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O cortiço. Aluísio Azevedo

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Academic year: 2021

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O cortiço

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Nasceu em São Luís (MA),em 1857, filho do vice-cônsul português e faleceu em Buenos Aires, em 1913.

Foi escritor, pintor desenhista e

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O crítico Valentim Magalhães assinala que Aluísio talvez tenha sido o único escritor

brasileiro a ganhar o pão com seu

trabalho. Mas só o pão, sem manteiga... Destacou-se como caricaturista. Em São Luís, escreve para a imprensa

oposicionista criticando políticos locais, o clero e os conservadores.

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Segundo Alfredo Bosi, Aluísio Azevedo “trata-se de um caso raro e precoce de profissionalização literária.”

Vive mal. Apesar da ampla produção. É

aprovado para cargo diplomático em 1895 e abandona a literatura.

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Principais obras literárias

1880 – Uma lágrima de mulher 1881 – O mulato 1884 – Casa de pensão 1890 – O cortiço

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O naturalismo

Apogeu da revolução industrial do séc. XIX – mudanças radicais no pensamento do homem.

Cientificismo.

Materialismo, oposição ao espiritualismo e exploração de doutrinas

científico-filosóficas, baseadas na ciência, no progresso e na razão.

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Positivismo (Augusto Comte).

Evolucionismo (Charles Darwin).

Determinismo(Taine:meio/momento/raça). Socialismo (Marx).

Influência de Eça de Queirós e Émile Zola (caricaturas, tipos, ausência de drama

moral).

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Características do romance

naturalista de Aluísio Azevedo

Obra heterogênea, com alguns caracteres românticos.

Romance social, dá vida aos

agrupamentos humanos, habitações coletivas onde as personagens vão se degradando.

Capta o comportamento das multidões, suas paixões, costumes, destinos.

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A análise social das personagens

obedece a um pessimismo que julga o homem destinado à dor por ser

degenerado, sem fibra.

Como em toda obra naturalista, o tempo presente é que importa para fazer a

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Temática: as patologias sociais, as taras, os vícios humanos e os impulsos sexuais irreprimíveis.

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Segundo Alfredo Bosi, em O Cortiço, Aluísio atinou com uma fórmula que se ajustava com seu talento, desistindo de

montar um enredo em função de pessoas, atendo-se a cenas coletivas e tipos

psicologicamente primários, que fazem o conjunto do cortiço a personagem mais convincente de nosso romance

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No século XIX, os cortiços eram galpões de madeira habitados por trabalhadores

não-qualificados. Esses galpões eram subdivididos internamente. O proprietário era geralmente português, dono de armazém próximo. Mas havia outros interessados: o Conde D'Eu, marido da princesa Isabel, foi dono de um imenso cortiço, o "Cabeça-de-porco", onde viviam mais de 4 mil pessoas.

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O Cortiço é descrito com ambiente e os

caracteres em toda a sua sujeira, podridão e promiscuidade, com uma intenção

crítica - mostrar a miséria do proletariado urbano - sem esconder a náusea que o narrador sente diante da realidade que revela, mas posicionando-se de maneira solidária junto ao povo do cortiço:

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"Sentia-se naquela fermentação

sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras ...o prazer animal de existir,... E naquela terra, ...naquela umidade quente e lodosa, começou a minhoca a

esfervilhar, a crescer,... uma coisa viva, uma geração que parecia espontânea,... multiplicar-se como larvas no esterco."

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Características

Romance social: o Cortiço, mais do que espaço, pode ser comparado a uma personagem, é

gerador de tudo e feito à imagem de seu proprietário.

Crítica ao capitalismo selvagem: tema da

ambição e exploração do homem pelo próprio homem.

Inovação: o proletariado passa a ser retratado na literatura.

Exploradores (João Romão, Miranda) X

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João Romão aspira à riqueza e Miranda à nobreza.

Zoomorfismo: redução das criaturas ao nível animal:

“Leandra...a Machona; portuguesa feroz,

berradoura, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo”...

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Força do sexo: é mais degradante que a

ambição e a cobiça. Daí a busca de quase todas as formas de patologia social, desde a

degradação das relações matrimoniais até adultério, prostituição, lesbianismo etc.

