Capítulo 2 Taxas de Juro
2.1.
DEFINIÇÕES E MEDIDAS DE TAXAS
DE JURO
Margarida Abreu EMF - ISEG 1
2.1.1. Valor Actualizado, Valor Futuro
e Juros Compostos
Valor Futuro FV (
Future Value)
Î É o valor, numa data futura, de um
investimento feito no presente
100€ + 100€(0.05) = 105€
PV + juros = FV
PV + PV*i = FV
Valor Futuro de 100 € daqui a um ano: FV=PV*(1+i) = 105€ PV = Valor Presente ou Actualizado (Present Value) i = taxa de juro
Margarida Abreu EMF - ISEG 2
Valor Futuro (FV)
FV de 100 € daqui a dois anos:
100€+100€(0.05)+100€(0.05) + 5€(0.05)
=110.25€
FV
FV
2=PV do investimento inicial
+ Juros do investimento incial no primeiro ano
+ Juros do investimento incial no segundo ano
+ Juros no segundo ano sobre os juros recebidos
no primeiro ano
Margarida Abreu EMF - ISEG 3
Valor Futuro
Formula Genérica
FV de um investimento PV a n anos, à
taxa de juro (anualizada) i:
FV
n =PV*(1+i)
n? FV de um investimento de PV=100€
daqui a 18 meses?
Margarida Abreu EMF - ISEG 4
Valor Presente ou Actualizado
PV (
Present Value)
PV é o valor hoje de um pagamento
que é prometido no futuro
Ou
O montante que deve ser investido
hoje de forma a obter um certo
montante no futuro
Margarida Abreu EMF - ISEG 5
Valor actualizado
PV de um montante a receber daqui a
um ano:
Resolvendo a equação de FV:
Resolvendo a equação de FV:
FV=PV*(1+i)
Margarida Abreu EMF - ISEG 6
)
1
(
i
FV
PV
+
=
Valor actualizado
Exemplo:
100€ a receber daqui a um ano, i=5%
/(
)
PV=100€/(1+.05) = 95.24€
Nota:
FV = PV*(1+i) = 95.24€*(1.05)=€100
Margarida Abreu EMF - ISEG 7
Valor actualizado
Formula Genérica :
n
i
FV
PV
)
1
(
+
=
? Qual o valor actualizado de 100€, a
receber daqui a 2,5 anos, sendo i=8%?
Margarida Abreu EMF - ISEG 8
)
(
Valor actualizado
Propriedades importantes:
O valor actualizado é tanto mais
elevado quanto:
q
1.
Mais elevado for o valor futuro (FV).
2.
Mais curto for o período de tempo até
ao pagamento do valor futuro (n)
3.
Mais baixa for a taxa de juro (i)
Margarida Abreu EMF - ISEG 9
Qual é o valor actualizado de 250€ a
serem pagos daqui a dois anos, se a
taxa de juro for 15%?
EMF - ISEG 10
Margarida Abreu
Quatro tipos de instrumentos de crédito
1. Empréstimo simples (simple loan)
2. Empréstimo com prestação fixa (fixed
payment loan)
2.1.2.Tipos de instrumentos de crédito
Margarida Abreu EMF - ISEG 11
p y
)
3.
Obrigação de cupão (coupon bond);
•
Ob. Perpétua (consol)
4. Obrigação de cupão zero (discount bond)
2.1.3.Tx Rendimento até à maturidade (Yield
to Maturity) : Empréstimos
Tx Rendimento até à maturidade (Yield to maturity) = taxa de juro que iguala o valor actual (ou preço de mercado) de um título da dívida ao valor actualizado de todos os pagamentos futuros 1. Empréstimo simples (simple loan)
( )1
100, 110, 1 :
110 100 10% 100
Emprestimo de paga a ano LP LP LV LV i i LV − − = ⇒ = ⇔ = =
(
)
: 1 n LP Expressao Geral LV i = +Margarida Abreu EMF - ISEG 12
2. Empréstimo com prestação fixa (Fixed payment loan)
FP FP FP FP
LV = --- + --- + --- + ... +
---(1+i) ---(1+i)2 (1+i)3 (1+i)n
€126 €126 €126 €126
€1000 = --- + --- + --- + ... +
---(1+i) ---(1+i)2 (1+i)3 (1+i)25
(i = 12%); LV (loan value); FP (fixed yearly payment); n time to maturity
( )1 100
1+i LV
2.1.3.Tx Rendimento até à maturidade (
Yield
to Maturity
) : Obrigações
3. Obrigações de Cupão (Coupon Bond) (taxa de juro de cupão = 10% = C/F)
€100 €100 €100 €100 €1000
P = + + + ... + +
(1+i) (1+i)2 (1+i)3 (1+i)10 (1+i)10
C C C C F
P = + + + + +
Margarida Abreu EMF - ISEG 13
P = + + + ... + +
(1+i) (1+i)2 (1+i)3 (1+i)n (1+i)n
Perpétua ou Consol: Pagamento fixo de C€ para sempre
C C
P = i =
i P
Exercício
Qual o preço de uma obrigação com taxa de
cupão de 10%, valor facial de 1000€ e 2 anos
de maturidade, sendo a taxa de juro de
12,25%?
