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O PERFIL DO CONTROLLER SOB A ÓTICA DO MERCADO DE TRABALHO NACIONAL

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O PERFIL DO CONTROLLER SOB A ÓTICA DO MERCADO DE TRABALHO NACIONAL

Rogério João Lunkes

Doutor em Engenharia da Produção

Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Endereço: UFSC, Campus Universitário – Centro Sócio Econômico – Trindade, CEP 88040-970, Florianópolis, SC,

Brasil. E-mail: lunkes@cse.ufsc.br

Altair Borgert

Doutor em Engenharia da Produção

Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Endereço: UFSC, Campus Universitário – Centro Sócio Econômico – Trindade, CEP 88040-970, Florianópolis,

SC,Brasil. E-mail: borgert@cse.ufsc.br

Leila Chaves Cunha

Mestranda em Contabilidade

Professora do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI). Endereço: Rua Dr. Gemballa, 13 – Centro, CEP 89160-000, Rio do Sul, SC

Brasil. E-mail: leila@unidavi.edu.br

Mara Juliana Ferrari

Mestranda em Contabilidade

Professora do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI). Endereço: Rua Dr. Guilherme, 13 – Centro, CEP 89160-000, Rio do Sul, SC

Brasil. E-mail: mara@rossa.com.br

RESUMO

As funções dos profissionais, de forma geral, vão se definindo ao longo do tempo. No entanto, não há definição clara das funções desenvolvidas pelo controller nas organizações. Neste contexto, o objetivo da presente pesquisa é o de identificar quais funções e atribuições do controller vem sendo solicitadas pelas empresas que recrutam estes profissionais no mercado de trabalho. Para tanto, será realizada pesquisa documental nos anúncios de empresas de recrutamento e seleção, divulgados no informe publicitário denominado Painel Executivo da Revista Exame. O levantamento dos dados refere-se aos últimos cinco anos. O resultado da pesquisa demonstra que, quanto às funções solicitadas destacam-se o gerenciamento da contabilidade, o controle fiscal e tributário, o planejamento estratégico e os relatórios gerenciais. Quanto às competências, as que mais se destacam são visão global de mercado, dinamismo, liderança e proatividade. A solicitação por profissionais com formação acadêmica em contabilidade vem diminuindo nos últimos anos. O domínio de uma segunda língua é outra exigência fundamental. O perfil requisitado do controller é de um profissional capaz de gerir as informações das organizações, e, além disso, que se destaque tanto pelos conhecimentos técnicos, quanto interpessoais.

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1 INTRODUÇÃO

O mundo do trabalho sempre esteve ligado às transformações da sociedade. Segundo Oliveira (2003), a história do trabalho começa quando o homem buscou os meios de satisfazer suas necessidades. Na medida em que a satisfação é alcançada, surgem novas necessidades e criam-se novas relações sociais que ampliam as modalidades de trabalho. Com a criação de novas relações se desenvolve também a lei da oferta e da procura de mão-de-obra. As organizações procuram profissionais que preencham seus quadros funcionais, com as competências e habilidades necessárias à gestão do negócio.

As transformações sociais, tecnológicas, políticas e econômicas, das últimas décadas tem gerado profundas mudanças no mercado de trabalho tornando o ambiente empresarial cada vez mais competitivo. Com o objetivo de manterem-se competitivas, as organizações precisam de informações úteis no processo de gestão, para tanto, buscam profissionais capacitados, preparados, aplicados e adaptados às novas expectativas.

Segundo Souza (2003), a informação passou a ter maior relevância, sendo considerada, no aspecto gerencial, um fator de sucesso. Kanaane (1999) corrobora com a idéia de que uma organização reúne fatores estruturais, que identificam as relações de poder e autoridade nos respectivos níveis hierárquicos, e fatores dinâmicos, que se relacionam ao funcionamento dos subsistemas e ao processamento de informações. Neste aspecto, as organizações buscam profissionais que auxiliam no registro, processamento e disseminação das informações, além de sua utilização na tomada de decisão no nível estratégico, tático e operacional.

Neste contexto, a Contabilidade como ciência que estuda as variações patrimoniais das entidades, tem a finalidade de fornecer informações para a tomada de decisões. Segundo Hendriksen e Van Breda (1999), a Contabilidade passa a ser um processo de comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão, tanto pela área gerencial como por aqueles que necessitam dos seus relatórios. Sendo assim, a busca por atender a estes requisitos é constante pelos profissionais, ou seja, atender as necessidades das organizações no que diz respeito à melhoria da gestão.

Com o aumento da complexidade das empresas, novas estruturas foram criadas e também a busca por profissionais que reúnam outras competências e formação. Neste contexto de desenvolvimento profissional e contábil, a controladoria procura atender necessidades específicas das organizações, com o intuito de torná-las mais competitivas.

Segundo Beuren (2000, p.60), é função da controladoria dar suporte informacional em todas as etapas do processo de gestão, com o objetivo de garantir os interesses da organização. Assim, como as organizações tornam-se mais complexas e competitivas, necessitam de profissionais que desenvolvam funções mais específicas e com maior qualificação. Esses profissionais, no desenvolvimento de suas funções, acabam por adquirir novas atribuições e competências, tornando-se mais requisitados no mercado de trabalho.

