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DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE. REGINA C. FIORATI 2020 Disciplina Saberes e Práticas em Saúde Mental _EERP- USP

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(1)

REGINA C. FIORATI

2020

Disciplina Saberes e Práticas em Saúde Mental

_EERP-USP

(2)

Determinantes Sociais da Saúde (DSS)

 Os determinantes sociais da saúde (DSS), fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos, de gênero,

psicológicos e comportamentais – influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população

Os primeiros estudos foram pioneiros em mostrar que há uma relação intrínseca entre a forma como uma

sociedade se organiza e se desenvolve e a saúde de sua população herança da Conferência de Alma-Ata no final dos anos 1970

Nas décadas de 1980 e 1990 estudos já com a denominação criam diferentes modelos para explicar a

determinação social dos processos saúde-doença - a formação da Comissão dos Determinantes Sociais da Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2005.

Os estudos e modelos interpretativos atuais dos DSS, a saber: teorias neo-materialistas; teorias psicossociais;

teorias das redes e capital social; teorias cultural-comportamentais; e teoria do curso da vida.

Os DSS têm sido marcados por iniquidades sociais  desigualdades em saúde em relação a diferentes

grupos sociais

 As iniquidades sociais em saúde – (desigualdades em saúde)– são desigualdades de acesso a boas

condições de saúde que se dão de forma sistemática entre os diferentes grupos socioeconômicos e que são evitáveis, injustos e desnecessários.

 As iniquidades sociais que têm impacto sobre a saúde - constituem essencialmente em falta de

acesso as condições mínimas de vida humana digna e, portanto, essas condições de vida desiguais são iníquas por essência, porque são injustificáveis sob quaisquer aspectos, pois são desumanas.

Desnecessárias e evitáveis porque são desigualdades imputadas por outros agentes humanos em suas relações sociais, relações marcadas por desigualdade de poder (econômico, político e sociocultural)

(3)

Processos de saúde-doença são resultados de

processos sociais

Os estudos sobre desigualdades em saúde partiram do pressuposto de

que era necessário condicionar os processos de saúde-doença, e a

distribuição da mortalidade, deficiência e morbidade a:

classe social,

etnia,

gênero,

escolaridade,

condições de trabalho e renda,

ou a áreas geográficas de risco e que se constituíam assim em

DETERMINANTES SOCIAIS de processos de saúde-doença de

pessoas e populações.

A saúde passa de um objeto médico  objeto ético, político e

(4)

O modelo dos DSS da OMS

Reuniu todos os modelos anteriores e buscou uma síntese estrutural e dos

mecanismos/processos pelos quais os DSS geram as desigualdades em saúde.

DETERMINANTES ESTRUTURAIS – contextos políticos e econômicos – que

incluem governança, políticas macroeconômicas, políticas sociais (mercado de trabalho e emprego, habitação e propriedade da terra), políticas públicas (educação, saúde,

proteção social), a cultura que molda os valores sociais posição socioeconômica que influem nas desigualdades de classe social, etnicidade, gênero, educação, acesso a

trabalho e renda

DETERMINANTES INTERMEDIÁRIOS – circunstâncias materiais da vida

(condições de trabalho, habitação, acesso a alimentos), sistema de saúde, fatores comportamentais e biológicos, fatores psicossociais.

Esses dois tipos de determinantes têm como fator de ligação entre eles a coesão social

(5)

Fonte: Solar O, Irwin A. A conceptual framework for action on the social determinants of health. Social Determinants of Health Discussion. Paper 2 (Policy and Practice).

(6)

O mecanismo operacional dos DSS

Os determinantes estruturais são os determinantes das

iniquidades em saúde

Os determinantes estruturais operam através dos

determinantes intermediários e estes, por sua vez, operam

moldando os resultados de saúde

Há uma relação causal – estruturais  intermediários 

(7)

Determinantes sociais da saúde

mental

Estudos europeus mostraram que em situações de crises

econômicas a saúde mental é a área primeiramente impactada

Crescimento do desemprego

Pobreza

Processos migratórios

Desterritorialização

Aumento da vulnerabilidade social

(8)

E no Brasil? O que vem sendo estudado – o impacto dos

DSS na Saúde mental?

