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História de uma história : ensaio sobre o pensamento regionalista norte-mineiro

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Academic year: 2021

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História de uma “história”: ensaio sobre o pensamento regionalista norte-mineiro

Laurindo Mékie Pereira∗

Esse texto discute as complexas relações que se estabelecem entre o historiador, seus documentos e o contexto social-histórico em se produzem as fontes e em que opera o pesquisador, tomando a história do regionalismo norte-mineiro como exemplo concreto de manifestação dessa problemática, privilegiando a análise dos interesses sociais e políticos que presidiram a construção de uma determinada memória histórica regional.

Embora de forma desorganizada, estudiosos de diferentes formações, sociólogos, médicos, historiadores, economistas e jornalistas, contribuíram para construir e solidificar uma versão para a história do norte de Minas Gerais. Só recentemente, em virtude do surgimento da pesquisa com perfil universitário na e sobre a região, essa história começa a ser repensada. Entre os elementos principais dessa história está a tese de que o norte de Minas é nordestino, tendo antigos e permanentes traços comuns com a história do nordeste no âmbito geográfico, cultural e político-econômico.

O ponto de partida dessa “identidade nordestina” dataria do período colonial. Para as visões mais incisivas, o início se daria mesmo em 1534, quando, pela divisão das Capitanias Hereditárias, foi instituída a capitania de Porto Seguro reunindo territórios que hoje são o sul da Bahia e o norte de Minas Gerais.1 Trata-se, evidentemente, de uma visão bastante anacrônica, que procura estabelecer relações entre demandas, conceitos e problemas do tempo presente com questões próprias do passado que obedeciam a outros critérios e valores.

Assim, proponho retomar, sucintamente, como a “condição de nordestinos” dos norte-mineiros apresenta-se nos textos produzidos pelos estudiosos da região, com ênfase especial para aqueles escritos e divulgados durante o século XX. Pretendo ainda, compreender as relações que se estabeleceram/estabelecem entre o autor e o contexto, procurando perceber de que forma, a cada momento, as circunstâncias do presente influenciaram na versão acerca do passado. Privilegio a análise das obras produzidas por autores da região porque o objetivo aqui é investigar as estreitas relações que se estabeleceram entre os projetos sociais e políticos e a produção de uma memória, de uma versão da história regional.

Professor do Departamento de História da Unimontes. Doutorando em História pela USP. Orientadora: Profa. Raquel Glezer. Bolsista da FAPEMIG.

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A imprecisão das fronteiras entre as capitanias e a duplicidade de jurisdição em uma mesma região (política e eclesiástica) eram muito comuns no período colonial. No caso de Minas Gerais havia indefinição nas fronteiras com Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. O “sertão” mineiro (expressão genérica que se refere às terras que atualmente compõe o chamado Vale do Jequitinhonha e o norte/noroeste de Minas Gerais) foi objeto de várias disputas entre autoridades metropolitanas situadas em Minas Gerais, na Bahia (Governador Geral), grandes proprietários de terras e autoridades eclesiásticas. Múltiplos interesses e atores estavam envolvidos nesses conflitos entre grupos de potentados, entre a elite local e a Coroa e entre instâncias da Administração colonial2. O debate quanto à “descoberta” e a ocupação do sertão era um dos eixos das disputas. Em síntese, afirmar a primazia da colonização “baiana” ou “paulista” era fundamental para sustentar ao direito de domínio sobre a região. Na historiografia, a tendência hoje é admitir que as bandeiras paulistas e baianas ocuparam o sertão praticamente de forma simultânea.3

O percurso da questão nos escritos dos autores regionais ilustra a não objetividade do “fato” e a possibilidade de múltiplas interpretações de um mesmo objeto.

