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PÁGINAS'/5 PÁGINA 15. Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina REDÚBLICA TENDÊNCIAS. Cotistas estão se formando. O mundo encantado de Eli

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Texto

(1)

REDÚBLICA

Cotistas

estão

se

formando

Com

Programa

de

Ações

Afirmativas,

a

diferença

entre

brancos

e

pretos

na

universidade

diminui

em

82%

A12

ZERO

ENTREVISTA

O mundo encantado de Eli

Aos 82

anos,

a

artista

plástica

exibe

um acervo

de quase duas mil obras

e

revela

ter

compulsão

criativa

PÁGINAS'/5

TENDÊNCIAS

Redes sociais

prejudicam

Estudo indica que

o

rendimento

escolar cai quase

20%

com o uso

de

Facebook, Twitter,

Orkut...

(2)

EDITORIAL

DIRETO

DA

REDAÇÃO

Quatro

edições após

as

reformas,

decolamos

rumo aos

30

anos

Final

deano étempode ba­

lanço,

de avaliar realiza­

ções,

identificar

objetivos

não

alcançados,

eredefinir os rumosda vida.Paraum

jornal

laboratório,

essa

avaliação

tem

função

administrativa e

peda­

gógica.

É

nessahora que concluímos um processo

longo

e detalhado de

checagem

do que funcionouedoque

não deu certo. Fizemos isso a cada

número,

desde agosto,mas agora é

possívellançar

umolharmais

geral.

Podemos adiantar

queosaldoé

positivo.

A

redistribuição

dos conteúdos em novas

editorias tem dado a

cada

edição

mais

plu­

ralidade de assuntos,

abrangência

jorna­

lísticae

equilíbrio

te­

mático. Os

ajustes

no

projeto

gráfico

estão quase

concluídos,

de

forma a oferecerum

visual mais

dínâmi-e

fotografias,

e

garantimos

a

perio­

dicidade do

jornal.

As

mudanças

fo­

ramdrásticase oméritoéda

equipe

de alunos ealunas e dosmonitores

das

disciplinas (Jornal

Laboratórioe

Edição

2

-foto)

.

À

equipe

cabem elo­

gios,

mastambém

precisamos

refor­

çara

atenção

para

alguns

aspectos.

Ostextos

podem

melhorar,

sempre. O

jornal precisa

oferecermaisreporta­ gens

investigativas

e

enfoques

criati­

vos;

experimentação,

ousadia,

bom

humor,

atitude,

sentido de

equipe,

_

disposição

e curiosidade

[ jornalística

precisam

nos

'"

.f

acompanhar

permanen-,.

temente.

O

boeing

não che­ ga ao final da

viagem,

faz apenas uma escala

técnica,

para troca de

tripulação,

ajustes

para

manutenção

e

limpeza

da aeronave. Em março

de2012, prossegueovoo evocêé nossoconvidado

especial.

Venhaconosco!

co e atraente para a

apresentação

das reportagens.Nossa

preocupação

em

ampliar

o

diálogo

do

jornal

com seusleitoresestáexpressonesta

pági­

namesmo: nose-mailsetweetsque

reproduzimos

e nacolunado ombu­

dsman,

quetemnos

permitido

fazer

autocríticas cadavezmais

dirigidas

parao

aperfeiçoamento

doZero.

Neste semestre,

implementamos

umsistema maiseficienteeracional

de

distribuição,

buscamosaautossu­

ficiênciana

produção

de

infográficos

Equipe

interrompeu

o fechamento parao

clique

OPINIÃO

ONDE

O LEITOR TEM VOZ

"Gostaria

de,

em nomeda Sociedade

Vegetariana

Brasileira

{SVB}Jazer sugestão

de

pauta

a

respeito

do

oeganismo/oegetarianismo

edireito dosanimais!" DanielRibeiro

secretárioregionaldaSVB-Floripa

"O

jomal

lahoratorio Zeromostraque estáa

serviço

dos melhoresinteresses

uniiersuârios,

que éum

difusor

de

informações

importantes,

queestá

conectadocom arealidadee,

sobretudo,

mostra

respeito

àsliberdades. Parabénsatodaa

equipe

que

compõe

oZero"

Roselane NeckeleLúcia Pacheco

candidatas à reitoria da UFSC

"Gostaria de

sugerir

ao

jornal

Zeroumamatéria a

respeito

domovimento escoteiro

(.