No Brasil, o profissional que desempenha funções relacionadas à controladoria é denominado controller. Para Lunkes e Schnorrenberger (2009), o controller é um profissional que pode exercer diferentes atividades dependendo da organização. Levando em consideração a dificuldade de fazer afirmações precisas sobre as funções e competências básicas do

controller e, buscando dar uma resposta a esta questão surge a seguinte pergunta de pesquisa:

quais são as funções e competências requisitadas desse profissional pelo mercado de trabalho? Neste sentido, o estudo busca identificar o perfil do controller que vem sendo solicitado pelas empresas que recrutam estes profissionais no mercado. Para tanto, será realizada pesquisa documental nos anúncios da empresas de recrutamento e seleção, divulgados no Painel Executivo da Revista Exame.

A presente pesquisa se justifica por contribuir com a identificação do perfil do profissional da controladoria, o controller, exigida pelo mercado brasileiro.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa caracteriza-se por ser descritiva, pois descreve as características da função do controller requeridas nos anúncios de recrutamento da Revista Exame. É de cunho quanti-qualitativo por procurar identificar o perfil do controller exigido pelas organizações nos últimos cinco anos, bem como, as mudanças de perfil ocorridas nesse período. Segundo Richardson (1999, p.79), “O aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente até mesmo nas informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos, não perdendo seu caráter qualitativo quando são transformados em dados quantificáveis.”

Também sob o aspecto metodológico, Horváth (2006) defendem que, para conhecer o estado e o desenvolvimento da controladoria na prática é necessário estudar quatro instrumentos básicos, que são: órgãos de representação “oficiais” e/ou associações, relatórios sobre estudos empíricos e específicos de atividades, relacionados á organização e desenvolvimento, publicações sobre soluções “típicas” ou “dignas de imitação” oriundas da práxis e, manuais e/ou obras de referência em controladoria.

Na presente pesquisa são aplicados os métodos sugeridos pelos autores para o “conhecimento do estado” do controller no mercado de trabalho, da seguinte forma: quanto aos órgãos de representação oficiais, pesquisou-se as referências feitas ao controller apresentadas pela International Federation of Accounting (IFAC), Ministério do Trabalho e Emprego, Conselhos Federais de Contabilidade, Economia e Administração e Associação dos Engenheiros de Produção; para a pesquisa em obras de referência, utilizou-se bibliografias que tratam sobre a controladoria e o papel do controller; para a busca de resultados em estudos empíricos foram observados resultados de pesquisas publicados em artigos por outros autores, e será apresentado juntamente com os resultados da pesquisa que foi aplicada para o desenvolvimento deste trabalho; para verificar a práxis foi realizada pesquisa desenvolvida por meio de análise documental no informe publicitário, denominado Painel Executivo da Revista Exame.

Quanto à pesquisa realizada na revista Exame, primeiro ocorreu a identificação do material e posteriormente a separação das edições que continham anúncios de recrutando de profissionais da área de controladoria. Os dados foram organizados de modo que evidenciasse os seguintes critérios: identificação das funções do controller, que seriam desenvolvidas nas organizações; competências, que são os atributos pessoais do candidato; idioma, como segunda ou terceira língua; formação acadêmica, que foram considerados os cursos graduação e pós-graduação e tempo de experiência na área. Os referidos critérios foram organizados nas tabelas à medida que são identificados nos anúncios da Revista Exame.

A Revista Exame é publicada quinzenalmente e em todas as edições são editados anúncios de recrutamento. Foram analisadas 120 revistas, no período de julho de 2004 a junho de 2009. Destaca-se que no ano de 2004 não foram encontrados anúncios de recrutamento de profissional da área da controladoria, e no período de janeiro a junho de 2009, apenas um anúncio foi identificado. Deste universo, foram encontrados 76 anúncios de recrutamento de profissionais da área de controladoria.

Os dados foram tabulados utilizando as planilhas do programa excel, onde foram elencados os termos e realizada a contagem para identificar quantas vezes esses termos se apresentam para caracterizar o perfil do profissional controller. Os dados são apresentados em tabelas, formatadas para demonstrar o número de solicitações para cada item pesquisado, por ano. São considerados os valores absolutos e relativos como forma de facilitar a análise. A relatividade se dá entre o valor encontrado para cada opção e valor total das opções, num determinado ano.

Os setenta e seis anúncios encontrados foram distribuídos de maneira não uniforme, no decorrer dos cinco anos, como, evidenciado na tabela 1.

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Anos Número de anúncios 2004 0 2005 5 2006 23 2007 29 2008 18 2009 1 Totais 76

Fonte: Revista Exame (2004 a 2009). Quadro 1: Número de anúncios por ano

O período de realização da pesquisa foi de julho/2004 a junho/2009, logo, no ano de 2004 foram considerados sete meses, nos quais não houve publicação de anúncios. Em 2005, registram-se apenas cinco anúncios. Os anos de 2006 e 2007 são os anos que apresentam maior número de anúncios, 23 e 29, respectivamente. No ano de 2008 ocorre uma diminuição (18 anúncios), e nos seis meses de 2009, houve apenas um anúncio neste período.

O fato da diminuição de recrutamento nos anos de 2008 e 2009 pode estar atrelado à crise no setor financeiro, que, de certa forma, leva as organizações a agir com maior cautela, evitando novas contratações.

3. CONTROLADORIA

Assim como as demais profissões, a contabilidade também desenvolve suas atividades para atender as necessidades das organizações no que diz respeito à melhoria da gestão. Segundo Catelli (2001), a contabilidade, como ciência, possui uma base conceitual rica, mas não é suficiente para prover os gestores de informações úteis ao gerenciamento. Como a contabilidade tradicional não é suficiente para atender a certas especificidades, é natural que surjam segmentos de atividades voltadas a melhorar a qualidade da gestão nas organizações.

