PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL Nº
193202-50.2006.8.09.0051 (200691932026)
COMARCA
: GOIÂNIA
APELANTES
: GERCILENE CARDOSO PONTES DE PAULA e outros
APELADO
: ESTADO DE GOIÁS
RELATOR
: Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA
RELATÓRIO E VOTO
GERCILENE CARDOSO PONTES DE PAULA, PEDRO
PONTES DE PAULA e CAROLINA PONTES DE PAULA nos termos do art.
557, § 1º do Código de Processo Civil, interpõem agravo regimental em face
da decisão de fl. 155/165, que negou seguimento ao recurso originário e
manteve a sentença que julgou improcedente os pedidos constantes da
inicial dos autos da Ação Declaratória de Nulidade de Processo
Administrativo, ajuizada em desfavor do ESTADO DE GOIÁS.
Alegam os agravantes em síntese da necessidade de
apontar os motivos da negativa de seguimento ao recurso, haja vista que
não foram apreciadas as alegações contidas no recurso de apelação.
Aduzem que “...a decisão proferida no procedimento
administrativo olvidou que a prova foi considerada falsa sem a devida
declaração judicial daquela falsidade, e, tampouco sem a formação de prova
técnica da mesma, sendo que a decisão condenatória na ação declaratória
de nulidade se esteou na mesma decisão decisão proferida no processo
administrativo.”
Afirmam que “...igualmente não foi apreciada tese acerca
da movimentação financeira do processado, na monta de R$261.149,34
declarada compatíveis com seus ganhos, conforme conclusão da
Corregedoria Geral de Justiça, sem que fosse demonstrado cabalmente o
alegado depósito de 70 cheques a favor do recorrente, e tampouco com
relação à falta de prova quanto ao alegado recebimento de vantagem
indevida.”
Que não foi apreciada também, “a alegação de que as
provas testemunhais colhidas pela Corregedoria de Justiça apontam para a
improcedência da acusação.”
E, por fim, mas não menos importante, a tese
demonstradora da violação frontal do princípio da razoabilidade,
notadamente ante a exacerbada pena administrativa aplicado,l mesmo em
detrimento da demonstração do exercício do múnus público por mais de 25
anos, sem que nada, fosse assentado em seu desfavor, sempre se pautando
por conduta funcional proba e ilibada.
Tece considerações sobre a matéria.
reconsideração da decisão, para julgar procedente a pretensão formulada,
caso contrário, seja o ato judicial submetido ao colegiado.
Preparo à fl. 183.
Habilitação e substituição processual decorrente do
falecimento do autor à fl.187/194.
É o sucinto relatório. Passo ao VOTO.
Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso,
dele conheço.
Analisando o processado à luz das razões contidas no
agravo regimental, deixo de reconsiderar a decisão agravada
regimentalmente, levando ao conhecimento da Turma Julgadora que o
recurso em tela visa a reforma da decisão monocrática que negou
seguimento ao recurso originário e manteve a sentença que julgou
improcedente os pedidos constantes da inicial dos autos da Ação
Declaratória de Nulidade de Processo Administrativo, ajuizada em desfavor
do ESTADO DE GOIÁS.
Consoante restou bem delineado na decisão agravada
regimentalmente:
“...da analise dos autos da ação cautelar em apenso, que traz em seu bojo o contido no processo administrativo instaurado contra o autor, depreende-se que tanto o principio do devido
processo legal, quanto os do contraditório e ampla defesa foram exaustivamente observados. É que o magistrado tem como dever funcional observar e fazer cumprir a lei, não podendo infringi-la quer em sua vida publica, quer na particular, sob pena de ser sancionado de acordo com a conveniência e oportunidade da administração pública. (…) In casu o autor foi processado administrativamente por, no exercício da judicatura na comarca de Iporá, neste Estado, favorecer narcotraficantes mediante o pagamento de vantagem em dinheiro. Realmente, ao menos em tese, essa pratica configura crime de corrupção passiva,disciplinado no art. 317, do Código Penal Brasileiro.(...) Em razão da noticia do crime em questão, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goias instaurou sindicância seguida de processo administrativo objetivando apurar eventuais irregularidades na conduta do magistrado autor. Consoante se depreende da análise dos autos da ação cautelar em apenso, no decorrer do processo administrativo, Francisco Carlos de Paula foi devidamente citado, constituiu advogado, apresentou defesa escrita e teve oportunidade de produzir e requerer as provas que julgou pertinentes, sendo que a prova pericial requerida lhe foi negada fundamentadamente, razão pela qual não há que se falar em qualquer violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa. (…)Ora, conforme se verifica do extrato da ata do decisum do processo administrativo disciplinar juntada na f. 2.848 dos autos da ação cautelar em apenso, após regular processamento em que foram assegurados o contraditório e a ampla defesa, a Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás decidiu, a unanimidade, aplicar a penalidade disciplinar de aposentadoria compulsória com proventos proporcionais a Francisco Carlos de Paula. Assim, nota-se que a referida sanção
foi aplicada motivadamente em estrita observância ao quórum constitucional, obedecendo, pois, o princípio do devido processo legal, motivo pelo qual não vislumbro qualquer irregularidade capaz de ensejar a nulidade do processo administrativo instaurada contra o autor.(...)”