.

.)

Nunca vi

nenhum veículo de

informação, principaimente

impresso,

fazer alguma

matériacom a

abordagem

educacional queomovimento escoteiro

proporciona

...

Um

abraço

esemprealerta!"

ValériaL. Fonseca

umaapaixonada pelomovimento escoteiro

"Parabénsà

equipe

pela

bela

edição

do

jornal

laboratório@zeroufsc sobre

eleições

naUFse"

Dauro Veras

@dauroveras

''Nova

edição

do @zeroufsc mantém

tradição

do melhor

jornal

laboratorio do Brasil. Parabénsaos

futuros colegas"

Alessandro Bonassoli

@Alebonassoli

"Lendo

jornal

Zero,

feito

poralunos de

jorn.

da UFSe. Bomtrabalho sobre

eleição pi

reitor."

GastãoCassel @gastaocassel ecomentários

ZERO

OMBUDSMAN

RICARDO BARRETO

Zero

esnobou

Gay

Talese

Um

ombudsman de

imprensa

maisdo queapontarerros,an­

tesdetudoexistepara

defe�der

os

i�teresses

e

�ireit�s.

do lei­

tor

(

e

cidadão)

emreceber ínformacão

atual,

crível,

etícaede

qualidade.

Nessa

perspectiva

e

obrigado pela

circunstância,

abdico do direito de analisara

edição

anterior paratratar

de grave errocometido

pela redação,

pois

o

impossível

aconteceu:vou

criticara

ausência,

oqueo

jornal

não

publicou.

Algumas

semanas antes de ser concluídaa

edição

quevocê

lê,

foi

oferecida parauso uma entrevistaexclusiva com

Gay

Talese,

renoma­

doescritore

jornalista

americano,umdos

pilares

donew

journalism

e umdosmaiscélebres

repórteres

domundonosúltimos 50anos.Material

de boa

qualidade

que nenhum editorsensatorecusaria,antes,trataria de

publicar

com amaior

urgência

-e comboa

empolgação.

Oinédito

éofato da

redação

preterir

eesnobarum

inequívoco

furo

jornalístico,

resultado da ousadiaeaudáciadeuma

jovem

estudante docursode

Jor­

nalismo,

para

premiar

o

previsível,

o

costumeiro,

o

provinciano.

E

aqui,

surge tambémummonumental

equívoco pedagógico,

tratando-se deum cursode

Jornalismo,

especialmente

onosso,certamentereferêncianacio­

nal, justamente

porsua

opção

por estaúnica

habilitação,

quetratamos

commuitaseriedade.

Oquese

ignorou

éum

primado

do

jornalismo

e essênciadanoticia­

bilidade,

oda

informação

nova,frescaeexclusiva.Caso

pudesse,

como

editor,

ter um materialassim, nãohesitarianão sóem

publicar

como

daroespaçomaisnobreefazermuitoalardenacapa,

pois

oque foi ofe­

recidoéumdiamanteenãoumbrilhante.E,presumo,

qualquer

editor,

especialmente

deum

jornallaboratório.

Lamentavelmente,

nãofoioque sedeu.OqueoZerofez foisonegar,

esconder,

material devivointeresse

paranosso

inegável público-alvo prioritário:

estudantese

professores

de

Jornalismo

assimcomo

profissionais.

Ecomonãosecria

público-alvo

por

decreto,

restamuito curiosaainsólita circunstância.

Pois este

jornal já

fez

esforços,

em outros tempos, para entrevistar

alguns

dos mais

importantes

repórteres

brasileiros. Temos entrevistas

longas

com

José

Hamilton

Ribeiro,

Caco

Barcellos,

Ricardo

Kotscho,

Cló­

vis

Rossi,

FernandoMorais,Bob

Fernandes,

Percival deSouza,Bernardo

Kucinski,

Lourival Sant'Anna, Luiz Cláudio

Cunha,

Marcelo

Canellas,

MaurícioDias, jucaKfouriejuca

Varella,

entre osmais

relevantes,

que

trataramde bastidoresda

profissão

edareportagem

(algo

muitocaro aos

estudantes),

além de ácidas

abordagens

sobre

imprensa

e oscontextospo­

líticos.E surgeachance de

publicar,

pela

primeira

vez,umdos

repórteres

mais

importantes

do

mundo,

íconena

profissão

e a

cúpula

nega?!

