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QUAL USO RACIONAL DA ÁGUA (NA AGRICULTURA IRRIGADA)? discussões à luz do desenvolvimento e da sustentabilidade

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QUAL USO “RACIONAL” DA ÁGUA (NA AGRICULTURA IRRIGADA)?

discussões à luz do desenvolvimento e da sustentabilidade

Marcos Eugênio Pires de Azevedo Lopes1 & Edmilson Costa Teixeira2

RESUMO --- O uso “racional” de recursos naturais é tema recorrente nas agendas de diversos países e consta entre os desafios desse novo milênio, como forma de construção de uma sociedade sustentável. Contudo, o entendimento da “racionalidade” como um tema abrangente e análogo ao da sustentabilidade ainda não está claro nas práticas da sociedade moderna; geralmente, relaciona-se apenas à melhoria de eficiência de aspectos econômicos e tecnológicos. O tema “racionalização do uso da água na agricultura irrigada” é campo vasto para discussões, principalmente sob a ótica do novo paradigma - nacional e mundial - da gestão das águas. Nesse sentido, observa-se o enfoque ainda “centrado na irrigação”; hoje, busca-se o enfoque “centrado nos recursos hídricos”. Assim, observa-se a necessidade em se avançar na formulação de estratégias que contemplem questões como: integração, participação, valores e culturas, nos processos decisórios e na elaboração de políticas, principalmente na busca pela sustentabilidade e pelo que preconiza a Política Nacional de Recursos Hídricos. O presente artigo objetiva, pois, discutir o tema “racionalização do uso da água na agricultura irrigada”, tendo como plano de fundo perspectivas da “racionalidade”, da “sustentabilidade” e do “desenvolvimento”, no intuito de trazer subsídios em suporte às gestões de recursos hídricos e agrícola.

ABSTRACT --- The "rational" use of natural resources is a main theme in the agendas of several countries and is among the challenges of this new millennium as a way of building a sustainable society. However, the understanding of "rationality" as a comprehensive theme as sustainability is not yet clear in the practices of modern society; generally, it relates only to the efficiency improvement of economic and technological aspects. The theme "rationalization of water use in irrigated agriculture” may provide a broaden scope for discussion, especially from the viewpoint of the new paradigm - national and global - of water management. In this sense, one can still notice the “irrigation-centered” view; today, the demand is towards the “water-resources-centered” view. Thus, there is a need to move forward in formulating strategies that address issues such as: integration, participation, values and cultures, in decision making processes and in policy making, especially in the quest for sustainability and for the aims of the Brazilian Water Resources Policy. This article aims to discuss the theme "rationalization of water use in irrigated agriculture", taking into consideration "rationality", "sustainability" and "development" backgrounds, in order to support water resources and agriculture managements.

Palavras-chave: uso racional; agricultura irrigada; gestões agrícola e de recursos hídricos

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Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, e Pesquisador do Laboratório de Gestão de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Regional – LabGest/UFES. E-mail: marcos_eugenio@click21.com.br.

2

Professor Associado do Departamento de Engenharia Ambiental/UFES e Coordenador do LabGest/UFES. Av. Fernando Ferrari, s/n, Campus Goiabeiras, Vitória-ES, 29000-000. E-mail: edmilson@npd.ufes.br.

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2 1. INTRODUÇÃO

O uso “racional” de recursos naturais é tema recorrente nas agendas de diversos países e consta entre os desafios desse novo milênio, como forma de construção de uma sociedade sustentável (Diamond, 2005). Em se tratando do recurso natural água, a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), Lei Federal 9433 de janeiro de 1997 (BRASIL, 2004), inclui entre seus objetivos “a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável”.

Contudo, o entendimento da “racionalidade” como um tema abrangente e análogo ao da sustentabilidade ainda não está tão claro nas práticas da sociedade moderna; geralmente, está relacionado apenas à melhoria de eficiência de aspectos econômicos e tecnológicos (Lopes & Teixeira, 2008; Martínez-Alier, 2007; Dussel & Ibarra-Colado, 2006; Santos, 2006; Leff, 2005; Capra, 2002 e 1996).

Tomando como exemplo o tema “Racionalização do Uso da Água na Agricultura Irrigada” (RUAAI), o que se percebe na literatura atual é o enfoque nos avanços quanto às tecnologias de irrigação que garantam maior produtividade/maior rentabilidade. Nesse sentido, observa-se a publicação de vários estudos internacionais sobre os temas “produtividade da água” (Water Productivity - WP) e a “eficiência do uso da água” (Water Use Efficiency - WUE) nesse início de século (Mutiro et al., 2006; Oweis & Hachum, 2006; Khan et al., 2006; Singh et al., 2006; Zoebl, 2006; Bessembinder et al., 2005; Maisiri et al., 2005; Mdemu et al., 2004; Postel, 2003; Rockström, 2003; Rockström et al., 2002; Tabbal et al., 2002).