Para suprir esta lacuna nas organizações surge a controladoria, que, conforme Catelli (2001), é uma evolução da contabilidade tradicional e atua nas organizações que são definidas como sistemas abertos interagindo com outros sistemas num dado ambiente.

Já, Lunkes e Schnorrenberger (2009) apontam como resultado de suas pesquisas, que a controladoria é tão antiga quanto à própria contabilidade, pois, os primeiros registros do uso do controle ocorrem no antigo Egito, onde o tesoureiro do faraó é responsável pela verificação dos estoques de cereais.

3.1 Atribuições da controladoria

De forma ampla, as atribuições da controladoria estão relacionadas, segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2007), ao planejamento de médio e longo prazo de organizações com ou sem finalidades lucrativas. E essas atribuições são a de prover o gestor de informações capazes de assegurar o processo de gestão.

Lunkes e Schnorrenberger (2009) detalhando como a controladoria pode atuar nos sistemas vitais das organizações, estabelecem que os pressupostos básicos necessários para tal, são: a coordenação, planejamento e controle; as relações das informações, que devem ser compreendidas em dimensão sistêmica; a relação humana que deve ser considerada e a cobrança dos resultados deve estar atrelada aos instrumentos utilizados no seu alcance. Os autores definem os sistemas de gestão como sendo:

• Planejamento: que é a definição de objetivos da organização norteadores de suas ações. Uma das funções da controladoria é a de harmonizar o conjunto de objetivos do planejamento de uma organização;

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• Controle: para que os resultados sejam alcançados é necessário e fundamental que as ações sejam acompanhadas pela controladoria, que auxilia os gestores provendo-o de informações a respeito do desempenho e comportamento das ações. Além disso, pode sugerir medidas corretivas baseadas em erros e acertos ocorridos;

• Sistema de informação: responsável pelo registro, processamento dos dados e posterior disseminação das informações. A controladoria pode atuar na coordenação dos sistemas de gestão, no direcionamento dos objetivos determinados no planejamento e na adequação e inovação dos sistemas.

• Gestão de pessoal: abrange o conjunto dos recursos humanos da organização e, juntamente com os demais sistemas, operacionaliza as atividades empresariais na busca de seus objetivos. A controladoria pode atuar nos princípios e estilos de gestão, na motivação e incentivo, e no aperfeiçoamento dos colaboradores;

• Organizacional: é a forma de organizar e dispor os componentes da organização, agrupando as atividades que operacionalizam as funções de planejamento, controle e sistema de informações. Cabe à controladoria a função de coordenar esses subsistemas, devendo sempre prevalecer os interesses do sistema maior, que é a organização como um todo.

A controladoria atua na harmonização e na interligação dos sistemas, proporcionando ao gestor uma visão clara de todos os níveis da organização, desde o planejamento até a execução. Além disso, a controladoria facilita a comunicação entre os sistemas.

Catelli (2001) entende que a controladoria deve ser vista como um órgão administrativo que responde por todo o processo relacionado ao sistema de informação da organização, e não deve ser vista como um método, voltada a como fazer

São muitas as atribuições da controladoria, logo, o profissional que atua nesta área deve possuir um perfil profissional e pessoal desenvolvido e dotado de qualidades específicas.

3.2 O controller

O profissional que desenvolve as funções relacionadas à controladoria hoje é denominado, no Brasil, controller. No entanto, ao longo do tempo e nos diversos países, esta função teve várias atribuições diferentes, e o próprio termo sofreu alterações no decorrer da história.

3.2.1 Evolução etimológica

O termo controller, segundo Crow (2007), tem origem do latim medieval, que era utilizado para a função de controle da movimentação dos recursos. A figura 1 demonstra a trajetória etimológica do termo no decorrer da história.

CONTRA ROLATUS Latim medieval

2000 a.C ↓

COUNTROLLOUR Corte inglesa

Século XV ↓

COUNTROLLER Responsável pelas contas na repartição

Lord Chamberlain - Inglaterra ↓

COMPTROLLER Adaptada da terminologia compt

(contar) do Frances – século XVI Figura 1 Evolução etimológica do termo controller

Fonte: Lunkes e Schnorrenberger (2009) adaptado pelos autores

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De acordo com Tung (1993), a palavra controller não existe no vocabulário brasileiro e foi inserida à linguagem administrativa recentemente. É definido pelo autor como sendo o executivo financeiro de organizações de grande e médio porte.

3.2.2 Funções do Controller de acordo com referências teóricas

À medida que as profissões se desenvolvem, as funções dos profissionais que atuam nas respectivas áreas vão se definindo ao longo do tempo. Apesar disso, Oliveira, Perez Jr. e Silva (2007) destacam que não há, ainda, nitidez na definição das funções do controller e da controladoria. Mas os mesmos autores entendem por controller um dos principais executivos das organizações responsáveis pela gestão do sistema de informação.

Nakagawa (1993) corrobora com a ideia de que o controller é responsável pelo sistema de informação, pois dele depende o projeto, a implementação e a manutenção desse sistema que capacita os gestores a planejarem, executarem e controlarem adequadamente as atividades das organizações. Já, Kanitz (1977), enfatiza que o controlador pode ter diversas funções, mas isso depende das dimensões e da filosofia que orienta seus dirigentes. O mesmo autor define que a função básica do controlador consiste em dirigir e em grande parte implantar os sistemas de: informação, motivação, coordenação, avaliação, planejamento e acompanhamento.

