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de doenças, incuráveis e progressivas: câncer do pulmão, de laringe, do aparelho digestivo; mesotelioma de pleura e peritônio (tumor muito agressivo

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ORGÃO ESPECIAL

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 0350430-60.2009.8.19.0001

ARGUENTE : 20ª CAMARA CIVEL DO RJTJ

LEGISLAÇÃO: art. 2º Lei Federal nº9055/1995 e artigos 1º, 2º e 6º Lei Estadual nº3579/2001

INTERESSADOS : 1) MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2) ETERNIT S/A

3) CASALITE IND. E COM. DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA.

4) PRECON INDUSTRIAL S/A RELATORA : DESA . GIZELDA LEITÃO TEIXEIRA

Arguição de Inconstitucionalidade: Lei Federal 9055/1995, artigo 2º; Lei Estadual nº 3579/2001, arts. 1º, 2º e 6º. Controle difuso (incidenter tantum). Cláusula de reserva de Plenário prevista no art. 97 da CF. Ressalte-se, desde logo: Consta do voto do anterior Desembargador Relator da Arguição de Inconstitucionalidade a informação de que há no Supremo Tribunal Federal Ação Direta de Inconstitucionalidade da Lei Estadual do Rio de Janeiro, mas nem mesmo o pedido de concessão de cautelar que suspenda sua eficácia foi examinado e decidido. Ação Civil Pública proposta pelo MP que busca a proibição de fabricação e comercialização, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, de produtos que contenham amianto branco (crisotila), o mais usado na indústria. Atividade autorizada pela Lei Federal 9055/1995. Conflito com a Lei Estadual nº3579/2001 que proíbe. A fibra de amianto (amianto em latim ou arbesto no grego) é utilizada na produção de telhas, caixas d’água, chapas para forro, pisos e outros. O amianto causa inflamação das células dos alvéolos, evoluindo para uma série

GIZELDA LEITAO TEIXEIRA:000024764

Assinado em 08/04/2015 11:18:46

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de doenças, incuráveis e progressivas: câncer do pulmão, de laringe, do aparelho digestivo; mesotelioma de pleura e peritônio (tumor muito agressivo e letal),. Endurecimento do pulmão (“pulmão de pedra”, derrames e espessamentos pleurais e do diafragma). Demonstrado que o uso do produto representa risco à saúde humana. Lei Estadual de acordo com princípios constitucionais (arts. 196 e 225 da CF). A Organização Mundial da Saúde em 1998, divulgou o Critério de Saúde Ambiental 203, onde conclui: “nenhum limite de tolerância foi identificado para os agentes carcinogênicos” e “a exposição ao amianto crisotila aumenta os riscos de asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma em função da dose”. Urge priorizar-se os princípios e preceitos garantidores do direito à saúde, que se sobrepõe a qualquer outro interesse, mesmo de ordem financeira. A indústria continua a fabricar produtos à base dessa fibra mineral (abundante e de baixo custo de exploração). No mundo, 52 países aboliram terminantemente o uso do amianto. A Lei Federal nº 9055 de 01/06/1995 está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal porque Magistrados do Trabalho (ANAMATRA) e Procuradores do Trabalho (ANPT) a consideram inconstitucional. Em vários estados brasileiros há proibição formal da exploração, utilização e comercialização do amianto (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco). A Coordenação der Prevenção e Vigilância do INCA alerta que não existe exposição segura a qualquer tipo dessa fibra mineral: o branco, o azul, o marrom ou o

anfibólio. Rejeitada a arguição de

inconstitucionalidade dos arts. 1º. 2º e 6º da Lei Estadual nº3579/2001. Vale transcrever a manifestação técnica da Dra. Fernanda Giannasi, engenheira civil, cofundadora da Abrea (Associação Brasileira de Expostos ao Amianto): “Os pobres são as maiores vítimas. Afinal, são os trabalhadores e os maiores consumidores