EMF - ISEG 4-14
Margarida Abreu
2.1.3.Tx Rendimento até à maturidade
(Yield to Maturity): Obrigações
1
(1
)
nF
F
P
P
se n
i
i
P
−
=
=
=
+
4. Obrigação de cupão zero (Discount Bond)
Margarida Abreu EMF - ISEG 15 ⇒
Ex: Obrigação de cupão zero (P = €900, F = €1000), 1 ano
€1000 €900 = (1+i) €1000 – €900 i = = 0.111 = 11.1% €900
(1
+
i
)
P
Relação entre Preço e Tx. de juro
de uma obrigação
Taxa de Rendimento até à maturidade de Obrigações com taxa de cupão de 10%, 10 anos de maturidade e valor facial de 1000€
Preço da Obrigação Tx de Juro
1200 7.13
1100 8.43
Margarida Abreu EMF - ISEG 16
1100 8.43
1000 10.00
900 11.75
800 13.81
Relação entre Preço e Tx. de juro
de uma obrigação
Taxa de Rendimento até à maturidade de Obrigações com taxa de cupão de 10%, 10 anos de maturidade e valor facial de 1000€
Preço da Obrigação Tx de Juro
1200 7.13
1100 8.43
Margarida Abreu EMF - ISEG 17
Elementos interessantes do quadro
1. Preço e Tx de Juro estão negativamente relacionados 2. Quando a obrigação está ao par, a taxa de juro é igual
à taxa de cupão
3. Tx de juro é mais elevada que a taxa de cupão quando o preço da obrigação está abaixo do par
1100 8.43 1000 10.00 900 11.75 800 13.81
2.1.4.Rendimento Corrente
(Current Yield)
Duas características
cC
i
P
=
Margarida Abreu EMF - ISEG 18
1. É uma boa aproximação da taxa de rendimento até à maturidade,
em particular quando o preço está próximo do par e quando a maturidade é longa
2. Alterações do rendimento corrente assinalam sempre alterações na
mesma direcção da taxa de rendimento até à maturidade (yield to maturity)
2.1.5.Rendimento Actualizado
Yield on a discount basis ou Discount Yield
Obrigação cupão zero, 1 ano, P = €900, F = €1000
360
db
F
P
i
F
dias ate a maturidade
−
=
×
Margarida Abreu EMF - ISEG 19
Duas Características
1. Subestima a taxa de rendimento até à maturidade quanto maior a
maturidade, mais importante é a subavaliação
2. Alterações do Rendimento Actualizado assinalam sempre alterações na
mesma direcção da taxa de rendimento até à maturidade (yield to maturity)
1000 900
360
0.099
9, 9%
1000
365
db
i
=
−
×
=
=
2.1.6.Distinção entre Tx de Juro e Tx de Retorno
Taxa de Retorno
(Rate of Return)
obrigação detida 1 ano
1 t t C
C
P
P
RET
i
g
P
++
−
=
= +
Margarida Abreu EMF - ISEG 20
C
onde: i
c= =
Rendimento
Corrente
(current yield)
P
tP
t+1– P
tg =
= Tx mais-valia
(capital gain)
P
tC t
g
P
Relação entre Tx de Juro e Tx Retorno
Retorno de um investimento de um ano em obrigações
com diferentes maturidades, quando a taxa de juro sobe
de 10% para 20%
Maturidade
inicial Corrente %Tx.Rendim. Preço inicial€ Preço no anoseguinte € Tx de maisvalia % retorno %Tx de
30 10 1000 503 -49.7 -39.7
Margarida Abreu EMF - ISEG 21
20 10 1000 516 -48.4 -38.4 10 10 1000 597 -40.3 -30.3 5 10 1000 741 -25.9 -15.9 2 10 1000 917 -8.3 +1.7 1 10 1000 1000 0 +10 2 3
...
