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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

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DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

A INFLUÊNCIA DAS HABILIDADES PSICOMOTORAS NO

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO /

HIPERATIVIDADE (TDA/H)

Por: Silvia Idolina Lourêdo

Orientador Prof. Maria Poppe

Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DAS HABILIDADES PSICOMOTORAS NO

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO /

HIPERATIVIDADE (TDA/H)

Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade. Por: Silvia Idolina Lourêdo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu marido, que tanto colaborou para a confecção e o aperfeiçoamento desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a todos os componentes que participaram no desenvolvimento, e a todos os colegas que futuramente possam usufruir deste material, para engrandecimento educacional.

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RESUMO

A educação psicomotora é uma das possibilidades para a educação de crianças com transtorno de déficit de atenção, pois é meio essencial de valorização pessoal, possibilita a aprendizagem e potencializa os meios de expressão verbal, gestual e gráfica no indivíduo, permitindo ainda o aperfeiçoamento do comportamento geral. Pretende-se neste estudo, compreender o papel da psicomotricidade no processo de aprendizagem de crianças com transtorno de déficit de atenção, com o objetivo de que a criança domine e conheça o seu corpo, o que terá grande influência da harmonia de atuação social. Dessa forma observa-se que é preciso oferecer suporte para que o professor encaminhe de forma agradável e produtiva o processo do ensino-aprendizagem, sem os sofrimentos habituais que ocorrem na realidade das práticas pedagógicas atuais, haja visto que a Psicomotricidade pesa consideravelmente sobre o rendimento escolar.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa fez-se na forma bibliográfica, enfocando através de uma vasta literatura específica, o tema em questão.

Para atingir o objetivo proposto subdividimos a pesquisa em três tópicos principais, a saber:

• A psicomotricidade

• Transtorno do déficit de atenção / hiperatividade • Psicomotricidade e TDA / H

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 08

CAPÍTULO I A PSICOMOTRICIDADE ... 10

CAPÍTULO II TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDA/H) ... 16

CAPÍTULO III PSICOMOTRICIDADE E TDA/H... 21 CONCLUSÃO ... 34 BIBLIOGRAFIA ... 36 ÍNDICE ... 39 FOLHA DE AVALIAÇÃO ... 40 ANEXOS ... 41

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INTRODUÇÃO

As crianças quando chegam às escolas, indivíduos que são, trazem características pessoas bastante diferentes entre si, daí a necessidade do professor estabelecer critérios especiais de tratamento, e definir os padrões a serem atingidos.

Certas crianças apresentam características de dificuldades de aprendizagem de certos conteúdos devido à falta de desenvolvimento de habilidades especiais, por desatenção. Outras apresentam lentidão de aprendizagem, também de conteúdos específicos. Essas duas diferenças devem ser notadas pelos professores e tratadas de modo diferente, pois são características distintas.

Em palavras mais simples, pode-se dizer que algumas crianças quase não aprendem nada de certos conteúdos, enquanto que outras aprendem devagar ou esquecem bem rapidamente o que aprenderam.

Fato é que a presença de crianças com déficit de aprendizagem em sala de aula cresce constantemente. Investigando-se os motivos, freqüentemente estão associados a problemas emocionais como: falta de estímulos suficientes, ausência materna e ou paterna e uma educação inadequada das escolas.

Além disso, o que se percebe é que nos tempos atuais, as crianças não brincam mais; primeiro, por falta de tempo e segundo, por falta de espaço. Muito cedo a criança vai à escola, à aula de computação, à aula de inglês, para não ficar fora do mercado. Quando há tempo para brincar, a brincadeira preferida é num computador, num video-game, isolado de pessoas, sem interação alguma, um com o outro. A participação dos pais nas brincadeiras, então, é quase inexistente. Não há tempo a perder, é preciso trabalhar, trabalhar muito, para poder dar tudo de bom para os filhos. E assim, desta forma, as crianças deixam de brincar, de interagir com outras crianças e, principalmente, de interagir com os pais.

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Em virtude dessa realidade, pretende-se neste estudo, compreender o papel da psicomotricidade no processo de aprendizagem de crianças com transtorno de déficit de atenção, com o objetivo de que a criança domine e conheça o seu corpo, o que terá grande influência da harmonia de atuação social. As atividades são estruturadas de forma a respeitar o desenvolvimento segundo a correlação entre idade cronológica, maturação neurológica (maturação das áreas cerebrais) e as possibilidades motoras.

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CAPÍTULO I

A PSICOMOTRICIDADE

A psicomotricidade, nos seus primórdios, compreendia o corpo nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando-se e sincronizando-se no espaço e no tempo, para emitir e receber significados. Hoje, a psicomotricidade é o relacionar-se através da ação, como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser natureza e o ser sociedade.

A psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a apresentar problemas de expressão. A psicomotricidade conquistou, assim, uma expressão significativa, já que se traduz em solidariedade profunda e original entre o pensamento e a atividade motora.

FONSECA (1988) comenta que a psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa.

