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INQ Nº 20 HOMEM idade: 24 anos Escolaridade: 2 grau DOCUMENTADOR: Norma Lopes DATA: 06/10/1998 TRANSCRIÇÃO: Alessandra Lopes Fontoura

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PROGRAMA DE ESTUDOS DO PORTUGUÊS POPULAR FALADO DE SALVADOR – PEPP INQ Nº 20 – HOMEM – idade: 24 anos – Escolaridade: 2 grau

DOCUMENTADOR: Norma Lopes DATA: 06/10/1998

TRANSCRIÇÃO: Alessandra Lopes Fontoura

20 Boa tarde, eu sou ..., sou de Salvador e... e meus, meus pais também são daqui, e 1

podemos começar. 2

DOC: Bem, nós vamos conversar, primeiro eh... primeiro sobre a... sobre ... quando você 3

era criança, você sempre morou em Salvador, mas como foi sua infância? 4

20 Praticamente minha infância ... em Salvador foi ótima, porque hoje você vê outras 5

conseqüências da vida, né? Porque como eu estava analisando ultimamente, eu saía 6

para brincar de gude, empinava arraia... 7

DOC: Na rua, né? 8

20 Na rua. Brincava com o pessoal, era um bate lata. E hoje em dia você está vendo, 9

totalmente diferente das coisas, as circunstâncias de hoje. Hoje você procura um 10

lazer desse, ninguém, a maioria das pessoas, ninguém quer mais fazer isso, praticar, 11

aquela infância como era antigamente, a educação que meus pais me deram. Hoje 12

você vê muitas pessoas eh... fumando maconha ... 13

DOC: É, os jovens né? 14

20 Os jovens hoje em dia. As agressões são freqüentemente, você vê pessoas de doze, 15

treze, quatorze anos de idade ... se você brigar um com outro, antigamente 16

apaziguava, deixava, do outros dias, nos outros dias vocês eram amigos, hoje em dia 17

não, estão querendo já partir para a violência, querer matar, fazer outras coisas mais 18

aí eu...tô eu tô... eu fico analisando assim, aquela educação que eu tive há... quinze 19

anos atrás, eu acho que foi bem melhor do que hoje educações que os pais não estão 20

passando para os próprios filhos, estão deixando muito liberal. 21

DOC: Hum. Então seria a liberdade que está sendo dada, né? 22

20 É.

23

DOC: Demais. 24

20 Dando muita liberdade hoje em dia. Eu acho que, hoje mesmo, vocês, vocês que 25

têm seus filhos têm que parar para analisar um pouquinho que a violência está sendo 26

muita. 27

DOC: Hum. Você tem uma filha, né? 28

20 Tenho uma filha. 29

DOC: O que é que você pretende para sua filha? 30

20 Educar ... eu acho que vou dar a mesma educação que eu tive na minha infância, no, 31

no que meus pais passaram para mim. 32

DOC Hum. 33

20 Se não vai chegar um ponto, tudo bem que você vai dar liberdade, mas também 34

falando o que, o que é o certo e o que é errado. Porque ela também ela vai aprender 35

(2)

no dia –a – dia, pra ela também não se esbarrar daqui para frente em algumas coisas 36

se, não venha me decepcionar. 37

DOC: Você foi muito preso quando era criança? 38

20 Não. Sempre tinha liberdade de brincar, agora era liberdade em quê? Falar assim ... 39

Como minha avó, ia para o colégio aí ia para a rua, ela falava assim: “Oh tal horário 40

você tinha que estar aqui”. Eu respeitava. Aí eu sempre estava no horário que ela 41

mandava. Isso não era ... 42

DOC: Então havia mais ... (superp) 43

20 ... não era ser preso. 44

DOC: Então havia mais respeito. 45

20 Mais respeito, porque hoje não há com respeito. Na minha concepção (inint) que 46

estou vendo ... estou passando até... em termos até de amigos ou amigas mesmo que 47

olho assim, não respeitam nem os próprios pais que eu fico até assim, “Pô, por que 48

que naquele tempo não era nada disso e hoje mudaram?”. Quem sabe até o milênio 49

está chegando, né? (risos) 50

DOC: E você foi uma criança pintona? Foi, L... ? 51

20 Ah, sempre fui uma criança pintona. 52

DOC: O que é que você fazia? 53

20 Ah, eu fazia o quê? Quando eu ia jogar bola, aí saía, né? Não avisava, minha avó 54

sempre pegava, chegava falava assim “pô, minha avó, por que não pode deixar eu 55

ficar jogando bola, que isso, que aquilo?”, “Você está muito novo ainda, você está 56

muito novo”, mas sempre no... mantendo sempre respeito com ela, né? E ela, e no, 57

na escola mesmo era muito abusado e sempre minha mãe recebia uma cartinha 58

assim, “J..., eh... L... C... compareça com senhor seus pais, isso e aquilo.” Mas isso 59

você sabe como era, aquele tempo era uma coisa, hoje em dia, sabe como é, tudo 60

totalmente diferente. 61

DOC: Então hoje os meninos são diferentes? 62

20 São diferentes. Com certeza. 63

DOC: Eles são mais pintões hoje? 64

20 São ... são mais pintões e mais agressivos, eu não sei... 65

DOC: Agressivos. 66

20 Agressividade. Tem muito. 67

DOC: É o que você falou da violência. 68

20 Da violência. 69

DOC: Então as pessoas já são mais agressivas. 70

20 Já são mais agressivas. Não sei porque, o que é que passa pelas cabeças deles. Você 71

vê ... você vira e mexe, você vê na televisão pessoas de doze, nem doze, oito ou sete 72

anos de idade com arma na mão, e vai ... comete um crime. Antigamente, na... 73

naquele tempo não havia isso. Todo mundo brincava, até brigava com o outro, 74

esticava a orelha tal, mas não havia e, essa violência que é hoje. Isso é triste até 75

para, para a própria sociedade, de ver até para os próprios pais. Como já aconteceu, 76

que aconteceu, que passou sobre um mendigo. 77

DOC Hum ... 78

20 Acho que aquelas pessoas têm a cabeça formada para chegar aquele ponto, chegar a 79

queimar uma pessoa num... num abrigo. Agente pensa assim “Como é que pode 80

rapaz, até que ponto o ... brasileiro está chegando em termos de mentalidade.” 81