A visão determinista faz com que o destino das personagens seja cíclico e previsível. Exemplo: João Romão se assemelhará a Miranda,

Senhorinha (filha de Jerônimo) deverá ter o mesmo destino de Pombinha.

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Pombinha tinha uma afilhada e a tratava com a mesma simpatia que fora tratada por Léonie.

"A cadeia continuava e continuaria

interminavelmente; o cortiço estava preparando uma nova prostituta naquela pobre menina

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23 capítulos. Enredo revolucionário, organização textual conservadora. O autor é no registro das ações coletivas e na seleção do

pormenor e do detalhe típico.

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Linguagem: plurivalência de nacionalidades. Tempo: pela presença da escrava, antes de 1888 Espaço: Rio de Janeiro, Botafogo.

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Espaço Social:

horizontal: o Cortiço, onde vivem os marginalizados.

vertical: o Sobrado, onde moram os de melhor condição social e econômica.

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Foco narrativo: 3ª pessoa (objetividade),

narrador onisciente, que, por vezes, emite juízo sobre ações ou comportamento das

personagens, como se observa no comentário abaixo sobre a ganância de João Romão:

“Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de

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João Romão: português ambicioso,

avarento, dono e explorador do cortiço. E

seu tipo baixote, socado, de cabelos à

escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça apoderando-se, com os olhos,

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aquilo de que ele não pode apoderar-se logo com as unhas.

...possuindo-se de tal delírio de

enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o

balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco estopa cheio de palha.

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Romão usa as forças do meio, mas não se submete a elas. Num primeiro

momento, ele não se distingue da escrava Bertoleza, seja nos costumes diários, seja no trabalho duro e feroz, parecendo que vai sucumbir ao mundo promíscuo do

cortiço que ele mesmo criou e que explora.

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Contudo, ele é se opõe a Jerônimo, o português dominado pela realidade

brasileira. João Romão escapa de

qualquer integração com a sensualidade e a desordem do ambiente, sob pena de

perder a chance da ascensão econômica.. Explorar o natural da terra é o seu único objetivo. Para isso agirá cada vez com maior ferocidade e ausência de

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Bertoleza: crioula trintona, escrava de um velho cego, amancebada com um

português. Após a morte dele, amasia-se com João Romão.

Miranda: português bem sucedido no comércio, dono do sobrado. Iniciou a carreira com o dote da mulher, Estela.

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Estela: mulher de Miranda, adúltera, pretensiosa, com fumaças de nobreza.

Zulmirinha: filha de Miranda, desprezada pela mãe, que a considerava filha de Miranda e

detestada por ele, convencido de que não era o pai.

Jerônimo: português, forte, trabalhador, vai morar no cortiço, onde se degrada,

abrasileirando-se. Abandona a família para

amasiar-se com Rita Baiana, cujo amante Firmo assassina friamente a pauladas.

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Rita Baiana: mulata faceira, carismática, livre, dançarina, não quer se casar. Para Jerônimo, condensa todo o mistério , as cores, os sabores, os cheiros, a

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"Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui. ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso, era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; e/a era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, e muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe

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Piedade: portuguesa, trabalhadora, esposa devotada, é abandonada por Jerônimo e entrega-se ao alcoolismo

Pombinha: a flor do cortiço, jovem doce, letrada, com chances de sair do cortiço após o casamento. É seduzida pela

madrinha e prostituta Leóni, com quem mantém um relacionamento.

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A homossexualidade na obra

No naturalismo brasileiro o homem é visto como produto do meio e biológico. A

questão da homossexualidade é tratada como desvio de conduta, anormal,

patológico, animalesca. Assim as personagens apresentam desvios.

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Léonie configura-se como a pervertida, que desvia Pombinha do caminho,

havendo apelos carnais. O autor descreve as personagens com instinto animal,

patente o depreciativo, relações de interesse, sedução, desejo, poder,

culminados nos processos deterministas do cientificismo/ evolucionismo

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Leónie subjuga as vontades da afilhada utilizando discurso sedutor:

Leónie saltava para junto dela e pôs-se a beijar-lhe, á força, os ouvidos e o pescoço, fazendo-se muito humilde, adulando-a, comprometendo-se a ser sua escrava e obedecer-lhe como um

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Condições da mulher

Objeto: Bertoleza e Piedade

Objeto e sujeito: Rita Baiana e Estela Sujeito: Leónie e Pombinha

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Referências

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