Usuária do CAPS II no Forum de Saúde Mental de RP –

Câmara Municipal- “Eu não tenho casa pra morar e isso tem

me feito entrar em crise e não sair dela”

As iniquidades sociais presentes no Brasil têm impacto na

saúde mental?

Os serviços de saúde mental trabalham com os DSS em sua

prática diária?

A reabilitação psicossocial – inclusão no trabalho, habitat e

redes sociais – insere-se no panorama da saúde pública e na

luta pela erradicação das iniquidades sociais?

(9)

Porque intervir nos determinantes sociais da saúde e nas

desigualdades

?

Tem repercussões negativas para toda a sociedade

As sociedades marcadas pelas iniquidades têm:

Menor coesão social e redes de solidariedade social

Piores indicadores de bem-estar, desenvolvimento econômico e saúde

Índices altos de adoecimentos têm impacto econômico para toda a nação

As sociedades equitativas

são mais justas, mais desenvolvidas, e têm índices de maior felicidade

humana (satisfação, projetos de vida significativos, perspectiva de vida

saudável)

Apresentam baixo índices de enfermidades agudas, inclusive problemas

mentais e emocionais

Capital humano e social

 (Fonte: Ramasco, M. Apresentação Curso de Vulnerabilidade Soical e problemas de saúde. Serviço de Promoção da Saúde. Programa de Saúde Pública em Populações Vuneráveis, Madri, 2015)

(10)

Vulnerabilidade social e impactos

na Saúde Mental

Informe Layart 2006 da Escola de Economia de Londres:

Crescente gastos com incapacidades laborais devido a ansiedade e

depressão

Em uma crise econômica a Saúde Mental é a área mais

imediatamente afetada porque:

Aumento do desemprego e aumento de pessoas afetadas pela

pobreza

A partir dos cortes de gastos em proteção social e saúde

Aumento do sofrimento mental, aumento de transtornos de

(11)

De que forma a vulnerabilidade

social afeta a Saúde Mental?

(12)

Vulnerabilidade social

Transformações no mundo do trabalho – introdução de novas

tecnologias, aceleração do ritmo, mudanças na organização do

modo de produção, surgimento de novas profissões e término de

outras, globalização da economia e a redefinição das relações entre

capital e trabalho

Contemporaneidade – crise do trabalho como atividade assalariada

e formas de

desemprego estrutural

surgem como fenômeno

sociocultural nas sociedades capitalistas ocidentais

Diferentes formas de inserção no trabalho  vulnerabilidade

dos grupos em relação a sua inserção social

Integração vulnerabilidade assistência exclusão

(desfiliação)

Exclusão/desfiliação – ruptura profunda com as relações de

trabalho formal e com as redes sociais de suporte

(13)

INTEGRAÇÃO VULNERABILIDADE ASSISTÊNCIA EXCLUSÃO (DESFILIAÇÃO) Integração Emprego formal Salario Direitos trabalhistas Renda digna Econômico Família Comunidade Vizinhança Rede social Apoio social Redes sociais de suporte

Boas condições de Moradia Saneamento

Ambiente sustentável Ambiental

Escolaridade Cultura

lazer Social

Exclusão desfiliação

Não ter emprego formal- informal Precariedade das relações de trabalho Desemprego

Ruptura dos laços familiares e comunitários

Falta de moradia

Condições ambientais precárias

Sem escolaridade ou baixa escolaridade Não qualificação - desqualificação

(14)

integração

T R A B A L H O

Inserção social

P R E C A R I Z A Ç Â O

vulnerabilidade

D E S E M P R E G O

Inserção social

assistência

D E S E M P R E G O

Rupturas de laços sociais

(15)

Determinantes da Vulnerabilidade Social

Múltiplas causas como as crises econômicas, a precarização das relações e condições de trabalho, a

debilidade dos sistemas de seguridade social, que dificultam a inserção de indivíduos e grupos nas estruturas sociais e econômicas, levando-os a situação de vulnerabilidade social

 Aumento de grupos em vulnerabilidade social- decorrentes dos efeitos da globalização da

economia, das reformulações das relações de trabalho e da orientação econômico-política neoliberal que descentraliza as conquistas sociais do Estado de Bem Estar Social, reduzindo a função e o papel do Estado como regulador das políticas econômicas e determinações financeiras nos diversos países, propiciando autonomia para a exploração desenfreada do capital e do

mercado que passam a ter prioridade sobre as políticas sociais 

Realidade do chamado primeiro mundo – crises dos Estados de Bem Estar Social e a crise da

social democracia Europeia

 Vulnerabilidade social – impacto resultante da configuração de estruturas e instituições

