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T N im^o^^ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação ne 0000493-18.2010.8.26.0554, da Comarca de

Santo André, em que é apelante CONDOMÍNIO RESIDENCIAL VITORIA (JUSTIÇA GRATUITA) sendo apelado REGIS FARINA

(JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em 26a Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores FELIPE FERREIRA (Presidente sem voto), RENATO SARTORELLI E VIANNA COTRIM.

São Paulo, 1 de junho de 2011.

CARLOS ALBERTO GARBI RELATOR

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VOTO NQ 6.971

Apelação com Revisão nQ 0000493-18.2010.8.26.0554

Comarca: Santo André (6â Vara Cível)

Apelante: Condomínio Residencial Vitória (Justiça Gratuita) Apelado: Regis Farina (Justiça Gratuita)

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. DESPESAS CONDOMINIAIS. JUROS MORATÓRIOS. DESCONTO DE PONTUALIDADE.

1. No cálculo dos débitos condominiais em atraso os juros moratórios devem ser limitados a 1% (um por cento) ao mês quando ausente previsão na Convenção do Condomínio em percentual diverso (art. 1.336, § Ia, do Código Civil).

2. O desconto de pontualidade no pagamento dos débitos condominiais não resulta em aplicação de um redutor no valor da prestação, mas na aplicação de uma multa moratória dissimulada, de forma ai

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cobrança da parcela do abono/desconto de pontualidade deve ser afastada, pois representa direta violação à Lei e sua cumulação com a multa moratória representa bis in idem.

Sentença mantida. Recurso não provido.

1. Recorreu o réu da sentença proferida pela Doutora Luciana

Biagio Laquimia que julgou procedente o pedido de consignação

em pagamento, declarou quitados os débitos relativos às taxas condominiais vencidas entre fevereiro de 2004 e dezembro de 2007, descritas na petição inicial, e o condenou ao pagamento das custas e honorários advocatícios fixados em 15% sobre o valor da causa. Sustentou, no recurso, preliminarmente, que na petição inicial não houve pedido para afastar os encargos da mora, de forma que a sentença seria nula nesta parte, porque ultra petita. Sustentou, também, que houve ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa, porque o autor teria deduzido novo pedido em se^

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réplica. No mérito, sustentou que o autor deixou de incluir os encargos devidos em decorrência da mora e que os honorários advocatícios foram fixados em valor elevado. Pediu a aplicação das penas de litigância de má-fé ao autor e o provimento do recurso para julgar improcedente a demanda, invertendo-se os ônus da sucumbência, ou subsidiariamente, a redução dos honorários advocatícios a R$ 500,00.

O autor respondeu ao recurso e pediu a manutenção da sentença, bem como a revogação dos benefícios da Justiça Gratuita, concedidos ao réu.

É o relatório.

2. Ao contrário do afirmado pelo réu, o autor não deduziu novo pedido em sede de réplica e tampouco houve emenda à inicial ou alteração do pedido. Em réplica, o autor apenas refutou a pretensão do réu, exposta na contestação, de receber encargos de mora diferentes daqueles por ele consignados.

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O autor pretende com a consignatória, obter a quitação do débito em aberto, com a aplicação dos encargos de mora e correção monetária mencionados por ele na petição inicial e, logicamente, afastar a cobrança do débito com os encargos pretendidos pelo réu em sua contestação.

O pedido de consignação foi formulado nos termos do art. 891 do Código de Processo Civil e o réu respondeu, nos termos do art. 896, inc. IV e parágrafo único, do CPC. Após, a réplica, instado a se manifestar se havia interesse em produzir provas, o réu pediu o julgamento antecipado da lide. Não houve, portanto, a alegada ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa.

De outro lado, a sentença não é ultra petita, pois ao declarar quitado o débito discutido na demanda, decidiu a lide nos exatos termos da petição inicial, conforme preconizam os arts. 128 e 293, ambos do Código de Processo Civil.