Apesar disto, vários estudos nacionais e internacionais, em sua quase totalidade, avaliando o uso da água na agricultura, indicam maus resultados, dentre outros motivos, pela adoção de sistemas inadequados à realidade local, pela má manutenção dos equipamentos, pela falta de definição de um programa de manejo de irrigação (Teixeira et al., 2007a; Lopes, 2006; Cordeiro, 2006; Costa, 2006; GEARH/LABGEST, 2006; Zinato et al., 2003; Pereira et al., 2002; Espíndula Neto, 2002; Bontemps & Couture, 2002; Chamon, 2002; Souza, 2000; Bonomo, 1999; Capra & Scicolone, 1998).

Como afirma Wichelns (2003), os profissionais de recursos hídricos freqüentemente focam o aumento da produção com a maximização da produção por gota (“crop per drop”) ou a melhoria da eficiência de irrigação, tanto no nível da propriedade como no nível da bacia hidrográfica. As recomendações políticas que emergem desta realidade envolvem, apenas, esforços no encorajamento de produtores para a utilização de sistemas de irrigação com maior tecnologia, para a implementação do manejo de irrigação ou para a escolha de culturas com menores exigências em água.

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3 Em suma, ainda são tímidas as discussões quanto a uma abordagem ampla do uso da água na agricultura irrigada, principalmente considerando o novo paradigma, nacional e mundial, da gestão das águas: a gestão participativa de bacias hidrográficas. Nesse sentido, como afirma Lankford (2004), o enfoque ainda é “centrado na irrigação” (“irrigation-centred”); hoje, a busca é pelo enfoque “centrado nos recursos hídricos” (“water-resource-centred”). Em outras palavras, “o planejamento de irrigação deveria estar em sintonia com e contextualizado numa abordagem ampla; centrado nos recursos hídricos, com princípios de partilha; movendo-se do foco da “produção pura” para o dos interesses da “vizinhança”, do “sistema de irrigação” para o da “bacia hidrográfica”, do de “regras agronômicas” para o de “negociações sociais” que discutam os direitos da água” (Lankford & Hepworth, 2007).

Em conclusão, é necessário formular estratégias que contemplem questões como: integração, participação, valores e culturas, nos processos decisórios e na elaboração de políticas, principalmente se o que realmente se busca é a sustentabilidade e a consideração total dos fundamentos, objetivos e diretrizes da PNRH.

Assim, o presente artigo objetiva discutir o tema RUAAI, tendo como plano de fundo perspectivas da “racionalidade”, da “sustentabilidade” e do “desenvolvimento”, no intuito de trazer subsídios em suporte às gestões de recursos hídricos e agrícola.

2. ENTENDENDO O “SER RACIONAL” 2.1. Etimologia e história

Para entender os diversos significados que estão relacionados à “racionalidade” ou ao que é “ser racional”, é apresentada, sucintamente, neste item, a análise etimológica e histórica destas expressões, e de como os processos de “racionalização” ocorreram no mundo, ao longo da história. O termo “racionalização”, sob um significado geral, de acordo com Ferreira (2004), “vem de racional (relativo à razão) + izar (tornar)”, isto é, “tornar racional, usar segundo a razão”.

A “razão” tem origens etimológicas no Latim e no Grego. No Grego, a “razão” é logos que, por sua vez, vem do verbo legein que quer dizer: contar, reunir, calcular. No Latim, é ratio que vem do verbo reor que significa: medir, contar, calcular.

Considerando sua etimologia, a “razão” “significa pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para os outros” (Teixeira Filho, 1999) e assim pode ser definida, conforme expressa Ferreira (2004), como a “faculdade de avaliar, julgar, ponderar idéias universais; raciocínio, juízo” e, ainda, a “faculdade de estabelecer relações lógicas, de raciocinar; raciocínio, inteligência”.

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4 Assim, a “racionalização”, como é comumente utilizada, de acordo com Ferreira (2004), significa “tornar mais eficiente (atividade, trabalho, etc.), com planejamento ou pelo emprego de métodos científicos ou técnicas mais adequadas”.

A literatura aponta dois contextos históricos principais como pontos de partida da “racionalização” da sociedade moderna: a Reforma Protestante e o Iluminismo (Ilustração).

Weber (1989) iniciou seus estudos sobre racionalização na obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, na qual mostra como os objetivos de certas denominações Protestantes, particularmente o Calvinismo, mudaram em direção a meios racionais de ganho econômico como forma de lidar com a ansiedade de salvação perante Deus. As conseqüências racionais desta doutrina logo ficaram incompatíveis com suas raízes religiosas, e então estas últimas foram abandonadas. O autor continua sua pesquisa no assunto em trabalhos posteriores, notadamente em seus estudos sobre burocracia e na classificação de autoridade. Nestes trabalhos, faz-se alusão a uma inevitável mudança rumo à racionalização.

Rouanet (2002), sobre o iluminismo, afirma que “a ilustração produziu efeitos materiais sensivelmente mais profundos que os exercidos pela Reforma, e, ao contrário desta, cujas conseqüências modernizadoras foram colaterais e não desejadas conscientemente por seus propagandistas, ela se apresentou, desde o início, como um programa explícito de modernização. Com efeito, se a modernização se define pela passagem de uma sociedade tradicional para uma sociedade pós-tradicional, a modernização é sem dúvida o objetivo central da Ilustração. Ela não é outra coisa que uma investida maciça para abolir as velhas estruturas do Antigo Regime, substituindo-as por novas estruturas, mais racionais”.