O estudo da psicomotricidade centraliza-se nos processos de controle do jogo de tensões e desconcentrações musculares que, em última análise viabiliza o movimento. Esse controle é estudado na sua relação como processos cognitivos e afetivos.

A compreensão dos processos de controle da motricidade é muito importante para toda a prática pedagógica e psicopedagógica, voltada para a promoção do desenvolvimento humano. Durante a infância e parte da adolescência, a maior atenção deve ser dada a aquisição das capacidades e do movimento.

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O desenvolvimento das chamadas capacidades ou qualidades físicas, nessa faixa etária, não deve ser tomado como parâmetro para o planejamento de atividades motoras por duas razões fundamentais.

O organismo infantil não responde da mesma forma que o adulto aos estímulos promovidos por métodos de treinamento criados para o desenvolvimento de tais capacidades - métodos estes baseados na manipulação de variáveis quantitativas.

A aquisição da capacidade de controle dos movimentos intencionais exige uma grande diversidade de vivências motoras, com atenção a aspectos qualitativos, tais como o ritmo, a coordenação, a descontração.

Assim sendo, a definição de alguns aspectos fundamentais do processo de controle da motricidade pode orientar propostas de atividades adequadas ao desenvolvimento da criança e do adolescente. Cabe notar que o desenvolvimento das capacidades psicomotoras é de grande importância para a integração da personalidade, visto que as dificuldades com o próprio corpo e com os movimentos afetam a segurança a auto-estima e, de forma todas as relações do indivíduo com seus semelhantes.

1.1 Psicomotricidade: conceito

Diversos autores apresentaram conceitos relacionados à psicomotricidade. Para VAYER (1986), a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança.

Segundo COSTE (1978), é a ciência encruzilhada, onde se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos e lingüísticos.

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Para AJURIAGUERRA (1970), é a ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e harmonioso. BARRETO (2000) afirma que é a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético.

Para PIAGET apud BARRETO (2000), a psicomotricidade é "uma

ciência que trata da relação entre o homem, seu corpo, o meio físico e sócio cultural no qual convive.” (p. 21).

Pode-se perceber então que a psicomotricidade é a educação através do movimentos, buscando a melhor utilização das capacidades psíquicas. Como ciência da educação, procura educar ao mesmo tempo que desenvolve as funções da inteligência.

1.2 Conceitos psicomotores

1.2.1 Coordenação Motora e Equilíbrio

COSTA apud VIANA (1995), entende que a coordenação motora é a qualidade de sinergia que permite combinar a ação de diversos grupos musculares na realização de uma seqüência de movimentos com o máximo de eficiência, economia e rapidez quando envolvidas a velocidade e a força

A coordenação neuromuscular é requerida para todo o movimento do corpo e se torna mais complexa a cada aumento em número de segmentos corporais envolvidos e/ou com as variações nos tipos de movimento envolvidos, conforme ECKERT (1993).

O equilíbrio, segundo ECKERT (1993), é necessário para o corpo fazer ajustamentos rápidos e precisos para as várias mudanças nos níveis do centro de

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gravidade e para o tamanho da base de apoio em todas as posições e movimentos corporais.

O equilíbrio é a base essencial da coordenação dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espaço.

Portanto, assim como com a coordenação, a participação em uma ampla variedade de atividades, especialmente aquelas envolvendo níveis variados de centro de gravidade e tamanho de bases de apoio, são recomendadas para o bom equilíbrio global.

1.2.2 Esquema Corporal

A percepção sempre acompanha a sensação, é a interpretação das sensações. O primeiro objeto que a criança percebe é o seu próprio corpo, com ele sente dores, alegrias, sensações visuais, odoríficas, auditivas, movimenta-se, enfim. O corpo será seu meio de ação, de relação com o mundo diz MUTSCHELE (1988).

O Esquema Corporal refere-se ao conhecimento que temos do nosso corpo, que provém de informações proprioceptivas, interoceptivas e exteroceptivas. É de ordem evolutiva, porque o corpo muda de tamanho, peso, medidas; em conseqüência mudam as possibilidades e coordenações funcionais. O Esquema Corporal refere-se centralmente a esse corpo que podemos medir, pesar, comparar, conforme YAÑEZ (1996).

Por ser o seu corpo o ponto básico de contato com o mundo exterior, suas funções serão desenvolvidas, logicamente através da sua atividade corporal, segundo VIANA (1995).

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1.2.3 Imagem Corporal

A imagem do corpo estruturaliza-se em nossa mente, no contato do indivíduo consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. A imagem corporal não é mera sensação ou imaginação. É a figuração do corpo em nossa mente. É uma unidade possível de transformação, onde todos os sentidos entram em colaboração.

Para entender o desenvolvimento da Imagem Corporal de uma criança, segundo MELLO FILHO (s/d), devemos acompanhar as sensações, percepções e reações motoras reveladas por seus desenhos. As crianças desenham figuras humanas refletindo a Imagem mental que possuem de nosso corpo, com projeções de formas isoladas e desconexas. Usam o controle motor dos membros, a experiência visual e tátil na construção do eu corporal segundo necessidades de suas personalidades.

