• Nenhum resultado encontrado

Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: Universidade Federal da Paraíba Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: Universidade Federal da Paraíba Brasil"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada

ISSN: 1519-0501 apesb@terra.com.br

Universidade Federal da Paraíba Brasil

Salgado Xavier, Ane Stella; Honório Cayetano, Maristela; Gaetti Jardim, Elerson; Benfatti, Sosígenes Victor; Bausells, João

Condições gengivais de crianças com idade entre 6 e 12 anos: aspectos clínicos e microbiológicos Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, vol. 7, núm. 1, janeiro-abril, 2007, pp.

29-35

Universidade Federal da Paraíba Paraíba, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63770104

Como citar este artigo Número completo Mais artigos

Home da revista no Redalyc

Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

(2)

Condições Gengivais de Crianças com Idade Entre 6 e 12

Condições Gengivais de Crianças com Idade Entre 6 e 12

Condições Gengivais de Crianças com Idade Entre 6 e 12

Condições Gengivais de Crianças com Idade Entre 6 e 12

Condições Gengivais de Crianças com Idade Entre 6 e 12

Anos: Aspectos Clínicos e Microbiológicos

Anos: Aspectos Clínicos e Microbiológicos

Anos: Aspectos Clínicos e Microbiológicos

Anos: Aspectos Clínicos e Microbiológicos

Anos: Aspectos Clínicos e Microbiológicos

Ane Stella Salgado XAVIER* Maristela Honório CAYETANO* Elerson Gaetti JARDIM JR.** Sosígenes Victor BENFATTI*** João BAUSELLS***

* Mestres em Clínica Odontológica, Área de concentração em Odontopediatria, Faculdade de Ciências Odontológicas (UNIMAR), Marília/SP, Brasil. ** Professor Livre Docente da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil.

*** Professores Titulares do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas (UNIMAR), Marília/SP, Brasil.

abstract RESUMO

DESCRIPTORS DESCRITORES

Gengivite; Bactérias; Odontologia para crianças. Gingivitis; Bacteria; Dental care for children.

Gingival condition in children aged from 6 to 12 years old:

clinical and microbiological aspects

Objetivo: O presente estudo avaliou as condições gengivais e a ocorrência de diferentes periodontopatógenos em 93 crianças com idade de 6 a 12 anos, em Araçatuba, Brasil. Método: O exame clínico foi realizado de acordo com os critérios de Shour e Massler (1947), enquanto as amostras de placa bacteriana subgengival foram obtidas através de cones de papel absorvente esterilizados que eram introduzidos no interior dos sulcos gengivais sadios ou inflamados dos dentes 54 ou 14, 61 ou 11, 26, 75 ou 35, 82 ou 42 e 46, onde foram mantidos por 1 minuto e transferidos para tubos contento 5 ml de caldo de tioglicolato. Os microrganismos foram isolados em ágar sangue e ágar CVE, e, incubados em anaerobiose a 37ºC por 10 dias. A identificação dos isolados foi realizada de acordo com suas características morfocoloniais, morfocelulares e bioquímicas. Resultados: 91,40% das crianças apresentaram gengivite, sendo que 70,97% gengivite leve. Apenas 8,6 % evidenciaram ausência de gengivite. Verificou-se que a grande maioria das crianças apreVerificou-sentava gengivite leve e mostrava-se portadora de algum periodontopatógeno. Conclusão: A gengivite parece se elevar com a idade e apenas o F. nucleatum mostrou correlação com a elevação da gengivite.

Objective: The aim of this study was to evaluate the gingival condition and the occurrence of periodontopathogens in 93 children aged from 6 to 12 years old in Araçatuba, Brazil. Method: Clinical examination was performed in accordance to Schour and Massler (1947) while the subgingival plaque samples were obtained though sterilized paper point that were placed into health and inflamed gingival crevice of tooth 54 or 14, 61 or 11, 26, 75 or 35, 82 or 42 and 46, where they were kept for 60 seconds and tranferred to tubes containing 5 ml of thioglicolate broth. Microorganisms were isolated on blood agar and CVE an agar after incubation under anaerobiosis, at 37ºC, for 10 days. The identification of the isolates was based on their morphological, cellular and biochemical features. Results: 91.40% shows gingivitis while 70.97% presented mild gingivitis. Only 8.6% didn’t presented gingivitis. It was verified that the most of children presented mild gengivitis and was had some periodontopathogens. Conclusion: The gingivitis deteriored with age and only F. nucleatum was related with the deterioration of gengival status.