Triste

momento,porque tal

decisão, míope,

contrariatudoqueseentende por

boa

prática

jornalística

-e m-esmoestudantes sabem disso. O

episódio

traz outra

lição:

notícia boanão

publicada

tambémviranotícia. Ao assumiresta

função

jamais imaginei

medefrontarcom

situação

tãononsense.Recorriaoseditoresenenhuma das

justificativas

é convin­

cente,lamentavelmente.Seriabom que

lembrassem,

quenosso

primeiro

objeto

éo

jornalismo.

E

jornalistas,

seguem sendo

indispensáveis,

espe­

cialmentena

condição

de entrevistados.

Jornalista, professor,ex-diretor deredaçãoe umdos criadores doZero.Por 15anos,

Barretocomandouojornallaboratórioe,no ano30dapublicação,assume como seu primeiroombudsman. Próximo decompletartrêsdécadas,oZeroassume odesafio de iniciarumarelaçãomaisabertacom seusleitores.

l

(3)

I.2£RQIIBBO

I �

I

PÁGINAZERO

As

PRIMEIRAS LINHAS

Mudanças

visuais

marcam

três

décadas de

histórias

Reinvenções

de estilos determinam

a

identidade do

jornal

I

:iAPrimeira

edição

do

jornallaboratório

docurso

I

de

Jornalismo

daUFSCfoiconcluídaemsetem­

bro de 1982 numapequena sala do

Departa­

mento.

Preocupados

em"fazercaber"oconte­

. údo

na

página,

a

equipe

coordenadaporCésar

Valente,

José

Gatti e outros

professores, lançou

o

iPrimeiro

jornal

do

tipo

emSanta Catarina. As .-_...

_--doze

páginas

da

edição

foram

impressas

na

editora

Mendes,

em

Brusque,

com uma

tiragem

de três mil

exemplares.

Em formato

tablóide,

acapado

primeiro

Zerofoi

encabeçada

porum

logotipo

'desenhadoàmão porValente. "Não

ihouve

umadiscussão sobreoforma­

to,como a

impressão

emtablóideera

mais

acessível, diagramamos

o

jornal

nessetamanho.Sefosse

standard,

terí­

amosuma

página

maior,commais espa­

ço para

preencher", justifica

Valente.

O que

importava,

nocomeço,eraqueo

jor-nal tinha sido

impresso.

Valentecontaquenãohavia

umcuidadocomapartevisual."Analisandoo

arquivo

do

jornal,

hámuitos

problemas gráficos

porquena

época

não dávamosênfaseao

planejamento gráfico.

Agentefazia dia­

gramação,

nãoestudavaartes

gráficas.

Nossa maior

preo-cupação

erafazeroconteúdoentrarna

página.

Aos poucos,

fomossentindoanecessidade do

jornal

terumacara". Nos

primeiros

númerosdoZero nãohaviaum

padrão

gráfico,

as fontes variavam pouco,

pois

eram escassas;

usavam-seastrêsouquatroquea

gráfica disponibilizava.

"Para que o

jornal

tivesseumvisual

diferente,

a

solução

eracomprarLetraset(fontedetrans­

ferência da

Mecanorma),

como alfabeto emdiversasfontes."

Os

repórteres

escreviamamatéria epassavam para a

diagramação.

O

diagramador

tinhaquedaruma so­

lução

para queotítuloentrasse,do

tamanhoque

fosse,

na

página

junto

com amatéria.O

jornal

eramonta­

do numa folha

quadriculada

(dia­

grama)

e

depois

enviadopara

compo-sição. Às

vezes,naetapade

composição,

otextoestourava,

quando

issoaconteciase

aplicava

umvelhoconceitode

edição:

o"corte

pelo pé". "Esperava-se

queo

repórter

tivessedeixadoo

mais

importante

na

primeira

parteda

matéria,

para

poder

cortarosúltimos

parágrafos.

A

pressão

nofechamentoera

fazer caberas matériasnas

páginas,

não deixar

bonito",

observa Valente.

Experiência

em

edições

especiais

O

professor

Henrique

Finco não

fezmuitas

mudanças

no

projeto

pro­

postoporBarreto,

quando

assumiua

coordenação

doZero,em1997. Duas

edições

específicas

tiveram

mudanças

radicaisno

planejamento gráfico.