O primeiro trabalho sobre o norte de Minas parece ter sido o de Antônio Augusto Veloso, de 1897. Para este, a “origem histórica” da Montes Claros (principal município da região) remonta à ação dos “valentes exploradores” paulistas.4 Esse trabalho serviu de base para a Monografia do município de Montes Claros, de Urbino Viana, publicada pela imprensa oficial de Minas Gerais em 1916. Urbino Viana era natural da Bahia, mas profundamente vinculado às lideranças políticas do norte de Minas. Seu livro é dedicado ao então presidente da Câmara de Montes Claros, Cel. Joaquim José da Costa e ao deputado Camilo Prates, chefe da parentela dos Prates na região. Ao discutir os primórdios históricos do município, o autor afirma que o território de Montes Claros pertencia à Bahia antes de 1720 e que havia uma grande influência da cultura baiana sobre a cultura mineira. A esse registro, porém, seguem-se dezenas de afirmações enfáticas de que o município e a região são parte desse “grande Estado” que é Minas Gerais. A obra de Viana representava de forma tão autêntica o pensamento das elites regionais

2

CAMPOS, Maria Verônica. Governo de Mineiros. “De como meter as minas numa moenda e beber-lhe o caldo dourado”. 1693-1737. 2002. Tese (Doutorado em História) – FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo. 3

CAMPOS, Maria Verônica. Op. cit. 4

VELOSO, Antonio Augusto. Chorografia Mineira – o município de Montes Claros. Revista do Arquivo Público

Mineiro. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1897. A monografia de Veloso já havia sido publicada em diversas

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3 que foi adotada como “material de propaganda” pela Câmara Municipal de Montes Claros, conforme se lê no próprio livro.5

Em 1935, Urbino Vianna publicou, pela Companhia Editora Nacional de São Paulo, o livro Bandeiras e Sertanistas Baianos. Neste, diferentemente do que fez no texto de 1916, o autor defende, entusiasticamente, a primazia da colonização baiana sobre o sertão do São Francisco e, em tom exaltado diz “Quem pode, pois, contestar a influência da Bahia nesta porção importante de seu território?” e “sem os curraes da Bahia, sem o ‘bruaqueiro’ bahiano que levasse às minas o alimento necessário, a vida teria sido impossível”.6

Por que tanta diferença no estilo e mesmo no conteúdo entre os textos de 1916 e 1935? No final dos anos 1920, o então presidente do Estado de Minas, Antonio Carlos convocou, por meio do Instituto Histórico e Geográfico de Minas, os pesquisadores do Estado a escreverem a história de Minas Gerais. Urbino Vianna não foi convocado/escolhido. “Não sem lembraram de mim”, diz o próprio. Ignorado pelo Instituto, Vianna resolveu redigir “estas páginas (...) nos momentos de folga, longe das fontes documentaes, servindo-me apenas de ligeiras notas e passadas leituras.”7

A transformação na interpretação do autor parece, pois, estreitamente vinculada às condições em que o mesmo escreve, aos seus problemas profissionais. Em verdade, nenhuma obra deixa de ter as marcas do lugar social de quem a redige, como ressalta Michel de Certeau.8 Mesmo a revolução na historiografia produzida pelos mais conhecidos historiadores do século XX, Marc Bloch e Lucien Febvre, não pode ser separada das injunções do momento histórico e das complexas relações de poder no meio universitário francês dos anos 1920 e 1930.9

Em 1957, em meio à euforia desenvolvimentista, ocorrida durante a gestão do presidente “norte-mineiro”10 Juscelino Kubitschek, e às comemorações do Centenário de Montes Claros, foi publicada a mais lida (considerando o púbico não universitário) obra sobre a história do município e da região: Montes Claros, sua história, sua gente e seus costumes, do médico Hermes de Paula. O livro é uma celebração das “coisas grandiosas” da cidade. Não há um

5

VIANNA, Urbino de Souza. Monografia do Município de Montes Claros: breves apontamentos históricos, geográficos e descritivos. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1916.

6

VIANNA, Urbino de Souza. Bandeiras e sertanistas baianos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935, p. 83 e 84.

7

VIANNA, Urbino de Souza. Bandeiras e sertanistas baianos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935, p.125. (grifos meus). A história de sua “rejeição” pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas é relatada pelo próprio autor na mesma página.

8

CERTEAU, Michel. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982. 9

DOSSE, François. A história em migalhas: dos Annales à Nova História. Bauru: EDUSC, 2003. 10

JK era natural de Diamantina, cidade do Vale do Jequitinhonha, mas era tratado como “norte-mineiro” pela imprensa de Montes Claros.