(16)

BRASIL

 E no Brasil não se constituiu um Estado de Bem Estar Social que propiciasse a criação de políticas

públicas que mediassem entre o capital e as necessidades sociais

 Processos de exclusão/desfiliação de segmentos sociais nas regiões urbanas tem origem no processo de

industrialização

A Pobreza tem condicionantes histórico-sociais e culturais intrínsecos a sociedade brasileira – com raiz

em uma cultura escravista e que perpetua relações de imensas desigualdades sociais, bem como, é condicionada por orientação política, econômica que são produtoras e reprodutoras de desigualdades sociais no Brasil

 Desigualdade social impede processo de democratização da sociedade

Apartação social – “à Parte”, “não semelhante”, “desumanização”- lógica presente nas relações

econômicas, políticas, sociais e culturais  situação de privação coletiva

 Pobreza, subalternidade, iniquidade, não acessibilidade e não representação pública  Ainda presente uma forte “naturalização da pobreza”

Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 2. p. 155-163 jul./dez. 2010

(17)

Vulnerabilidade social - conceito

Condição existencial que coloca as pessoas em risco a deteriorações de suas

habilidades de sobrevivência física, ocupacional e psicossocial em sociedade, de

rupturas de laços e coesão sociais, vivenciam estados de precarização de sua

condição e dignidade humana e violação de direitos humanos.

Pobreza - é entendida aqui como um fenômeno social complexo que vai muito

além da ausência ou falta de acesso à renda - tem dimensões culturais e políticas

Dimensão cultural – injustiça social - na qual a pobreza é percebida como

fenômeno natural - há maior tolerância em relação à existência da pobreza e na

forma de explicá-la, assim como, há menos compromisso e responsabilidade

social para sua erradicação.

Dimensão política

- exclusão do poder, ou seja, ligada a estrutura social, ao grau

de desigualdade existente, a forma de distribuição de riquezas (renda,

propriedade de ativos, acesso a bens públicos, ao mercado de trabalho e a

direitos sociais e políticos, bem como às diferentes formas de acesso aos capitais

culturais e sociais)

(18)

Consequências da vulnerabilidade social

Riscos para a Saúde Mental: estresse, ansiedade, insônia, adicções

Aumento da mortalidade: violência, suicídios, traumatismos, etc

Aumento da morbidade

Acesso limitado aos alimentos: Desnutrição, obesidade

Violência doméstica: Saúde Mental Infantil

Rupturas familiares e comunitárias, vínculos sociais

Pessoas em situação de rua

Precariedade das relações de trabalho

Moradias precárias

Insegurança

Fim dos sistemas de proteção social

Piora da qualidade de vida

(19)

Exemplo

Caso prático

(20)

Saúde da População em situação de rua

Saúde Negligenciada e acesso dificultado a APS

Pesquisa IC FAPESP PROCESSO 2017/00778-2 –

objetivo: conhecer como se dá o acesso à Atenção Primária

à Saúde das pessoas em situação de rua em uma cidade do

estado de São Paulo e caracterizar suas condições de saúde.

Resultados:

(21)

85% masculina, 50% pardos, 20% pretos, 28,3% brancos e. Assim, a proporção de

negros

(pardos e pretos – 70%)

é substancialmente maior na população em

situação de rua.

58,3% primeiro grau incompleto

e 10% são analfabetos

.

A maioria deles tem renda, sendo que

36,6% recebem até recebem até R$100,00 no mês

e 60,0% até 1 salário mínimo

53,3% realizam trabalho informal (catadores – reciclagem de

resíduos sólidos)

(22)

Saúde da População em situação de rua e acesso a APS

Resultados qualitativos

 Ausência de programas e de serviços e políticas públicas de assistência à saúde

específicos

Ausência de políticas intersetoriais de enfrentamento às iniquidades  Ações isoladas exclusivas de agentes do 3º setor

 Dificuldade de avaliar próprias condições de saúde - Não reconhecimento de saúde

como direito

 Procura de assistência à saúde somente em casos extremos

Barreiras ao acesso à Atenção Primária à Saúde –  Exigência de comprovante de residência