DOC: Hum. 82

(3)

20 Muitas vezes pode ser até a droga, que vício influencia muito a capacidade de cada 83

pessoa. 84

DOC: Hum. E ... castigos? Antigamente havia mais castigos, não era? 85

20 Havia castigos, mas a gente aceitava, e chegava no outro dia estava todo mundo de 86

bem. 87

DOC: Então o próprio jovem já aceitava mais o castigo. 88

20 Aceitava mais o castigo do que hoje. Hoje em dia se você der um castigo ao seu 89

filho, ou ele quer responder ou sai de casa e para voltar ... demora muito. Para ... 90

isso cria até um ... termo de revolta, mas sempre quando a pessoa dá um castigo, é 91

até por, por bem dele mesmo, porque ele, porque o que está acontecendo hoje em 92

dia, se as mães não abri.. não abrirem os olhos deles próprios eles podem fazer 93

coisas piores. 94

DOC: Então é necessário que ... haja um pouco de controle dos pais. 95

20 Com certeza. Tem que ser, ... ter controle e também um respeitando o outro, quase 96

sempre é bom o diálogo, que eu acho que eu tive na minha... na minha infância, 97

houve sempre diálogo, sempre que minha avó conversava comigo, meus tios, minha 98

mãe me ... saía para levar, me a, mostrava o que ... o que era certo o que era errado, 99

então até hoje como eu estou aqui, nunca me envolvi em termos de drogas, bri ... 100

brigas, eu acho que brigas bestas, mas chegar ao ponto de ir para a delegacia, nunca 101

me envolvi. Pois tudo foi um fruto de educação que eu tive. Que muitas pessoas 102

falam assim “Menino criado com avó é mimado, ou - como dizem que é 103

homossexual ou viado, né?”, mas digo: Não, a criação que eu tive com minha avó e 104

com minha mãe, eu agradeço a elas, que valeu, está valendo a pena e vai valer a 105

pena até quando eu morrer. 106

DOC: É isso mesmo, que bom que você reconhece, não é? R... deve saber disso, você 107

reconhece, pra ela ficar mais contente. E me diga ... me diga uma coisa, eh... você ... 108

havia mais castigos, você recebeu algum assim que tenha sido ... 109

20 Que eu me revoltasse ... alguma coisa ...? 110

DOC: Eh ... Não. Que você tenha sido assim algo que merecesse você contar, ou foi muito 111

pesado, ou foi engraçado o castigo, ou até, às vezes, a gente recebe um castigo e não 112

foi merecido. 113

20 O que eu lembre assim, deixe eu ... o castigo que eu tive ... foi uma vez que eu fu... 114

que minha avó me mandou para casa de minha mãe e eu fugi. 115

DOC: Fugiu para onde? 116

20 Não fugi, eu fui para casa de minha mãe. Minha avó: “Você vai ficar morando lá na 117

casa de sua mãe agora, aí eu fiquei morando quando deu de madrugada, eu saí 118

correndo e voltei para casa de minha avó. Aí minha mãe ficou preocupada, veio de 119

madrugada, aí voltou, aí minha avó sentiu. “Ah, não, que isso e aquilo, isso... isso é 120

para você aprender, quando eu falar para você não sair você não sair, se não você 121

vai morar com sua avó, com sua mãe. 122

DOC: Com sua mãe. 123

20 Aí, eu acho que foi o único castigo que eu tive foi esse. Porque sempre a gente 124

conversava, e uma vez que eu tomei, foi uma dúzia de bolo de meu pai, mas só que 125

depois ele se arrependeu, porque não era para dar em mim ... o, o bolo, porque eu fiz 126

uma coisa, ele ... e quem fez uma coisa foi o meu primo, ele pensou que foi eu. Aí 127

entrou em contradição, ele me pegou e me bateu, mas normal. Não teve, não teve 128

cas ... outro castigo que eu me lembrasse assim não. Só mais que eu me lembre foi 129

(4)

esse mesmo, que eu estava pintando demais, aí minha avó “Você daí para casa de 130

sua mãe”, aí eu fui para casa da minha mãe, mas não agüentei e fugi. Ela: “Está 131

vendo você, da próxima vez já sabe”. Mas você sabe que naquele tempo, isto 132

normal, não, não teve demais, não teve nada de mais não... 133

DOC: Sim ... e você eh... não gostava muito de ficar na casa de sua mãe? 134

20 Não. Porque minha cria... acho que foi até ... tudo é questão de criação, porque 135

minha mãe trabalhava, certo? 136

DOC Hum ... 137

20 E não tinha quem tomasse conta de mim, aí eu, como recém – nascido, fiquei 138

morando com a minha avó, aquele xodó todo e tal e tal e me acostumei, até hoje eu 139

não saio para morar com minha mãe. (risos) 140

DOC: E, de qualquer forma na casa de sua avó sua mãe também estava lá direto, né? 141

20 É.

