MINERAÇÃO E SAÚDE
DOENÇAS CAUSADAS PELOS MINERAIS
Aqui falamos do efeito FÍSICO ou MECÂNICO da poeira, independentemente do efeito QUÍMICO ou TÓXICO das substâncias transportadas na poeira. A via de entrada vai ser sempre a VIA INALATÓRIA.
CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS SEGUNDO TIPO DE DOENÇA QUE GERAM
DOENÇAS CAUSADAS PELA INALAÇÃO DO MINÉRIO
PRODUZEM INTOXICAÇÃO AGUDA E CRÔNICA CÂNCER PRODUZEM NEUMOCONIOSE SILICOSE E ASMA
A poeira do minério causará ou não doenças dependendo de:
• Características das partículas (tamanho, forma, solubilidade). Nem toda poeira é prejudicial no mesmo grau. As que produzem mais dano são os Silicatos e os Óxidos e Hidróxidos.
• Concentração das partículas no ar. • Tempo de exposição à poeira.
• Susceptibilidade/resistência da pessoa exposta. Crianças, idosos, desnutridos, doentes crônicos e fumadores são mais vulneráveis.
Tipos de partículas contidas na poeira:
• Grandes: retidas no nariz, faringe, laringe, brônquios...
• Pequenas: ficam retidas nos alvéolos, provocando um dano mecânico e inflamatório no pulmão (silicose, fibrose pulmonar).
• Muito pequenas: poeira respirável, entra com a inspiração e sai com a expiração. • Minúsculas: são substâncias químicas que atravessam a membrana alvéolocapilar e
entram no sangue.
Quanto menores são, mais tempo permanecem em suspensão no ar (dias e até semanas).
a. Pneumoconiose
Acumulação de pó nos alvéolos e reação do pulmão a este pó (inflamação, fibrose). Acontece por contaminação do meio ambiente e da área de trabalho. É A DOENÇA MAIS IMPORTANTE NOS TRABALHADORES E NA COMUNIDADE.
Período de latência prolongado1, até 10 anos ou mais. Doença de evolução
progressiva e irreversível. Sem sintomas no princípio, quando estes aparecem não são tomados em conta, até que a doença esteja muito avançada. Provoca dificuldade respiratória que avança até chegar à insuficiência respiratória. O diagnóstico cedo se faz com raios X de tórax.
Tipos de Pneumoconioses:
• Fibrogênicas (provocam fibrose pulmonar = perda de elasticidade dos pulmões): Silicose, Asbestose e Pneumoconiose dos trabalhadores do carvão (as mais frequentes no Brasil).
• Não fibrogênicas: provocadas por ferro, manganês ou fosfatos.
b. Silicose
É um tipo de pneumoconiose produzida por sílice/silicatos. 60% da crosta terrestre é composta por silicatos. É a pneumoconiose mais freqüente na atividade mineraria.
Principais complicações da silicose: Enfisema Pulmonar e Bronquite crônica. Outras doenças associadas: Câncer de Pulmão e Tuberculose.
Locais com muita população exposta a sílica/doentes de silicose aumento dos casos de tuberculose na comunidade
c. Asbestose
Doença causada pela inalação de um tipo de sílica chamado asbesto (asbesto marrom, azul e branco).
d. Asma Ocupacional
Estreitamento das vias respiratórias cuja causa direta é a exposição à poeira. Além disto, tem mais de 200 substâncias que podem causar asma. Destacam: níquel, cobalto, cromo, vanádio e alumínio.
SUBSTÂNCIA INTOXICAÇÃO CRÔNICA(dose baixa x tempo prolongado)
INTOXICAÇÃO AGUDA (dose alta x tempo curto)
Cromo
(Inalação ou exposição da pele)
Alteração de pulmão, fígado, rins,trato gastrointestinal e sistema circulatório. Asma ocupacional
Dermatite irritativa e alérgica, corrosão da mucosa nasal, ulceração e perfuração do septo nasal.
Intoxicação letal: Necrose do fígado e dos rins, e contaminação do coração.
Mercúrio
(Inalação e via oral)
Alteração do sistema nervoso em forma reversível e irreversível, segundo a dose e a duração da exposição. Alterações renais.
Vapor de mercúrio: excitabilidade, irritabilidade, perda da memória, insônia, tremor e gengivites.
Metilmercúrio: parestesia, redução do campo visual, dificuldade auditiva. População não exposta Expostos ao pó de sílica Doentes de silicose Risco de tuberculose e câncer de pulmão
Cádmio
(Inalação)
Osteoporose, alteração dos rins, pedra renal e insuficiência pulmonar, doença de itai-itai(dores ósseas e musculares).
Alteração pulmonar, danos crônicos aos rins.
Arsênio
(Inalação e via oral)
Câncer de pele, pulmão, rins,
bexiga. Lesões da pele, quadros graves dos sistemas gastrointestinal, circulatório e nervoso.
Cobalto
(Inalação, via oral, absorção cutânea)
Fibrose pulmonar,
neumonite, asma ocupacional, i m u n o t o x i c i d a d e , embriotoxicidade.
Não foram encontrados dados de toxicidade aguda.
Cobre
(Via oral) Via oral: náuseas, dor gástrica, diarréia, vertigem, debilidade e icterícia.
Náusea, vômitos, dor de cabeça e debilidade.