Superadas as preliminares, passa-se ao exame das questões de

mérito. í

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O autor é compromissário comprador do apartamento ns 93 do

Edifício Condomínio Residencial Vitória, localizado na Rua Indaiatuba, nQ 251, Santo André - SP. Afirmou que estava em débito

com as despesas condominiais relativas a 19 (dezenove) prestações mensais no período entre fevereiro de 2004 e dezembro de 2007, totalizando R$ 2.858,42, que, acrescido de multa de 2%, juros de 1% ao mês e correção monetária pela Tabela Prática do TJSP, até dezembro de 2009, correspondia a R$ 5.201,31. O Condomínio se recusou a receber esta quantia, exigindo o pagamento de R$ 7.889,87 para quitar o débito, o que motivou o ajuizamento da demanda consignatória. Deferida a inicial, o autor depositou em Juízo a quantia de R$ 5.598,76, conforme planilha do débito atualizada até a data do depósito, em 07.06.2010 (fls. 37/38).

O réu afirmou que o valor depositado era insuficiente para quitar o débito que, atualizado até 17.08.2010, era de R$ 8.745,82, discordando dos encargos decorrentes da mora. O réu pretende a cobrança de R$ 0,17 (dezessete centavos) por dia de atraso a título de juros (R$ 5,10 por mês), bem como o acréscimo de R$ 30,00 por. parcela, em razão da perda do desconto que só é concedido para o

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caso de pagamento na data do vencimento, além da multa de 2% sobre o valor do débito (já incluída no cálculo do autor) e a correção monetária que somente após o julgamento da demanda deve ser feita pela Tabela Prática do TJSP. Alegou que os encargos que pretende cobrar foram aprovados pelos condôminos em reunião realizada em 09.01.2005.

Ocorre que somente pode ser admitida a cobrança de juros de mora em patamar superior a 1% ao mês, se houver previsão nesse sentido na Convenção do Condomínio. Nos termos do art. 1.336, § 1Q, do Código Civil: "O condômino que não -pagar a sua contribuição

ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de 1% (um por cento) ao mês e multa de até 2% (dois por cento) sobre o débito." (grifo nosso)

No caso dos autos, não há previsão na Convenção do Condomínio/Regulamento Interno a respeito da cobrança de juros moratórios no valor de R$ 0,17 (dezessete centavos) ao dia, de forma que impossível acolher essa pretensão do Condomínio. A aprovação colhida na assembléia dos condôminos não valida a cobrança^

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p o r q u e não foi alterada a Convenção, assim como não se seguiu às

regras legais para convocação e deliberação (quorum) dessa matéria.

N o caso, cuidando-se de condomínio irregularmente constituído, a

cobrança que se afasta dos termos da Lei encontra maior dificuldade

de sustentação, porquanto falta a prova adequada de que a vontade

d a coletividade condominial foi adequadamente manifestada em

assembléia.

Essa é a recente interpretação e orientação do Egrégio Superior

Tribunal de Justiça:

"Todavia, infere-se da leitura do art. 1.336, § Ia, do CC/02 que: (i) devem ser aplicados os juros moratórios expressamente convencionados, ainda que superiores al% (um por cento) ao mês; e (ii) apenas quando não há essa previsão, deve-se limitar os juros moratórios a 1% (um por cento) ao mês. Com efeito, o referido dispositivo não limitou a convenção dos juros moratórios ao patamar del% ao mês como o fez expressamente com a multa, que será de "até dois por cento."

(REsp 1002525/DF, Rei. Min. NANCY ANDRIGHI, 3â T., j . 16/09/2010, v.u.)

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Pretende o Condomínio, ainda, acrescer R$ 30,00 a cada parcela paga em atraso, porque o autor não teria direito ao desconto/abono de pontualidade. Ocorre que há duplo impedimento para a aplicação do abono de pontualidade. Não pode o condomínio cobrar de condôminos em igual situação valores diferentes do rateio das despesas comuns, assim como não pode o condomínio cobrar multa moratória acima do limite legal. Este expediente é antigo e conhecido. Não resulta em aplicação de u m redutor no valor da prestação, mas na aplicação de uma multa moratória, encoberta pela deliberação dos condôminos.