Convém destacar que Lunkes e Schnorrenberger (2009), salientam que com o passar do tempo a função do controller deixou de ser apenas contábil com ênfase em controles e passou a ser multidisciplinar, envolvendo conhecimentos relacionados a outras áreas como administração, economia, estatística e psicologia. Os autores citam Horváth (2006) quando defende que usar controle e controladoria como sinônimos é impensável.

Mosimann e Fisch (1999) comentam que, em virtude do porte e crescimento da empresa, a função do controller não se configura formalmente, mas como a empresa vai crescendo há a necessidade de um responsável pelo exercício da função financeira e a partir desta descentralização das atividades surge o cargo do controller. Assim definem que o

controller é um gestor que ocupa um cargo na estrutura de linha porque toma decisões quanto

à aceitação de planos, sob o ponto de vista da gestão econômica. Segundo os autores, os

controllers encontram-se no mesmo nível dos demais gestores, na linha da diretoria ou da

cúpula administrativa, embora também desempenhem funções de assessoria para as demais áreas.

Para Frezatti et.al. (2009), o controller é o profissional que, por possuir informações monetárias, físicas e operacionais, geralmente tem condições de visualizar a empresa (sistema) e os departamentos (subsistemas), podendo assim, compreender as inter-relações entre as partes. Ainda, segundo o mesmo autor, o controller deve possuir conhecimento de gestão para que possa participar do planejamento e gestão da instituição.

O que se observa na literatura é que a função de controller é de grande responsabilidade nas organizações pelo nível de funções elencadas. Por outro lado, não há uma padronização destas funções, mesmo porque as organizações vão se adaptando, e devido à complexidade dos processos e a alta competitividade, buscam profissionais com capacidade de adquirir novas competências em um processo contínuo de aprendizagem.

3.2.3 O controller sob a ótica dos órgãos de representação oficiais

Na tentativa de identificar como os órgãos de representação oficiais definem a função de controller, realizou-se pesquisas em órgão como: International Federation of Accounting (IFAC), Ministério do Trabalho e Emprego, Conselhos Federais de Contabilidade, Administração e Economia e Associação Brasileira de Engenharia de Produção.

Calijuri (2004) cita que a International Federation of Accounting (IFAC) define o

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relata informações (tanto financeiras como operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos.

O Ministério do Trabalho e Emprego, com a finalidade de uniformizar e identificar as ocupações no mercado de trabalho para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares, instituiu através da Portaria Ministerial No. 397 de 09 de outubro de 2002, a Classificação Brasileira de Ocupações. Esta portaria prevê que a função de controller está inserida na CBO como sinônimo da ocupação contador, e pela estrutura apresentada é designada como família das demais funções inerentes à profissão.

Cabe salientar que os efeitos de uniformização pretendida pela Classificação Brasileira de Ocupações, conforme informação do Ministério do Trabalho e Emprego, são de ordem administrativa e não se estendem às relações de trabalho.

Quanto à regulamentação das profissões, estas são realizadas por meio de lei federal, pelos órgãos de classe que representam cada profissão, definindo as prerrogativas profissionais. O Conselho Federal de Contabilidade criado pela Lei N.° 9.295/46 instituiu a resolução CFC N.° 560/83, que em seu artigo 2º prevê a função de controller como prerrogativa da profissão contábil. Contudo, não há descrição desta função.

O Conselho Federal de Administração define as atribuições da profissão de administrador fundamentadas na Lei No. 4.769/65, Art. 2º e Decreto 61.934/67, Art. 3º. Analisando os referidos textos, verificas-se que não há evidenciação da função controller. Já o Conselho Federal de Economia, que fundamenta as atribuições do economista no Decreto 31.794/52, Art. 3° e suas Resoluções, também descreve como prerrogativas da profissão a função de controller.

Da mesma forma, a Associação Brasileira de Engenharia de Produção, quando relaciona as habilidades e competências do engenheiro de produção não menciona funções de

controller.

Assim sendo, os órgãos oficiais da área contábil destacam que a função do controller é prerrogativa da profissão, enquanto que os demais órgãos pesquisados não se referem a esta função como sendo de competência de seus profissionais.

3.2.4 Competências do controller de acordo com as referências teóricas

De modo geral, a literatura apresenta diversas definições de competência, no entanto, neste trabalho, será considerada a definição do termo de Perrenoud (2000, p.19) quando diz que competência “é a aptidão para enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de forma correta, rápida, pertinente e criativa, múltiplos recursos.”

Deste modo, as competências do controller, que Frezatti et.al. (2009), tratam como perfil pessoal, é o de um profissional que deva ter bom raciocínio lógico, alto nível de energia, maturidade, que seja perspicaz e dinâmico e, que tenha iniciativa e postura proativa. Além disso, ter espírito de liderança, ser capaz de motivar seus subordinados, gostar de trabalhar em equipe, saber comunicar-se, tanto oralmente, como por escrito, atualizar-se constantemente, não somente com o que ocorre na organização, mas também no mundo.

Tung (1980) identifica algumas características do controller, que são a de ter capacidade de prever os problemas que poderão surgir, ter uma visão proativa e preocupada com o futuro, insistir na análise e estudo de determinados problemas, sempre que possível assumir a posição de conselheiro, ser imparcial e justo em suas críticas e comentários, ter capacidade de “vender” suas idéias, e de compreender que suas contribuições para outras áreas sofrem limitações.