"Em uma das

edições,

não lembro adata nem o

número,

fizemos o

jornal

no

formato standard."

A outraproposta

gráfica

foiemfor­

matoA3 e um

papel

mais sofisticado

de

tipo

craft

(que

combina resistência

emaciez,decor

parda)

emnovembro

de 1997. Aidéia desta

edição

foi ins­

pirada

nos

dazibaos, jornais

murais

chineses,

e nos

pasquins, jornais

mu­

raisdaáreado Mediterrâneo.

"Ele foi

projetado

tanto para ser

fixadoem uma

parede,

paraumalei­

tura

coletiva,

que

propicia

atroca de

Dezembro de 2011

novos

sentidos,

quanto para ser lido

individualmente. O 'Zero Dazibao'

teve que ser rodado em

rotoplana,

o

que éum

complicador

em termosde custo, mas éexcelente em termosde

recursos e

qualidade

gráfica.

O

papel

craft

foi escolhido devidoa suaresis­

tência,

e também para marcar uma

diferença

desta

edição

em

relação

às

outras",

explica

Finco.

Haviatambém

provocação.

Emal­

gumas

edições,

omapa múndi apare­

ciacomo um

selo,

com o sul voltado para cima. "Era um estranhamento

em

relação

ànossa

posição

como

país

periférico,

subvertendoas representa­

ções

que fazem denóseque também

incorporamos.

Lembroque muita gen­

te ficou

indignada

com

aquilo:

surtiu

efeito",

relembraFinco.

o

TEM

SOLUÇÃO?

1997:

professor

Finco testou

papel craft

e formatostandard

Logotipo

muda várias

vezes ao ano

Antes do

logotipo atual,

pu­

blicado

pela

primeira

vez emde­ zembro de 1985,

tinhamsido testadas cinco

opções

diferentes.

Depois,

sóemdezembrode

1994,

conforme o

arquivo

da

publica­

ção,

houve uma

mudança

sutil no

logo

doZero

especial

Bienal coordenado

pelo professor

Carlos Alberto AdiVieira.

Em

1996,

o

logo

mudou três

vezes e em 1997 outrastrês.Em

1998, 2000e 2001

surgiram

al­ guns

logos

diferentes,

mas sem­

pre queBarretoretomavaa coor­

denação

sua marcavoltava. Pelos

exemplares

queaindarestamno

arquivo

são32

mudanças

decor,

semcontarasinúmeras

variações

de tamanho do

atuallogotipo.

ZE

��....�4.�;biJI<tC _1t_"'��""1'1$ 2011: todacolorida

ZERO

A

edição

de agosto de 1993 foia

primeira impressa

com cor. Detalhes como

fios,

títulos,

boxese

algumas

ilus­

trações na cor azul davam à

capa, central e contracapa uma nova fase. Nas

edições

seguintes

vermelho, amarelo,

roxo,

verde,

laranja

eatérosa

foram

impressos

nacapa do

jornal

laboratório. As fotos coloridas aparecem apenas

em

1996.

A

impressão

das 16

páginas

em cor é muito re­

cente. A

primeira

edição

in­ teiramente colorida foi a de

maio desteano.

JoiceBalboa

joicebalboa@gmail.com

(4)

ZERO ENTREVISTA

ELI

H

ElL

"Arte

é

a

expulsão

dos

seres

doloridos

em

grandes quantidades

num

parto

colorido"

Artista

plástica

é conceituada

em

todo

o

mundo,

mas

guarda

obras

em seu acervo na

Capital

uem passa

pela SC-401,

na altura

deSanto Antônio de

Lisboa,

quase

nãovê àdireitaum

portão

de fer­ robem

vermelho,

todo trabalhado comformas de

corações

ecriaturas as Atrás

daquele

portão

estáoMundo 1

Heil,

um museu comquase duas mil

obras daartista

catarinense,

que

poderiam

mui­

tobemestaragorasendovistasemParisou em

Nova

Iorque,

mascontinuamno acervo

pessoal

dela,

em

Florianópolis.

Entrarno Mundo Ovo écomo

ingressar

numoutro

país,

onde Eli éa

rainhae as suasobrassão motivode

adoração.