142

DOC: Então não havia grande diferença, não tinha separação da mãe, né? 143

20 É, eu sei. Mas sempre havia o ciúmes de meu pai, “Ah, porque a avó vai ficar 144

porque J... não vai ... isso e aquilo”, mas sabe como é o pai, né? Que querr ficar 145

sempre perto do filho. 146

DOC: É. É isso mesmo. Sim ... Agora quando adolescente, compare a sua adolescência 147

com a adolescência dos meninos de hoje. 148

20 Bom, assim, chegou num ponto bom. É isso ... (inint) adolescência ... como foi a 149

adolescência... 150

DOC: Quer dizer, sua adolescência, você está saindo da adolescência, você está bem assim 151

recente, não é? 152

20 Sim, até no meu tempo de adolescência. 153

DOC: Mais novo. 154

20 Mais novo, vou dizer assim, eu estou com vinte e quatro anos, hoje. Até, eu digo, os 155

quinze aos vinte anos não, não tinha muitas coisas que você vê hoje, a gente 156

brincava também, ainda tinha aqueles ... aquelas brincadeiras de você ir pra, pra a 157

escola aí jogava um, uma bola, brincava de... de fruta ... sal ... esse negócio, é ... 158

tudo o convívio como você também não vê na adolescência de hoje, que eles ... 159

essas pessoas de hoje, da... de quinze como, eh... vou separando, de quinze até os 160

vinte anos, na minha adolescência eu tinha, eu era, eu brincava de bola de manhã e 161

de tarde. E hoje você vê as pessoas não... não praticam nem esporte, já ... já está 162

muito forte em termos sabe de quê? Ah, eu acho que tudo entra aí a influência em 163

termos de drogas, eu estou vendo ... eu... fico, eu fico até com medo até de meu 164

irmão, de meu irmão, eu sempre converso com ele, que ele está chegando nessa 165

idade agora que... vai chegar aos vinte anos, e essa... e essa é a idade que perturba 166

muito, a influência, a pior coisa é a influência, a pessoa tem que ter uma cabeça 167

formada, independente de tudo, porque hoje a maioria desse pessoal, tudo só quer 168

saber (inint) de drogas, bebidas, né? Nem ...até estudo ninguém está estudando mais, 169

e eu tento abrir a cabeça de meu irmão porque ... eu não quero, eu quero passar para 170

ele o que eu passei, o que eu... o que eu, porque na minha adolescência, o que eu ... 171

o que eu ... o que eu era não, o que eu sou ainda. Quero passar para ele porque se ele 172

se juntar com as pessoas que não for certas ... e ele não tiver uma cabeça equilibrada 173

ele segue o mesmo caminho, e depois vai ser tarde para ele fugir disso. Aí eu tento 174

passar isso para ele porque pô ... eu me preocupo você vê eu estou do lado de lá, da 175

casa de minha avó, mas eu me ... fico me preocupando muito com ele porque hoje 176

(5)

em dia está muito difícil ... essas pessoas que a mãe não dá apoio que isso e aquilo, e 177

parte para ser assaltante outro parte para outro, outro meio ... você sabe como é hoje, 178

né? Hoje em dia, né? 179

DOC: É, está difícil. 180

20 Fica difícil mesmo e há muita preocupação. Minha adolescência foi... foi boa como 181

está sendo até hoje. Eu não vou dizer que eu sou um homem completamente, que eu 182

ainda tenho que aprender um bocado de coisa, mas ... uma parte boa mesmo eu 183

queria que voltasse, eu queria estar agora com quinze anos, dezes... 184

DOC: Com menos responsabilidade, não é? 185

20 É. (inint) 186

DOC: Mas hoje, você diz então que adolescência, viver adolescência hoje está mais 187

perigoso. 188

20 Está mais perigoso do que naquele tempo, na, vamos dizer assim até em noventa, de 189

noventa até noventa e três você poderia viver sua adolescência numa boa, mas hoje 190

está muito arriscado. Você vê pessoas de doze anos já armado, se você ... 191

antigamente era assim ... logo no começo como eu falei aqui, se você fosse para 192

algum bairro, brigasse com alguém aí ficava todo mundo normal, controlava, mas 193

hoje em dia não, você briga, você não pode nem andar, você tem que andar assim 194

olhando para um lado e para o outro, porque aquela pessoa que você brigou vai 195

querer fazer algo com você. Naquele tempo, na adolescência não. Você brigava aqui 196

e tal, até jogando bola mesmo colega brigava num outro bairro, no outro dia todo 197

mundo era amigo. Hoje em dia não. Não sei, como eu falei, está evoluindo de uma 198

hora para outra. Isso aí que preocupa, até assim ... o cidadão brasileiro se preocupa 199

muito, até... até suas filhas que vão crescendo hoje em dia dá aquele medo e você 200

tem que ter aquela ... como é que se diz assim você tem que falar logo o que está 201

acontecendo hoje no Brasil. Não generalizando só na Bahia não, no Brasil inteiro. 202