O processo de racionalização do mundo é, então, intensificado com a Revolução Industrial que traz a necessidade da produção em massa e em série, exigindo procedimentos cada vez mais racionalizados, eficientes.

Rouanet (2002) propõe que “racionalizações”, nos níveis econômico, político e cultural, ocorreram ao longo da história.

Segundo o autor, a “racionalização econômica” levou à dissolução das antigas formas produtivas, características do feudalismo, e à formação de uma mentalidade empresarial moderna, baseada na previsão, no cálculo, em técnicas racionais de contabilidade. Tornou-se possível a administração racional da empresa. A empresa, já racionalizada em suas técnicas de gestão, acede a um novo patamar de racionalidade, pela incorporação incessante dos conhecimentos científicos ao processo produtivo. A economia torna-se plenamente moderna.

A “racionalização política” conduz à substituição da autoridade descentralizada pré-moderna pelo Estado absolutista e, posteriormente, pelo Estado verdadeiramente moderno, dotado de um sistema tributário centralizado, de um poder militar permanente, do monopólio da violência e da

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5 legislação, e de uma administração burocrática racional. A racionalização política desemboca na modernidade plena quando institucionaliza a dominação legal, legitimada pela crença em regras normativas e no direito dos governantes de exercerem sua autoridade em função dessas regras.

A “racionalização cultural” envolve a dessacralização das visões do mundo tradicionais e a diferenciação em esferas de valor autônomas, até então embutidas na religião: a ciência, a moral e a arte. A ciência moderna permite o aumento cumulativo do saber empírico e da capacidade de prognose, que podem ser postos a serviço do desenvolvimento das forças produtivas. A moral, inicialmente em relação simbiótica com a religião, se torna cada vez mais secular: ela passa a derivar de princípios gerais, e adquire caráter universalista, distinguindo-se nisso das morais tradicionais, cujos limites coincidiam com os do grupo ou do clã. Enfim, surge a arte autônoma, destacando-se do seu contexto tradicionalista (arte religiosa) em direção a formas cada vez mais independentes, como o mecenato e a produção para o mercado.

Santos (2006) complementa que a marcha do processo de racionalização, após haver atingido a economia, a cultura, a política, as relações interpessoais e os próprios comportamentos individuais, agora, neste fim de século XX, estaria instalando-se no próprio meio de vida dos homens, isto é, no meio geográfico.

2.2. “Racionalidade” versus “Irracionalidade”

Weber (1989) afirma que, freqüentemente, a “racionalização” está associada à cultura ocidental, a saber, ao uso da técnica e da ciência e ao utilitarismo racional econômico e político que condicionam a ação dos indivíduos. Ele exemplifica que na China e na Índia3 não foi alcançado no desenvolvimento científico, artístico, político ou econômico, o mesmo grau de racionalização que é peculiar no Ocidente.

Contudo, ao considerar a diversidade de “razões”, isto é, de interesses, sejam estes, econômicos, culturais e ambientais, Godelier (1967, apud Couto, 2007) afirma que não há racionalidade em si nem racionalidade absoluta. O racional de hoje pode ser o irracional de amanhã, o racional de uma sociedade pode ser o irracional da outra.

Seguindo o mesmo raciocínio, Weber (1989) afirma que as racionalizações têm existido em todas as culturas, nos mais diversos setores e dos tipos mais diferentes. Ele exemplifica que há as racionalizações da contemplação mística, ou seja, num contexto que considerado sob outras perspectivas é especificamente irracional.

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Hoje em dia percebe-se uma forte influência ocidental e do capitalismo nesses dois países. Na época em que foi escrita a primeira edição deste trabalho de Weber (1904-1905), a realidade era outra.

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6 Schutz (1953, apud Santos, 2006) diz que o conceito de racionalidade, “em sentido estrito, não se refere a ações no interior da experiência comum da vida cotidiana no mundo social, mas é a expressão de um tipo particular de construções de certas modelizações específicas”.

O que muitos consideram, adjetivamente, como “irracionalidade” e, dialeticamente, como “contra-racionalidade”, constitui, na verdade, e substancialmente, outras formas de racionalidade, racionalidade paralelas, divergentes e convergentes ao mesmo tempo (Santos, 2006).

O que se percebe é que geralmente predomina uma “racionalidade dominante” ou “hegemônica”, onde um paradigma existente age sobre os demais pensamentos, fazendo destes “irracionais” ou “contra-racionais”.

Na nossa sociedade, de acordo com Santos (2006), essas contra-racionalidades localizam-se de um ponto de vista social, entre os pobres, os migrantes, os excluídos, as minorias; de um ponto de vista econômico, entre as atividades marginais, tradicional ou recentemente marginalizadas; e, de um ponto de vista geográfico, nas áreas menos modernas e mais “opacas”, tornadas irracionais para usos hegemônicos. Todas essas situações se definem pela sua incapacidade de subordinação completa às racionalidades dominantes, já que não dispõem dos meios para ter acesso à modernidade material contemporânea.

3. RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA NA AGRICULTURA IRRIGADA: ESTADO DA ARTE

Em épocas mais remotas, a irrigação visava basicamente à luta contra a seca. Na visão da agricultura “moderna”, voltada ao agronegócio, a irrigação é uma estratégia para aumento de rentabilidade da propriedade agrícola pelo aumento da produção e da produtividade. Em países em desenvolvimento, a irrigação aumenta os retornos econômicos e pode impulsionar a produção acima dos 400% (Khan et al., 2006).

De acordo com Christofidis (2008), a agricultura irrigada responde por 44% do total de alimentos produzidos no mundo, e é responsável pela utilização de cerca de 70,2% da captação mundial de água, configurando-se, assim, como o maior usuário deste recurso. O mesmo autor afirma que, mesmo representando apenas, aproximadamente, 6% da área plantada total do Brasil, cultivos irrigados produziram, em 1998, 16% da safra de alimentos e 35% do valor da produção.

Apesar dos benefícios, a irrigação também pode trazer conseqüências ambientais indesejadas. Se por um lado o aumento da produção e da produtividade propiciado pelas técnicas de irrigação é uma grande vantagem, por outro lado vários conflitos decorrentes da degradação quali-quantitativa da água e dos solos pelo uso intensivo e, na maioria das vezes, inadequado da irrigação são observados no Brasil e no mundo.

Cerca de um terço das terras irrigadas do mundo tiveram suas produtividades reduzidas como conseqüência de irrigações inadequadamente manejadas que ocasionaram encharcamento e

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7 salinidade (Khan et al., 2006). Segundo Setti et al. (2001), na irrigação por superfície, cerca de 60% da água captada infiltra pelos canais dos sistemas de distribuição e se perde por evaporação. Não sendo o bastante, a água que infiltra eleva o lençol freático, o que promove encharcamento e salinização de aproximadamente 20% das terras irrigadas no mundo, o que reduz consideravelmente o rendimento dos cultivos.

A realidade acima mencionada corrobora a necessidade em se buscar a eficiência e eficácia no uso da água na agricultura, o que se convenciona chamar “racionalização do uso da água na agricultura irrigada” (RUAAI).

Contudo, apesar do desenvolvimento das técnicas de irrigação, cada vez mais eficientes e racionalizadoras na aplicação de água, a literatura aponta a ocorrência do uso inadequado de equipamentos e da falta da definição do manejo de irrigação.

3.1. Avaliações de sistemas e do manejo de irrigação

Estudos realizados no Brasil apontam resultados de avaliações de equipamentos de irrigação4 abaixo do esperado, principalmente em sistemas com alto controle do volume de água aplicado, como é o caso dos sistemas localizados (por exemplo, gotejamento) (Bonomo, 1999; Souza, 2000; Chamon, 2002; Lopes, 2006; Costa, 2006; GEARH/LABGEST, 2006; Teixeira et al., 2007a; Oliveira et al., 2009). Ressalta-se que este fato não é exclusivo do Brasil, em outras regiões do mundo a realidade é semelhante (Capra & Scicolone, 1998; Pereira et al., 2002).

Estudos que avaliam o manejo da irrigação (quanto de e quando aplicar a água) na agricultura brasileira indicam que o mesmo é quase sempre procedido sem embasamento técnico. Santos et al. (1998) concluíram que a época correta e a freqüência de irrigação não estão bem estabelecidas na cafeicultura irrigada no Cerrado, e que poucos agricultores fazem um manejo da irrigação com base em métodos técnicos. Tal realidade, que indica o mau uso da água, por excesso ou por déficit de aplicação, pode ser observada também em outras regiões do Brasil (Bonomo, 1999; Chamon, 2002; Espíndula Neto, 2002; Zinato et al., 2003; Cordeiro, 2006; Costa, 2006; Lopes, 2006; GEARH/LABGEST, 2006; Teixeira et al., 2007a). Bontemps e Couture (2002) afirmam que na França, como na maioria de outras regiões e países, os produtores dependem da água para produzir, porém o conhecimento acerca do consumo de água pelas culturas ainda é impreciso, o que concorre para o mau uso da água.

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As avaliações de desempenho de sistemas de irrigação basicamente são realizadas por meio do estudo da uniformidade de distribuição (ou aplicação) da água na lavoura. A uniformidade de distribuição expressa, em termos gerais, se as plantas, numa dada lavoura, estão recebendo lâminas de água equivalentes. Para tanto, são avaliados, dentre outros: o projeto de irrigação (dimensionamento hidráulico), a pressão ao longo das tubulações, a ocorrência de entupimentos, cortes ou outras avarias no equipamento, o efeito das condições climáticas locais (vento, temperatura, etc.). Para maior detalhes quanto a metodologias de avaliação consultar Bernardo et al. (2005).

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8 O que se observa é que mesmo tendo acesso a equipamentos de alta eficiência de aplicação o produtor acaba por não os utilizar de forma adequada, seja por falta de suporte técnico adequado das empresas vendedoras de equipamentos; seja pela falta de assistência técnica dos órgãos públicos agrícolas; seja pelo uso de equipamentos que não se adequam à realidade local (tipo e quantidade de água, exigência em mão-de-obra especializada, topografia, cultura, outros); dentre outros.