Ausência de humanização no acesso à saúde – exigência de banho para atendimento,

preconceito, maus tratos pelos profissionais, impedimento de entrada na UBS pelo segurança

(23)

Contexto

socioeconômic

o e político

Austeridade

econômica

redução das

politicas

sociais

Sociedade

meritocrática

e pouco

solidária

Estratificação

social

Desigualdade

de gênero

Racismo

Baixa

escolaridade

Ocupações de

risco

Baixa ou

nenhuma

renda

Condições

materiais da

vida

Moradia

Condições de

trabalho

alimentação

Fatores psicossociais Fatores genéticos e biológicos SERVIÇOS DE SAÚDE

DSS e a população em situação de rua no Brasil?

Impactos na saúde

(24)

PSR – condições de vida - alta vulnerabilidade social

DSS –

Racismo, pobreza extrema, difícil acesso a serviços e

tratamentos de saúde

Desemprego e ocupações de risco

Baixa renda ou renda instável

Saúde debilitada

Falta (rupturas) de redes sociais de suporte

Índices altos de violência e morte por assassinato

(25)

Mas esses dados são utilizados pelos

serviços de saúde e assistência social?

´Percepção reducionista

serviços e profissionais: todas as razões que levam uma pessoa a

situação de rua são reduzidas a apenas uma: À DROGA

(26)

Pesquisa entre os anos 2012 e 2013

Laboratório de Estudos e Extensão em Terapia Ocupacional Social e ComunidadesMotivação: individualização do problema “morar nas ruas”; assistência moralmente

normalizadora e não reconhecedora da humanidade do sujeito.

Objetivo: Conhecer os fatores geradores das rupturas das redes sociais de suporte,

identificar o cotidiano e os projetos de vida de pessoas em situação de rua.

Método: Estudo etnográfico desenvolvido entre 2012 e 2013 em Ribeirão

Preto-SP, Brasil. Quinze pessoas participaram do estudo. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas de histórias de vida filmadas e de diário de campo. A análise foi realizada com base no referencial da Teoria da Ação Comunicativa de Habermas.

Resultados: Os resultados mostraram que 1-iniquidades sociais estão presentes há

gerações passadas nas famílias e 2-que o cotidiano é marcado por violência e morte,

pobreza e exclusão, rupturas das redes sociais e isolamento, uso de álcool e outras drogas e doenças socialmente determinadas. 3-A maioria não tem projeto de vida, alguns

(27)

Revista Gaúcha de Enfermagem

doi: http://dx.doi.org/10.1590/1983- 1447.2016.esp.72861

As rupturas sociais e o cotidiano de pessoas em situação de rua: estudo etnográfico Social ruptures and the everyday life of homeless people: an ethnographic study Rupturas sociales y la cotidianeidad de las personas sin hogar: estudio etnográfico Regina Célia Fioratia Regina Yoneko Dakuzaku Carrettaa Leonardo Martins Kebbe Beatriz Lobato Cardosob Joab Jefferson da Silva Xavierc

a Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.

b Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Departamento de Terapia ocupacional. Uberaba, Minas Gerais, Brasil.

(28)

Pobreza é transgeracional

História de vida mostrou que a vulnerabilidade social, as iniquidades

sociais estão presentes na história familiar anterior ao depoente –

analfabetismo, pobreza econômica, atividades profissionais de baixa

renda; desqualificação para o mundo do trabalho; situação de vida abaixo

das condições que caracterizam a dignidade humana; rupturas no

relacionamento familiar; falta de suporte social.

Percebeu-se que o uso de drogas prevalente não era a causa da saída para

a rua,

mas ambos (ir morar na rua e consumir drogas)

são

consequência

da pobreza que atravessa a história familiar desses sujeitos.