Com efeito, impende lembrar que, observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório na esfera administrativa, a atuação do Poder Judiciário no controle dos atos administrativos limita-se aos aspectos da legalidade e moralidade, sendo vedado o exame do âmbito do mérito administrativo.(...) Como se vê, são inconsistentes os argumentos deduzidos pelo recorrente, de modo que todos merecem ser refutados, porquanto, ausente qualquer vício a macular a Portaria e o Processo Administrativo Disciplinar que resultou na aplicação da pena de aposentadoria compulsória com proventos proporcionais, uma vez que realizado em perfeita harmonia com o ordenamento jurídico que lhes é peculiar, não há se falar em nulidade daqueles.
A respeito da matéria em pauta colaciono os seguintes julgados: “É pacífica na jurisprudência no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que, no processo administrativo disciplinar, o indiciado se defende dos fatos descritos na peça acusatória, e não da capitulação legal nela contida (MS 14.045/DF, Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 29/04/2010; MS 12.386/DF, Min. Félix Fischer, DJ 24/09/2007; MS 13.364/DF, Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 26/05/2008; MS 9.719/DF, Min. Gilson Dipp, DJ de 06/12/2004; MS 7.157/DF, Min. Gilson Dipp, DJ 10/03/2003).” (STJ-1ª Seção, MS 17515 / DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, j. De 29/02/2012).
“Em relação ao controle jurisdicional do processo administrativo, a atuação do Poder Judiciário circunscreve-se ao campo da regularidade do procedimento, bem como à legalidade do ato atacado, sendo-lhe defesa qualquer incursão no mérito administrativo a fim de aferir o grau de conveniência e oportunidade”. (STJ, 5ª T., Recurso em Mandado de Segurança nº 13;421-TO, rel. Min. Gilson Dipp).
“É inviável a apreciação da alegação do impetrante no sentido de que o ato demissionário não encontra respaldo nas provas constantes do processo administrativo disciplinar, porquanto o seu exame requisita, necessariamente, a revisão do material fático apurado no procedimento administrativo, com a consequente incursão sobre o mérito do julgamento administrativo, estranhos ao âmbito de cabimento do
mandamus e à competência do Poder Judiciário. Precedentes do
STJ e STF. Ordem denegada”. (STJ, MS nº 7863/DF, j. De 16.12.2002, rel. Min. Hamilton Carvalhido).
“II. Estando o ato impugnado devidamente motivado, com fundamentos extraídos de procedimento administrativo regular por meio do qual o impetrante foi submetido a Conselho de Disciplina, em que se observou o devido processo legal, assegurando-se ao policial militar o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório, reveste-se de legalidade o ato administrativo que exclui o impetrante dos quadros da corporação. III. O mérito da sanção disciplinar imposta escapa ao exame e controle do Judiciário que está limitado à apreciação da legalidade do ato administrativo, sendo-lhe vedado pronunciar-se acerca da conveniência, oportunidade ou
eficiência do ato impugnado (mérito administrativo).” (TJGO, 5ª Câm., MS 144795-30, Rel. Dr. Delintro Belo de Almeida Filho, julgado em 28/04/2011, DJe 821 de 18/05/2011).
“4. Consoante jurisprudências e precedentes do Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do controle jurisdicional do processo administrativo disciplinar compete ao Poder Judiciário apreciar apenas a regularidade do procedimento (legalidade), à luz dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sendo-lhe vedada a incursão sobre o mérito do julgamento administrativo, em especial a revisão do conjunto probatório apurado no procedimento respectivo.” (TJGO, 3ª Câm., AC 264348-83, Rel. Dr. Fernando de Castro mesquita, julgado em 20/11/2012, DJe 1196 de 03/12/2012).”
Como visto, não vislumbrando fato novo que justifique a
reconsideração da decisão proferida, o improvimento do recurso interposto é
medida que se impõe.
A propósito:
“Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões novas, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte.” (STF, 2ª Turma, Ai-AgR367.499/RS, rel. Min. Cézar Peluso, julgamento em 07.08.2000).
“É de se negar provimento ao agravo regimental interposto contra a decisão monocrática que negou seguimento ao recurso de apelação quando a agravante, além de não apresentar fato
novo suscetível de justificar a reconsideração do julgado, também não comprova que os fundamentos utilizados no decisum são contrários à jurisprudência predominante desta Corte. Agravo regimental conhecido, mas improvido.” (TJGO, 1ª Câm., Apel. 55512-94.2009, Rel. Des. Maria das Graças Carneiro Requi, DJe 896 de 05/09/2011)
Ao teor do exposto, sem considerações outras, CONHEÇO
do recurso, mas NEGO-LHE PROVIMENTO, mantendo inalterada a decisão
agravada, sujeitando-o ao crivo do colendo Colegiado.
É o voto.
Goiânia, 09 de abril de 2013.
Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA
Relator
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL Nº
193202-50.2006.8.09.0051 (200691932026)
COMARCA
: GOIÂNIA
APELANTES
: GERCILENE CARDOSO PONTES DE PAULA e outros
APELADO
: ESTADO DE GOIÁS
RELATOR
: Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA NULIDADE PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA FATO NOVO.
1. Consoante jurisprudências e precedentes do Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do controle jurisdicional do processo administrativo disciplinar compete ao Poder Judiciário apreciar apenas a regularidade do procedimento (legalidade), à luz dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sendo-lhe vedada a incursão sobre o mérito do julgamento administrativo, em especial a revisão do conjunto probatório apurado no procedimento respectivo.
2. Não apresentados elementos novos que justifiquem a reconsideração pretendida, diante da decisão monocrática pela qual foi negado seguimento ao apelo interposto, nos termos do art. 557 caput do CPC, o desprovimento do Agravo Interno é medida que se impõe.
AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO E DESPROVIDO.