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enfoque da polêmica “baianos ou paulistas”. O autor registra que, nos primórdios, a região pertenceu à Bahia, mas, ao longo de todo o livro, enfatiza o caráter mineiro da região, parecendo assimilar e reproduzir a ideologia da mineiridade.11

Ao consultar jornais, revistas e documentos oficiais produzidos na região até o final dos anos 1950 não encontrei apelo algum à origem “baiana” e/ou nordestina do norte de Minas. Ao inverso, há, desde o século XIX, em praticamente todos as fontes produzidas pelos grupos dirigentes, um discurso inteiramente articulado com a ideologia/mitologia da mineiridade.

A partir dos anos 1960, porém, a tese da origem baiana do norte de Minas ganhou fôlego nos meios intelectuais e políticos da região. O principal porta-voz desse pensamento foi Simeão Ribeiro Pires. Pertencente a uma das mais tradicionais famílias da região – os Ribeiros – Simeão foi simultaneamente fazendeiro, industrial e uma importante liderança política, sendo prefeito de Montes Claros entre 1959 e 1963 e vereador nos períodos de 1963-1996 e 1967-1970. Além disso, era graduado em Engenharia e em História. Seus primeiros escritos sobre a história da região datam de 1962 e 196512 quando publicou artigos defendendo a primazia baiana na colonização do norte de Minas. Em 1979, a sua tese “completa” foi publicada com o título de

Raízes de Minas. Pelos múltiplos papéis que desempenhou, Simeão Ribeiro tornou-se muito

influente e foi, seguramente, a voz mais ouvida pelos grupos dirigentes regionais em matéria de história da região. Coerentes, seus discursos como liderança política e como escritor batiam na mesma tecla: o norte de Minas foi “descoberto”, colonizado e civilizado primeiramente pelos baianos e, pelas similitudes climáticas, sociais e econômicas não havia lugar a dúvida: o norte de Minas, nos anos 1960, era nordeste. Isto é, compunha a mesma região que, naquele momento, era destaque na imprensa e na política nacionais pelas precárias condições de vida dos trabalhadores e pequenos proprietários afligidos pela seca. Segundo Simeão Ribeiro, a condição de baianos e nordestinos era antiga, tendo sido forjada nas batalhas travadas entre os “baianos” liderados por Manuel Nunes Viana, Padre Corvelo e Manuel Rodrigues Soares contra as tentativas de controle empreendidas pelo governo de Minas Gerais nas primeiras décadas do século XVIII.13

11

Acerca da ideologia da mineiridade cf. ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Mitologia da mineiridade. São Paulo: Brasiliense, 1999 e DULCI, Otávio Soares. As elites mineiras e a conciliação: a mineiridade como ideologia. Ciências Sociais Hoje (Anuário de Antropologia, Política e Sociologia) e ANPOCS. São Paulo: Cortez, 1984.

12

PIERES, Simeão Ribeiro. Antônio Guedes de Brito – o regente do S. Francisco. Revista Montes Claros em

Foco. Montes Claros, dez. 1964, sem números de páginas e PIRES, Simeão Ribeiro. Dos Guedes de Brito aos

domínios da Casa da Ponte. Revista Montes Claros em Foco. Montes Claros, abril-maio de 1965, sem números de páginas.

13

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O autor realizou uma pesquisa significativa, tendo trabalhado inclusive na Torre do Tombo em Portugal. Documentado, ele procura rechear seu livro de longas citações para sustentar sua tese.

Não obstante o embasamento empírico do autor, parece-me que tão importante quanto o passado – objeto do autor– é o presente – momento em que ele pesquisa, recorta, formula, redige e publica suas idéias. A passagem da década de 1950 para a década seguinte é um marco importante na história do norte de Minas em virtude da criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE. Por causa das possibilidades (seguramente superdimensionadas pelo governo federal, pelos seus críticos, bem como pelas lideranças regionais) abertas pelos planos de desenvolvimento do órgão, tornou-se positivo ser “pobre”, adquirir o status de região das secas e subdesenvolvida, em uma palavra, ser “nordestino”. Para sustentar tal pertencimento ao nordeste nada melhor do que recorrer ao passado, à autoridade do tempo, da história. Significativamente, os discursos, artigos em jornais e revistas produzidos pelas lideranças norte-mineiras a partir de 1960 dão uma ênfase especial às semelhanças históricas entre norte-mineiros e baianos/nordestinos, destacando-se também as similitudes nos costumes, bem como os indicadores sociais baixos comuns.