Quando

abrematrancae

permitem

apas­

sagem,lá estáaartista:umasenhora

baixinha,

de

óculos,

cabelos

encaracolados,

nomelhores­

tiloavóassando biscoitos.O corpo

frágil

disfar­

ça muitobema

energia

quetemde

sobra,

aos

82 anos.Assimque

cumprimenta

alguém

com um

beijo

norosto,nãopara mais-de falar.Foi assimcom areportagemdo Zero, aquem Eli

Heil

acompanhou

porum

passeio

de quase três

horas

pelo

Mundo Ovo,semprecom aschaves namão,abrindo todasasportas.

Foiuma

polêmica

aderrubada dasestátu­ asde Adãoe Evaque ficavam na

entrada,

para que houvesse a

duplicação

da rodo­

via. Comofoi?

Omundo inteiro

ligou.

Foiumabarbaridade!

Luteidoisanosparaque não acontecesse,mas me tapearammuito. Mas não adiantou nada.

Foiumacoisaterrível. Em cincominutos,des­ truíram.Veioa

máquina

aqui,

euestavalá den­ tro, foi televisão...

Então,

filmaram?

Ah,

mas eutavanamídia todaavida! O povo

todo,

a

universidade,

eles

queriam

virtudo de

preto. Todos forammeus

amigos.

Emuma se­

maninha

só,

duas mil pessoas pararam para

assinarumabaixo assinado.OBrasil todo! No

Palácio

[do

governo], já

nãotinhamais

lugar

onde colocarascartas,osofícios.

Asenhoratem

algum apoio

paramantero

MundoOvo?

Não tenho

ajuda

de

ninguém.

É

umalutapra eu conservarisso

aqui,

e eutrabalhomuito.

Vo-ZERO

cês não

imaginam

a

quantidade

de obras que eufiz.Enão sãoobras

parecidas.

São 199téc­ nicase

tipos

de volumequeeu

crieiaté

hoje!

Tenho 59anos deasma.

Quem

não

sabe,

olha

assimepensa que éfácil.Eu tive que passar

pela

serpentepraencontraromundo maravilhoso.

Tive que passar por tudo. Vomitando

criações,

euvomitava muito nocomeço. Convulsões de

criações,

porqueera

demais,

sabecomoé?Mi­

nha

cabeça

era umvulcão. Manchavivente,eu

queria

sermanchavivente,não

queria

teresse

corpopra nãoestarsofrendo. Daíquetemafase

de

decomposição,

parecia

queo meu

braço

tava

pra láepra cá.Então,eu

digo:

Sou artista

cuja

mente ficou

grávida

cincoanos pararenascer e nascer emborbotões.Aarteparamiméa ex­

pulsão

dosseres

contidos, doloridos,

em

grandes

quantidades

numpartocolorido. Eu

faço

toda

ahistória.

Essas convulsões artísticas permanecem

até

hoje?

Não,porque

consegui

controlaro meucérebro.

Elenão parava. Eudizia que trabalhava 24

ho-ras por

dia,

porque minha

cabeça

funcionava

demais.Umvulcão.Mas

depois-consegui

colo­

car océrebronamão,fazê-lo

girar

efazer tudo

queeuquero.Ahoraqueeuquero,eu

faço.

De vez em

quando

escapa.Maseucontrolo.

Eantesda

doença,

antesdeteressa

explo­

são

artística,

a senhora

sentia

alguma

coisa?

Eununcatinhavistoum

quadro

de

pintura

em

todaaminha vida.Issofoi

quando

meuirmão

trouxeum

quadro

deum

pintor,

nemconhecia

pintor

nenhum...Olheie disse:Ah!Mas issoaí

eu também

faço!

Massem

pretensão

alguma,

né? Foram as

palavras

domomento. Eu nem

pensavaserartista.Achoqueeutinhaumvul­

cãodentro demim, espetarame

plufl Explodiu.

Explodiu

deumamaneiraquenãoparoumais.

Então,

o

primeiro

quadro

que eufiz foi uma

galinha

e um ovobem

grande.

Daíescrevi: A

rainha do

galinheiro pôs

um ovo

gigante.

Vou

fazer umaboa fritada! E daípronto, foi tudo

muito

rápido.

Comdoisanosde

pintura

eu

tinhasido convidadaparaexporemParis. Dois

(5)

anosde

pintura!

Passei vinteepoucos anos semvenderuma obra. Não era

para

vender,

era umacoisa que euti­

nha

aqui,

pra botar para foramesmo.