1
(1
)
(1
)
(1
)
n(1
)
nC
C
C
C
F
P
i
i
i
i
i
=
+
+
+ +
+
+
+
+
+
+
2.1.7.Maturidade e Volatilidade
do Retorno das Obrigações
Ideias importantes do quadro 21. Só obrigações maturidade=período de detenção da obrigaçãoÎ Tx Retorno = Taxa de juro
2. Obrigações com maturidade > período de detenção: i ↑Î P↓ 3. Quanto maior a maturidade, maior a variação % do preço associada
variação tx. juro
Margarida Abreu EMF - ISEG 24
4. Quanto maior a maturidade, maior a variação do retorno devida a alterações da taxa de juro
5. Obrigações com taxa de juro inicial elevada podem ter taxas de retorno negativas se i ↑ muito
Conclusões
1. Preços e retornos são mais voláteis para obrigações de longo prazo porque têm risco de taxa de juro mais elevado
2. Não existe risco de taxa de juro para obrigações se a maturidade for igual ao período de detenção
2.1.8.Tx Juro Real e Nominal
Taxa de Juro Real
Taxa de juro ajustada pelas expectativas (de evolução) do
nível de preços
i
r= i – π
e1. Taxa de juro real é um melhor indicador do verdadeiro custo do empréstimo
Margarida Abreu EMF - ISEG 25 2. Quando as taxas reais estão baixas, hà mais incentivos para
contrair empréstimos e menos incentivos para emprestar
se i = 5% e πe= 3% então:
ir= 5% – 3% = 2%
se i = 8% e πe= 10% então:
ir= 8% – 10% = –2%
Tx de juro nominal e real na
área do euro
3 4 5
Margarida Abreu EMF - ISEG 26
-1 0 1 2
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Capítulo 2 Taxas de Juro
2.2.
COMPORTAMENTO DAS TAXAS DE
JURO
Margarida Abreu EMF - ISEG 27
2.2. COMPORTAMENTO DAS TAXAS DE JURO
2.2.1. Determinantes da procura de activos
a Riqueza
b Retorno Esperado
c Risco
d Liquidez
Margarida Abreu EMF - ISEG 28 q
2.2.2. Oferta e Procura no Mercado Obrigacionista Procura de Obrigações
Oferta de Obrigações Equilíbrio de Mercado
2.2.3. Oferta e Procura de Obrigações como um espelho da Procura e Oferta de Fundos Disponíveis
2.2.1.Determinantes da procura de activos
Margarida Abreu EMF - ISEG 29
2.2.2.Oferta e Procura no Mercado Obrigacionista
Derivação da Curva de Procura de Obrigações
Obrigação de cupão zero a um ano
H: F 1000 Ponto A:
Margarida Abreu EMF - ISEG 30
H: F=1000 Ponto A: P = 950 € Bd= 100 € 109
1000€ 950€
0.053
5, 3%
950€
i
=
−
=
=
Equilíbrio no
Mercado
Obrigacionista
Margarida Abreu EMF - ISEG 33
Equilíbrio de Mercado 1. Ocorre quando Bd= Bs, P* = $850, i* = 17.6% 2. Quando P = $950, i = 5.3%, Bs> Bd(excesso de oferta): P↓ para P*, i ↑ para i* 3. Quando P = $750, i = 33.0, Bd> Bs(excesso de procura): P↑ para P*, i ↓ para i*
2.2.3. Oferta e Procura de Obrigações como espelho
da Procura e Oferta de Fundos Disponíveis
Margarida Abreu EMF - ISEG 34
1. Procura de Obrigações = Oferta de Fundos disponíveis 2. Oferta de Obrigações = Procura de Fundos Disponiveis
Modificações da Taxa de Juro de Equilíbrio
1.
Fact. que influenciam a C.Procura de Obrig.Margarida Abreu EMF - ISEG 35
Fact. que influenciam a C.Procura de Obrig.