DOC: Pois é, é um perigo mesmo, né? E ... a respeito desse diálogo que você disse que os 203

pais devem ter com os filhos. Você acha que isso tem melhorado? 204

20 Aí, de alguns, alguns aspectos estão melhorados, não, não está piorando, mas estão 205

melhorando, está, está melhorando, certo? Se ... agora tem que vir desde cedo 206

porque se deixar o filho levar ... daqui que você chegue e venha num diálogo vai ser 207

pior. Eu acho que você tem que começar desde cedo, você já ensinando, ensinando, 208

ensinando o que é, aí ele vai começar a respeitar a si próprio. 209

DOC: Mudando ... mudando ... 210

20 Da adolescência? 211

DOC: É falou adolescência, mas vamos voltar agora à infância, mas agora falando mais a 212

nível de escola mesmo. 213

20 Certo. 214

DOC: Você entrou na escola bem criancinha. 215

20 Foi, no maternal. 216

DOC: Desde o maternal. 217

20 Jardim, né? 218

DOC: É, para você... você lembra de alguma coisa daquela época que você ... quando 219

entrou na escola, que idéia você, você teve da escola naquele momento? Você 220

lembra? 221

20 Lembrar?... Idéia é que ... em que sentido, é ...? 222

DOC: Então nesse sentido assim... então pense ... 223

(6)

20 Pra frente ... 224

DOC Já que você não lembrou da nada ... Por exemplo, você lembra daquelas professoras, 225

primeiras? Aquelas... 226

20 Lembro. Me lembro de colegas, hoje, principalmente, essa minha noiva é minha 227

cole... colega de escola. 228

DOC: Dessa época do maternal? 229

20 Dessa época do maternal e... e, e tem outras também, outras pro, professoras que 230

ainda falam comigo, colegas que ainda moram no mesmo bairro, e a gente sempre 231

pára, assim, pára para conversar “E naquele tempo da gente, hein? Como está o 232

tempo de hoje...”, o outro: “Ah é verdade”. Que era tudo ... você vê era uma família, 233

era ali todo mundo era uma família, um brincava com o outro, um respeitava o 234

outro. 235

DOC: Na escola? 236

20 Na escola é. Era uma família, porque a gente desde o maternal até a quarta série. 237

DOC: O mesmo grupo? 238

20 O mesmo grupo. 239

DOC: A quarta série primária ou? 240

20 Primária. O mesmo grupo. 241

DOC: E os professores? Como eram os professores naquela época? 242

20 Os professores eram ... eram bons professores. Eles passavam as melhores coisas 243

possíveis para a gente. Você vê que a gente estava falando assim eh... questionando, 244

você vê ... a educação daquele... daquele tempo dos professores que passaram para a 245

gente eu acho que é a mesma idéia que todo mundo que estudou junto, a mesma 246

concepção. Eu acho que tira de dedo as pessoas que ... se debandaram, foram prum 247

lado e outras foram, como tem a direita e a esquerda, uns foram pra direita e outros 248

foram pra esquerda. Eu acho que é a mesma filosofia dessas pessoas que estudou 249

junto acho que tem essa mesma coisa, acho que foi até uma circunstância dos 250

professores que passaram para a gente. 251

DOC: Então eles faziam, além de ensinar, eles davam ... uma certa orientação. 252

20 É. Uma orientação. Lembro quando a diretora, pró L..., que era... que eu era muito 253

perturbado, mas ela me dava um puxão de orelha, sabe para quê? Para me melhorar, 254

para não... para eu não ser daqui no futuro ... como outras pessoas mesmo. Que ele, 255

ela fazia questão de estar todo mundo junto, educar, ensinar o que era isso, o que era 256

certo, “Não pegue, não... não faça isso, que isso é feio ...” Isso me incentivou a 257

gente, pô, o que foi... a gente ... como eu te falei ...eu queria voltar ao tempo que 258

era bem melhor do que... posso até estar enganado do que hoje, se você, até você 259

saindo pra um lugar você fica preocupado de acontecer qualquer coisa, que acontece 260 mesmo. 261 DOC: É a insegurança. 262 20 Insegurança, é. 263

DOC: Nos dias de hoje. 264

20 Com certeza. 265

DOC: Sim, agora, naquela época também as escolas davam ca, castigos, você já foi 266

castigado, você falou do puxão de orelha. 267

20 Foi. 268

DOC: Sim. Mas havia esse ... esse tipo de coisa... 269

20 Ah, não, teve uma vez que ... ficar de joelho, sempre... 270

(7)

DOC: Já ficou de joelho? 271

20 Já fiquei de joelho. Era muito pintão. 272

DOC: Que motivos ... havia? 273

20 Ah, por que eu botei, pra você vê ... como são ... naquele tempo como era. Eu 274

coloquei assim eh... : L... C... gosta de M.. Aí a menina não gostou, aí falou pra ela, 275

pra professora, né? Aí falou para diretora “Mais L... C... disse aquilo, ah você vai 276

ficar de castigo hoje ...” 277

DOC Ah meu Deus ... 278

20 Foi (inint) ... ficar de joelhos”. Aí está tudo bem, mas depois normal. Brincadeira 279 tudo. 280 DOC: Castigo. 281 20 Castigo. 282

DOC: Por você gostar da menina... 283

20 Por que eu gostar de uma menina. E aí começou a chorar “Olha para aí professora, 284

olha para aí o que ele fez, que não sei o quê”, “Mas L... C... você não tem jeito 285

mesmo, não é?”. Mas aí botou, mas tudo bem, não ... não era nada de mais não. 286

DOC: Sim, eh ... você foi para a escola pequenininho mesmo, foi ... maternal. 287

20 Maternal. 288

DOC: Mais ou menos ... três anos, dois anos? 289

20 Três anos, três ou dois anos. 290

DOC: Hum. Fale algo sobre ... roupa, como era, eram diferentes as fardas, os livros de 291

agora? 292

20 Ah, era. A farda, minha farda era uma bermudona, uma camisa, um quichute e a 293

meia branca, com uma mochilinha de pano do lado, uma merendeira ... botava tudo, 294

e os livros do lado. 295

DOC: Sim. Eh... eram mais... as roupas eram mais práticas do que agora ou? 296

20 Sim. 297

DOC: Você gostava mais daquelas roupas do que as de, as que estão sendo usadas hoje? 298

