhor diz que conhece as obras da igreja destinatária da carta. “Obras”, aqui, não tem o sentido de boas ações, mas de comportamento. É como se o Senhor estivesse dizendo: “Eu sei como você se comporta!”. “Eu vejo o zelo que você demonstra ter pela minha Palavra.”.

E, para não deixar dúvidas, o Senhor acrescenta que boas obras eram estas: a Igreja de Éfeso se opunha, com firmeza, aos falsos mestres que haviam surgido na cidade e aos homens maus. Observe as palavras do Apóstolo Paulo, constantes no livro de Atos (20.17-18; 22; 28-30:

17 De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja.

18 E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em

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todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,

(...)

22 E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, (...)

28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.

29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.

30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.

Ou seja, “falsos mestres” e “homens maus” eram homens que estavam deturpando o evangelho de Cristo, com falsas doutrinas que visavam desviar os crentes do caminho certo.

Além disso, a igreja pôs à prova “os que a si mesmos se declararam apóstolos”, sem que o fossem. Ao analisar tais homens, tendo a Palavra de Deus como balizadora dessa análise, a igreja viu que tais “apóstolos” eram mentirosos.

O Senhor destaca esse zelo da igreja de Éfeso, sobretudo, porque era perseverante. Essa perseverança indica que a aparição de falsos mestres e falsos apóstolos era constante na igreja e provava esta quanto à lealdade para com o Evangelho. Por isto, o Senhor a elogiou, no versículo terceiro.

No entanto, apesar de ser, doutrinariamente sadia, a Igreja de Éfeso estava colhendo os efeitos negativos dessa ortodoxia. Ela tinha abandonado “o primeiro amor”.

Ela estava lutando tanto contra os falsos mestres, e odiando tanto os ensinamentos heréticos destes, que ficou “seca”, “dura”, “rude”, esquecendo-se das lições do próprio Jesus. Apesar de ter experimentado esse amor no início de sua caminhada cristã, agora já não mais demonstrava paixão pelo Senhor.

A igreja era ortodoxa, mas não era calorosa, já não cultuava ao Senhor como antes, embora o “cultuasse”. Tinha a doutrina correta, mas não tinha o relacionamento correto.

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Assim, o Senhor aconselha a igreja a se lembrar de como ela vivia, anteriormente, sob o calor da primeira experiência cristã, e, assim, arrepender-se por ter cometido esse pecado. Sim! Tratava-se de um pecado! Tanto é assim que Ele manda que ela se arrependa. A igreja deveria voltar ao relacionamento autêntico com o Senhor.

E mais: caso não houvesse arrependimento – diz o versículo quinto – o Senhor voltaria e moveria o candeeiro da igreja do lugar em que estava. O já citado LADD3, afirma que

“alguns intérpretes veem aqui uma referência ao julgamento por ocasião da segunda vinda de Cristo, mas é mais provável que estas palavras se refiram a algum tipo de acontecimento histórico que seja julgamento para a igreja, destruindo-a de modo que deixe de existir como igreja.”.

Os falsos mestres são identificados, no versículo sexto, como “nicolaítas”, que também eram odiados pelo Senhor. Tratava-se de uma seita herética que, segundo Irineu – um dos pais da igreja – teria sido fundada por Nicolau – o prosélito de Antioquia, que foi escolhido como um dos sete diáconos referidos, por Lucas, em Atos 6.5. No entanto, não há certeza com relação a essa conclusão, até porque a Bíblia não fala na referida seita em outras partes, a não ser no livro do Apocalipse.

A carta é concluída da mesma forma que as demais que foram destinadas às outras seis igrejas: “Quem tem ouvidos, ouça...”, trazendo uma palavra de esperança para o vencedor: este iria alimentar-se da árvore da vida. Trata-se de uma linguagem figurada para expressar a promessa de vida eterna no Reino de Deus.

Da leitura da Carta à Igreja de Éfeso, pode-se tirar algumas conclusões:

1) Igrejas devem servir como luz em meio às trevas do mundo no qual estão inseridas. No versículo primeiro, como visto, o Senhor usa uma figura de linguagem para referir-se às igrejas: “candeeiros” – que têm a função de iluminar. Uma igreja deve ser ortodoxa, sem deixar de ser luz para aqueles que estão em redor dela.

2) Não adianta uma ortodoxia que não leva à prática do cristianismo. A teologia sem prática leva à arrogância e, consequentemente, ao distanciamento do Senhor. Há pessoas que vêm à igreja e ficam prestando atenção no que é dito, com um senso crítico aguçado, que não lhes permite cultuar ao Senhor. Elas leem livros, não para serem edificadas, mas para criticarem os autores. Elas são chatas, arrogantes e insensíveis ao mover do Espírito Santo. Quem assim age, precisa se arrepender, segundo as palavras do Senhor Jesus.

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3) Uma doutrina correta não implica em dizer que a igreja esteja fortalecida. Uma igreja envolvida com a Obra de Deus não significa que esteja envolvida com o próprio Deus.

4) Um início brilhante não garante um final vitorioso. É preciso parar, rever em que ponto do caminho houve o desvio, se arrepender e recomeçar. Do contrário, não haverá vitória.

A carta à igreja de Éfeso, não é dirigida, apenas, a esta, mas a todas as igrejas que se comportam como a destinatária. Cabe, aqui, a citação de LADD4 feita no início da análise

da carta: “A palavra também implica em uma vigilância constante e na presença protetora de Cristo, não só sobre Éfeso mas sobre todas as igrejas.”.

Que Deus tenha misericórdia de nós, assim como demonstrou ter pela igreja de Éfeso, advertindo-a.

Sejam abençoados.

Pr. Valter Vandilson Custódio de Brito

Referências

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