O exame dos desenhos nos dá idéia que os modelos do corpo resultam da capacidade criativa do psiquismo da criança, que traduz desenvolvimento, que vai desde o estado embrionário até certo amadurecimento. É possível que cada traço traduza impulso, algo específico para cada movimento.

A Imagem Corporal não é entidade rígida, estabelecida, mas incompleta, inconsciente e indefinida, que estamos sempre procurando afirma FILHO (s/d).

1.3 Funções psicomotoras

O educador, além de trabalhar o esquema corporal de seus alunos, devem também trabalhar na prevenção de futuros distúrbios de aprendizagem, podendo ser capaz de atingir um ser total, que pensa age e se comunica.

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1 – Tônus de Postura: é uma tensão dos músculos, pela qual as posições relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e que se opõe as modificações passivas destas posições.

2 – Dissociação de movimentos: capacidade de individualizar os segmentos corporais que tomam parte na execução de um gesto intencional.

– Coordenações Globais: coloca em ação simultânea de grupos musculares, visando a execução de movimentos amplos e voluntários, envolvendo principalmente o trabalho de membros inferiores, superiores e do tronco.

- Motricidade Fina: trabalha de forma ordenada de pequenos músculos e engloba principalmente a atividade manual, ocular, labial e lingual.

– Orientação espacial: A criança percebe a relação de proximidades de coisas entre si (perto/longe, em cima/embaixo).

– Orientação temporal: avalia intervalos de tempo.

– Ritmo: é uma ordenação específica, característica e temporal de um ato motor. – Lateralidade: Domínio lateral que se estabelece ao longo do crescimento. – Equilíbrio: é um estado de um corpo.

– Relaxamento: Reduzir a tensão da musculatura esquelética.

Para que todas estas funções psicomotoras sejam aplicadas o professor deve conhecer a psicomotricidade por meio de vivências perceptivo-motoras.

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CAPÍTULO II

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE

ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDA/H)

O transtorno do déficit de atenção é caracterizado por um alcance inapropriadamente fraco da atenção, em termos evolutivos ou aspectos de hiperatividade e impulsividade ou ambos, inapropriados à idade.

O transtorno deve estar presente por, pelo menos, seis meses, comprometer o funcionamento acadêmico ou social e ocorrer antes dos sete anos. Uma criança pode qualificar-se para o transtorno apenas com sintomas de desatenção, ou com sintomas de hiperatividade e impulsividade, sem desatenção.

Para RODHE & BENCZIC (1999)

“Trata-se de um problema de saúde mental que possui três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade. Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança ou adolescente e das pessoas com as quais convive. Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo rendimento escolar” (p. 37).

Os problemas de atenção impedem que haja a seleção da informação essencial para que ocorra a aprendizagem. FONSECA (1995), considera a presença de dois ou mais estímulos como prejudicial a essas crianças,

“tanto ao nível visual como auditivo, e ainda comenta que conforme estudos atuais à atenção é controlada pelo tronco cerebral, e uma vez afetada esta unidade funcional, o cérebro está impedido de processar e conservar a informação, pondo em risco as funções de decodificação e codificação“ (p. 253).

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Quando não ocorre a seleção da informação o córtex poderá tornar-se confuso na hora de identificar a informação como relevante ou irrelevante e em algumas tarefas que precise mudar o controle da atenção, dificilmente as crianças com dificuldades de aprendizagem conseguem concluir esse processo.

Além dos problemas de atenção, as crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam problemas perceptivos e de memória. O desenvolvimento perceptivo dependerá do desenvolvimento motor, portanto, o estágio sensório-motor é de grande relevância para o desenvolvimento da criança. FONSECA (1995) acrescenta que:

“A capacidade perceptiva de discriminar, analisar, sintetizar, reconhecer e armazenar estímulos e suas relações está indissociavelmente ligada à manipulação de objetos e à elaboração de respostas simples, compostas e complexas. O reconhecimento do objeto (contorno, forma, comprimento, largura, orientação, etc.) é inseparável da sua manipulação, motivo pelo qual a percepção envolve reciprocamente um componente motor.” (p. 255).

Em relação aos problemas de memória o autor supracitado aponta a memória e a aprendizagem como processos indissociáveis, assegurando como ser essa a razão pela qual

“as crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam constantemente problemas de memorização, conservação, consolidação, retenção, rememorização, rechamada (visual, auditiva e tatilquinestésica), etc, da informação anteriormente recebida” (FONSECA, 1995, p. 266).

Como conseqüência dessas falhas na memória, é importante lembrar que conforme FONSECA (1995):

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“Esquecer é também sinônimo de desaprender, provavelmente porque não se operou uma organização interna que envolve processos neurológicos determinados. Os estímulos que estão na base da aprendizagem precisam ser identificados e discriminados, mas também armazenados, para que possam estar disponíveis e acessíveis para as funções expressivas.” (p. 268).

2.1 Características e causas do TDA

ROHDE & BENCZIC (1999) caracterizaram o TDA/H por dois grupos de sintomas: (1) desatenção e (2) hiperatividade (agitação) e impulsividade.