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de produtos com essa fibra”. Acolhida a Arguição de Inconstitucionalidade quanto ao art. 2º da Lei Federal nº9055/1995.” E rejeitá-la com relação aos arts. 1º, 2º e 6º da Lei Estadual nº3579/2001–.Retorno dos autos à 20ª Câmara Cível para prosseguimento do recurso cujo curso fora suspenso.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Arguição de Inconstitucionalidade em que figura como Arguente a E. 20ª Câmara Cível do TJRJ; como Interessados Ministério Público do Rio de Janeiro; Eternit S/A; Casalite Ind. E Com. de Materiais de Construção Ltda.; Precon Industrial S/A , decidem os Desembargadores que integram o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, acolher o Incidente com relação ao artigo 2º da Lei Federal nº9055/1995 e rejeitá-lo com relação aos arts. 1º, 2] e 6º da Lei Estadual nº3579/2001, retornando os autos à E. 20ª Câmara Cível para prosseguimento do julgamento ora suspenso.

Rio de Janeiro, 06 de Abril de 2015.

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V O T O

O Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou Ações Civis

Públicas em face de Eternit S/A; Casalite Ind. E Com. de Materiais de Construção Ltda.; Precon Industrial S/ (apensadas por força de conexão) pleiteando a condenação das empresas rés a se absterem do fabrico e comercialização, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, de produtos que contenham em sua composição o amianto branco

(crisotila), em todas as suas formas ou qualquer produto que o

contenha.

As ações civis públicas referidas foram julgadas improcedentes pelos Juízos das 2ª e 4ª Varas Empresariais da Capitais, ao entendimento de estar ausente prova da nocividade do amianto à saúde pública.

O MP, inconformado com ditas sentenças, interpôs recurso de apelação, distribuído à 20ª Câmara Cível, onde o Relator (Des. Alexandre Câmara) instaurou o presente incidente e suspendeu a marcha processual dos recursos de apelação, remetendo-se os autos a esse Órgão Especial. Restou vencido, o Des. Marcos Ibrahim quanto à instauração do incidente, ao entendimento de que normas do CDC e da Lei de Ação Civil Pública são o bastante para solução das lides.

Aduz o MP que o amianto prejudicial à saúde humana, em qualquer de suas espécies é prejudicial à saúde humana e que a Lei Federal 9055/1995 padece do vício de inconstitucionalidade superveniente porque em desacordo com o art. 196 da CF. Diz, ainda, o MP que o STF vem mudando seu entendimento sobre o assunto.

Já as empresas interessadas aduzem que inconstitucional é a Lei Estadual e que o STF declarou a inconstitucionalidade de leis estaduais que vedavam o uso e comercialização do amianto branco porque jamais representou ameaça à saúde humana, ao contrário do

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Invocando contradição entre o disposto na Lei Federal (que expressamente autoriza o emprego do amianto branco) e na Lei Estadual (que proíbe expressamente), restando claro conflito constitucional de competências legislativas. E ante conflito entre lei federal e lei local, somente uma delas é de ser válida, ao que requer apreciação e decisão do C. Órgão Especial.

DECIDO: Ao longo dos anos o Supremo Tribunal Federal

não firmou ainda entendimento pacificado sobre o tema.

Consta do voto do anterior Desembargador Relator da Arguição de Inconstitucionalidade a informação de que há no Supremo Tribunal Federal Ação Direta de Inconstitucionalidade da Lei Estadual do Rio de Janeiro, mas nem mesmo o pedido de concessão de cautelar que suspenda sua eficácia foi examinado e decidido.

No Brasil, há cerca de duas décadas telhas, pastilhas de freio e caixas d’água, entre outros produtos, eram fabricados com fibra de asbestos, mais conhecido como amianto.

Hoje o amianto é matéria-prima proibida em mais e 50 países por ser comprovadamente cancerígena.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que cerca de 100 mil pessoas morrem por ano devido a doenças causadas pelo amianto, conhecido como “poeira assassina”. Em nosso país a produção e o uso continuam liberadas e o Brasil é um dos cinco maiores países que utilizam e exportam no mundo.