Além do papel legitimador que a história desempenhava na “nordestinização” do norte de Minas, ela foi também reclamada para justificar um projeto ainda mais ambicioso em 1968: separar o norte de Minas e o Sul da Bahia e instituir um novo Estado, denominado Estado de Cabrália.14 Além do abandono dos Governos mineiro e baiano, os próceres do movimento autonomista, entre eles Simeão Ribeiro Pires, se esforçaram para mostrar que as regiões a serem separadas compartilhavam de uma mesma história, formando uma antiga unidade.

Simeão Ribeiro, membro nato das elites regionais, professor de História, liderança política importante, foi o principal responsável formulador do discurso regionalista norte-mineiro nas décadas de 1960 e 1970. Ele foi o intelectual da classe dirigente regional, foi decisivo na construção e difusão de sua ideologia dando lhe “homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também no social e no político(...)”.15

14

São fontes principais que tratam do movimento: BRASIL. Câmara dos Deputados. Deputado Teófilo Pires.

Divisão Territorial do Brasil, BRASIL. Câmara dos Deputados. Deputado Floriano Rubin. Disponível em

www.camara.gov.br, MONTES CLAROS. Câmara Municipal. 17-01-1968. APMC-DPDOR, p. 2-4, MINAS GERAIS. Diário Oficial, 14 maio 1968, p. 26, UDEIMB. Estatutos. 31-01-1968, UDEIMB. Telegramas, 1968. Documentos avulsos do Arquivo Pessoal do Professor Alfredo Dolabela e jornal Diário de Montes Claros, matérias publicadas ao longo de 1968.

15

GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. 7 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989, p. 3.

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6 Parece evidente que, considerando-se todas as batalhas nas quais se envolveu o autor e notando-se a coerência das mesmas com os seus escritos, é impossível dissociar sua tese de seus projetos políticos e econômicos.

Entretanto, mais importante do que ter sido o intelectual da classe dirigente nos anos 1960 e 1970, é o fato de os escritos de Simeão Ribeiro tornarem-se uma referência central nas formulações das elites regionais pelas décadas seguintes, com ou sem objetivos autonomistas.

Ao trabalho de Simeão Ribeiro somou-se a tese de doutorado em economia de Expedicto Mendonça, defendida em 1972, e os diversos livros (mimeografados) do também economista Alfredo Dolabella, nas décadas de 1980 e 1990.16

Após décadas de divulgação dessa versão da história regional e em virtude da sua eficácia enquanto instrumento de mobilização política, a idéia de que o norte de Minas é parte do Nordeste, ou então é baianeiro (mineiro + baiano), tornou-se hegemônica na região, sendo compartilhada por grande parte da imprensa e das lideranças políticas que a utilizam sempre que a ocasião política lhes parece conveniente.

A pretensa longa história comum aos “nossos irmãos” nordestinos17, a “nordestinidade”, transforma-se em “anti-mineiridade” quando emergem iniciativas separatistas na região, casos das mobilizações de 1987 e 2000. Nessas ocasiões de maior agressividade política, “Minas Gerais” transforma-se em algo inteiramente estranho, avesso à história da região, como se vê nessas palavras do economista Expedicto Mendonça, ao defender a criação do Estado de São Francisco na Assembléia Nacional Constituinte, em 1987:

A extensa área, que não havia nascido mineira, devido a uma decisão irrefletida, não teve outra opção senão se integrar à Província de Minas Gerais. Suas raízes culturais e históricas, entretanto, permanecem intactas.Hoje, o que se pretende com a criação do Estado de São Francisco não é dividir uma área homogênea, mas unificar uma extensa região que teve suas fronteiras violadas, uma região que foi agredida, desfigurada da qual foi tirado o acesso ao mar, mas que apesar de tudo permanece una e indivisível nas suas tradições, na sua história e na sua cultura. (...) Convém notar que antes de constituir um desmembramento, o agrupamento dessas terras na formação do Estado de São Francisco corresponde muito à reintegração de áreas anteriormente separadas por não se consideraram os fortes laços que as uniam e que prevalecem até hoje.18