No grupo de desatenção as crianças com TDA não conseguem prestar atenção a detalhes, cometem erros por descuido, demonstram uma grande dificuldade para concentrar-se em tarefas e ou jogos e por não conseguirem prestar atenção ao que lhes é dito, dão a impressão de estarem no “mundo da lua”; além disso, dificilmente conseguem terminar algo que começam a fazer, não conseguindo também seguir as regras e as instruções; são desorganizadas com materiais e tarefas evitando atividades que são exigidas um esforço mental maior; costumam perder coisas importantes facilmente e distraem-se com coisas que não têm nenhuma relação com o que está sendo feito.

Como sintomas do grupo de hiperatividade / impulsividade ROHDE & BENCZIC (1999) citam a incessante movimentação que essas crianças fazem com as mãos e os pés quando estão sentadas e das dificuldades em manterem-se sentadas por muito tempo; são crianças que parecem ter uma sensação interna de inquietude e por isso chegam a pular e a correr demasiadamente em situações inadequadas; ao jogar ou brincar, são muito barulhentas, agitadas, falam demais, respondem às perguntas quase sempre antes de terem sido terminadas, não suportam esperar a vez e intrometem-se nas conversas e jogos dos outros constantemente.

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De acordo com as pesquisas mais recentes são necessários, pelo menos, seis sintomas de desatenção e seis dos sintomas de hiperatividade/ impulsividade para que se possa pensar na possibilidade do diagnóstico de TDAH (ROHDE & BENCZIC, 1999).

Estudos comprovam que o transtorno é causado por uma pequena disfunção cerebral que torna a pessoa incapaz de pensar claramente, de ter um humor estável, de manter as fantasias e impulsos sobre controle, de estar satisfatoriamente motivada na vida e de regular essa energia na proporção correta, dentro da situação em que se encontra. Além da falta de atenção, impulsividade, irritabilidade, intolerância e frustração, os portadores de TDA/H têm maior tendência à depressão e uso de drogas e álcool.

Segundo TREDGOLD apud LEWIS (1993),

“no ano de 1908, o termo ‘disfunção cerebral mínima’, foi elaborado para classificar crianças que se mostravam impulsivas, desatentas e hiperativas. Contudo, não foi comprovado seguramente esse dado em todas as crianças com TDAH. Da mesma forma, foram acrescentados outros fatores como possíveis causas do TDAH: anormalidades genéticas, lesão perinatal, infecções, envenenamento por chumbo, traumatismo na cabeça, transtornos metabólicos, transtorno dos neurotransmissores, problemas dietéticos e fatores psicossociais.” (p. 387)

Há uma alta incidência do transtorno em meninos, levando-se a acreditar que o problema possivelmente está relacionado também ao hormônio masculino testosterona.

Como diagnóstico diferencial LEWIS (1993) inclui transtorno de ansiedade, transtornos afetivos, transtornos de conduta, transtornos de personalidade anti-social, dificuldades severas de aprendizagem e retardo mental. O autor ainda alerta para que uma vez sendo confirmado o diagnóstico, o tratamento

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seja logo iniciado, pois caso contrário, a criança passará a ser punida, ao invés de ser tratada, podendo assim, ocorrer um comprometimento severo em sua auto-estima, que poderá ocasionar uma depressão, um comportamento agressivo e conseqüentemente um fracasso escolar.

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CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE E TDA/H

3.1 A educação pelo movimento

A educação pelo movimento deveria ter um espaço reservado, principalmente na escola primária. O programa de desenvolvimento motor é preciso ter atividades recreativas compensatórias. No currículo da escola primária é necessário também como básica a educação pelo movimento.

FONSECA (1988) comenta que o movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante.

O movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma coordenada. O cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos seus mecanismos cerebrais ordens para o controle da contínua atividade de movimento com específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas ordens sofrem as influências do meio e do estado emocional do ser humano (BARROS & NEDIALCOVA, 1999).

A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade de equilíbrio e assegura as posições estáticas, são as estruturas psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas como básicas são: locomoção, manipulação e tônus corporal, que interagem com a organização espaço-temporal, as coordenações finas e amplas, coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Elas são traduzidas pelos esquemas posturais e de movimentos, como: andar, correr, saltar, lançar, rolar, rastejar, engatinhar, trepar e outras consideradas superiores, como estender, elevar, abaixar, flexionar,

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rolar, oscilar, suspender, inclinar, e outros movimentos que se relacionam com os movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Esses movimentos são conhecidos na educação física como movimentos naturais e espontâneos da criança. Baseiam-se nos diversos estágios do deBaseiam-senvolvimento psicomotor, assumindo características qualitativas e quantitativas diversas.

O movimento refere-se, geralmente, ao deslocamento do corpo como um todo ou dos membros, produzido como uma conseqüência do padrão espacial e temporal da contração muscular. Movimento é o deslocamento de qualquer objeto e na psicomotricidade o importante não é o movimento do corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade biopsicomotora em ação.