(3)

introdução

As doenças periodontais são amplamente distribuídas na população de todo o mundo. Como problemas de saúde pública mundiais, as periodontopatias se agravam com a idade e levam à perda precoce de elementos dentais, sendo que suas primeiras manifestações, por vezes, ocorrem na infância (PAPAPANOU, 1996).

Em crianças, as periodontopatias são de extrema importância, em razão de suas conseqüências durante a vida, visto que, são estas doenças periodontais que acometem os adultos. Na infância, as periodontopatias têm progressão lenta, e geralmente se manifestam como um processo inflamatório no periodonto de revestimento, o qual atinge a maioria das crianças antes dos 10 anos de idade (LASCALA, 1980).

A gengivite refere-se a uma inflamação do tecido gengival que tem como principal fator etiológico a ação microbiana da placa bacteriana. A gengivite é restrita ao periodonto de proteção e caracterizada pela formação de bolsas gengivais ou falsas bolsas, detectadas através do sangramento à sondagem ou espontânea (LASCALA, 1980). As doenças periodontais ocorrem como resultado da inter-relação entre a expressão de fatores de virulência de algumas espécies bacterianas, como Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, Fusobacterium nucleatum, Actinobacillus antinomycetemcomitans entre outras, e a capacidade de defesa do hospedeiro, em condições ambientais favoráveis(CARIDE, 1991; SLOTS; GENCO, 1984; SOCRANSKY; HAFFAJEE, 1992; GAFAN et al., 2004).

Na infância, o diagnóstico das periodontopatias deve ser realizado precocemente, para minimizar os danos que esses processos infecciosos provocam, principalmente a partir da puberdade. Entretanto, pouca atenção é dada a esse problema, de forma que esse diagnóstico geralmente é subestimado pelos profissionais de saúde e pouca ênfase é, por conseqüência, conferida à necessidade de sua prevenção. Deve-se realçar, também, o imprescindível valor da determinação do risco individual de adquirir essas patologias, bem como a predisposição individual e/ou familiar de apresentar perda de inserção conjuntiva.

A literatura tem evidenciado possibilidade de transmissão de microrganismos bucais entre familiares, particularmente da mãe para os filhos (CARIDE, 1991), onde o contato direto com a saliva pode colaborar para

que essa disseminação ocorra. No ambiente escolar, as crianças passam a ter muito mais contato umas com as outras, de forma que o ambiente torna-se muito mais favorável à transmissão desses patógenos.

As periodontopatias que acometem as dentições decídua, mista e permanente, em seu periodonto de inserção, estão longe de representar uma única entidade clínica, pois para classificá-las como periodontite pré-pubertal, periodontite juvenil na forma localizada ou generalizada, e periodontite de progressão rápida, tem-se muitas lacunas, em função de parâmetros clínicos, radiográficos, microbiológicos, imunológicos e terapêuticos utilizados na sua elaboração(GAETTI-JARDIM Jr., 1997).

As características qualitativas e quantitativas da microbiota associadas às diferentes modalidades de doença periodontal em crianças ainda permanecem sem o adequado esclarecimento, uma vez que a quase totalidade da literatura aborda, exclusivamente, as periodontites juvenis e pouca atenção é dada às gengivites na época da infância, visto que o clínico considera esses processos como transitórios e, na maioria dos casos, pouco significativos em função dos danos produzidos. Além desse aspecto, numerosos fatores colaboram para que o diagnóstico das doenças periodontais em crianças seja obtido somente quando a extensão da destruição periodontal já produziu o envolvimento de vários elementos dentais, o que dificulta sobremaneira o tratamento(DAVIES; SMITH; PORTER, 1985; BIMSTEIN; MATSON; 1999; SOCRANSKY; HAFFAJEE,1992; SUDA et al., 2003; TRINDADE; GUEDES-PINTO, 2002).

Assim sendo, é importante investigar a microbiota presente no sulco gengival das crianças, para conhecer sua relação junto às condições periodontais das mesmas.