16

MENDONÇA, Expedicto. O Estado de São Francisco: solução para as crises que afligem a região, paginação ilegível. 1972 PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco I. Montes Claros, 1998, PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco II. Montes Claros, 2001, PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco III. Montes Claros, 2001,

17

Expressão utilizada em AMAMS. A região mineira do nordeste e o semi-árido. Montes Claros, novembro de 1993, p. 5 (mimeo).

18

BRASIL. Assembléia Nacional Constituinte. Emendas Populares, vol 2. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 1987, p. 86-87 (grifos meus)

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7 Além de um instrumento importante nas lutas políticas, a “nordestinidade” foi também assimilada nos meios acadêmicos. Em grande parte das monografias, dissertações e teses que versam sobre a história regional está presente a versão de que, desde a colonização, o norte de Minas é “nordestino”, mais baiano do que mineiro.

Parece que, após anos de produção e difusão de obras que apresentam essa versão da história regional, estabeleceu-se uma espécie de “verdade” em relação a qual praticamente ninguém pergunta quais os interesses que ela encerra e em quais condições ela foi produzida. Evidentemente, essa construção deu-se de forma lenta e sólida; por quarenta anos produziu-se e difundiu-se essa “tese” pelos jornais, documentos de entidades e de órgãos públicos e pelas obras diversas, como procurei registrar nesse ensaio. Essa produção hoje é fonte dos pesquisadores. Antigas, essas obras e discursos são referências importantes para os estudos atuais e subseqüentes.

Esse ensaio coloca-se como uma reflexão sobre o percurso histórico dessa peça importante no regionalismo norte-mineiro, procurando revelar a historicidade de sua construção. E, por fim, pretende contribuir para lembrar aos pesquisadores a velha e necessária crítica das fontes, seja por que isso é indispensável no seu ofício de historiador, seja porque não fazê-lo é correr o risco de se reproduzir e perenizar discursos e projetos com os quais o pesquisador nem imagina estar contribuindo.

Fontes

AMAMS. A região mineira do nordeste e o semi-árido. Montes Claros, novembro de 1993, p. 5 (mimeo).

BRASIL. Assembléia Nacional Constituinte. Emendas Populares, vol 2. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 1987.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Deputado Teófilo Pires. Divisão Territorial do Brasil, BRASIL. Câmara dos Deputados. Deputado Floriano Rubin. Disponível em www.camara.gov.br

MINAS GERAIS. Diário Oficial, 14 maio 1968, p. 26.

PIRES, Simeão Ribeiro. Antônio Guedes de Brito – o regente do S. Francisco. Revista Montes

Claros em Foco. Montes Claros, dez. 1964.

PIRES, Simeão Ribeiro. Dos Guedes de Brito aos domínios da Casa da Ponte. Revista Montes

Claros em Foco. Montes Claros, abr-maio de 1965.

PIRES, Simeão Ribeiro. Raízes de Minas. Montes Claros, 1979.

PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco I. Montes Claros, 1998.

PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco II. Montes Claros, 1998.

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8 PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco III. Montes Claros, 2001.

UDEIMB. Estatutos. 31-01-1968, UDEIMB. Telegramas, 1968.

VELOSO, Antonio Augusto. Chorografia Mineira – o município de Montes Claros. Revista do

Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1897.

VIANNA, Urbino de Souza. Bandeiras e sertanistas baianos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935.

VIANNA, Urbino de Souza. Monografia do Município de Montes Claros: breves apontamentos históricos, geográficos e descritivos. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1916.

Referências Bibliográficas

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DULCI, Otávio Soares. As elites mineiras e a conciliação: a mineiridade como ideologia.

Ciências Sociais Hoje (Anuário de Antropologia, Política e Sociologia) e ANPOCS. São Paulo:

Cortez, 1984.

GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. 7 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.

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