O meucaso era diferente.

Agora,

sou

obrigada

a me

desfazer, já

fizum mu­ seu.

Quer

dizer,

o museutemasobras

tombadasetudo.Paraficar.

o que

significa

teressemuseu? Eumesmanemacreditoqueeufizisso

tudo,

essabarbaridade toda.Uma pes­

soa

simples, fraca,

eu nãosou muito

forte.

Quando

ouvem Eli

Heil,

vãona

exposição

esperando

aquela

mulhero­

na.

Quando

me

conhecem,

aí dizem:

Como?Como? Como? Como équeessa

mãozinha fez isso tudo?Omeu caso

é um caso muito

falado, estudado,

por críticosdearte,de tudo. Aindanão viumapessoa que dissesse:

Que

coisa

horrível! Os críticos de arte não têm

umquefalou mal demim. Bemantes,

fiquei

entreosdez do mundo.

É

queeu sou umapessoa quenão contapara

os outros,que nãobotano

jornal.

Eu

digo

assim, quantomaiseu

subo,

mais

humildefico.

Que

venhamascoisas,é

claro,

agenteficacontente.

Como a senhora

gostaria

que as

pessoas vissema suaobra?

As

crianças,

osolhinhos delas

brilham,

assim. A genteque eles gostam.

Quando

eu atendia

crianças

decinco anos, eles faziam uma fila

aqui

na

portadomuseu.

Quando chegou

um

rapazinho, depois

dever

tudo,

dissena

frente das

crianças

todas: Meu Deus

do céu! Mascomo adona Eli é linda! Ele nãoolhou paramim.

Porque

ele

poderia

dizer queadona Eli é velha. Ele olhoua aura.Elemeviudentroda obra. Todos

riram,

as

crianças.

Issoé

oque dáa

satisfação,

né?Meu maior

prazer éver aspessoas olhandoasmi­

nhas obras.

Aí,

euseique fizumacoi­

saque todo mundo fica admirado. Só

quemnãofica admiradoéobitolado.

amor.

Aqui

é a minha sala de parto

[Eli

Heilmostraseu

ateliê].

Ochão é tudoum

painel.

Um

painel

todo tra­

balhado. Botei isso

aqui [referindo-se

ao

plástico

que cobre o

piso]

porque oshomens vãomexer no teto.

Quan­

do me deu o AVC

[Acidente

Vascular

Cerebral],

eufiz quase200metrosde

painéis.

Fazunsquatroanos, maisou menos.

Doença,

idade,

nada disso influen­

ciaa suaobra?

Eu não pensonaidade.Eusósintoque

o meucorponãodá pra fazeroqueeu

quero fazere oquetemnaminhaca­

beça.

Omeucérebro é bemmaior.Ele

vem me

puxando

decorda. Masdeum

jeitinho

oude outro,voue

faço.

Antes

de fazeresses

painéis,

eu

cheguei

aqui

umdiaedisse:

É,

euacho quenãote­

nhomaisresistência.Voufazercoisas

menores.Foi

quando

deuoAVCe eu

Asenhoracomeçou

pintando?

Não.Primeiro,fiz de

lápis

decera.De­

pois perguntei

promeuirmãocomo os

outros

pintores pintavam.

Seelesusa­ vam

pincel,

eu tinha que fazer uma

coisa diferente. Tem coisa

aqui

que

eu nemsei maisoque é. Seestivesse

tudo exposto, aí é que eu

gostaria

de

ver, sabe?

Às

vezesvêm

aqui

mevisitar pessoasdefora.

Embaixadores,

prince­

sas,

embaixatrizes,

eelesmedizemque

se eu estivesseemoutro

lugar

esse ia Eli Heilse

orgulha

de suatécnica serúnica emtodo omundo ser omaiormuseudo mundo.Umavez

uma

princesa

medisse:Sevocêmoras­ se no meu

lugar,

vocêteriaumordena­

do,

uma

quantidade

de dinheiro para conservarisso aí e ainda umsalário paraasenhora. Eunão procuro isso.

Elesé quedeveriamme

procurar!

Por

tudo queeu

fizefoi

divulgado.

Eu

saíemmaisde três mil

publicações.