20 Não. É tudo uma questão de tempo... o tempo vai, vai mudando, né? Então tudo vai 299

inovando. Mas ... agora, aquele tempo daquela roupa era diferente pro tempo da 300

roupa de hoje, dentro da escola. Agora são mais sofisticadas, mais bonitas, 301

antigamente era um pano, um bocado de botãozinho e um shortinho com uns dois 302

bolsinhos do lado, era um quichute mesmo e a meia, e a meia branca. 303

DOC: Eh, eu acho que a camisa era feita em casa, costurada. 304

20 Era feita em casa, costurada, dava o pano, dava o modelo do pano na ... num papel 305

ofício eu lembro como se fosse hoje, num papel ofício, aí dava para você fazer, e 306

você ia para a escola. 307

DOC: Era. Hoje essas fardas já são compradas prontas é. 308

20 Já são compradas prontas. Hoje em dia ninguém quer usar um quichute, nem usar 309

um pano. Aí nego fala “Quero tênis de marca” mesmo que a mãe não tenha 310

condição ela tem que se virar porque o filho só vai pra, pra escola se tiver o tênis de 311

marca. 312

DOC: É. 313

20 Naquele tempo não. 314

DOC: E as calças de hoje são... jeans. 315

20 São jeans, são jeans. Se não tiver ...o jeans não foi bom não vai para a escola não. 316

Eu tiro como meu irmão, mas ... sabe como é, aí vai crescendo os meninos, né? 317

(8)

Porque as meninas tinha nota né? Porque tudo está mal vestido, aí fica... aí fica 318

assim meio, não é? a verdade, a verdade é essa mesmo. 319

DOC: Já começa na adolescência a preocupação. 320

20 Na adolescência, é isso ... a preocupação. 321

DOC: Né? A preocupação em ficar bonito. 322

20 E a discriminação. 323

DOC: É, sim ... Eh... Você tem alguma lembrança ... desta questão de... das fardas de não 324

querer ir para a escola porque aquela farda era feia? Você já passou por essa 325

experiência? 326

20 Não. Nunca passei por essa experiência. 327

DOC: Não. Você também não rejeitou a ... 328

20 (superp) Não rejeitava, não .... 329

DOC: .... a sua, a sua farda. 330

20 Não. 331

DOC: O que é que você acha que ... 332

20 Era até... era até bom que pra a gente que as meninas era de sainha ou saião. (risos) 333

DOC: O que você acha que a escola como um todo melhorou de lá para cá? Melhorou em 334

que aspectos? 335

20 A escola ... 336

DOC: Ou não melhorou? Em nada a escola melhorou ... de lá para cá? 337

20 Olha, em termos de educação ... algumas escolas de porte melhorou, mas outras 338

escolas não. Outras estão dei,... deixando a desejar o próprio aluno. 339

DOC: Então, você acha que pode ter havido uma melhora, mas não em todas as escolas. 340

20 Em todas as escolas não. 341

DOC: Em que escolas você acha que melhorou? 342

20 Atualmente? Hoje? 343

DOC: Sim. 344

20 Tira de dedo, porque, antigamente quando eu estudei tinha umas três melhores 345

escolas que tinha aqui em Salvador, na Bahia, principalmente né, que temos o João 346

Florêncio Gomes, o Costa e Silva, e acho que é o maior colégio da Bahia que é o 347

ICEIA, onde eu estudei. Que ali o ensino era bom mesmo, e hoje em dia as pessoas 348

que estão estudando lá me falam que não é a mesma coisa, que se ... porque faltam 349

professores, entendeu? Estão tendo greve direto, então isso aí já diminui até eles 350

aprenderem alguma coisa, se estão faltando professor, você não vai aprender, você 351

vai pra a escola ... antigamente eram seis aulas, eram seis aulas que você assistia 352

todos os dias 353

DOC: Por turno, né? 354

20 Eh, eram seis aulas, seis aulas e hoje as pessoas que estudaram e falam “pô eu 355

estudei nesse colégio, no ICEIA, e aí como está lá, poxa não está a mesma coisa” 356

você vai para escola, hoje em dia você só assiste três aulas e as três aulas não assiste 357

mais porque falta professor. Então a educação, como você vai aprender? Não 358

aprende. Aí chega no final do ano, aí para passar. Está faltando a matéria (inint), 359

você vai até janeiro, fevereiro para fazer as outras matérias que estão faltando. 360

Então acho que isso aí já vem do professor. 361

DOC: Então, as escolas que você considerava boas naquela época estão com problemas ... 362

20 Estão decaindo. 363

DOC: E aquelas que você já achava mais ... 364

(9)

20 Você está falando colégio particular ou em geral? 365

DOC: Não, eu estou falando em geral. Você está falando do colégio público porque é o que 366

você conhece mais. 367

20 Eu conheço mais. 368

DOC: Mas pode falar do que você conhece. 369

20 Não, porque no colégio... eu acho que nos colégios particulares hoje estão ganhando 370

cem por cento direto está entendendo? Porque ali as pessoas se preocupam com os 371

professores, então com a educação, porque já vem já professores de faculdade. 372

DOC: É, mas você também estudou em escola particular. 373

20 Estudei em escola particular, e aprendi um bocado de coisa, ensinei aí, é isso que eu 374

estou falando, porque, naquele tempo, aí eu estudei na... eu estudei no ICEIA, do 375