Na prática, segundo Jensen et al. (1970, apud Bernardo et al., 2005), os usuários da irrigação não têm se mostrado muito sensíveis a melhorar o manejo da irrigação. Dentre as diversas causas, podem-se citar:

- baixo custo da água de irrigação, em relação ao custo das práticas que melhorariam a eficiência de irrigação;

- dificuldade de qualificar e quantificar funções de produção que mostrem o decréscimo da produção em razão da falta ou do excesso de irrigação;

- falta de informações de campo para os que terão de decidir diariamente quando e quanto irrigar; e - muitas vezes, nos projetos, as decisões sobre quando irrigar são relegadas a plano secundário. 3.2. Water Use Efficiency (WUE – “uso eficiente da água”) & Water Productivity (WP – “produtividade da água”)

Na tentativa de avançar quanto ao uso eficaz da água para a produção e minimizar a pressão exercida sobre os recursos hídricos, os termos Water Use Efficiency (WUE) & Water Productivity (WP) têm sido amplamente abordados na literatura internacional recente (Rockström et al., 2002; Tabbal et al., 2002; Postel, 2003; Rockström, 2003; Bessembinder et al., 2005; Maisiri et al., 2005; Mutiro et al., 2006; Oweis & Hachum, 2006; Singh et al., 2006).

O termo WUE ou “Eficiência do Uso da Água” expressa “quanta água é de fato utilizada para um propósito específico comparada à mínima quantidade necessária para satisfazer este propósito. O termo WP ou “Produtividade da Água” expressa “quantidade de produto mensurável por unidade de água utilizada (Gleick, 2003).” Ou seja, o desejável é ter-se altos valores da relação de produção por gota (“crop per drop”).

Mdemu et al. (2004) apontam que ainda há falta de conhecimento sobre como informar as estratégias necessárias e ações para atingir a meta mencionada acima.

Estudos recentes sobre WP e WUE abordam tanto a agricultura irrigada quanto a de sequeiro, dadas as questões de escassez da água no mundo. Outros trabalhos incluem economias de água “reais” ou “virtuais”, e a necessidade de se analisar o problema no contexto de bacias hidrográficas bem como defendendo uma abordagem consistente quanto à “contabilidade da água” (“water accounting”) (Renault & Wallender, 2000).

Gleick (2003) em seu estudo indica que a utilização dos termos WP e do WUE em pesquisas recentes podem estar relacionadas à mudança de foco da construção de infra-estrutura de

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9 suprimento para a melhoria no entendimento de como a água é utilizada e como estes usos podem ser melhor atingidos, bem como combina-se a idéia de fazer mais com menos água, ou seja, a realidade atual de degradação quali-quantitativa dos recursos naturais somada ao crescimento pujante da população, dão margem à intensificação dos estudos nesse sentido.

A busca seria por WP e WUE “máximos teóricos” onde se utiliza a mínima quantidade de água necessária para realizar ou produzir algo. Na realidade, este valor máximo teórico é raramente, ou quase nunca, alcançado seja porque a tecnologia não é disponível, por causa do altíssimo custo econômico ou por preferências culturais ou sociais que descartam determinadas novas abordagens.

Assim, Zoebl (2006) afirma que, “...sob uma perspectiva mais holística ou agro-ecológica, os termos WUE e WP são úteis se considerados como indicadores dentro de um objetivo global de uso, manejo ou conservação da água racional.”

3.3. Uma nova proposta: gestão integrada e participativa dos recursos hídricos

Como se pôde perceber pela literatura atual, o enfoque, quanto ao tema RUAAI, é relativo a avanços quanto às técnicas/tecnologias de irrigação que garantam maior produtividade/maior rentabilidade e economia de recursos (hídricos e financeiros).

Em suma, ainda são tímidos os avanços quanto a uma abordagem mais global do uso da água na agricultura irrigada, principalmente considerando o novo paradigma, nacional e mundial, da gestão das águas: a gestão integrada e participativa de bacias hidrográficas.

Quando são observados os objetivos da PNRH, percebe-se a atenção especial que deve receber a agricultura uma vez que propõe-se “a utilização racional e integrada dos recursos hídricos [...] com vistas ao desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2004).

Notadamente, a literatura traz alguns gargalos que são observados na gestão das águas e que acabam por dificultar a implementação do novo paradigma.

A UNESCO (2008) aponta para a necessidade de serem considerados outros componentes na gestão das águas e indica, por exemplo, que “os fatores humanos – tais como comportamentos, atitudes, práticas e conhecimento – não são suficientemente incluídos na gestão das águas e na tomada de decisão ... existindo, ainda, um grande espaço entre a teoria e a prática”.

Lankford & Hepworth (2007) afirmam que geralmente pouco é ensinado nos treinamentos formais em recursos hídricos sobre o uso de métodos informais de campo, as personalidades individuais, a experiência pessoal, o progresso gradual (passo-a-passo) e a resolução prática de conflitos.