METODOLOGIA

Foram selecionadas aleatoriamente 93 crianças de ambos os sexos sem distinção de raça matriculadas em duas escolas da rede pública da cidade de Araçatuba, na faixa etária de 6 a 12 anos.

Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Marília – UNIMAR. As crianças não haviam recebido qualquer antibiótico ou quimioterápico nos três meses que antecederam o estudo.

(4)

Os exames clínicos foram realizados nos consultórios odontológicos das escolas por um único examinador, segundo os critérios de Schour e Massler em 1947 (índice de PMA). Os espécimes clínicos foram coletados com cones de papel absorvente esterilizados introduzidos nos sulcos gengivais sadios ou inflamados (RODRIGUES; GUIMARÃES, 1989), dos dentes 54 ou 14, 61 ou 11, 26, 75 ou 35, 82 ou 42 e 46 por 1 minuto (HARTROTH; SEYFHART; CONRADS, 1999), sendo transferido para tubos contendo 0,5 ml de caldo de tioglicolato com pH 7,2.

O isolamento bacteriano foi realizado segundo a metodologia descrita por Slots em 1984. Os espécimes foram processados dentro de um intervalo máximo de quatro horas. Após dispersados por agitação em Vortex por 60 segundos foram realizadas diluições seriadas em caldo de tioglicolato (10-3 a 10 –6). As

alíquotas de 0,1 ml foram transferidas em duplicata para placas com ágar infuso de cérebro coração suplementado com extrato de levedura (0,5%) e enriquecido com 5% de sangue desfibrinado de carneiro, e para placas com ágar seletivo CVE. Essas placas foram incubadas em condições de anaerobiose pelo sistema mecânico de gases (90% N2 + 10% CO2) a 37ºC por 10 dias.

A identificação presuntiva dos isolados foi realizada segundo os critérios descritos anteriormente (HOLT et al., 1994; LOESCHE; GIBBONS, 1965; SCRANSKY; HAFFAJEE, 1992).

A observação das colonias foi realizada com auxílio de uma lupa estereoscópica realizando-se uma avaliação morfocolonial, morfotintorial (Gram), teste de catalase e aglutinação de eritrócitos de carneiro e humanos.

Após o crescimento, realizou-se novamente a coloração de Gram, teste da catalase e teste respiratório para caracterizar os microrganismos segundo a sua sensibilidade ao oxigênio atmosférico. As condições clínicas gengivais foram classificadas em: gengiva saudável, gengivite leve, gengivite moderada e gengivite severa. O teste estatístico utilizado foi o de Kruskall Wallis.

RESULTADOS

Na Tabela 1 verifica-se que a gengivite leve foi predominante enquanto que a gengivite severa foi moderada.

Verificou-se nas Tabelas 2 e 3, a freqüência de isolamento de Fusobacterium nucleatum teve relação quanto ao grau de gengivite, sendo que os BAPPN e os ß-hemolíticos apresentaram freqüência de isolamento relativamente alto nas diferentes condições gengivais (Figuras de 1 a 5).

Figura 1. Ágar CVE contendo colônias de Fusobacterium nucleatum.

Tabela 3. Ocorrência de microrganismos bucais em diferentes condições de saúde gengival.

1Gengivite clinicamente saudável; 2Gengivite leve; 3Gengivite moderada; 4Gengivite intensa ou severa; 5Bastonetes anaeróbios Gram negativos

produtores de pigmento negro; 6Fusobacterium nucleatum. Freqüência de isolamento Grupo microbiano GS1 GL2 GM3 GI4 BAPPN1 39,58 47,47 47,06 75,0 F. nucleatum2 22,92 39,14 46,08 75,0 ß-hemolíticos 20,83 27,75 31,37 33,33

Tabela 2. Ocorrência de microrganismos bucais em crianças com idade de 6 a 12 anos.

1Bastonetes anaeróbios Gram negativos produtores de pigmento negro. 2 Fusobacterium nucleatum.

Freqüência de isolamento (%) - Faixa etária em anos Grupo

microbiano 6 7 8 9 10 11 12

BAPPN1 70,83 38,33 38,33 50,0 64,29 59,26 41,67 F. nucleatum2 56,25 33,33 30,83 40,35 57,14 59,26 30,0 ß-hemolíticos 25,0 27,5 26,67 23,68 54,76 33,33 11,67 Tabela 1. Diferentes condições clínicas gengivais em crianças com idade de 6 a 12 anos (n=93).