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A tabela 2 tem por objetivo identificar as funções solicitadas pelos anúncios nos últimos cinco anos, analisando-se os números absolutos e relativos, que são identificados nas tabelas por “A” – para indicar os valores absolutos e “R”- para indicar os valores relativos. A evidenciação somente dos valores absolutos poderia distorcer a análise, já que o número de anúncios não é constante no decorrer do tempo.

Tabela 2: Funções do controller

2005 2006 2007 2008 2009

Valores Valores Valores Valores Valores

Funções / anos A R A R A R A R A R Totais por funções Gerenciamento da contabilidade - - 16 19% 27 24% 10 16% - - 53 Orçamento 2 8% 10 12% 11 10% 2 3% 1 17% 26 Controle fiscal/tributário 4 17% 7 8% 15 13% 8 13% 1 17% 35 Planejamento estratégico 2 8% 7 8% 12 11% 3 5% - - 24 Relatórios gerenciais 4 17% 14 17% 24 21% 11 18% - - 53 Coordenação Contabilidade 2 8% - - - 2 Acompanhamento de projetos 1 4% 9 11% 1 1% 1 2% 1 17% 13 Gerenciamento da tesouraria 2 8% 10 12% 12 11% 11 18% 1 17% 36 Suporte de vendas/compras 4 17% 8 10% 3 3% 2 3% - - 17 Controle de rotinas 3 13% - - 2 2% 0 0% - - 5 Analise de Lucratividade - - 2 2% - - 2 3% - - 4 Auditoria externa - - - - 6 5% 4 6% - 10 Controle de custos - - - 2 3% 1 17% 3

Interface com áreas operacionais - - - 1 2% 1 17% 2

Processos Administrativos - - - 5 8% - - 5

Totais 24 100% 83 100% 113 100% 62 100% 6 100%

Fonte: Dados da pesquisa

Considerando que os anos de 2005 e 2009 apresentam número reduzido de anúncios, o que se percebe é que as funções de gerenciamento da contabilidade, controle fiscal e tributário, planejamento estratégico, relatórios gerenciais e gerenciamento da tesouraria foram praticamente uniformes com o passar do tempo, pois apresentam, relativamente ao total das opções, poucas variações. Já as opções suporte de vendas/compra, e controle de rotinas apresentam considerável diminuição nas opções. Em 2005, o suporte de vendas/compras apresenta 17% das opções e em 2008, apenas com 3%. O controle de rotinas, em 2004 participa com 13% nas opções, e em 2008 e 2009 não se evidencia esta função. Outro fator que merece registro são as funções de controle de custos, interface com áreas operacionais e processos administrativos que são solicitadas apenas nos anos de 2008 e 2009.

Além de verificar a evolução das funções no decorrer dos anos, pode-se observar as funções, que durante esses cinco anos foram as mais solicitadas, as quais se destacam: em primeiro lugar, o gerenciamento da contabilidade e os relatórios gerenciais, ambas com 53 solicitações; em seguida, as funções e gerenciamento da tesouraria (36), controle fiscal/tributário (35), Orçamento (26) e Planejamento estratégico (24).

Com o objetivo de verificar a consonância, ou não, do resultado apresentado com outras pesquisas, a seguir são evidenciados esses resultados, considerando que as pesquisas possuem características diferentes, como local da aplicação, data de realização, fonte e formatação da pesquisa.

Assim sendo, a primeira pesquisa apresentada é a de Calijuri (2004), que foi realizada junto aos associados da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, que foi levada a termo nos meses de fevereiro e março de 2004 e identifica que dentre as funções

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listadas, 96,6% dos controllers desempenham a função de controle de custos e coordenação dos fechamentos contábeis; seguida pela função de elaboração de relatórios gerenciais locais (93,1%), planejamento e controle orçamentário (89,7%), planejamento tributário e sistemas gerenciais (82,8%). A mesma pesquisadora, com a finalidade de analisar as exigências do mercado para a contratação de controllers, realiza pesquisa na internet coletando anúncios de vagas para controllers divulgados por uma empresa de colocação de executivos. A pesquisa apresenta o seguinte resultado: a função de gerenciamento contábil a ser desempenhada pelo

controller está citada em 88,2% dos anúncios. Em 58,8% dos anúncios consta a elaboração de

relatórios gerenciais. Gerenciar a área fiscal e a fechamento contábil em US GAAP foram citadas em 47,1% dos anúncios, bem como gerenciar a área de tesouraria (41,1%). Gerenciar a área de custos é função a ser desempenhada em (33,5%)

Lunkes e Schnorrenberger (2009) em pesquisa realizada em trabalhos empíricos dos EUA, Alemanha e Brasil, destacam que no Brasil, nos anos de 2005 e 2006 os resultados constatam que 100% das pesquisas analisadas julgam que o planejamento é a função mais importante da controladoria, com relação à função de controle, elaboração e interpretação de relatórios, contábil e controles internos, todos apresentam o resultado de 75%. Em seguida funções relacionadas a impostos, com 50%.

Daniel, Dal Vesco e Tarifa (2006) em pesquisa realizada em 60 cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná, com questionário enviado para os responsáveis pela controladoria dessas entidades, com a finalidade de identificar o perfil do controller contatam que, quanto à função desempenhada, 20 dos controllers pesquisados desempenhavam a função de gestão de custos, seguido da função de planejamento e controle orçamentário (19), elaboração de relatórios gerenciais (18), coordenação de fechamentos contábeis mensais (17) e planejamento tributário com 10 respostas.