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10 O Projeto Sossego (PS)5 tem possibilitado obter algumas considerações importantes no que tange à busca por uma nova racionalização. Os estudos desenvolvidos no âmbito do PS apontam para a necessidade de se considerar as diversas escalas de atuação em suas diferenças, tentando aproximar a teoria e a prática de acordo com as realidades locais, a fim de que as políticas sejam efetivas e permitam a evolução gradativa em busca do desenvolvimento sustentável de fato (Lopes & Teixeira, 2009).

Tomando como exemplo algumas constatações observadas na bacia do Córrego do Sossego, tem-se percebido a necessidade de se entender a realidade local, ouvir os produtores e seus anseios, mobilizá-los de fato, antes que haja qualquer atividade, ou que a mesma aconteça exclusivamente “de cima para baixo”, principalmente quando o que está em jogo é a tentativa de implementação da PNRH, que preconiza a participação, a descentralização e o respeito às diversidades locais. Muitas vezes se observa que alguns produtores locais consideravam que o PS surgiu para “impedi-los de usar a água, ou para que houvesse a aplicação de multas ambientais”. Isto pode estar relacionado ao fato de que na maioria das vezes quando os órgãos reguladores aparecem nestas regiões apenas para a punição, raramente o contexto é de orientação e conscientização.

Outro ponto principal percebido é a falha na forma de linguagem ou de abordagem com os produtores rurais, o que acaba gerando resistência por parte dos mesmos bem como a não adesão de muitos no projeto. Isto pode estar relacionado ao fato de que, muitas vezes, os projetos que chegam a uma localidade são implementados de forma impositiva, na forma de “pacotes prontos”, não ouvindo os desejos e anseios dos moradores locais o que acaba por gerar certa resistência ou analogia aos projetos com motivos políticos, que depois de certo tempo simplesmente acabam.

Lankford (2004) afirma que há uma divergência entre as políticas propostas e a aplicação prática, principalmente em microbacias hidrográficas, onde as decisões e negociações são diárias. O que se percebe é uma incompatibilidade entre o que é proposto nas políticas “macro” e sua aplicação prática num nível “micro”, por exemplo, em microbacias, ou mais especificamente no dia-a-dia do produtor rural; nem sempre o que é definido nas políticas é compatível com a realidade local e o produtor, principalmente o pequeno produtor familiar, se vê impossibilitado de produzir e de garantir a sua subsistência.

A política das águas e agrícola preconizam o uso racional da água na agricultura, contudo, o produtor na maioria das vezes não tem recursos para adquirir um sistema mais eficiente, ou sua

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O LabGest/UFES vem trabalhando, desde o início da presente década (Chamon, 2002; Lopes, 2006; GEARH/LABGEST, 2006) e atualmente, por meio do desenvolvimento de uma série de projetos de pesquisa (; LABGEST, 2008a, LABGEST, 2008b; LABGEST, 2008c; LABGEST, 2008d; LABGEST, 2009), o tema RUAAI. A maior parte destes estudos vem sendo desenvolvida em bacia-experimental/piloto, a saber, a bacia do Córrego Sossego, localizada no Município de Itarana, Espírito Santo, e que está inserida na porção espiritossantense da bacia do Rio Doce. A agregação destes estudos e esforços para a obtenção de subsídios em suporte ao desenvolvimento de procedimentos metodológicos visando ao desenvolvimento sustentável local, tomando como referência a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, é intitulada “Projeto Sossego” (Teixeira et al., 2007b).

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11 capacidade técnica atual não consegue absorver tal tecnologia, e ainda não há assistência técnica suficiente para garantir uma boa condução do equipamento e do manejo de irrigação, como é observado no Sossego.

Conforme afirma Wichelns (2003), o uso das entradas hídricas e não-hídricas no nível da propriedade agrícola, e os impactos das restrições de recursos, são influenciados em grande medida pela política agrícola. Em alguns casos, as políticas podem ser consistentes com os objetivos da gestão das águas, enquanto em outros, elas podem encorajar decisões na propriedade que degradam ou diminuem os recursos hídricos. Uma apreciação sobre os impactos desejados e indesejados das políticas no nível da propriedade agrícola é útil para aconselhar os gestores públicos quanto às suas escolhas políticas.

Wichelns (2003) aponta três categorias de políticas que se encontram fora do campo dos recursos hídricos, mas que têm substanciais impactos no uso da água e na produtividade agrícola: (1) políticas que controlam diretamente os preços dos produtos que entram e saem das propriedades; (2) políticas de comércio internacional; e (3) políticas que controlam instituições-chave tais como as relacionadas à posse da terra e a fontes de financiamento. Esta visão ampla do sistema no qual as decisões na propriedade são tomadas é consistente com a perspectiva da gestão integrada dos recursos hídricos na qual uma grande gama de fatores de oferta e demanda são considerados quando as questões relacionadas aos recursos hídricos são avaliadas.