Condição gengival n (%)

Gengiva saudável 8 8,60

Gengivite leve 66 70,97

Gengivite moderada 17 18,28

(5)

Figura 4. Placa de ágar sangue evidenciando colônias sugestivas de Prevotella spp. ou Porphyromonas spp.

Figura 5. Placa de ágar sangue evidenciando numerosas colônias de Fusobacterium nucleatum.

Figura 3. Placa de ágar sangue inoculada com amostra de placa bacteriana subgengival de criança com gengivite moderada.

Figura 2. Ágar sangue evidenciando extensas áreas de beta-hemólise e numerosas colônias pigmentadas de preto.

DISCUSSÃO

As doenças infecciosas periodontais representam a interação de uma microbiota periodontopatogênica, hospedeiros susceptíveis, em condições ambientais favoráveis (DELANEY; KOMNAN, 1987) e, na idade adulta, constituem a principal causa da perda precoce de elementos dentais, agravando-se com a idade (PAPAPANOU, 1996). A prevenção e controle das periodontopatias constituem medida de vital relevância para a Odontologia, em função de seu impacto em saúde pública.

Para verificarmos a prevalência e severidade de gengivite nas crianças do presente estudo, adotou-se o índice PMA de Shour e Massler (1947), devido a sua aplicação simples, rápida e sua boa reprodutibilidade. O tamanho modesto da população pesquisada se deve às limitações e custos associados ao cultivo de microrganismos de crescimento mais exigente, os quais requerem suplementos nutricionais e incubação em condições de anaerobiose (SUMMANEN et al., 1993). Analisando os resultados, verificou-se que a ocorrência de gengivite se deu em 91,40% das crianças, o que se aproxima de outros resultados encontrados (ANDRIONI et al., 1969; COUTINHO; TOSTES, 1997; MARTS; VIGGIANO; HALLA, 1988; PANNAIN, 1959; TRINDADE; GUEDES-PINTO, 2002), sendo que a gengivite leve apresentou uma maior prevalência (70,97% dos casos), seguida pela gengivite moderada (18,28%) e gengivite severa (2,15% dos casos). Apenas 8,60% das crianças evidenciaram ausência da gengivite (Tabela 1).

No presente estudo, como também relatado por Almeida (2000), não observou-se relação entre a severidade da condição clínica gengival e sexo (x=0,681).

A simples presença de periodontopatógenos nos sítios periodontais normalmente não leva a um processo inflamatório no periodonto, com a perda de inserção conjuntiva e desorganização desses tecidos. Outros fatores, como predisposição genética, imunossupressão, falta de higiene, consumo de tabaco, desnutrição severa e ausência de espécies bacterianas benéficas são importantes para aumentar o risco de desenvolvimento das periodontopatias marginais (STIZ, 2001).

Dentre os microrganismos periodontopatogênicos, merecem destaque os bastonetes Gram negativos, particularmente os gêneros

Prevotella (HILLMAN et al., 1993; KÖNÖNEM et al.,

1994; LÓPEZ; MELLADO; LEIGHTON, 1996; PETIT XAVIER et al. - Condições Gengivais de Crianças com Idade Entre 6 e 12 Anos

(6)

et al., 1993), Porphyromonas (CLEREHUGH et al. 1997; HOLT et al., 1994; HOLT et al., 1999; LÓPEZ; MELLADO; LEIGHTON, 1996; PETIT et al., 1993; SUDA et al., 2003), Fusobacterium (FRISKEN et al., 1987; GAETTI-JARDIM JR, 1997; MOORE; MOORE, 1964), além de Actinobacillus actinomycetemcomitans (GJERMO, 1986; HAN et al., 1991; BIMSTEIN; MATSON, 1999; BIMSTEIN; RAUR; INSHIED, 2002; SUDA et al., 2003), os quais expressam variados fatores de virulência. Esses bastonetes foram isolados do sulco gengival da extensa maioria das crianças estudadas, mesmo naquelas que não apresentaram evidências clínicas de inflamação gengival (Tabela 3). Entre esses bastonetes, as bactérias do gênero

Prevotella são as que primeiramente ocupam os nichos

ecológicos subgengivais, enquanto que Porphyromonas

sp., em particular Porphyromonasgingivalis, se mostra

mais freqüente a partir da adolescência (FRISKEN; TAGG; LAWS, 1987).