O abono de pontualidade, portanto, representa multa dissimulada e direta violação à Lei e deve ser repudiado pelo Judiciário. Nestes termos, este Tribunal já decidiu:

"Sobreleva anotar que a estipulação de desconto para pagamento de quota condominial na data de vencimento é prática que deve ser repudiada pelo direito, não podendo ser tida como lícita a pertinente deliberação em assembléia, na medida que a bonificação por pontualidade encerra multa* disfarçada de liberalidade, e a sua cumulação com

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a pena moratória, como quer o apelado (fls. 05/06 c/c 54/81), implica em inaceitável bis in idem"

(Apel. ne 1.178.775-0/8, Rei. Des. WALTER

CÉSAR EXNER, dj. 18/09/08).

"Com efeito, a prevalecer tal entendimento induvidosamente o apelante estará sendo duplamente apenaão pelo não cumprimento da obrigação no termo certo, posto que, além de perder o denominado "abono de pontualidade de 20%", verá incidente sobre seu débito a multa de 2%. É evidente que são soberanas as deliberações dos condôminos tomadas em regular assembléia. Não obstante, tais deliberações sujeitam-se ao império da Lei, não podendo contrariá-la. E, se o fizerem, são ineficazes, porque a nada obrigam.

Há dispositivo legal regrando o valor da multa, na hipótese do não pagamento do rateio pelo condômino na data aprazada (artigo 1336, parágrafo 1°, do Código Civil de 2002). Logo, a deliberação assemblear que não observar tal disposição legal é ineficaz, a ela não se sujeitando o inadimplente. É o caso dos autos, por isso que com razão o apelante ao sustentar que só deve o valor do rateio mensal (deduzidos os 20% do abono de pontualidade), atualizado e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir de cada

vencimento, mais a multa de 2%, além dos encargos da sucumbência" (Apelação ns

1.160.761-0/0, Rei. Des. SÁ DUARTE, dj7

25.09.2008).

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Há outros precedentes recentes nesse sentido: Apelação nQ 1.118.058-0/8, Rei. Des. FRACISCO THOMAZ, dj. 23.04.2008; Apelação ns 1.120.380-0/5, Rei. Des. SEBASTIÃO FLÁVIO, dj. 17.06.2008).

Esclarece a respeito JOÃO BATISTA LOPES: "Trata-se de expediente que se insere entre as chamadas 'sanções premiais', isto é, vantagens destinadas a estimular a pontualidade dos devedores, mas que esbarra no sistema adotado pela lei condominial para a cobrança das despesas de condomínio. Com efeito, todos os condôminos estão obrigados a pagar a cota-parte que lhes couber no rateio, isto é, não podem pagar menos, nem são obrigados a pagar mais, salvo hipótese de impontualidade. Ora, o chamado 'abono de pontualidade' significa redução do valor a que está sujeito o condômino, o que a lei não permite. De outro lado, a admissibilidade desse 'prêmio' implicará aumento no valor da quota-parte dos condôminos que não desfrutaram da vantagem - além da multa devida -, o que não pode ser admitido" (Condomínio, 9â ed., RT, p. 184-185).

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De outra parte, o réu afirmou na contestação que não existe previsão de correção monetária sobre as parcelas condominiais em atraso e que o autor incidiu em erro ao aplicar a Tabela Prática do Tribunal de Justiça de São Paulo, que somente seria devida após o julgamento da demanda. Portanto, a aplicação da correção monetária pela Tabela Prática do TJSP somente veio a corrigir o valor do débito, em benefício do réu.

No mais, o autor não apresentou impugnação à concessão da Justiça Gratuita ao réu, de forma que não pode em sede de contrarrazões, impugnar a concessão do benefício diretamente no segundo grau, sob pena de supressão de instância. Ainda que assim não fosse, o autor não interpôs recurso adesivo, de forma que nada há a deliberar quanto à impugnação ao benefício concedido, deduzida em sede de contrarrazões.

Por fim, os honorários advocatícios fixados em 15% sobre o valor da causa, correspondem a, aproximadamente, R$ 780,00.

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Representa, portanto, valor mínimo e razoável para demanda que chegou ao segundo grau.

A sentença, portanto, ao declarar quitado o débito condominial discutido na demanda, decidiu corretamente a lide e deve ser mantida por seus próprios fundamentos.

3. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO adrecuJso

CARLOS ALBERTO GARBI Relator

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