1. Riqueza
A. Crescimento da Economia, riqueza ↑, Bd↑, Bd
desloca-se p/direita
2. Expectativa de Retorno (relativo)
Margarida Abreu EMF - ISEG 36
p
(
)
A. ie↓ (no futuro), Rep/obrigações de longo prazo ↑, Bd
desloca-se p/direita
B. πe↓, Re Relativo ↑, Bddesloca-se p/direita
C. Retorno esperado de investimentos alternativos noutros activos ↓, Bd↑, Bddesloca-se p/direita
Fact. que influenciam a C.Procura de Obrig.
3. Risco (relativo)
A. Risco das Obrigações ↓, Bd↑, Bddesloca-se p/direita
B. Risco de outros activos ↑, Bd↑, Bddesloca-se
p/direita
Margarida Abreu EMF - ISEG 37
4. Liquidez (relativo)
A. Liquidez das Obrigações ↑, Bd↑, Bddesloca-se
p/direita
B. Liquidez de outros activos ↓, Bd↑, Bddesloca-se
p/direita
Factores que
influenciam a
Curva de
Procura de
Alteração do factor Deslocação da curva da procura
Aumento da riqueza
Aumento da quantidade procurada
com deslocação da curva da procura para
a direita P i Q 1 D B 2 D B
Aumento da taxa de juro esperada
Diminuição da quantidade procurada
com deslocação da curva da procura para
a esquerda P i Q 1 D B 2 D B
Aumento da inflação esperada
Diminuição da quantidade procurada
com deslocação da d
P i
Margarida Abreu EMF - ISEG 38
Procura de
Obrigações
curva da procura para a esquerda Q 1 D B 2 D B
Aumento do risco relativo das obrigações
Diminuição da quantidade procurada
com deslocação da curva da procura para
a esquerda P i Q 1 D B 2 D B
Aumento da liquidez relativa das obrigações Aumento da quantidade procurada
com deslocação da curva da procura para
a direita P i Q 1 D B 2 D B
Fact. influenciam a C. da Oferta de Obrigações
1. Expectativa s/Rentabilidade dos Investimentos Produtivos Periodo de expansão, Oportunidades de investimento ↑, Bs↑ Bsdesloca
Margarida Abreu EMF - ISEG 39
Bs↑, Bs desloca-se p/direita 2. Expectativa da taxa de Inflação πe↑, Bs↑, Bs desloca-se p/direita 3. Saldo Orçamental Deficite ↑, Bs↑, Bs desloca-se p/direita
Factores
que
influenciam
Alteração do factor Deslocação da curva da oferta
Aumento da rendibilidade dos investimentos
Aumento da quantidade oferecida
com deslocação da curva da oferta para a
direita 1 S B 2 S B
Margarida Abreu EMF - ISEG 40
a C. da
Oferta de
Obrigações
Aumento da inflação esperada
Aumento da quantidade oferecida
com deslocação da curva da oferta para a
direita 1 S B 2 S B
Aumento do défice orçamental
Aumento da quantidade oferecida
com deslocação da curva da oferta para a
direita 1 S B 2 S B
Relação entre π
ee i:
Efeito de Fisher
(Fisher Effect)
Se πe↑ 1. RETeRelativo
↓ Bd
desloca-Margarida Abreu EMF - ISEG 41
↓, B desloca se p/ esquerda 2. Custo real endividamento ↓, Bs↑, Bs desloca-se p/ direita 3. P ↓, i ↑
Evidência do Efeito de Fisher nos EUA
Margarida Abreu EMF - ISEG 42
Ciclo de negócios e Tx. juro
Margarida Abreu EMF - ISEG 43
Evidencia entre ciclo de negócios e Tx. juro
Margarida Abreu EMF - ISEG 44
2.2.4. Abordagem alternativa:
A Teoria da Preferência pela Liquidez
(Liquidity Preference Analysis)
Î
Tx. Juro como Equilíbrio entre a Oferta e Procura no Merc. MoedaDerivação da Curva da Procura
1. Keynes assume que a moeda tem i = 0
2. i ↑, RETerelativo em moeda ↓ (equivalente a uma
Margarida Abreu EMF - ISEG 46
, ( q
subida do custo de oportunidade de deter moeda) ⇒ Md↓
3. Curva da Procura de Moeda tem uma inclinação negativa
Derivação da Curva da Oferta
1. Assume que o banco central controla Ms 2. Curva Msé vertical
Equilíbrio
do
Mercado
Monetário
Margarida Abreu EMF - ISEG 47
Equilíbrio de Mercado