ICEIA eu saí logo para uma escola particular direto, está entendendo? E aí você vê 376

o que é uma escola do governo e uma escola particular. 377

DOC: Muito diferente? 378

20 Muito diferente, em termos de educação muito diferente. 379

DOC: Em que aspectos? 380

20 Tem o aspecto dos professores mesmo que, são alguns, são formados, já sai do 381

magistério e já vai ser e já vai para lá, né? E o outro, em colégio particular já tem 382

uma formação em Universidade, então já passa as coisas melhores para a gente. Não 383

desmerecendo ao professor que está assumindo... que tem professores excelentes em 384

colégios estaduais que ganham até para professores de universidades, não é? Mas só 385

que a formação de lado deles é bem melhor do que a formação do outro. 386

DOC: Será que a cobrança também a nível de direção, coordenação não é maior entre as 387

escolas particulares? 388

20 Talvez, mas também se ... se eles também cobrassem no colégio estadual, ia se 389

nivelar, porque você vê, passou hoje na televisão que o professor agora vai ter que 390

fazer curso universitário para ser professor mesmo, não vai ser mais magistério 391

direto, por causa do ensino, dizem que os alunos não estão aprendendo. Eu acho que 392

isso é, até isso vai ser até uma falta de desemprego que vai acontecer 393

constantemente, eu penso isso. 394

DOC: Ou as pessoas vão estudar ou vão perder. 395

20 É, vão perder. Porque você faz o curso do magistério e você praticamente já estava 396

formado como professor, e agora você vai passar, fazer um curso universitário para 397

conseguir entrar numa escola do governo. Só, só pode ensinar na escola do governo 398

se você tiver um curso universitário. E aí, e quando não conseguir passar, vai ficar 399

penando, penando, penando, por esses lados... 400

DOC: Você falou aí do estudo das escolas, que as escolas ainda estão com alguns 401

problemas, mas será que as crianças em casa não poderiam estudar também mais, as 402

pessoas em casa não poderiam cobrar mais dessas crianças? 403

20 Concordo plenamente com a senhora. Isso aí já parte dos... dos, dos pais. Se 404

cobrarem mais, eles vão aprender mais, se não cobrarem, também não adianta você 405

cobrar do outro lado de lá do... do professor se você também não for cobrar dentro 406

de casa. Que desde quando o professor passa um... um exercício para você, um 407

dever de casa, aí, aí seus pais perguntam ao, ao filho “Trouxe dever?” aí os filhos 408

“Ah, não tem dever hoje não”. Aí chega lá no colégio “Cadê o dever”? então tem 409

que ter a cobrança também por parte dos pais, mas também tem o incentivo maior 410

da educação pra ele aprender mais, e aí, o pai também pode ensinar o filho. 411

(10)

DOC: Claro. 412

20 Está entendendo? Vai ser até melhor para ele, se partir também dos pais, eu acho 413

que ele vai aprender muito mais com o professor e com os pais também. 414

DOC: Com os pais. Você é contra aquela história das crianças terem aquele horário, 415

horário rígido de estudo em casa? O que é que você acha disso? 416

20 O horário rígido eh... determinado assim que chega, chega da escola. 417

DOC:À tarde só estudo. Não se brinca mais. Você concorda com isso? 418

20 Não, não concordo não, discordo. Eu acho que isso uma pressão e pode até 419

prejudicar até o menino né. Eu acho que ele tem, primeiramente, ele, o, o filho 420

também tem que ter responsabilidade desde quando o pai está passando para ele, 421

fazendo assim “olhe, tudo bem você vai ter que estudar, agora...” não tem que 422

determinar o horário dele estudar a tarde toda. Eu acho que isso aí já vem, aí vai ser 423

uma pressão forte, tem muitas pessoas que não gostam, então o filho não vem 424

também, aí chega “pô, meu pai, o que é isso? como é que pode? Vá estudar, vá 425

estudar” aquela pressão. Eu acho que não, tem que saber conversar com o filho. 426

“olhe, vá, vá estudar aí, fazer o seu dever, tal, aí depois você está liberado, isso e 427

aquilo, ou depois, você vá brincar, mas depois você tem que fazer o seu dever, 428

senão amanhã você não... você não vai fazer, então você não vai brincar” se ele não, 429

não fazer o dever, e amanhã também, também não vai brincar, então ele vai começar 430

a criar uma responsabilidade dentro de si, em si próprio ele vai criar uma 431

responsabilidade, vai ser até melhor para ele. 432

DOC: É uma forma de conquistar de outra maneira né? 433

20 É bom, bom senso né? É isso que eu estou falando, ...Inint... falta o diálogo. Se tiver 434

o diálogo, eu acho que tudo vai dar certo. 435

DOC: É, hoje existem outras coisas que tomam espaço dos filhos né, tomam o tempo dos 436

meninos. 437

20 É o namoro... 438

DOC: É, mas mesmo criança ainda, né? 439

20 Eh, Como é o quê, a televisão? Eh... tem os brinquedos que você vê nas ruas, os 440

vídeo – games que eles se puder não vai nem para a escola. Que eles já vê logo 441

assim com o menino aí já fica brincando de vídeo – game. Têm muitas vezes, tem 442

muitos meninos que ainda são assim né? 443

DOC: E o que é que você acha da televisão? 444

20 A televisão de hoje em dia? 445

DOC: O efeito da televisão, você acha positivo, negativo? Fale alguma coisa sobre a 446

televisão nas, para as crianças. 447

20 Olhe, como é que se diz... o efeito pode ser ... pode ser positivo e também pode ser 448

negativo, porque o que estão passando hoje na televisão né, aí cabe cada... cada, 449

cada, cada, cada pais, cada um dos pais falarem se deve assistir ou não, porque tem 450

muitas coisas indecentes hoje que estão passando na televisão. 451

DOC: O sexo. 452

20 O sexo mesmo, então você não pode, de poder você pode, agora depois você vai 453

parar para conversar com seus filhos, porque são cenas, muitas cenas pesadas. E 454

isso invoca até na escola que nego fala “pô, você viu aquilo que aconteceu na 455

televisão? Isso e aquilo” aí fala, aí fala até a professora “mas menino, numa idade 456

dessa você já está sabendo disso e mais aquilo” 457

DOC: Os meninos hoje... 458

(11)