Os movimentos podem ser involuntários ou voluntários. Movimentos involuntários são atos reflexos, comandados pela substância cinzenta da medula, antes de os impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Os movimentos involuntários são os elementares inatos e adquiridos. Os inatos são aqueles com os quais nascemos e são representados pelos reflexos, que são respostas caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução.

Movimentos e expressões involuntárias, muitas vezes, estão presentes em determinadas ações sem que o executante os perceba. Esses movimentos são desencadeados e manifestados pelo corpo no momento em que realiza determinados atos voluntários.

Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que ocorrem devido à aprendizagem e que formam os hábitos, os quais, quando bons, poupam tempo e esforço, porém, se exagerados, eliminam a criatividade. Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica ao seu ecossistema) ou ativos (comer, andar, tocar instrumentos). Os reflexos condicionados são produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses reflexos condicionados geralmente começam como atividade voluntária e, depois de aprendidos, são mecanizados.

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Para a execução do ato voluntário exige-se um certo grau de consciência e de reflexão sobre finalidades, entretanto, a maior parte dos atos executados na vida diária é relativamente automática.

Para a atividade voluntária cotidiana, faz parte uma série de reflexos automáticos e instintivos os quais, na prática, não podem ser bem diferenciados. A freqüente repetição de atitudes voluntárias acaba por transformar-se em atos automáticos.

Na realidade, vários problemas de reeducação não aconteceriam junto à leitura, escrita e matemática se a psicomotricidade fosse utilizada como principal meio educativo, associada a exercícios gráficos e de manipulação. A educação básica, através do movimento. associada a jogos e atividades esportivas que deveria ocupar em lugar de destaque no ensina da criança de 6 a 12 anos. A proposta deste método é a formação do indivíduo.

A formação geral que entendemos proporcionar não é uma cultura abstrata e sim um meio para dominar as dificuldades que o indivíduo enfrentará futuramente no trabalho, lazer e sociedade. É também um importante meio de prevenção dos problemas de adaptação escolar. Mas com o surgimento de novos métodos educativos a tendência para solucionar os atuais problemas de formação, é a utilização cada vez maior do movimento como meio educativo.

3.2 A educação psicomotora

A educação psicomotora, é a educação da criança através do movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses.

A educação psicomotora na pré-escola e séries iniciais do ensino fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários problemas como a má concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com

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letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização. Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos.

Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e despir-se torna-se difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de uma palavra. As noções de esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem partir de situações concretas, nas quais a criança possa formar um esquema mental que anteceda à aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos.

Se sua lateralidade não está bem definida, ela encontra problemas de ordem espacial, não percebe diferença entre seu lado dominante e o outro lado, não é capaz de seguir uma direção gráfica, ou seja, iniciar a leitura pela esquerda. Muitos fracassos em matemática, por exemplo, são produzidos pela má organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a criança necessita ter pontos de referência, colocar números corretamente, possuir noção de coluna e fileira, combinar formas para fazer construções geométricas.

Segundo STAES & DE MEUR (1984), o intelecto se constrói a partir da atividade física. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade (emoções e sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que essas habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.

Educação psicomotora é a educação da criança através de seu próprio corpo e de seu movimento. A criança é vista em sua totalidade e nas possibilidades que apresenta em relação ao seu meio-ambiente. Assim, ao praticar qualquer atividade usa o seu todo; mesmo sendo regida, predominantemente, pelo intelecto.

A educação psicomotora atinge a criança na sua totalidade. STAES & DE MEUR (1984) comentam que no início da escolaridade aparecem as dificuldades escolares de muitas crianças. O problema não está no nível de classe em que elas se encontram, mas no nível da base. A estrutura da educação psicomotora centra-se

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no nível da base, onde estão os elementos básicos ou pré-requisitos que são as condições mínimas para uma boa aprendizagem.

Através da educação psicomotora, a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.

A importância do desenvolvimento de habilidades motoras para alunos de pré-escola até a quarta série do ensino fundamental levou LE BOULCH (1999) a justificar a introdução da educação psicomotora no ensino fundamental. Nos casos em que as perturbações do relacionamento fundamental entre o eu e o mundo são evidentes, a reeducação psicomotora às vezes permite obter resultados espetaculares. O que é bem-sucedido com os deficientes poderia se impor também às pessoas normais durante o período de estruturação do seu esquema corporal: a psicocinética, que toma o aspecto de uma educação psicomotora, quando se aplica a crianças menores de doze anos pode ser considerada como uma forma eletiva de educação física nesta idade.

Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é fundamental. Esse relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja uma relação entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor.

Nesse aspecto as atividades psicomotoras propiciam para a criança uma vivência com espontaneidade das experiências corporais, criando uma simbiose afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e alunoprofessor, afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as relações interpessoais.

O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se por uma maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial; e, também, o reconhecimento dos objetos, das posições, da imagem e do esquema corporal. As atividades propostas na educação física através da educação psicomotora devem ocorrer com espontaneidade, pois quando se desenvolvem essas atividades com as crianças nota-se uma grande receptividade por parte delas, visto que ainda não adquiriram tonalidades preconceituosas.