Nesse sentido a organização dos produtores em associações e em cooperativas se não acaba completamente com o problema de preços e mercados enfrentados pelos produtores, no mínimo garante o fortalecimento local, aumenta o poder de barganha e de compra de insumos e equipamentos. No Sossego, a única associação de produtores rurais (Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Sossego - APEPRUS) não funciona de forma consistente e forte. Dos 150 produtores inseridos na bacia, segundo levantamento do SEBRAE (2006), apenas 20 são efetivamente associados e metade destes estão com as mensalidades em dia e participam ativamente da associação do Sossego, favorecendo, assim, a ação de atravessadores o que por fim ocasiona perda de renda dos produtores.

Assim, de acordo com Lankford (2004), é necessário transformar o enfoque “centrado na irrigação” (“irrigation-centered”) num enfoque “centrado nos recursos hídricos” (“water-resource-centered”). Em outras palavras, “o planejamento de irrigação deveria estar em sintonia com e contextualizado numa abordagem ampla; centrado nos recursos hídricos, com princípios de partilha; movendo-se do foco da “produção pura” para o dos interesses da “vizinhança”, do “sistema de irrigação” para o da “bacia hidrográfica”, do de “regras agronômicas” para o de “negociações sociais” que discutam os direitos da água”.

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12 Com base no fundamento de gestão participativa da PNRH, acredita-se que o desenvolvimento de ações planejadas e executadas com esse princípio, voltadas para o uso sustentável da água na agricultura irrigada, possa contribuir para a minimização dos freqüentes conflitos internos, no próprio setor agrícola, na disputa pela água, bem como entre este setor e outros setores usuários.

4. SUSTENTABILIDADE: DIRETRIZES PARA UMA NOVA RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA (NA AGRICULTURA)

Em meados dos anos 80, a noção de sustentabilidade se estabelece como um novo paradigma da sociedade moderna. Desde então, a literatura apresenta uma gama variada de discussões e conceitos sobre sustentabilidade. As várias interpretações existentes ficam por conta dos diferentes interesses e ideologias, no entanto, a essência desse conceito está contida na definição dada pela WECD (World Comission on Environment and Development), onde alcançar o desenvolvimento sustentável significa atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades (Marques et al., 2003).

Assim, os temas da sustentabilidade na agricultura e da segurança alimentar estão presentes na agenda mundial contemporânea, que debate a questão do desenvolvimento. Isso pode, em parte, ser explicado pela busca de respostas a problemas que os modelos de desenvolvimento vigentes não têm logrado resolver (Menezes, 1998).

De fato, os resultados apresentados pela revolução verde, embora significativos em termos de incrementos obtidos na produção agrícola, causaram inegáveis danos ao meio ambiente e contribuíram para excluir milhões de pessoas do meio rural, como aconteceu no Brasil, durante as décadas de 70 e 80. Por outro lado, os ganhos na produção não foram capazes de resolver o problema de desnutrição existente no planeta, registrando-se mesmo, em alguns casos, o seu agravamento (Menezes, 1998).

Quando se avalia o conceito de agricultura sustentável, observa-se um amplo leque de visões que refletem o conflito de interesses existentes na sociedade. Tais conceitos congregam desde uma maioria que vê a possibilidade de uma simples adequação do atual sistema de produção até aqueles que vêem a possibilidade de promover mudanças estruturais – incluindo os aspectos sociais econômicos e ambientais – em todo o sistema (Marques et al., 2003).

Grosso modo, poderiam ser identificadas duas visões distintas, referentes a esse conceito. De um lado, aqueles que identificam a agricultura sustentável como um conjunto de regras ou práticas produtivas, expressa nas posições da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) e da Agenda 21. De acordo com essas posições, as práticas agrícolas podem ser julgadas “mais ou menos” sustentáveis, de acordo com a durabilidade prevista dos recursos naturais. De outro lado, aquela desenvolvida pelas ONGs e movimentos sociais, que procura ir além

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13 da questão da produção agrícola. Nesse caso, identifica-se a agricultura sustentável como um objetivo, associando essa idéia aos grandes anseios sociais das utopias modernas (Menezes, 1998).

Assim, o autor acima conclui que, permanece, portanto, o desafio da construção de uma nova proposta, em bases mais equânimes e sustentáveis, bem como, trabalhar com a categoria da sustentabilidade exige considerar o nível de imprecisão conceitual existente, travando-se hoje intensa disputa, entre diferentes correntes de pensamento que debatem o tema.

As discussões sobre este desafio em busca da sustentabilidade são urgentes na agricultura irrigada, no momento em que o Brasil discute hoje a ampliação de suas áreas irrigadas: de acordo com Christofidis (2008), o potencial de ampliação das áreas irrigadas brasileiras é da ordem de 29.564.000 hectares (atualmente a área irrigada brasileira é de 3.440.470 hectares). É necessário, pois, planejar de que forma este incremento potencial ocorrerá.

Recentemente, nos dias 19 e 20 de maio de 2009, ocorreu, em Brasília-DF o I Seminário Nacional “Agricultura Irrigada e Desenvolvimento Sustentável” que reuniu os principais segmentos públicos e privados da agricultura irrigada nacional. Na pauta do evento constava, dentre outras atividades, a implantação do “Fórum Permanente de Desenvolvimento da Agricultura Irrigada”. Tal fórum foi criado por meio da Portaria No. 1869, de 05 de dezembro de 2008, assinada pelo Ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional.