Em pesquisa realizada em três sites especializados de recrutamento e seleção de recursos humanos, nos meses de agosto e setembro de 2006, Oro et.al. (2006) pesquisam o perfil de competências, sob a ótica do mercado de trabalho brasileiro, para o profissional da controladoria nos níveis operacional, gerencial e estratégico. Considerando os resultados dos três níveis, evidencia-se que a função que se destaca é análise empresarial com 120 das solicitações pesquisadas, em seguida, contabilidade gerencial e custos empresariais, ambos com 89. Logo em seguida, orçamento e planejamento empresarial, com 80 e 79 solicitações, respectivamente.

O Quadro 2 facilita a visualização da relação entre as pesquisas, sendo que as funções estão em ordem decrescente, das mais evidenciadas para as menos evidenciadas nas pesquisas, e os pesquisadores listados de acordo com a data da realização da pesquisa, em ordem crescente: Calijuri (2004) Pesquisa 1 Calijuri (2004) Pesquisa 2 Lunkes e Schnorrenberger (2009)

Daniel, Dal Vesco e Tarifa (2006)

Oro et.al.(2006) Lunkes, Chaves, e Ferrari (2010) •Controle de custos

•Coordenação dos fecham. contábeis

Gerenciamento

contábil Planejamento Gestão de custos

Análise empresarial •Gerenciamento da contabilidade •Relatório gerencial Elaboração de relatórios gerenciais locais Elaboração de relatórios gerenciais •Controle •Elaboração e interp. relatórios •Contábil •Controle interno Planejamento e controle orçamentário •Contabilidade gerencial •Custos empresariais Gerenciamento da tesouraria Planejamento e controle orçamentário Gerenciar a área fiscal •Impostos Elaboração de

relatório gerencial Orçamento

Controle fiscal/tributário Planejamento tributário Fechamento

contábil em US

Coordenação de fecham. Contábeis

Planejamento

empresarial Orçamento Sistemas gerenciais Gerenciar a área

de tesouraria Planejamento tributário Gerenciar a área de custos Planejamento estratégico Fonte: Dados da pesquisa

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Quadro 2 Funções do controller baseadas em pesquisas empíricas

Conforme demonstrado no Quadro 2, em todas as pesquisas evidencia-se funções relacionadas à área contábil e a maioria delas em primeiro e segundo lugares. Com relação às funções relacionadas a relatórios gerenciais, planejamento e a área tributária, evidencia-se que há solicitação em 5 pesquisas para ambas as funções. Já, a funções relacionadas a custos e orçamento, aparece em 4 das pesquisas elencadas. A função relacionada à tesouraria é solicitada em apenas 2 das pesquisas.

Ao comparar os resultados das diversas pesquisas com o previsto nas referências teóricas percebe-se que a literatura apresenta as funções de forma mais ampla, mas pode-se evidenciar que a maioria delas está inserida naquilo que os autores destacam como sendo a função do controller, como Nakagawa (1993), quando prevê que o controller seja responsável pelo sistema de informação, que capacita os gestores a planejarem, executarem e controlarem adequadamente as atividades das organizações e Kanitz (1977) quando define que a função básica do controlador consiste em dirigir e, em grande, parte implantar os sistemas de informação, motivação, coordenação, avaliação, planejamento e acompanhamento.

Lunkes e Schnorrenberger (2009) confirmam que com o passar do tempo a função do

controller deixou de ser apenas contábil com ênfase em controles e passou a ser

multidisciplinar, envolvendo conhecimentos relacionados a outras áreas como administração, economia, estatística e psicologia.

Também Frezatti et.al. (2009) confirmam que o controller é o profissional que geralmente tem condições de visualizar a empresa e os departamentos, podendo assim, compreender as inter-relações entre as partes e possuir conhecimento de gestão.

As pesquisas realizadas por outros autores evidenciam dados do período de 2004 a 2006, não permitindo assim comparar os resultados, em termos de evolução das funções, com a pesquisa realizada para a elaboração deste trabalho. No entanto, algumas evidências são claras: as funções do controller são muitas, o que vai determinar a aplicação de cada uma delas será a filosofia organizacional da entidade; as funções requeridas modificam-se com o passar do tempo, exceto por algumas que se mantêm inalteradas; a função exige conhecimento de muitas das áreas de uma organização, sem perder de vista o todo, para interligar as partes.

A tabela 3 identifica as competências que o mercado busca no perfil do profissional da controladoria, além daquelas atribuídas à própria função do controller.

Tabela 3: Competências solicitadas

2005 2006 2007 2008 2009

Valores Valores Valores Valores Valores

Competências / anos

A R A R A R A R A R

Totais por Competência

Visão global do mercado 8 28% 11 22% 17 22% 8 26% - - 44

Dinamismo 7 24% 9 18% 10 13% 7 23% 1 33% 34 Liderança 5 17% 7 14% 18 23% 5 16% 1 33% 36 Habilidades Interpessoais 3 10% - - - - 3 10% 1 33% 7 Conhecimentos IFRS/ERP 2 7% 4 8% 6 8% 2 6% - - 14 Budget e Forecast 0 0% 5 10% 8 10% - - - - 13 Proatividade 5 17% 6 12% 12 15% 5 16% - - 28

Auditorias Big Four 1 3% 4 8% 5 6% 1 3% - - 11

Senso crítico - - 2 4% 1 1% - - - - 3

Conhecimentos SAP E Hyperion - - 2 4% 1 1% - - - - 3

Totais 31 107% 50 100% 78 100% 31 100% 3 100%

(11)

As competências que mais se destacam são: visão global de mercado, dinamismo, liderança e proatividade. Essas competências apresentam valores relativos constantes, considerando o total de opções em cada ano. O conhecimento em IFRS/ERP, auditoria big

four, apesar de não se apresentarem de forma tão enfática, também são constantes no decorrer

do tempo. No decorrer dos cinco anos pode-se identificar que as competências com maior número de solicitações são: visão global do mercado (44), dinamismo (34) e liderança (36).