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As atividades que envolvem o toque de uma criança com a outra devem ser elaboradas e pensadas, pois não é tão simples executá-las, até porque muitos educadores têm dificuldades de tocar alguém ou deixar-se tocar.

Bons exemplos de atividades são aquelas de caráter recreativo, que favorecem a consolidação de hábitos higiênicos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a sociabilização, a criatividade; tudo isso visando à formação da sua personalidade.

3.2.1 Plano de trabalho psicomotor

1 - Utilização dos problemas com o propósito de levar a criança a resolvê-los.

Propor várias situações educativas para que a criança adapte-se ao determinado gesto. Oferecer vários exercícios com a finalidade de facilitar a estruturação perceptiva. Jogos livres, para que a criança possa criar e expressar sua espontaneidade

2 - Exercícios de coordenação motora

Coordenação viso-motora - importante para a escrita - exercícios de destreza e precisão.

Coordenação dinâmica geral - esse trabalho enriquecem as reações da criança através da resolução de problemas concretos.

3 - Estruturação do esquema corporal

Afirmação da lateralidade e orientação; Conhecimento e tomada de consciência das diferentes partes do corpo; Consciência das atitudes globais e associação dos segmentos unindo-os ao trabalho respiratório e relaxamento.

4 - Ajustamento postural

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5 - Percepção temporal

Relação da percepção com a educação; relação da percepção das estruturas rítmicas.

6 - Percepção do espaço e estruturação espaço temporal

Orientação e localização de objetos no espaço e apreciação de trajetória; o mundo e os objetos, e o mundo e as pessoas.

Os trabalhos de coordenação motora na infância, funcionam como um sistema de movimentos coordenados entre si em função de um objetivo. Os trabalhos de coordenação global permitem a aquisição de uma série de habilidades motoras cujo caráter não é estritamente automático e nos quais os movimentos se adaptam grosso modo ao objeto.

7 - Pedagogia dos exercícios de coordenação global

Oferecer a criança condições para a realização de seus ensaios e erros. A criança aproveitará seus conhecimentos perceptivos em forma de intuição, e quase sempre inconscientes.

O educador impedirá toda realização estereotipada, variando as conduções de execução dos mesmos exercícios, devendo aceitar os erros da criança, pois sua correção é sempre convertida num fator de progresso.

Deverão ser lentamente progressivas, atraentes agradáveis, variadas em suas modalidades de aplicação, o trabalho psicomotor para que a criança possa adaptar-se.

3.2.2 Aprendizagem motora

Aprendizagem motora, como área de estudo, procura explicar e investigar o que acontece com o indivíduo em relação aos mecanismos internos e variáveis quando ocorre mudança do comportamento. Quando estudamos o comportamento humano e o processo educacional encontramos diferentes níveis de

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análise. A aprendizagem pode ser classificada em três domínios do comportamento humano: cognitivo, afetivo e motor.

Esta classificação não pode e nem deve ser considerada como itens mutuamente exclusivos, mas elas constituem um meio conveniente de organização a partir do qual o estudo do comportamento pode-se desenvolver.

O domínio cognitivo: envolve comportamentos tipicamente identificados como atividades intelectuais. Fazem parte do domínio cognitivo, as operações mentais como descoberta ou reconhecimento, retenção ou armazenamento e geração de informações que a partir de certos dados originam a tomada de decisão ou julgamento da informação processada.

O domínio afetivo: refere-se a sentimentos ou emoção, sendo que a maior parte, senão a totalidade de nosso comportamento afetiva é aprendida, conforme pesquisas recentes.

O domínio motor: muitas vezes identificado como psicomotor, inclui atividades que requerem movimento físico, por ser o movimento da base desse domínio.

3.3 O papel do lúdico para a aprendizagem de crianças com TDA

Segundo VYGOTSKY (1988), PIAGET (1990), WINNICOTTI (1971), o jogo está presente como um papel de fundamental importância na educação, principalmente na educação infantil; no entanto, CHATEAU (1987) adverte para que “a educação não se limite somente ao jogo, pois isso levaria o homem a viver num

mundo ilusório e cita o jogo apenas como uma preparação para o trabalho, exercício, propedêutica” (p. 155).

Sua teoria fundamenta-se nas relações mútuas entre jogo e trabalho; de acordo com o autor, o jogar exige um esforço muito grande, e quase sempre tem

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como objetivo cumprir uma tarefa; portanto, o jogo é um dever tanto quanto uma tarefa escolar; e desta forma, o jogo passa a ter um caráter moral.

Além disso, o jogo e o trabalho possuem valores sociais. Jogando, a criança entra em contato com outras crianças, passa a respeitar os diferentes pontos de vistas, e isso irá favorecer a saída de seu egocentrismo original.

Em relação a esse aspecto, CLAPARÈDE apud CHATEAU (1987), confirma que “é preciso tomar muito cuidado para que o jogo não se torne apenas

um divertimento, desprezando essa parte de orgulho e de grandeza humana que dá seu caráter próprio ao jogo humano” (p.124).

Conforme BROUGÈRE (1998), o jogo nos dá a oportunidade de descobrir informações sobre o nosso meio que contribuem para nossa visão de mundo, e para várias formas de aprendizagens.