Há expectativas também quanto ao que virá com Projeto de Lei No. 6.381/2005 que prevê a criação da Política Nacional de Irrigação. Tal política, dentre outros aspectos, propõe a modernização da agricultura em bases ambientalmente sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente mais justas.

Não há dúvida de que a irrigação, como técnica que garante a produção agrícola, é elemento fomentador do desenvolvimento socioeconômico. Assim, a Lei 8.171/91 (BRASIL, 1991), que dispõe sobre a Política Agrícola, define a irrigação como fator de bem-estar social de comunidades rurais. A irrigação também é vista em outros países como indutora de atividades industriais e comerciais, capaz de contribuir para o progresso da economia, com geração de empregos e responsável pela circulação de riquezas. Existem casos conhecidos no Brasil onde o desenvolvimento está diretamente relacionado com o uso da irrigação, como os municípios de Guaíra (SP), Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), Barreiras (BA), Chapada do Apodi (RN), Araguari (MG) e Janaúba (MG) (TESTEZLAF et al., 2002).

Contudo, é necessário avaliar como esta ampliação pretendida na agricultura irrigada brasileira deve ser feita. Fatos importantes observados no I Seminário Nacional “Agricultura Irrigada e Desenvolvimento Sustentável” dão indicativos de que ainda há muito a ser feito. Percebe-se ainda o enfoque na rePercebe-servação de água e, principalmente, voltada para o agronegócio, estando este ainda baseado, na maioria dos casos, na agricultura convencional, altamente dependente de

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14 insumos e de maquinário pesado. Ademais, percebeu-se, na oportunidade, que a agricultura familiar, apesar de significativa em todo o Brasil ainda não está efetivamente inserida na pauta de discussões. Para exemplificar esta situação, a única apresentação voltada especificamente para o tema, a saber “agricultura irrigada e agricultura familiar”, foi a única a ser cancelada no evento. Ainda, a representação efetiva deste segmento agrícola no evento não foi observada. A dúvida que persiste é se tal segmento não está mobilizado e organizado para participar das discussões ou se o mesmo não é prioridade na temática da agricultura irrigada.

Assim, tal como afirmam Marques et al. (2003), o desenvolvimento sustentável no seu conceito mais amplo não será alcançado enquanto prevalecer a lógica de mercado ao invés da lógica das necessidades, pois os padrões de consumo e acumulação da sociedade contrastam com a finitude dos recursos naturais não-renováveis, e com os limites de assimilação e suporte impostos pela natureza. Geralmente, as interpretações convencionais confundem a sustentabilidade com a perdurabilidade da produção e do máximo rendimento. Contudo, como afirmam Goodman & Redclift (1991 apud Marques et al., 2003), qualquer definição de sustentabilidade deve levar em conta necessariamente as dimensões cultural e estrutural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme também sugerem Marques et al. (2003), a sustentabilidade, referida neste trabalho, contempla três dimensões: sustentabilidade ecológica, sustentabilidade econômica e sustentabilidade social. O desenvolvimento sustentável nos planos econômico, social e ecológico pode ser atingido pela incorporação de tecnologias adequadas às diferentes condições locais, pela agregação de bens e serviços mais duráveis e equanimemente distribuídos e, principalmente, por meio de uma nova visão de uso de recursos, do aporte de energia ao sistema e da valoração do conhecimento local.

Do nosso ponto de vista, assim como afirma Leff (2005) neste e nos parágrafos seguintes, a realização do conceito de racionalidade ambiental, ou mais especificamente da busca por uma nova racionalização do uso da água (na agricultura irrigada), é a concretização de uma utopia. Esta não é a materialização de princípios ideais abstratos, mas emerge como uma resposta social a outra racionalidade que teve seu momento histórico de construção, de legitimação e de tecnologização.

O processo que vai de seu surgimento até a consolidação de suas propostas é um processo de transição para a sustentabilidade, caracterizado pelas oposições de perspectivas e interesses envolvidos em ambas as racionalidades, mas também por suas estratégias de dominação, suas táticas de negociação e seus espaços de complementaridade.

A constituição de uma racionalidade ambiental e a transição para um futuro sustentável exigem mudanças sociais que transcendem o confronto entre duas lógicas (econômicas-ecológicas)

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15 opostas. É um processo político que mobiliza a transformação de ideologias teóricas, instituições políticas, funções governamentais, normas jurídicas e valores culturais de uma sociedade; que se insere na rede de interesses de classes, grupos e indivíduos que mobilizam as mudanças históricas, transformando os princípios que regem a organização social.

AGRADECIMENTOS

À CAPES pela bolsa de doutorado concedida para o aluno PPGEA/UFES Marcos Eugênio Pires de Azevedo Lopes para auxílio ao desenvolvimento de pesquisa relacionada ao tema do presente trabalho.

Ao CNPq e à FAPES pelo financiamento de projetos de pesquisa no tema “Uso racional de água na agricultura”, que tem contribuído para o fortalecimento do LabGest e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental – Departamento de Engenharia Ambiental da UFES.

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