1.Ocorre quando Md = Ms, em i* = 15% 2.Se i = 25%, Ms > Md (excesso de oferta): Preço das Obrigações ↑, i ↓ para i* = 15% 3.Se i =5%, Md > Ms (excesso de procura): Preço das Obrigações ↓, i ↑para i* = 15%
Subida do Rendimento e/ou Nível geral de preços
Margarida Abreu EMF - ISEG 48
1. Rendimento ↑, Md↑,
Mddesloca-se p/
direita 2. Msinalterada
3. i* sobe de i1para i2
Aumento da Oferta de Moeda
(Rise in Money Supply)
Margarida Abreu EMF - ISEG 49
1. Ms↑, Ms
desloca-se p/ direita 2. Mdinalterada
3. i* cai de i1para i2
Alteração do factor Deslocação da curva da procura ou da oferta
Aumento do rendimento
Aumento da quantidade procurada
com deslocação da curva da procura para a direita com aumento da taxa de juro i 1 D M S M 2 D M i 1 i2 Aumento da i MS
Factores que afectam a oferta ou a Procura de Moeda
Margarida Abreu EMF - ISEG 50
Aumento do nível de preços
quantidade procurada com deslocação da curva da procura para a direita com aumento
da taxa de juro 1 D M 2 D M i 1 i2
Aumento da oferta de moeda
Aumento da quantidade oferecida
com deslocação da curva da oferta para a
direita e descida da taxa de juro D M M i1 i2 1 S M 2 S M i
1. Determinar a taxa de juro de equilíbrio igualando a oferta e a procura de obrigações na abordagem dos fundos disponíveis é equivalente a igualizar a oferta e procura de moeda na abordagem da preferência pela liquidez
Margarida Abreu EMF - ISEG 51 pela liquidez
2. Duas abordagens estão muito relacionadas, mas diferem na pratica porque a abordagem da preferência pela liquidez assume apenas 2 activos, moeda e obrigações, e ignora efeitos nas taxas de juro decorrentes de alterações do retorno esperado de activos reais
Capítulo 2 Taxas de Juro
2.3.
ESTRUTURA DAS TAXAS DE JURO
Margarida Abreu EMF - ISEG 52
Razões que explicam a existência
de múltiplas taxas de juro
Nível de risco diferente dos activos
financeiros;
Grau de liquidez diferente dos activos
financeiros;
Margarida Abreu EMF - ISEG 53
;
Tratamento fiscal diferenciado;
Risco
Definição
É uma medida de incerteza sobre
o retorno futuro de um
investimento, medida num certo
horizonte temporal e
relativamente a um valor de
referência
Margarida Abreu EMF - ISEG 54
Medida de risco
Para medir o risco é preciso:
Lista de todos os resultados possíveis
Probabilidade de ocorrência de cada
um deles
Margarida Abreu EMF - ISEG 55
Medida de risco
Exemplo 1
Investimento de 1000€
Resultado
ProbabilidadeRetorno
Ret. x Prob.
#1
½
700€
350€
#2
½
1400€
700€
#2
½
1400€
700€
Valor esperado= Soma dos Ret. X Prob. = 1050€ Valor esperado= ½ (700€) + ½ (1400€) = 1050€
Margarida Abreu EMF - ISEG 56
Medida de risco
Exemplo 2
Investimento de 1000€
Resultado
ProbabilidadeRetorno
Ret. x Prob.
#1
0,1
100€
10€
#2
0 4
700€
280€
#2
0,4
700€
280€
#3
0,4
1400€
560€
#4
0,1
2000€
200€
Valor esperado
=Margarida Abreu EMF - ISEG 57
Medida de risco
Dois investimentos:
Mesmo retorno esperado: 50€ para
um investimento de 1000€
Mesma taxa de retorno esperado: 5%
Diferentes níveis de risco
Margarida Abreu EMF - ISEG 58
Medida de risco
Um investimento sem risco (
risk-free asset) é um
investimento cujo valor futuro é conhecido com
certeza e cuja taxa de retorno é a taxa de
retorno de risco nulo (
risk-free rate of return).
Se a taxa de retorno de risco nulo for 5%, um
investimento sem risco de 1000€ paga 1050€
(=valor esperado garantido).
Se existir alguma possibilidade de o retorno vir
a ser superior ou inferior a 1050€, então o
investimento tem risco.