Através dos jogos, são exercitados aspectos físicos e mentais do indivíduo. Portanto, por que não aprender matemática, leitura, escrita, de uma forma prazerosa, interativa, em que trocamos pontos de vista, conhecemos melhor o outro, convivemos de uma maneira harmoniosa e feliz? Por mais que haja desgaste físico, algumas frustrações, o prazer que sentimos ao jogar, ao brincar, é imensurável.

O jogo chega a ser considerado por FREUD apud BOSSA (2000) como uma atividade criativa e curativa, pois permite à criança (re)viver ativamente as situações dolorosas que viveu passivamente, modificando os enlaces dolorosos e ensaiando na brincadeira as suas expectativas da realidade.

O prazer moral proporcionado pelo jogo deverá ser transposto para a educação, calcada na atividade espontânea do jogo. A criança precisa superar obstáculos, precisa querer superá-los. De acordo com CHATEAU (1987), a verdadeira alegria, a alegria humana, é aquela que se obtém num triunfo sobre si, num domínio de si. Por mais cansativo que seja o jogo, o prazer da vitória é gratificante.

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Como tão bem observou FERNÁNDEZ (2001)

“Brincando descobre-se à riqueza da linguagem; aprendendo, vamos apropriando-nos dela.

Brincando inventamos novas histórias; o aprendizado permite historiar-nos, ser nossos próprios biógrafos.

Jogar é pôr a galopar as palavras, as mãos e os sonhos.” (p. 36).

Para MAIA, (1993), o jogo está presente nas mais diversas fases e atividades da vida humana, englobando desde o desenvolvimento físico, psicomotor e cognitivo até o afetivo e social.

Segundo VYGOSTKY (1993), as atividades lúdicas além de auxiliarem a criança a compor sua própria personalidade, desafiam e motivam os professores a buscarem a exploração, a reflexão, a descoberta, a cooperação e a aceitação de modelos de crianças ativas, interativas, criativas e exploradoras.

É oportuno considerarmos as palavras de FEIJÓ (1998) para evidenciar a importância do lúdico no desenvolvimento cognitivo, psicomotor e no psicológico da criança:

“O lúdico passou a ser reconhecido como um traço essencial da psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição de lúdico deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolam as demarcações do brincar espontâneo.

O lúdico é uma das necessidades básicas da personalidade, do corpo e da mente. [...] Faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana.[...].

Este traço o coloca no mesmo grupo de todas as outras necessidades da pessoa, [...] tão essencial quanto respirar e receber o afeto” (p. 67).

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RIZZO PINTO (1997) afirma "não há aprendizado sem atividade

intelectual e sem prazer," (p.336), se não há aprendizagem sem o lúdico, a

motivação através da ludicidade parece ser uma boa estratégia no auxilio da aprendizagem, como podemos observar na afirmação de MEDNICK (1983)

“É evidente que precisamos de ambas as coisas, aprendizagem e motivação, para o desempenho de uma tarefa. A motivação sem aprendizagem redundará, simplesmente, numa atividade à cegas; aprendizagem sem motivação resultará, meramente em inatividade, como o sono.” (p.21)”

Para CAMPOS (1986),

“A compreensão e o uso adequado das técnicas motivadoras poderiam resultar em interesse, concentração da atenção, atividade produtiva e eficiente de uma classe, a falta de motivação poderiam conduzir ao aumento de tensão emocional, problemas disciplinares, aborrecimentos, fadiga e aprendizagem pouco eficiente da classe.” (p.108)

A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora dessa aprendizagem se o professor de judô pudesse repensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando-a com a corrente da Motricidade Humana que prega a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula, desportiva ou não.

FONSECA (1995) descreve algumas características das crianças com transtorno de atenção e cita os problemas perceptivos motores e perceptivos como problemas presentes nestas crianças.

A capacidade perceptiva de discriminar, analisar, sintetizar, reconhecer e armazenar estímulos e suas relações está indissociavelmente ligada à manipulação de objetos e à elaboração de respostas simples, compostas e complexas. O reconhecimento do objeto (contorno, forma, comprimento, largura,

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orientação, etc.) é inseparável da sua manipulação, motivo pelo qual a percepção envolve reciprocamente um componente motor (processo perceptivo-motor).

É através do jogo que a criança coloca em ação a função de simulação, o nível mais elevado da cognição, permitindo que a criança imagine, crie e realize experiências subjetivas, evadindo-se do real e do presente. "Há no jogo

uma estrutura e um sentido que o convertem numa forma involuntária de linguagem, conferindo-lhe um valor simbólico" (OLIVEIRA, 1997, p. 49).

O movimento, então, é fundamental à criança, como ressalta WALLON (1975). Tal autor coloca que movimentar-se não intervém somente no desenvolvimento psicomotor da criança, mas também no desenvolvimento cognitivo e da personalidade, fazendo da educação psicomotora uma aliada do desenvolvimento global infantil, sendo essa fundamental aos processos pedagógicos futuros. Afirma o referido autor que é "sempre a ação motriz que regula o

aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais" (WALLON, 1975, p. 17).