Pode-se concluir que essas competências foram, e são, vistas pelos empresários como as de maior importância e, esta não mudou com o passar dos anos.

Analisando as pesquisas mencionadas no item anterior, identificou-se aquelas que apresentam questões relacionadas às características que, neste estudo, foram definidas como “competências”, ou seja, aquelas relacionadas ao perfil pessoal, e não somente de desempenho de funções.

Deste modo, um dos trabalhos que considera este aspecto é de Calijuri (2004) em que os resultados demonstram que a liderança, com 27 respostas é a habilidade principal citada pelos controllers, seguida por iniciativa, flexibilidade para mudanças e relacionamento interpessoal, igualmente com 26 respostas, conhecimento de finanças e capacidade de implantação de novas idéias (25); senso crítico (24); facilidade de gestão de conflitos (23).

Daniel, Dal Vesco e Tarifa (2006) identificam em sua pesquisa a liderança como a habilidade citada por 21 controllers como a mais importante, seguida por iniciativa e flexibilidade, ambas com 18 respostas. A facilidade de relacionamento interpessoal e capacidade de implantação de novas idéias, com 17 citações, cada.

Assim sendo, a liderança é uma das competências mais evidenciadas em todas as pesquisas, seguida de iniciativa, dinamismo e proatividade.

Em muitos aspectos, os resultados encontrados na presente pesquisa, relacionados às competências do controller, estão em consonância com a literatura, que de modo geral, prevê que o controller deva ter características como as que mencionam Frezatti et.al. (2009): alto nível de energia, maturidade, dinamismo, iniciativa e postura proativa, espírito de liderança e; Tung (1980): visão proativa e preocupada com o futuro, ser imparcial e justo em suas críticas e comentários, ter capacidade de “vender” suas idéias.

Para evidenciar a formação acadêmica solicitada nos anúncios foram considerados tanto cursos de graduação, como de MBA e pós-graduação.

Tabela 4: Formação acadêmica

2005 2006 2007 2008 2009

Valores Valores Valores Valores Valores

Formação / anos A R A R A R A R A R Totais por formação Ciências Contábeis 3 43% 18 39% 21 49% 12 29% 1 25% 55 Administração 1 14% 11 24% 9 21% 11 27% 1 25% 33 Economia 1 14% 9 20% 10 23% 11 27% 1 25% 32 Negócios 1 14% - - - - 2 5% - - 3 Engenharia Industrial 1 14% 3 7% 1 2% 5 12% 1 25% 11 MBA/Pós-graduação - - 2 4% 1 2% - - - - 3 Finanças - 3 7% 1 2% 4 7 100% 46 100% 43 100% 41 100% 4 100%

Fonte: Dados da pesquisa

A formação acadêmica do controller que apresenta maior número de solicitações é a de ciências contábeis, apesar de que, considerando os valores relativos, vem diminuindo nos últimos anos. Já administração e economia apresentam um aumento no número de solicitações no decorrer dos anos. Em 2005, apenas 14% dos anúncios se reportam aos cursos de

(12)

administração e economia, enquanto que nos anos de 2008 e 2009 esses valores aumentam para 27% e 25%, respectivamente.

As pesquisas realizadas por outros autores, como Calijuri (2004) em pesquisa realizada com profissionais evidencia que 44,9% dos controllers cursaram Ciências Contábeis; 20,8% cursaram Administração; 17,2% cursaram Administração e Ciências Contábeis; 10,3% cursaram Ciências Econômicas e Contabilidade; 3,4% cursaram Ciências Econômicas e 3,4% cursaram Direito e Ciências Contábeis. A autora ressalta 75% dos

controllers pesquisados têm formação contábil. Ainda em pesquisa da mesma autora em

anúncios de recrutamento demonstra que 52,9% dos anúncios exigem formação em Ciências contábeis para assumir o cargo de controller, no entanto, é relevante observar que o restante dos anúncios (47,1%) não exige o curso de ciências contábeis, podendo o profissional possuir outros cursos correlatos, como administração, economia ou engenharia.

Ao comparar o resultado da pesquisa com as referências que os órgãos oficiais apresentam com relação à função de controller, percebe-se que o Ministério do Trabalho e Emprego entende a função como sinônimo da ocupação contador. Quanto aos Conselhos Federais e Associações Profissionais, o único que cita a função controller, como prerrogativa da profissão, é o Conselho Federal de Contabilidade.

No entanto, o resultado da pesquisa aponta que outras formações acadêmicas vem sendo solicitadas, como administração, economia, engenharia industrial, entre outras. Os resultados apresentados convergem para o que refere Frezatti (2006), quando cita Borinelli (2006), que no Brasil os profissionais controllers que operam nas organizações, são, pela ordem, contadores, administradores, economistas e engenheiros. No entanto, em alguns países da Europa, encontram-se engenheiros economistas atuando na controladoria, tendência observada também no Brasil.