Casos graves: taquicardia e hipertensão, icterícia, anemia, cirrose.
Manganês
(inalação) Confusão, alucinações, doença de Parkinson secundária. “Manganismo”: debilidade, anemia,paresia.alteração mental,
Zinco
(Via oral)
Não foram encontrados dados
de toxicidade crônica. Vômitos, abdominal, letargia, tontura e perda desidratação, dor de coordenação muscular. Ferro (via oral) Irritação gastrointestinal, hemocromatose (acúmulo de ferro no corpo). Transtornos gastrointestinais (vômitos, dor), alterações na coagulação, falha hepática,choque.
Fosfatos Alteração renal e hepática Não foram encontrados dados de toxicidade aguda.
Selênio
(Via oral)
Selenoses:perda de cabelo e unhas, lesões na pele, transtornos gastrointestinais.
Irritação gastrointestinal, danos no sistema nervoso.
Chumbo
(Inalação, via oral, absorção cutânea)
Insuficiência renal, a n e m i a , e n c e f a l o p a t i a (subaguda e crônica), hipertensão e gota. Retardo no desenvolvimento físico e mental das crianças.
Encefalopatia aguda, insuficiência renal, sintomas gastrointestinais graves e hemólises.
Cianeto
(Inalação, via oral, absorção cutânea)
Anemia, alergias, toxicidade do sistema nervoso, das tiróides (cretinismo= Retardo no desenvolvimento psíquico e mental das crianças).
Alterações respiratórias e do sistema nervoso.
Doses letais: perda consciência e morte.
As vias de entrada dos tóxicos provenientes da atividade minerária são 3: respiração, ingestão e absorção pela pele.
A relação entre exposição ao tóxico e aparição de doença vai depender:
• Da dose tóxica da substância (Dose tóxica=quantidade de substância necessária para causar toxicidade no ser humano).
• Do tempo de exposição ao tóxico. Metais pesados vão se acumulando nos tecidos durante anos.
• Da concentração de substância no meio (ar, água, alimentos). Na corrente trófica se produz concentração do tóxico
• Da susceptibilidade/resistência da pessoa exposta. Crianças, idosos, desnutridos, doentes crônicos e gestantes são mais vulneráveis. Muitos dos tóxicos (Chumbo, Cadmio. Arsênico) produzem malformações fetais e complicações na gravidez e parto.
Principais tóxicos das explorações minerais e seu efeito na saúde:
Estes elementos podem achar-se misturados nas explorações minerais e interagir entre eles; alguns (ferro) potenciam a toxicidade dos outros. Algumas formas inertes na natureza viram tóxicas por reação química com rejeitos da exploração mineral.
Plancto Peixes
PROCESSO DE EXPLORAÇÃO MINERÁRIA E SEUS IMPACTOS ESTOUROS DE DINAMITA TRITURAÇÃO LIXIVIAÇÃO FUNDIÇÃO BARRAGEM DE REJEITO Nitratos e monóxido de carbono provocam irritação pulmonar Emissão no ar de: • Poeira em grandes quantidades • Sustâncias radiativas • Sustâncias tóxicas Grande consumo de água que fica quimicamente poluída e é jogada nos rios,
lagos... Separação do metal contido no minério usando sustâncias tóxicas: Mercúrio, cloreto, etc. Poluem chão e água
Separação do metal contido no minério por fundição a altas
temperaturas. • Polue o ar com
fumaça tóxica • Poluem chão e água
Limites de Exposição Ocupacional
A legislação Brasileira, através da NR-15 – Anexo nº 12 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA POEIRAS MINERAIS, estabelece Limites de Exposição Ocupacional para apenas três tipos de poeiras minerais (BRASIL, 1991).
Limites de Exposição Ambiental
Os padrões nacionais de qualidade do ar foram definidos pela portaria normativa nº 348 de 14/03/1990 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e transformados na resolução CONAMA nº 003, de 28 de junho de 1990.
A Tabela 4 expõe a Resolução 003/90, apresentando os valores dos padrões nacionais para particulado total em suspensão e particulado inalável para qualidade ambiental. O padrão primário estabelece o limite máximo tolerável para a saúde da população, e o secundário constitui o nível máximo desejado de concentração dos poluentes. Nas áreas urbanas aplicam-se somente padrões primários, os secundários são aplicados em áreas de preservação(Castanho 2000).
BIBLIOGRAFIA
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ASPECTOS NUTRICIONALES Y TOXICOLÓGICOS
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OUTROS ARTIGOS SOBRE SAÚDE E MINERAÇÃO:
-Ferreira Braga AL, Amador Pereira LA,Paulo Afonso de André MP, Nascimento Saldiva PH.Associação entre poluição atmosférica e doenças respiratórias e cardiovasculares na cidade de Itabira, Minas Gerais, Brasil.Cadernos Saúde Pública Nº 23. Rio de Janeiro, 2007.
-Effen MA. Los riesgos de la contaminación minera y su impacto en los niños. Disponível em: file:///C|/SciELO/serial/rbcst/v12n27/body/v12n27a05.htm
-Carvalho A, Santos AS, Pereira S, Alves C.Levels of As, Cd, Pb and Hg Found in the Hair from People Living in Altamira, Para, Brazil: Environmental Implications in the Belo Monte Area. Jornal BrazilianChemistrySociety, Vol. XX Nº 6, 2009.