Medida de risco
Variância
Îmédia dos quadrados dos desvios entre os
resultados possíveis e o valor esperado,
ponderada pelas probabilidades desses desvios
ocorrerem.
Desvio padrão
Î
Raiz quadrada da variância
Î Vantagem: usa a mesma unidade de medida dos resultados
Margarida Abreu EMF - ISEG 60
Calculo da Variância
1.
Calcular o valor esperado:
(1400€ x ½) + (700 € x ½) = 1050€
2.
Subtrair o valor esperado dos resultados
possíveis:
possíveis:
1400 € -1050 € = 350€
700 € -1050 € = –350 €
3.
Calcular o quadrado dos resultados:
350 €
2= 122.500(euros)
2(–350 €)
2=122.500(euros)
2Margarida Abreu EMF - ISEG 61
Medida de risco
4.
Multiplicar cada resultado pela sua
probabilidade e adiciona-los
:½ [122.500(euros)
2] + ½ [122.500(euros)
2] =
122.500(euros)
2Variância =
=½(1400€ -1050€)
2+ ½(700€ -1050€)
2= 122.500(euros)
2Margarida Abreu EMF - ISEG 62
Medida de risco
O desvio padrão é a raíz quadrada da
variância:
Desvio padrão (exemplo 1) =350€
p
(
p
)
Desvio padrão (exemplo 2) =528€
Quanto mais elevado o desvio padrão
mais elevado é o risco.
Margarida Abreu EMF - ISEG 63
Aversão ao Risco
Um indivíduo avesso ao risco prefere
sempre um investimento com um
retorno certo relativamente a outro,
com o mesmo retorno esperado mas
com o mesmo retorno esperado, mas
com algum grau de incerteza.
Margarida Abreu EMF - ISEG 64
Prémio de Risco
Quanto mais elevado o risco de um
investimento,
é
mais elevada é a compensação
requerida peloa investidores para
investirem
Mais elevado é o prémio de risco
Margarida Abreu EMF - ISEG 66
Tipos de risco
Idiossincrático – Risco único
Sistémico – Risco genérico do
sistema ou da economia
Margarida Abreu EMF - ISEG 67
Tipos de risco
Existem diferentes tipos de riscos. Entre os
mais importantes destacam-se:
Risco de não cumprimento ou risco de crédito (default risk)
Risco país (country risk)
Margarida Abreu EMF - ISEG 68
Risco país (country risk)
Risco de liquidez (liquidity risk)
Risco de taxa de juro (interest rate risk)
Risco de mercado (market risk)
Risco cambial (foreign exchange risk)
Risco de insolvência (solvency risk)
Risco operacional (operational risk)
2.3.1. Estrutura por risco de Obrigações
Ex: Obrigações de longo prazo nos EUA
Estrutura por risco em 1990 Ob Gov Local 6 7 %
Margarida Abreu EMF - ISEG 69
Ob. Gov.Local 6,7 % Obrig.
Gov.Central 8 % Ob. Priv. Aaa 9 % Ob. Priv. Baa 10 %
Efeito de um aumento do risco (de não
pagamento) de obrigações privadas
Margarida Abreu EMF - ISEG 70
Efeito de um aumento do risco de não
pagamento das obrigações privadas
Mercado das Obrigações sector privado
Risco de Obrigações privadas ↑, Dc↓, Dcdesloca-se p/ esq.
Î Pc↓, ic↑
Margarida Abreu EMF - ISEG 71
Mercado das Obrigações sector público
Risco relativo de Obrigações públicas ↓, DT↑, DTdesloca-se
p/ direita Î PT↑, iT↓
Resultado:
2.3.2. Outros Factores justificativos da existência de diferentes taxas de Juro para activos com a mesma maturidade:
a)Liquidez: Obrigações Privadas tornam-se menos líquidas
Obrigações privadas menos líquidas Dc↓:Pc↓, ic↑
Obrigações públicas relativamente mais líquidas, DT↑, DT
desloca-Margarida Abreu EMF - ISEG 72
g ç p q , ,
se p/ direita: PT↑, iT↓
Resultado:
Prémio de risco, ic– iT, aumenta
Prémio de risco reflecte não só risco de obrigações privadas mas também fraca liquidez
b)Regime fiscal diferenciado
Margarida Abreu EMF - ISEG 73
Margarida Abreu EMF - ISEG 74
2.3.3.Estrutura por prazo das taxas de juro
Evidências empíricas
1. Taxas de juro para diferentes maturidades
movem-se em conjunto ao longo do
tempo
2.