O amianto é uma fibra mineral que tem características que impressionam:

1) resistência a altas temperaturas;

2) boa qualidade isolante, flexibilidade, durabilidade, incombustibilidade e resistência ao ataque de ácidos.

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Além disso, os dois tipos do material (amianto branco (amiantos marrom, azul e outros) – são matérias-primas de baixo custo, daí porque ser considerado o “mineral mágico”, e teve largo uso durante o século XX.

Mas, com o tempo, o que antes era considerado o “mineral mágico” passou a ser conhecido como “poeira assassina”.

Os trabalhadores que tiveram contato com o amianto na construção civil, nas minas e os mecânicos (que trabalhavam na fabricação de freios) apresentaram problemas de saúde semelhantes. E conclui-se que o comprometimento da saúde desses trabalhadores que tinham contato com o amianto se dava pela inalação do amianto.

As fibras da “poeira assassina” causam mutações celulares no organismo humano que geram tumores que podem evoluir para câncer de pulmão, câncer no pericárdio ou câncer no aparelho gastrointestinal.

É que inaladas as partículas do amianto, nunca mais são expelidas do organismo e as doenças podem surgir após muitos anos da inalação, do contato com o amianto. Daí porque anos foram necessários para que se associassem essas patologias com o contato com o amianto.

Conforme correta manifestação do Ministério Público, em seu Parecer, parece claro e inconteste a potencialidade nociva do amianto crisotila, que põe em risco a saúde de trabalhadores das empresas produtoras e ainda dos consumidores, diretos e por equiparação.

O Ministério Público, trouxe em suas razões recursais informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA); informações da FIOCRUZ e da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA), e, ainda, dados coletados pela Agência de Proteção Ambiental Americana ; da Organização Mundial de Saúde 9OMS); da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer e do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França.

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À unanimidade estas entidades atestam o dano representado pelo amianto , em suas diversas formas (até mesmo o amianto branco) para a saúde humana.

A conclusão a que se chega ante os estudos e pesquisas realizadas por entidades sérias é que permitir-se o uso do amianto (em qualquer das suas formas) constitui inegável afronta ao disposto no art. 196 da vigente Constituição Federal que garante a universalidade do direito à saúde e o dever do Estado de garantir este direito, com a adoção de práticas que permitam a redução dos riscos de doenças ou outros aos seres humanos.

Com acerto destaca a Procuradoria de Justiça que, em matéria ambiental, o conflito oriundo da previsão de concorrência legislativa deve ser analisado à luz do princípio IN DUBIO PRO NATURA, para que nem sempre prevaleça a lei editada pela União, mas sim a lei que oferecer efetiva proteção ao direito fundamental.

Leciona o Juiz do Trabalho João Humberto Cesário, Mestre em Direito Agroambiental que:

“ O amianto ou asbesto, como é palmar, trata-se de uma fibra mineral, presente em grande quantidade na natureza, que em virtude de não ser combustível passou a ser extraído das minas rochosas para ser usado em larga escala nos sistemas produtivos que emergiram da Revolução Industrial no século XIX, principalmente para fins de isolamento térmico. A partir do século XX, o seu uso expandiu-se, por exemplo, para a fabricação de caixas d’água, telhas, além de freios e embreagens na indústria automotora.

Hodiernamente, no entanto, inexistem maiores dúvidas

sobre a sua nocividade, tanto para o meio ambiente quanto

para o ser humano, sendo certo que a sua inalação provoca neste último doenças como a asbestose (vulgarmente

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diversos, dentre eles os de pulmão, de pericárdio e do trato gastrointestinal.