O domínio por uma segunda língua é uma das muitas exigências do perfil do

controller pelas organizações. A tabela 5 identifica quais os idiomas mais requisitados nos

anúncios pesquisados.

Tabela 5: Língua estrangeira

2005 2006 2007 2008 2009

Valores Valores Valores Valores Valores

Língua estrangeira / anos

A R A R A R A R A R Totais por idioma Inglês 5 83% 18 86% 21 95% 15 68% 1 100% 60 Espanhol 1 17% 2 10% 1 5% 4 18% 0 - 8 Italiano 0 - 0 - 0 - 3 14% 0 - 3 Francês 0 - 1 5% 0 - 0 - 0 - 1 Totais 6 100% 21 100% 22 100% 22 100% 1 100%

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando os valores relativos percebe-se que a língua inglesa sempre foi muito requisitada, apesar de que no ano de 2008 houve um aumento nas solicitações pela língua espanhola. O inglês que nos anos de 2005 a 2007 variou entre 83% a 95%, em 2008 baixou para 68%. Além disso, percebe-se que o italiano passou a ser solicitado pelas empresas a partir do ano de 2008. Para esta análise, não considerou-se o ano de 2009 em função de que neste ano apenas um anúncio foi identificado.

A experiência profissional neste campo de atuação é sempre evidenciada por se tratar de uma função que interage com toda a organização e para tanto precisa conhecer todos os processos.

(13)

Tabela 6: Experiência profissional

2005 2006 2007 2008 2009

Valores Valores Valores Valores Valores

Experiência profissional / anos

A R A R A R A R A R

Total por anos de experiência

Ate 5 anos 2 50% 13 72% 16 76% 7 100% 1 100% 39

De 6 a 10 anos 2 50% 5 28% 5 24% 0 - 0 - 12

Totais 4 100% 18 100% 21 100% 7 100% 1 100% 51

Fonte: Dados da pesquisa

A experiência profissional solicitada para o controller nos anos de 2005 a 2007, para o intervalo de 6 a 10 anos, foram, respectivamente, 50%, 28% e 24%, ou seja, foram diminuindo com o passar do tempo. Já, a solicitação por profissionais com tempo de experiência até cinco anos foi aumentando. Em 2005 apresenta o resultado de 50%; em 2006 aumentou para 72%, em 2007, 76%, e nos anos seguintes 100% das solicitações.

5 CONCLUSÃO

A elaboração da presente pesquisa permitiu identificar o perfil do profissional da controladoria, denominado controller, que os gestores buscam para integrar o quadro de colaboradores. Essa identificação ocorreu por meio de levantamento de dados retirados de anúncios editados pela Revista Exame nos últimos cinco anos.

Quanto às funções, as mais requisitadas são: o gerenciamento da contabilidade, o controle fiscal e tributário, o planejamento estratégico e os relatórios gerenciais. Outra observação que se faz é a de que o número de solicitações dessas funções manteve-se constante no decorrer dos cinco anos. As opções suporte de vendas/compra e controle de rotinas apresentam diminuição nas solicitações registradas nos anúncios com o passar do tempo.

No que se às competências, percebe-se que as que mais se destacam são: visão global de mercado, dinamismo, liderança e proatividade. E também essas, apresentam-se de forma constante. O conhecimento em IFRS/ERP é considerado importante, no decorrer do período pesquisado.

Outro aspecto considerado foi à formação acadêmica do controller. A profissão que mais se destaca é a de contador, no entanto, vem diminuindo o número de solicitações nos últimos anos. Já administração e economia apresentam aumento de procura no decorrer do tempo.

O domínio de uma segunda língua é outra exigência quando do recrutamento de profissionais da controladoria, e o que se percebe é que a língua inglesa sempre foi muito requisitada, apesar de que no ano de 2008 houve um aumento nas solicitações pela língua espanhola. Percebe-se que o italiano passou a ser solicitado pelas empresas nos últimos tempos.

A experiência profissional nesta função é quesito de escolha do profissional que deverá conhecer todas as etapas e processos da organização. O que se percebe é que com o passar dos anos diminuiu-se as exigências de anos de experiência, isto porque nos anos de 2005 e 2006, o intervalo de 6 a 10 anos, é relativamente alto comparado com 2008 e 2009, que apresenta maior solicitação de profissionais com até cinco anos de experiência.

Confrontando o resultado desta pesquisa, com relação às funções do controller, com as demais pesquisas apresentadas pode-se evidenciar que funções relacionadas à área contábil são as mais requisitadas, seguidas das funções relacionadas a relatórios gerenciais, planejamento e área tributária.

Quanto às competências, de modo geral, a liderança é uma das características que deve fazer parte do perfil do controller, além de iniciativa, dinamismo e proatividade.

(14)

Apesar de a formação acadêmica do controller ser identificada pelos órgãos oficiais como prerrogativa, basicamente, do contador, e na maioria das pesquisas o contador é o profissional mais solicitado, cabe a registrar que não é função exercida exclusivamente por contadores pois, profissionais com formação em administração, economia e engenharia industrial também são requisitados para exercer tal função.

De forma geral, o controller precisa apresentar em seu currículo conhecimentos voltados à gestão da informação, para que possa subsidiar o gestor no gerenciamento dos negócios da organização. O perfil exigido pelo mercado vai além do conhecimento de procedimentos técnicos, pois o que se espera desse profissional é a capacidade de olhar para o mundo de forma holística, com dinamismo e capacidade de lidar com as pessoas proativamente.

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