Os entrevistados

mais velhos

aprenderam desde muito cedo (tradição

familiar) a ter a cachaça como alimento e lazer

Os jovens

ao abandonar a escola para trabalhar já se engajam em

(29)

Pobreza é transgeracional

PSR IDOSA

Nesse livro a historiadora relata sua pesquisa com trabalhadores rurais Brancos e não escravos do final do século XIX ao início do XX

– A pobreza cercava toda a vida familiar

- Eram produtores de cachaça – cachaça como alimento diário

- Começo do sec. XX esses grupos migram para as periferias das cidades - Vão povoar as favelas recém formadas com os negros libertos

- A tradição familiar na reprodução da cachaça como fonte de alimento

(30)

Juventude pobre

Violência Escolar; Violência Urbana; Violação de Direitos e

Violência na família  Comunidade são os motores para

expulsão para a vida nas ruas

Políticas públicas insuficientes, fragmentadas e/ou inadequadas

Resultado comum

:

A violência se inicia na família e na comunidade

– ruptura de laços

sociais na família e violência (violência doméstica);

Violência escolar

(assédio moral devido a pobreza e desempenho

escolar ruim);

Aproximação dos grupos ligados ao tráfico de drogas

(geração de

renda e uso)

(31)

As sequelas da desigualdade social

Sociedades desiguais como as brasileiras e que naturalizam as desigualdades:

- Operam através da classificação/desclassificação de grupos sociais

- A construção do indivíduo e do individualismo

como “valor moral” formas sutis e

“naturalizadas” de classificação/desclassificação que engendram processos tornados invisíveis de desigualdade permanente e injustiça social.

- produtor útil = pobre honesto

X inútil social (indigno) honesto classificado) - pobre indigno)  odiado  violência sociedade violento

(32)

Luta por reconhecimento

O autor ao recuperar a Teoria do reconhecimento de Hegel afirma que os conflitos sociais além das desigualdades econômicas tem origem em um conflito moral no seio da sociedade – NO NÃO RECONHECIMENTO DA DIGNIDADE HUMANA DO OUTRO.

- A sociedade brasileira herdeira da tradição escravocrata se reproduz em contexto no qual a desigualdade, a pobreza é naturalizada

- A iniquidade não é reconhecida e a desigualdade social é interpretada através do critério meritocrático

- O pobre desclassificado ocupa um ‘não lugar’ na escala social é remetido a um campo em que não lhe é reconhecida a sua dignidade humanam ou seja  a sua humanidade

- A luta do morador de rua é uma contínua  LUTA POR RECONHECIMENTO DE SUA HUMANIDADE

(33)

Consequências

O não reconhecimento da pessoa em situação de rua como não portadora de

dignidade humana

A naturalização das iniquidades sofridas e a justificação das desigualdades através

de critérios meritocráticos  a tolerância em relação a iniquidade e a

intolerância em relação a Proteção Social

A reprodução de um consenso produzido midiaticamente e ideologicamente de

que o morador de rua é perigoso e deve ser extirpado da sociedade e dos

espaços públicos

favorece a violência institucional  e institucionalização da

PSR

A PSR como drogado

favorece o processo de apropriação por parte da

instituição médica de questões da ordem do social, do político e do econômico

e tratá-las sob um prisma clínico –

drogado delinquente e perigoso e que deve

ser excluído através de internações compulsórias ou extinção física

(necropolíticas)

A ocultação dos determinantes históricos, políticos, econômicos, sociais e

culturais que se encontram na base da reprodução das iniquidades sociais, da

injustiça social e da exclusão social.

(34)

O perigo do viés clínico

interpretar as questões sociais como um problema individual e

clínico e não como um problema social/coletivo

(35)

Perigo é tratar os determinantes sociais da saúde através de ações

CLÍNICAS

Atuando como agentes de saúde: Pode se olhar a vulnerabilidade

social sob um prisma clínico?

Pode se considerar que o fato de pessoas estarem em estado de

pobreza extrema e morando nas ruas como um problema clínico/

médico?

Atualmente assiste-se a processo de

institucionalização/manicomialização de pessoas em situação de

rua que fazem uso de substâncias psicoativas

O tratamento de questões sociais sob a perspectiva médica não é

novidade –

tem a função de ocultar os verdadeiros determinantes

(econômicos, políticos, sociais, culturais e históricos), ou seja,

encobrir que o fenômeno não é natural e são imputados por

outros agentes humanos e, portanto, constitui

INJUSTIÇA

SOCIAL

(36)

Psiquiatrização da Pobreza

 Exemplo: O Discurso recorrente de que a pobreza e pessoas que vão para as ruas é devido

exclusivamente ao uso de álcool e outras drogas - Representações sociais disseminadas a partir de pré-concepções formuladas através de um senso comum produzido midiaticamente e sob influência de determinados interesses ideológicos, os quais têm interesse em não levar em

consideração fatores e aspectos profundos enraizados na cultura e história da formação social da sociedade brasileira.