Nos diferentes grupos etários, a presença desses cocobacilos Gram negativos não variou significativamente, à exceção das crianças com 9 a 10 anos, onde a prevalência desses anoxibiontes variou de 50,0% a 54,29% dos sítios periodontais. Essa maior prevalência pode estar relacionada à erupção de elementos dentais permanentes, o que proveria ferro e proteínas séricas em função do trauma de erupção, que são indispensáveis como parte do metabolismo desses anaeróbios (HOLT et al., 1994).

Apesar da possível correlação entre um aumento na prevalência de bactérias produtoras de pigmento negro e um aumento no isolamento de bactérias ß-hemolíticas (BRAMANTI et al., 1993; FAKLER JR; CAYMAN; SHAEFER, 1983; GAETTI-JARDIM JR, 1997; HILLMAN et al., 1993; JOHNSON; MAYO; JEANSOME, 1999; PATON et al., 1986; SLOTS; GENCO, 1984), o mesmo não foi observado no presente estudo.

Nesse sentido, o trauma de erupção, os fatores hormonais e as próprias condições de higiene das crianças estudadas podem ter contribuído para uma maior proliferação das bactérias anaeróbias produtoras de pigmento negro em relação aos demais grupos microbianos na microbiota subgengival dessas crianças, uma vez que essas doenças são polimicrobianas e tem caráter multifatorial.

A ocorrência de periodontopatógenos nos sítios periodontais com diferentes condições clínicas não mostrou diferenças significativas com exceção do grupo com gengivite severa, o qual registrou maior freqüência

desses patógenos oportunistas. Entretanto, mesmo no pequeno número de crianças que apresentavam um grau mais pronunciado de inflamação gengival não se pode concluir que existiu uma relação direta e inequívoca entre a inflamação tecidual e a presença desses patógenos oportunistas. Dos microrganismos listados na Tabela 3, apenas o Fusobacterium

nucleatum teve um aumento de freqüência de

isolamento nas crianças que mostraram maiores evidências clínicas de gengivite.

Desde que as doenças periodontais progressivas representam a interação entre a ocorrência e o número de periodontopatógenos, a existência de hospedeiros, além do fator tempo e ambiente bucal, a Tabela 3, ao evidenciar que praticamente todas as crianças possuem um ou mais sítios periodontais colonizados por microrganismos oportunistas com reconhecida capacidade de produzir lesão no hospedeiro (GAETTI-JARDIM JR., 1997; HILLMAN et al., 1993). Deve-se valorizar sobremaneira as medidas preventivas que objetivam manter essa microbiota anfibiôntica sob controle, como forma de prevenir a instalação de um processo infeccioso capaz de levar à perda de inserção conjuntiva e de tecido ósseo alveolar.

CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS

Com os resultados observados no presente estudo, pôde-se concluir que:

1) Na faixa etária de 6 a 12 anos, 91,4% das crianças apresentavam gengivite, com predomínio de gengivite leve;

2) Apenas Fusobacterium nucleatum mostrou correlação com o grau de gengivite;

3) A freqüência de isolamento dos principais periodontopatógenos foi elevada, independente da condição gengival.

ALMEIDA, T. C. G. P. T. P. Estudo de gengivite em crianças matriculadas em escolas oficiais da cidade de Marília/ SP: influência da idade e do sexo. 2000. 82f. Dissertação (Mestrado em Odontopediatria), Faculdade de Odontologia, Universidade de Marília (UNIMAR), Marília, 2000.

ANDRIONI, J. N.; BENFATTI, S. V.; RUSSO, M. C.; TOLEDO, O. A. Prevalência de gengivite e de cárie dental. Rev Bras Odontol, Rio de Janeiro, v. 26 n. 155. p. 5-10, jan./feb. 1969.

(7)

BIMNSTEIN, E.; MATSON, L. Growth and development considerations in the diagnosis of gingivitis and periodontits in children. Pediatr Dent, Chicago, v. 21, n. 3, p. 186-191, May/Jun. 1999.