Assim, tendo em vista que a educação psicomotora prioriza um trabalho voltado aos elementos lúdicos, possuindo um caráter essencial e insubstituível na formação e desenvolvimento da criança, podendo-se afirmar que a mesma possibilita a ostentação da personalidade infantil, permitindo-lhe a realização do seu ‘eu’, torna-se fundamental à infância.

É nessa direção que a educação psicomotora pode abrir perspectivas novas no contexto do desenvolvimento da criança, ao apontar para paradigmas que colocam a expressividade de um corpo consciente de si mesmo e do outro, como elemento mediador de conquistas humanizadas. Pensa-se que a educação psicomotora fundamentada em um projeto político-pedagógico consistente pode centrar suas ações pedagógicas na mediação do desenvolvimento infantil, através de suas ações específicas.

A educação psicomotora, através de suas atividades lúdicas, permite a interiorização de processos de representação e argumentação social, como também da capacidade cooperativa e operacionalização coletiva. Isso porque pode oferecer

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apoio ao desenvolvimento, via instrumentos psicológicos facilitadores, e também aos processos de ensino-aprendizagem, via instrumentos pedagógicos facilitadores. Para tanto, sintoniza as ações da criança com as representações do pedagogo que com ela trabalha, através da construção de uma ponte de sentido entre ambos os níveis (COLL et all, 1993).

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CONCLUSÃO

A psicomotricidade permite o conhecimento do próprio corpo; o ajuste e aperfeiçoamento dos esquemas de movimentos disponíveis; a incorporação de novas e variadas estruturas de movimento, enriquecendo o acervo motor; eliminação de estereotipias sem significado e sentido; desenvolvimento dos sentidos e da atividade mental. Estes aspectos permitem que o homem se movimente de forma eficaz, para resolver as diferentes situações que enfrenta, especialmente as relacionadas com o meio físico, logrando correta adequação em relação ao tempo, espaço e objetos que o rodeiam.

No trabalho com crianças, o diálogo corporal não se instala apenas através do agir, mas também do sentir. A pedagogia se transforma a partir do momento em que se abre esse espaço psicomotor na escola. A aprendizagem de conceitos, a elaboração de raciocínios e a alfabetização, em consonância com o material afetivo e psicomotor, vivenciados como atividades livres de educação psicomotora, tornam-se parte do crescimento global da criança.

O objetivo é dar sempre à criança o poder de seu próprio desenvolvimento. Nosso papel será, portanto, o de acompanhar a criança nas suas explorações: olhar, estimular, motivar e fornecer o material de que a criança necessita, que desenvolva sua linguagem corporal, desenvolvendo e permitindo a imagem e consciência do corpo, os movimentos espontâneos, expressivos e representativos.

As aulas devem ser dinâmicas, e sem formalidades, com técnicas simples e grande variedades de exercícios, para estimular o imediato desejo de aprender, pois é através do movimento que o ser humano interage com o meio ambiente, através de constante troca de matéria / energia e informação, que é um aspecto fundamental para sobrevivência e desenvolvimento de todo e qualquer sistema vivo, além de ser um fenômeno social e biológico, em que se trabalha com movimento livres, alegres, tendo grande valor sócio-cultural.

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Pode-se afirmar, então, que a educação, através de atividades afetivas, psicomotoras e sociopsicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo, promovendo a totalidade do ser humano. Possui também um impacto positivo no pensamento, no conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de crianças e jovens. E crianças e jovens fisicamente educados vão para uma vida ativa, saudável e produtiva, criando uma integração segura e adequado desenvolvimento de corpo, mente e espírito.

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BIBLIOGRAFIA

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WALLON, H. Psicologia e Educação da Infância. Estampa, Lisboa: 1975.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS... 03 DEDICATÒRIA... 04 RESUMO... 05 METODOLOGIA ... 06 SUMÁRIO... 07 INTRODUÇÃO... 08 CAPÍTULO I A PSICOMOTRICIDADE ... 10 1.1 Psicomotricidade: conceito... 11 1.2 Conceitos psicomotores... 12

1.2.1 Coordenação motora e equilíbrio... 12

1.2.2 Esquema corporal... 13

1.2.3 Imagem corporal... 14

1.3 Funções psicomotoras... 14

CAPÍTULO II TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDA/H)... 16

2.1 Características e causas do TDA... 18

CAPÍTULO III PSICOMOTRICIDADE E TDA/H... 21

3.1 A educação pelo movimento... 21

3.2 A educação psicomotora... 23

3.2.1 Plano de trabalho psicomotor... 26

3.2.2 Aprendizagem motora... 27

3.3 O papel do lúdico para a aprendizagem de crianças com TDA... 28

CONCLUSÃO ... 34

BIBLIOGRAFIA ... 36

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto A Vez do Mestre

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia: A INFLUÊNCIA DAS HABILIDADES PSICOMOTORAS NO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO (TDA)

Data da entrega: _______________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Avaliado por:_______________________________Grau______________. Rio de Janeiro_____de_______________de 2004.

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Referências

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