Aqueles que mais sofrem com esses problemas, por certo, são os integrantes da classe trabalhadora, na medida em que

participam ativamente do processo de extração e industrialização do mineral em questão. Justamente por

isso, o seu uso foi completamente banido em mais de

cinquenta países, dentre eles nações civilizadas como a Alemanha, a Bélgica, a Espanha, a França, a Holanda, a Itália, o Japão, a Noruega, a Suécia e a Suíça.

No Brasil, entrementes, a questão ainda não se encontra adequadamente resolvida. Ocorre que o nosso país, valendo-se de permissivo contido na Convenção 162 da OIT, editou a Lei 9.055-95 para reger a matéria, a qual fez diferenciação entre duas variedades da fibra em questão.

Relativamente ao primeiro grupo, dos anfibólios (asbesto marrom e azul), o artigo 1º da antedita lei vedou, peremptoriamente, em todo o território nacional, a sua extração, produção, industrialização, utilização e comercialização. No concernente ao segundo, conhecido

por crisotila (asbesto branco), possibilitou, no seu artigo 2º, a extração, industrialização, utilização e comercialização em consonância com as disposições contidas nos artigos subsequentes.

Tal permissivo, no entanto, é de conveniência no mínimo

duvidosa, pois que se de um lado temos as indústrias que se beneficiam da sua exploração econômica defendendo a visão de que o seu uso controlado não acarretaria danos à saúde humana, temos, de outro, vários estudos científicos que demonstram o contrário.

Vê-se daí que, na pior das hipóteses, existe no campo clínico

iniludível controvérsia sobre a nocividade do amianto crisotila para a saúde humana, circunstância que

recomenda, à luz da vertente precaucionista, o seu

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É inelutável, aliás, a inconstitucionalidade dos artigo 2º e

seguintes da Lei 9.055-95, quando cotejados com os artigos 7º, XXII, e 196 da Constituição, que apregoam,

respectivamente, a redução dos riscos inerentes ao

trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança, e a saúde como um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos.

Poder-se-ia esboçar, contrariamente à tese defendida no parágrafo anterior, que o puro e simples banimento do amianto crisotila certamente causaria ainda mais desemprego no nosso país. Esta é, sem dúvida, uma observação embaraçosa. Não custa rememorar, contudo, que a ordem econômica

brasileira, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, devendo respeitar, além de outros, os princípios da função social da propriedade, da defesa do meio ambiente e da busca do pleno - e não do precário - emprego (artigo 170, caput, III, VI e VIII, da CRFB).

Não basta à ordem econômica brasileira, dessarte, gerar empregos; mais do que isso, a ela interessa criar empregos

dignos e decentes, que além de propiciar ao trabalhador o seu sustento pessoal e familiar, não lhe comprometam a integridade física, mental e espiritual.

Associado a esta observação, não custa pontuar que de 1995 (ano da edição da malfadada Lei 9.055/95) para cá a técnica industrial alterou-se substancialmente, tendo sido criadas

uma série de fibras artificiais capazes de substituir, até mesmo vantajosamente, o amianto crisotila na fabricação dos mais variados artefatos.

O uso amplificado destes mencionados materiais, tais como as

fibras de polipropileno (PP) e de poli álcool vinílico (PVA), será capaz, certamente, de gerar empregos hábeis a

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absorver o operariado que hoje labuta na industrialização do asbesto.

Demais disso, o Estado deverá gerar políticas públicas

especiais de conteúdo inclusivo, que propiciem a reincorporação dos trabalhadores que atualmente laboram na extração do amianto crisotila ao mercado de trabalho.(destaques do original)

E conclui o estudioso que o amianto branco deveria

ser banido definitivamente do território nacional.

Assim, mostra-se inexplicável que a legislação

federal permita seja dita substância que tantos malefícios

trazem à saúde do ser humano, ainda hoje, utilizada na

indústria, mesmo após tantos outros países terem banido por

completo o uso do amianto de suas indústrias.