BIMNSTEIN, E.; RAMR, D.; INSHIED, J.; NAOR, R. SELA, M. N. Periodontal diseases, caries and microbial composition of sublingual plaque in children: a longitudinal study. ASDC J Dent Child, Chicago, v. 69, n. 2, p. 133-137, May/Aug. 2002.

BRAMANTI, T. E.; HOLT, S. C.; EBERSOLE, J. L.; VAN DYKE, T. Regulation of Porphyromonas gingivalis virulence: hemin limitation effects on the other membrane protein (OMP) expression and biological activity. J. Periodontal Res, Copenhagen, v. 28, n. 6, p. 464-466, Nov. 1993. CARIDE, E. C. Avances em el diagnostico y tratamiento de la periodontitis juvenil. Rev Soc Odontol Plata, La Plata, v. 53, n. 493, p. 4-10, Nov. 1991.

CLEREHUGH, V.; SEYMOUR, G. J.; BIRD, P. S.; CULLINAN, M.; DRUCKER, D. B.; WORTHINGTON, H. V. The detection of Actinobacillus, Porphyromonas gingivalis and Prevotella intermedia using Elisa in an adolescent population with early periodontitis. J. Clin Periodontol, Copenhagen, v. 24, n. 1, p. 57-64, Jan. 1997.

COUTINHO, T. C.; TOSTES, M. A. Prevalência de gengivite em crianças. RGO, Porto Alegre, v. 3, n. 45, p. 170-174, maio/jun. 1997.

DAVIES, R. M.; SMITH, R.; PORTER, S. R. Destructive forms of periodontal disease in adolescents and young adults. Brit Dent J, London, v. 158, n. 12, p. 429-435, Jun. 1985. DELANEY, J. E.; KOMMAN, K. S. Microbiology of subgingival plaque from children with localized prepubertal periodontitis. Oral Microbiol Immunol, Copenhagen, v. 2, n. 2, p. 71-76, Feb. 1987.

FAKLER JR., W. A.; CLAYMAN, E. B.; SHAEFER, D. F. Haemolysis of human erytrocytes by the Fusobacterium nucleatum associated with periodontal disease. Arch Oral Biol, Oxford, v. 28, n. 9, p. 735-739, Sep. 1983.

FRISKEN, K. W.; HIGGINS, T.; PALMER, J. M. The incidence of periodontopathic microorganisms in young children. Oral Microbiol Immunol, Copenhagen, v. 5, n. 1-3, p. 43-5, Feb. 1990.

FRISKEN, K. W.; TAGG, J. R.; LAWS, A. J.; ORR, M. B. Suspected periodontopathic microorganisms and their oral habitats in young children. Oral Microbiol Immunol, Copenhagen, v. 2, n. 2, p. 60-64, Feb. 1987.

GAETTI-JARDIM JR., E. Fatores envolvidos na virulência de Fusobacterium nucleatum isolados de primatas humanos e não humanos. Estudo comparativo. 1997. 190f. (Tese de Doutorado), Universidade de São Paulo, Instituto de Ciências Biomédicas, São Paulo, 1997. GAETTI-JARDIM JR., E.; AVILA-CAMPOS, M. J. Antimicrobial effect of human serum on oral Fusobacterium nucleatum isolates from humans and monkeys. Rev Odontol Univ São Paulo, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 1-4, jan./mar. 1999.

GAFAN, G. P.; LUCAS, V. S.; ROBERTS, G. J.; PETRIE A.; WILSON, M.; SPRATT, D. A. Prevalence of periodontal

pathogens in dental plaque of children. J Clin Microbiol, Washington, v. 42, n. 9, p. 4141-4146, Sep. 2004. GJERMO, P. Chemotherapy in juvenile periodontitis. J Clin Periodontol, Copenhagen, v. 13, n.10, p. 982-986, Nov. 1986.

HAN, N. M.; XIAO, S.; ZHANG, L.; RI, X.; ZHANG, J.; TONG, Y.; YANG,M.; XIAO, Z. Bacteriological study of juvenile periodontitis in China. J Periodontol Res, Copenhagen, v. 26, n. 5, p. 409-414, Sep. 1991.

HARTROTH, B.; SEYFAHRT, I.; CONRADS, G. Sampling of periodontal pathogens by paper points: evaluation of basic parameters. Oral Microbiol Immunol, Copenhagen, v. 14, n. 5, p. 326-30, Oct, 1999.