20 É. 459

DOC: Sim, e, fale uma coisa... Eu queria perguntar uma coisa, agora não me ocorreu, mas 460

você falou que a televisão realmente tem efeito, pode ser positivo. 461

20 Ou negativo. 462

DOC: ... ou negativo, não é? Será que não está relacionado também a questão do, do que 463

você falou no início, a violência. Pode ter, a televisão pode também incentivar, será? 464

20 Incentiva também. Se vê, como o menino vê, que é, como... como dizem, não é, 465

eh... os meninos não aumentam, o que vê eles não aumentam, então se ele vê ele 466

fica naquilo “pô, você viu minha mãe, o homem ali com o revólver na mão? “Aí 467

você vê em sua casa, seu próprio pai tem um revólver e ele vê também. Se já passou 468

na televisão aí ele vê também. “ah, meu pai, olhe o revólver ali” E o pai também já 469

fica preocupado em não deixar no lugar porque fica aquele negócio, de querer até 470

brincar e isso e quilo para saber como é, então muitas vezes a televisão prejudica até 471

o ... o menino, em algumas partes, porque em outras partes também tem que ter o 472

lazer dele, de assistir o desenho dele, assistir um programa ou um show, isso aí 473

também incentiva o menino para se distrair também, né? Que ele não vai ficar 474

totalmente preso ou bitolado a só um, um regime. 475

DOC: Então tem algumas coisas que você consideraria positivas? 476

20 É, e outras coisas... 477

DOC: Assistir, não é? 478

20 É.

479

DOC: Assistir algumas coisas, então a família poderia selecionar, selecionar talvez? 480

20 É, selecionar é, eu acho que deveria. Não, no meu ponto de vista, deveria. 481

DOC: Que coisas hoje na televisão você considera positivas? 482

20 Hoje coisas na televisão positivas? Questão de idades ou... 483

DOC: Não, no geral, fique a vontade, ou pra adulto ou para criança. 484

20 Eh... tem tanta... tem tantas coisas, deixa eu ver uma, coisa positiva? Globo repórter. 485

Uma coisa positiva que, deixa eu ver, o Fantástico. 486

DOC: É. São coisas que acrescentam, né? 487

20 Que acrescenta, até no desenvolvimento da pessoa, quer ver? O programa de infantil 488

pela manhã, que sendo, sendo, agora aí é que vem o problema, né? Que são várias 489

emissoras, e se, que tem programa infantil pela manhã em um horário e se ele 490

estudar pela manhã não pode assistir... 491

DOC: O quê você consideraria, por exemplo, depende, você falou, depende da emissora. 492

20 É.

493

DOC: Não é? Que emissora você vê traria alguma coisa positivo para a criança pela manhã, 494

por exemplo? 495

20 Isso aí que varia, porque de repente, pela manhã pode ter um programa infantil no 496

onze e aí pela tarde não tiver, e se tiver um programa infantil, está entendendo, aí 497

diversifica, porque pode estudar de manhã e pode estudar pela tarde, não é? 498

DOC: E... e negativos assim? Como você rotula os negativos? Dá alguns exemplos? 499

20 Negativos são, você vê começa a partir das novelas, né? Você vê muitas cenas, eu 500

mesmo, eu na minha idade mesmo, eu fico olhando assim, eu estou assistindo a 501

televisão com minha avó, eu vejo aquelas cenas assim aí eu fico assim, eu fico 502

enver... eu fico envergonhado. “Mas rapaz, como é que pode?” Imagine sua filha 503

assistindo, sua filha ou filho. Tudo bem, tem uns pais que aceitam, né? Bota ali o 504

filho do lado para assistir, já ensinando, não sei, né? cada pai é um pai, cada 505

(12)

formação é uma formação, tem gente que fica do lado e bota para assistir. E na 506

minha concepção, eu fico olhando assim, tem muitas cenas assim, porque pela idade 507

deles ainda não tá para aprender o que é aquilo... 508

DOC: Inadequado, não é? 509

20 Não está adequado pra aprender o que é aquilo. 510

DOC: Pois é, seria forçar demais. 511

20 Forçar muito a barra, muito cedo. 512

DOC: É, a .... a .... a televisão é como se fosse uma aprendizagem, uma aula de, muito 513

aberta, né? 514

20 É, muito aberta. 515

DOC: Muitas coisas de vez. 516

20 Muitas coisas boas, mas tem coisas também que a gente, mas eles não podem mudar 517

quem tem que mudar é a gente mesmo. 518

DOC: Você na época de estudo você tinha acesso assim a televisão direto todos os dias? 519