Curvas de rendimento (Yield curves) têm
Margarida Abreu EMF - ISEG 75
uma inclinação positiva quando as taxas
de curto prazo estão baixas e negativa
quando as taxas de curto prazo estão
elevadas
3.
Curvas de rendimento têm em média uma
inclinação ligeiramente positiva
Taxas de Juro para diferentes
maturidades evoluem em conjunto
Margarida Abreu EMF - ISEG 76
Três Teorias sobre a Estrutura por Prazo das Taxas de Juro
1. Teoria das Expectativas (Expectations theory)
2. Teoria da Segmentação dos Mercados (Segmented
market)
2.3.3.Estrutura por prazo das taxas de juro
Evidências empíricas
Margarida Abreu EMF - ISEG 77
market)
3. Teoria do Prémio de Liquidez (Liquidity Premium)
ÎTeoria das Expectativas explica 1 e 2 mas não 3. ÎT. Segmentação dos Mercados explica 3, mas não 1 e
2.
ÎSolução: Combinação de elementos da T. Expectativas e da T Seg. Mercados na T. Prémio de Liquidez que explica 1, 2 e 3.
Teoria das Expectativas
Hipótese: Obrigações para diferentes maturidades são substitutos
perfeitos
Implicação: RETede obrigações com diferentes maturidades é igual
Estratégias de Investimento para um horizonte temporal de 2 anos 1. Investir 1€ em obrigações de 1 ano de maturidade e comprar outra de 1 ano de maturidade no vencimento da 1ª.
Margarida Abreu EMF - ISEG 78
2. Investir 1€ numa obrigação de 2 anos de maturidade
Tx. Retorno esperado da estratégia 2
(1 + i2t)(1 + i2t) – 1 = 1 + 2(i2t) + (i2t)2– 1
1
Considerando que (i2t)2é muito pequeno,
Retorno esperado é aproximadamente 2(i2t)
Tx. Retorno esperado da estratégia 1
Considerando que it(iet+1) é muito pequeno, o retorno esperado é 1 1
(1
) (1
) 1
1
e e t t t ti
i
i
i
+ ++ + +
−
≅ +
Margarida Abreu EMF - ISEG 79 o retorno esperado é
it+ iet+1
Como o retorno esperado das duas estratégias é igual, 2(i2t) = it+ iet+1 Resolvendo para i2t 1 2
2
e t t ti
i
i
=
+
+Generalizando
De modo geral para obrigações de n-períodos:
it+ iet+1+ iet+2+ ... + iet+(n–1)
int= n
Taxa de juro de obrigação longa = média das taxas de
Margarida Abreu EMF - ISEG 80 curto prazo que se espera ocorram durante a vida da obrigação longa
Exemplo numérico:
Taxa de juro actual de obrigações com 1 ano it= 5% Expectativa actual sobre as taxas de juro nos próximos 4 anos:
ie
t+1= 6%, iet+2= 7%, iet+3= 8% e iet+4= 9%:
Margarida Abreu EMF - ISEG 81
Taxa de juro actual de obrigações a 2 anos:
i2t= (5% + 6%)/2 = 5.5%
Taxa de juro actual de obrigações a 5 anos :
i5t= (5% + 6% + 7% + 8% + 9%)/5 = 7%
Taxas de juro (actuais) de 1 a 5 anos:
it= 5%, i2t= 5.5%, i3t= 6%, i4t= 6.5% e i5t= 7%.
Hipótese das Expectativas e a
Estrutura por Prazo das Tx. Juro
Explica porque é que a curva de rendimentos tem diferentes inclinações:
1. Quando as expectativas são para uma subida das taxas
de juro, a média das futuras taxas de juro de curto prazo
= intestá acima das actuais taxas de juro de curto prazo
Î Curva de rendimentos com declive positivo
Margarida Abreu EMF - ISEG 82
Î Curva de rendimentos com declive positivo
2. Quando as expectativas são para a manutenção das
taxas de juro, a média das futuras taxas de juro de curto prazo é a mesma que a actual,
ÎCurva de rendimentos horizontal
3. Quando as expectativas são para a redução das taxas de
curto prazo é que a curva de rendimentos tem uma inclinação negativa
Hipótese das Expectativas e a
Estrutura por Prazo das Tx. Juro
Teoria das Expectativas explica o Facto 1
1. Se i
t↑ ⇒ i
nt(média de i
te das
i
et+I) ↑
Î taxas de curto prazo e de longo prazo
Margarida Abreu EMF - ISEG 83
p
g p
1.