HILLMAN, J. D.; MAIDEN, M. F. J.; PFALLER, S. P.; MARTIN, L.; DUNCAN, M. J.; SOCRANSKY, S. S. Characterization of hemolytic bacteria in subgingival plaque. J Periodontol Res, Copenhagen, v. 28, n. 3, p. 173-179, May, 1993.

HOLT, J. G.; KRIEG, N. R.; SNEATH, P. H. A.; TALEY, J. T.; WILLIAMS, S. T. Bergey´s manual of determinative bacteriology. 9. th. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1994, 787p.

HOLT, S. C.; KESAVALU, L.; WALKER, S.; GENGO, C. A. Virulence factors of Porphyromonas gingivalis. Periodontology 2000, Copenhagen, v. 20, n. 3, p. 168-238, Oct. 1999.

JOHNSON, B. T.; MAYO, F. A.; JEANSOME, B. G. ß-hemolytic streptococci and other ß-hemolitic organisms in apical periodontits and severe marginal periodontits. Endod Dent Traumatol, Copenhagen, v. 15, n. 3, p. 102-108, Jun. 1999.

KÖNÖNEM, E.; ASIKAINEN, S.; SAARELA, M.; KARJALAINEN, J.; SOMER, H. J. The oral gram-negative anaerobic mecroflora in young children: longitudinal changes from edentoulous to dentate mouth. Oral Microbiol Immunol, Copenhagen, v. 9, n. 3, p. 136-141, Jun. 1994. KUHN, M.; KATHARIOU, S.; GOEBEL, W. Hemolysin supports survical but not entry of the intracellular bacterium Listeria monocytogenes. Infect Immun, Washington, v. 56, n. 1, p. 79-82, Apr. 1988.

LASCALA, N. T.; MOUSSALLI, N. N. Doença periodontal na Infância in: ______. Periodontia clínica: especialidades afins. São Paulo: Artes Médicas, 1991, p. 595-609. LOESCHE, E. J.; GIBBONS, R. J. A practical scheme for identification of the most numerous oral Gram negative anaerobic rods. Arch Oral Biol, Oxford, v. 10, n. 7, p. 723-725, Jul. 1965.

LÓPEZ, N. J.; MELLADO, J. C.; LEIGHTON, G. X. Occurrence of Actinobacillus actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis and Prevotella intermedia in juvenile periodontitis. J Clin Periodontol, Copenhagen, v. 23, n. 2, p. 101-105, Feb. 1996.

MARTINS, A. M. A. O.; VIGGIANO, R. D.; HALLA, D. Gengivite em crianças, RGO, Porto Alegre, v. 36, n. 2, p. 141-145, mar./abr. 1988.

MOORE, W. E. C.; MOORE, L. V. H. The bacteria of periodontal disease. Periodontology 2000, Copenhagen, v. 5, n. 1, p. 66-77, Feb. 1964.

(8)

PANNAIN, L. C. Exames clínicos gengivais em escolares de 7 a 13 anos de idade. Rev Assoc Paul Cirur Dent, São Paulo, v. 13, n. 5, p. 239-242, set./out. 1959.

PAPAPANOU, P. N. Periodontal diseases: epidemiology. Ann Periodontol, Chicago, v. 1, n. 1, p. 1-36, Nov. 1996.

PATON, J. C.; BERRY, A. M.; LOCK, R. A.; HANSMAN, D.; MANNING, P. A. Cloning and expression in Escherichia coli of the Streptococcus pneumoniae gene encoding pneumolysin. Infect Immun, Washington, v. 54, n. 1, p. 50-55, Oct. 1986.

PETIT, M. D. A.; VAN STEENBERGEN, T. J. M.; SCHOLTE, L. M. H.; VAN DER VILDEN, V.; GRAFT, J. Epidemiology and transmission of Porphyromonas gingivalis and Actinobacillus actinomycetemcomitans among children and their family members. J Clin Periodontol, Copenhagen, v. 20, n. 9, p. 641-650, Oct. 1993.

RODRIGUES, C. R. M. D.; ANDO, T.; GUIMARÃES, L. O. C. Simplificação do índice gengival, nas idades de 4 a 6 e de 7 a 10 anos. Rev Odont Univ São Paulo, São Paulo, v. 3, n. 3, p. 414-419, jul./set. 1989.