20 Todos os dias só pela parte da noite, pela parte da tarde quando eu chegava eu ia 520

jogar bola. E minha vó se retava. 521

DOC: Ah, sua diversão era mais... 522

20 Era de jogar bola. 523

DOC: Era mais o jogo. Você sempre gostou de? 524

20 Eu sempre jogava bola. 525

DOC: É, hoje, os meninos ficam na televisão esquecem até do jogo. 526

20 Esquecem até do jogo e fica mais na rua. Você vê, muitas pessoas mesmo na rua, 527

não, eu acho que televisão pra ele é o mínimo, não liga mesmo... 528

DOC: O que é que você acha do esporte? Ajuda na educação? 529

20 Ajuda e muito. 530

DOC: O que você acha aí? 531

20 Eu acho que se a maioria dos meninos hoje, vou dizer assim, 80% praticasse esporte 532

ia ser bom para a saúde dele e para a mente. 533

DOC: Mente? 534

20 É. desenvolve mais, aque... como é que se fala? Eh... ele vai se sentir mais livre, 535

mais solto, fora de outros meios. Então o esporte ensina a você até a viver, a 536

desenvolver na sua vida. Os 80% dos jovens que pensassem nisso, acho que ele ia 537

estar sempre bem, mas hoje em dia eles não pensam isso, vai pelo outro jeito. Como 538

eu falei, naquele tempo, a gente brincava todo dia, para mim todo dia era gude, era 539

empinava arraia, era bate – lata, era garrafão e hoje em dia, não, você não vê 540

ninguém fazer mais isso. Você vê pessoas de doze, dez, doze anos, você pessoas de 541

barzinho bebendo, fumando. Você pode parar e você vê fumando assim em 542

barzinho e... eu olho assim, rapaz! naquele tempo, imagine eu botar um copo de 543

cerveja em minha... na boca, era porrada na hora. E hoje em dia está liberal mesmo, 544

está liberal, você vê meninos de doze, doze, dez anos, você para no barzinho você 545

vê eles namorando, com uma carteira de cigarro do lado, com uma cervejinha. É. 546

DOC: As coisas estão bem diferentes hoje mesmo. 547

20 Estão bem diferentes. Mudou muito. 548

DOC: Sim, você, eh... eu queria fazer o seguinte de você, você acha que tem ligação entre 549

praticar esporte, né? E será que de alguma maneira praticar esporte reduz o 550

consumo de drogas? 551

20 Reduz, reduz sim. 552

(13)

DOC: Porque você acha que isso acontece? 553

20 Até o próprio professor ensina, educa, como... no meu tempo era assim, se você não 554

tiver uma nota no boletim você não jogava no time. Então há preocupação, eles lá, 555

os professores que, esses de basquete, de futebol, de handebol, de tênis, e outros 556

esportes. Eles vão lá e ensinam a maneira de você ser, e eles passam que você não 557

use drogas, não vai, não faz bem para a saúde. Não compre, que não vai fazer bem 558

para a saúde, se você não praticar, você vai cansar, sua mente não vai aceitar, não 559

vai... não vai ficar controlada. Então eles ensinam e como eu falei pra você, se eles 560

praticassem o esporte ia mudar totalmente o índice até de drogas de alguns, algumas 561

pessoas. Acho que o esporte ajuda muito o cidadão. 562

DOC: Então. 563

20 Não é só crianças não, até pessoas adultas também, se pudesse praticar um esporte, 564

quem já consumiu, quem já consome drogas, eu acho que ele ia diminuir, ou até 565

parar, porque há um incentivo, eles sempre tem uma reunião em grupos, assim 566

para... fazer debates que é que acha da droga, o que é que acha do sexo, que é que 567

acha disso, que é que acha daquilo. Então isso, acho que o esporte incentiva o 568

cidadão a não praticar o que... é pratique esporte, não pratique drogas. 569

DOC: Então se houvesse um estimulo... 570

20 Um estimulo. 571

DOC: ... ao esporte talvez até houvesse uma redução. 572

20 Uma redução. Partindo até de escolas mesmo, de professores que... não tem 573

educação física? É obrigatória, né? Não sei hoje em dia, não sei. 574

DOC: É. É obrigatória. 575

20 É obrigatória. Eles mesmo ensinam. Agora, é tudo é formação de cabeça, tem umas 576

pessoas que ficam assim, e muitas pessoas são teleguiadas, hoje em dia essas 577

pessoas são muito teleguiadas, são muito influenciadas. Ah, vambora aqui fazer 578

aquilo, ah, só para experimentar, isso e aquilo. Acaba já num outro mundo, já num 579

outro, quando vai ver já está viciado. E não deve ser assim. 580

DOC: e me diga uma coisa, como os pais devem se comportar quanto a isso? Desses, dos 581

amigos, as influências dos amigos, como o pai pode... o que é que você acha disso? 582

Pode ajudar? 583

20 O pai pode ajudar não discriminando, porque eu acho que isso é até pior que eu vi 584

até uma repo... uma reportagem, pode até ajudar uma pessoa que é viciado, pode até 585

ajudar, agora você não deve se juntar. Os pais devem conversar com seu próprio 586

filho, e chegar falar assim, “se ele te ofereceu alguma coisa, você sabe que é um 587

viciado, não queira que vai lhe prejudicar, agora se você pegar, você está sabendo 588

que você vai ser prejudicado e vai ser pior, então você tem que olhar qual é o 589

melhor para você. Então se alguém chamar um viciado não faça isso, não pegue 590

qualquer coisa que vai ser pior para você. Então o pai também tem que ajudar. É, e 591

até incentivar “olhe, meu filho, esse lado não é bom não, pratique um esporte ou 592

faça outra coisa ou procure se movimentar porque esse lado é, é negativo como 593

que”. 594

DOC: Pois é J..., nós já podemos parar por aqui, eu acho que a fita já está perto de acabar. 595

Viu? Então eu vou agradecer pela... já relaxou mais ... 596

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