Quando as tx. curtas estão baixas, a
expectativa é que elas subam,
então as actuais então as tx. longas (=média
das expectativas sobre futuras tx. curtas) estão
acima das actuais tx curtas
Explica o facto 2:
Margarida Abreu EMF - ISEG 84
acima das actuais tx. curtas
Îcurva de rendimentos tem inclinação positiva
2.
Quando as tx. curtas estão elevadas, a
expectativa é que elas desçam,
então as actuais tx. longas (=média das
expectativas sobre futuras tx. curtas) estão
abaixo das actuais tx. curtas
Î curva de rendimentos tem inclinação negativa
Não explica o facto 3
Ao longo do tempo as taxas de juro
sobem tanto como descem;
Nada justifica que a média das taxas de
Margarida Abreu EMF - ISEG 85
Nada justifica que a média das taxas de
curto prazo futuras seja superior as
actuais taxas de curto prazo
Teoria da Segmentação dos Mercados
Princípios: Obrigações de maturidades diferentes não sãosubstitutos
Implicação: Mercados estão segmentados: a taxa de juro
para cada maturidade é determinada num mercado separado
Explica facto 3:
Margarida Abreu EMF - ISEG 86
Explica facto 3:
Pessoas preferem investir em prazos curtos e portanto a procura é mais elevada para obrigações de curto prazo, as obrigações curtas têm então um preço mais elevado e taxa de juro mais baixa que obrigações longas
Não explica facto 1 e facto 2, porque assume que taxas longas e curtas são determinadas separadamente
Teoria do Prémio de Liquidez
(
Liquidity premium
)
Príncipios: Obrigações de diferentes maturidades são
substitutos, mas não são substitutos perfeitos
Implicação: Modifica a T. das Expectativas com
elementos da T. Segmentação dos mercados
Investidores preferem activos curtos a longos ⇒ tem de
Margarida Abreu EMF - ISEG 87 Investidores preferem activos curtos a longos ⇒ tem de ser pago um prémio de liquidez positivo (liquidity premium), lnt, para que as longas sejam procuradas Resulta na seguinte alteração da T. das Expectativas:
it+ iet+1+ iet+2+ ... + iet+(n–1)
int= n + lnt
Relação entre T.Prémio de Liquidez e T.
Expectativas
Margarida Abreu EMF - ISEG 88
Exemplo numérico
1. Taxa de juro a 1 ano actual: it= 5%
Taxa de juro esperada nos próximos 4 anos, para maturidades de um ano : ie
t+1=6%, iet+2=7%, iet+3=8% e iet+4=9%
2. Preferência dos investidores por deterem taxas de curto prazo = prémio de liquidez para obrigações de 1 a 5 anos:
lt=0%, l2t=0.25%, l3t=0.5%, l4t=0.75% e l5t=1.0%.
Margarida Abreu EMF - ISEG 89
Taxa de juro de uma obrigação a 2 anos:
i2t = (it+iet+1)/2 + l2t= (5% + 6%)/2 + 0.25% = 5.75% Taxa de juro de uma obrigação a 5 anos:
i5t = (it+iet+1+iet+2+iet+3+iet+4)/2 + l5t= (5% + 6% + 7% + 8% + 9%)/5 + 1.0% = 8%
Taxa de juro de obrigações entre 1 e 5 anos de maturidade: 5%, 5.75%, 6.5%, 7.25% e 8%.
Comparando com as da T. Expectativas, a T. Prémio de Liquidez produz curvas de rendimento com o declive positivo mais acentuado
A Teoria do Prémio de Liquidez e a
Estrutura por Prazo
Explica os três factos
Facto 3 da usual inclinação positiva: os
investidores preferem as obrigações de curto
Margarida Abreu EMF - ISEG 90
investidores preferem as obrigações de curto
prazo
Facto 1 e Facto 2: a mesma explicação que a
hipótese das expectativas: a média das
futuras taxas curtas determina as longas
Expectativa
relativam.
futuras
taxas de
J
d
Margarida Abreu EMF - ISEG 91