Psiquiatrização da pobreza - Apropriação por parte da instituição médica de

questões da ordem do social, do político e do econômico e tratá-las sob um prisma clínico

 Não leva em consideração fatores e aspectos profundos enraizados na cultura e história da

formação social da sociedade brasileira.

 Atrelando a imensa problemática da pobreza dessa população à dependência química a reduz

como um problema apenas clínico,a problemática legitima-se como sendo passível de

institucionalização  justificando o sequestro pelo Estado dos moradores de rua para confiná-los em estabelecimentos de saúde hospitalares, com base em tratamentos compulsórios.

(37)

O discurso ideológico internalizado pelas PSR

Processo pelo qual a incidência da pobreza é representada pelo

mecanismo da aceitação como fenômeno natural, tanto ao nível

da sociedade, como do próprio excluído

Internalização das representações sociais dominantes pelo excluído

de que a existência de pobres é natural e decorrente de

incompetências individuais.

O discurso institucional - “Nada há que se fazer”, “ele é assim

mesmo”, “ele gosta de morar na rua”, “eles não querem sair, eles

querem ficar lá” (social)/ “é por causa da pinga né”, “não tem mais

jeito, só a morte”, “a gente não consegue largar a pinga/droga”.

Internalizando esse discurso é que o excluído consegue um tipo de

“inclusão” na atenção e cuidado nos serviços de saúde/saúde

mental e socioassistenciais. Assimilam um estigma

(38)
(39)

TAREFA - a construção de saberes e

práticas psicossociais às populações

em situação de vulnerabilidade

Necessidade de

Estudos que possam delinear o impacto dos DSS da Saúde Mental

Formulação de estratégias de enfrentamento às iniquidades sociais

para promoção de Saúde Mental

Descentralizar a atenção da atuação superclínica em Saúde Mental

Articulação no campo da Reabilitação Psicossocial dos estudos

sobre os DSS e inclusão dos indicadores de privação social e

(40)

O desafio da atenção psicossocial e os DSS

Políticas públicas voltadas para a cidadania plena não regulada

Corrigir as injustiças com base na equidade significa: reconhecer,

discutir, avaliar e deliberar sobre necessidades prioritárias  tarefa da

sociedade civil

Co-gestão pública – com participação direta dos cidadãos nas

deliberações de Estado e na governança política.

Articulação de áreas do conhecimento e práticas sociais  políticas

Intersetoriais com vistas a erradicação da pobreza e qualificação da vida

humana e coletiva em princípios democráticos e solidários.

Superar as políticas de transferência de renda modos de

enfrentamento que transformem qualitativamente os sujeitos e as

populações - acesso à educação de qualidade e ao mercado de trabalho,

para que as famílias consigam acessar os sistemas produtivos

Atenção primária intersetorial às famílias pelos setores da saúde,

(41)

Ação política sobre as iniquidades em saúde a

partir dos DSS

Três abordagens gerais para reduzir as desigualdades na saúde

podem ser identificadas:

(1) programas específicos para populações

desfavorecidas;

(2) fechar lacunas de saúde entre os grupos em situação

mais desfavorecida e os mais desfavorecidos;

(3) abordando o gradiente social de saúde em toda a

população como guia das ações políticas.

Uma abordagem consistente baseada em EQUIDADE

sobre os DSS deve, em última análise, liderar as ações

que são complementares

(42)

Fonte: Solar O, Irwin A. A conceptual framework for action on the social determinants of health. Social Determinants of Health DiscussionPaper 2 (Policy and Practice).

(43)

Referências

Buss PM, Pellegrini-Filho, A. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva,

Rio de Janeiro, 17(1):77-93, 2007.

Segura Del Pozo J. Desigualdades Sociales en Salud:

conceptos, estudios e intervenciones (1980-2010). Bogotá :

Universidad Nacional de Colombia. Doctorado

Interfacultades en Salud Pública, 2013.

Solar O, Irwin A. A conceptual framework for action on the

social determinants of health. Social Determinants of Health

Discussion. Paper 2 (Policy and Practice).

(44)

Obrigada

Referências

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