SHOUR, I.; MASSLER, M. Gingival disease in Postwar Italy (1945): prevalence of gingivitis in various coe groups. J Am Dent Assoc, Chicago, v. 35, n. 2, p. 475-482, Aug. 1947. SLOTS, J. Microflora in the healthy gingival sulcus in man. Scand J Dent Res, Copenhagen, v. 85, n. 2, p. 247-254, Feb. 1997.

SLOTS, J.; GENCO, R. J. Black pigmented bacteroides species and lapnocytophaga species and Actinobacillus actinomycetemcomitans in human periodontal disease, virulence factors in colonization, survival and tissue destruction. J Dent Res, Washington, v. 63, n. 3, p. 412-421, Mar. 1984.

SOCRANSKY, S. S.; HAFFAJEE, A. D. The bacterial etiology of destructive periodontal disease: current concepts. J Periodontol, Copenhagen, v. 63, n. 4, p. 322-331, Apr. 1992. SOLLECITO T. P.; SULLIVAN, K. E., PINTO, A.; SATO, C. H. ; LAI, C. H.; HASEGAWA, K. Systemic conditions associated with periodontits in childhood and adolescence. A review of diagnostic possibilities. Oral Med Oral Pathol, St. Louis, v. 10, n. 2, p. 142-150, Mar./Apr. 2005.

STIZ, A. L. Prevalência da doença periodontal e da má oclusão dentária em escolares de 5 a 12 anos de idade em Camboriú-SC. 2001. 74f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Saúde Pública, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

SUDA, R.; KURIHARA, C.; KURIHARA, M.; SATO, T. LAI, CH, HASEGAWA, K. Determination of eight selected plaque of maxillay first molars in Japanese school clildren school clindren aged 8-11 years. J Periodontal Res, Copenhagen, v. 38, n. 1, p. 28-35, Feb. 2003.

SUMMANEN, P. H.; BARON, E. J.; CITRON, D. M.; STRONG, C.; WEXLER, H. M.; FINEGOLD, S. M. Wadsworth anaerobic bacteriology manual. 5. ed. Singapore: Star Publishing, 1993. 230p.

TRINDADE, C. P.; GUEDES-PINTO, A. C. Prevalência de gengivite em crianças de 3 a 5 anos na fase da dentadura

decídua. Rev Pós-Grad Fac Odontol USP, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 219-223. jul./set. 2002.

ZEBULUM, S.; CUNHA, J. J. Prevalência da gengivite na criança. RGO, Porto Alegre, v. 42, n. 5, p. 38-40, set./out. 1985.

Recebido em: 10/10/06

Enviado para Reformulação: 11/12/06 Aceito para Publicação: 22/01/07

Correspondência:

Maristela Honório Cayetano Rua Luiz Elias Attie, 489

São Paulo – SP Brasil CEP: 05127-020 Telefone: 11.39046649/11. 39060736

Referências

Documentos relacionados

Fichas informativas sobre os textos da imprensa: notícia; reportagem; entrevista; crónica; crítica/texto de opinião; publicidade; cartoon; BD.. Texto

O fato de uma pessoa possuir talento para as artes não implica necessariamente que ela consiga usar seu raciocínio lógico e sua capacidade de abstração para lidar com a matemática,

As medidas de cinética de absorção de hidrogênio foram realizadas no equipamento PCT Pro 2000 HyEnergy, nas condições laminada a frio e tratada termicamente a 700 °C por 4 h ,

Embora a diferença percentual de ocorrência de APC entre os textos I e II/III seja pequena, esses dados indicam que o APC tende a aparecer mais nos textos dialógicos

Com base no Guia de Vigilância Epidemiológica do Óbito Materno, do Ministério da Saúde, elaborou-se um quadro com as atribuições regulamentadas a nível nacional para

De acordo com Bassanezi (2002, p. 20), um modelo matemático é “um conjunto de símbolos e relações matemáticas que representam de alguma forma o objeto estudado”. No

Dentro dessa ampla agenda de pesquisa, e em interseção com vertentes diversas como teorias feministas e do ator-rede, há um esforço - mesmo que ainda inicial - de

Também foram avaliados itens de qualidade do atendimento: como a informação do horário de atendimento em local visível o que não tem no SAAE Itarana, informativos para