O tema (uso de amianto pela indústria no âmbito do

Estado do Rio de Janeiro) já foi enfrentado por esse Órgão

Especial,

no

julgamento

da

Representação

de

Inconstitucionalidade nº00188234-81.2002.8.19.0000, da

relatoria do Eminente Desembargador Sylvio Capanema que

concluiu pela constitucionalidade da Lei do Município de Volta

Redonda de nº3726/02 que proíbe o emprego do amianto em

materiais de construção civil.

Destaca o Ministério Público em seu correto Parecer

que até hoje a Ação Direta de Inconstitucionalidade da Lei

Estadual (3406 e 3470) proposta em 2005 pela Confederação

Nacional dos Trabalhadores na Indústria, sequer teve

apreciado o pedido cautelar de suspensão da eficácia da

referida lei.

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Assim, plenamente justificável a proibição contida

na Lei Estadual nº3579/2001 quanto à fabricação e

comercialização no âmbito do Estado do Rio de Janeiro,

restando claro que a Lei Federal nº9.055/95 é que viola os

seguintes dispositivos da Constituição Federal: art. 196 e

225.

A fibra de amianto (amianto em latim ou arbesto no grego)

é utilizada na produção de telhas, caixas d’água, chapas para forro,

pisos e outros. Todos esses produtos são largamente utilizados pela

população em geral e daí um sem número de brasileiros ficam

expostos aos efeitos altamente maléficos do amianto.

Vale repisar que o amianto causa inflamação das

células dos alvéolos, evoluindo para uma série de doenças,

incuráveis e progressivas: câncer do pulmão, de laringe, do

aparelho digestivo; mesotelioma de pleura e peritônio (tumor

muito agressivo e letal). Causa, ainda, o endurecimento do

pulmão (“pulmão de pedra”, derrames e espessamentos

pleurais e do diafragma)

.

Indiscutível e demonstrado que o uso do produto

representa risco à saúde humana.

Lei Estadual que está de acordo com princípios

constitucionais (arts. 196 e 225 da CF).

A Organização Mundial da Saúde em 1998, divulgou

o Critério de Saúde Ambiental 203, onde conclui:

“nenhum limite de tolerância foi identificado para os agentes carcinogênicos” e “a exposição ao amianto crisotila aumenta os

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riscos de asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma em função da dose”.

Urge priorizar-se os princípios e preceitos

garantidores do direito à saúde, que se sobrepõe a qualquer

outro interesse, mesmo de ordem financeira.

A

indústria continua a fabricar produtos à base

dessa fibra mineral porque é abundante e de baixo custo de

exploração.

No mundo, 52 países aboliram terminantemente o uso do amianto.

Na contramão, a Lei Federal nº 9055 de 01/06/1995

está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal porque

Magistrados do Trabalho (ANAMATRA) e Procuradores do

Trabalho (ANPT) a consideram inconstitucional e não se

quedaram inertes.

Em vários estados brasileiros há proibição formal da

exploração, utilização e comercialização do amianto (São

Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco).

A Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA

alerta que não existe exposição segura a qualquer tipo dessa

fibra mineral quer seja o branco, o azul, o marrom ou o

anfibólio.

Vale transcrever a manifestação técnica da Dra.

Fernanda Giannasi, engenheira civil, cofundadora da Abrea

(Associação Brasileira de Expostos ao Amianto):

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“Os pobres são as maiores vítimas. Afinal, são os trabalhadores os maiores consumidores de produtos com essa fibra”.

Ante o exposto, na esteira do entendimento

manifestado pelo Ministério Público em seu parecer,

REJEITO

essa Arguição de Inconstitucionalidade quanto aos arts. 1º, 2º

e 6º da Lei Estadual nº3579/2001

e

ACOLHO a arguição de

inconstitucionalidade quanto ao artigo 2º da lei federal

nº9.055/1995.

Retornem os autos à 20ª Câmara Cível, para

prosseguimento do julgamento do recurso.

Rio de Janeiro, 06 de Abril de 2015.

Desa. GIZELDA LEITÃO TEIXEIRA

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