O

Anjo

Pássaro foi

inspirado

em um sonhoemede5 metros

o fato de ter sido mãe e mulher

aparecenas suasobrastambém? Eu acho que aparece, né?

Aparece

o

fizquase 200metrosde

painéis.

Vocês

nãoachamisso

inexplicável?

Eusem­

pre

digo,

quem não acreditaemDeus

pode

passar

aqui

que vaipassara acre­

ditar.

É

incrívelo que eu

passei

para

fazer isso tudo.Alidebaixo está tudo cheio.Poisontemmesmo eufuimexer

ali,

nem eu mesmosabia queeutinha

feitoesse

quadro!

outra, cada fiozinho tem que enxu­

gar paraeu colocarooutro fiozinho. Sabecomoé?Paranão misturar. Não

é

jogado.

Isso

aqui

étrabalhado.Uma vez, veioumartistadoRiode

Janeiro.

Um artista

importante daqueles

que

disse:

Eli,

por

favor, já

sou seu

amigo,

meensinaessatécnica?Comoéquea

senhora fazessesfios?Eunão ensino

mesmo.

Porque,

você

sabe,

muita coi­ saqueeu

fiz,

inventeinahora. Aténo

fornoeu

botei

quadro.

Pra tinta não

espalhar,

eu botonofornopor pouco

tempo. Eu

faço

tudo. No começo, eu

não

quis

trabalhar com

pincel.

Mas

agoravai

tudo, mão,

pincel, pé.

Uma

vez,eu

machuquei

umacartolina todi­

nhano

pé.

Inventava,eutinhainven­

tado.Ficouó!

A senhora se baseia em

algum

artista,

como nesse

quadro

que

parecea arte abstratado

Jackson

Pollock?

É

umfiozinho detinta.Esseaíapessoa

olhaedizassim: Pareceumfulano de tal...Paralá!Nãotemnadaa ver com

fulano de tal.

Porque

eles

jogam

atin­

ta,

né,

eles

jogam.

Omeué

diferente,

completamente.

Não existe

ninguém

no mundo.

Ninguém

vai fazer isso,

sem aminhatécnica não vaifazer. E

Marilia Labes

mariliagold@gmail.com

ThiagoMoreno

thiagobmoreno@yahoo.com.br

Coleção

pessoal

da artista reúnequase 2milobrasem

exposição

no museuque ficana SC-401 Escultura traz

Jesus

Cristo cercado poranimais naSanta Ceia

(6)

OXIGÊNIO

TEMPO

LIVRE E IDEIAS FRESCAS

Diversão

de

criança

é

na

escola

(de samba)

Parceria

entre

Consulado

e

grupo comunitário leva cultura

e

esporte

a

moradores da Caieira

Um

grupode meninos

joga

futebolnobem-cuidado camposin­

tético daAssociaçãodos

Empregados

da Eletrosul

(Elase),

um

dos clubes mais cotados de

Florianópolis.

Vestindo o mesmo

uniforme- camisa

branca, calção

azulechuteiras

gastas-, eleschamamo

professor

acada

suspeita

defalta.No final da

partida,

reúnem-seerepetemastrêsregrasdo técnico:nãofalar

palavrões,

não

brigar

com os

colegas

enão

desrespeitar

otreinador.O que acontece

caso as normas

sejam

quebradas?

"Agentenão

pode

mais

jogar",

diz um

dosgarotos.

Eleemais114

crianças

e

jovens

do bairro daCaieira

participam

dopro­

jeto

Transformar,

uma

parceria

da escola de samba Consuladoe o

Grupo

de

Trabalho ComunitárioCatarinense

(GTCC). É

na

quadra

daescola que fica a

administração

desse

projeto

edoCaieira 21

-programa

paralelo

- onde

sãorealizadas atividadescomo abateria-mirime asoficinas demestre-sala e

porta-bandeira. "Queremos

trazeracultura paramaispertodacomuni­

dade.Atodo tempopassamosvalores humanos:

cidadania, ética, respeito

ao

próximo",

afirmaaidealizadoradoCaieira 21e

arte-educadora,

Graça

Carneiro.

Suafala deixa claraa

função pedagógica

dessasiniciativas,demonstra­ danastrêsregras do

professor

de

Educação

FísicaMauricio Lima.Cedido

pela

Prefeitura de

Florianópolis pelo

convênioentreoGTCCe aSecretaria

da

Educação,

Lima começouadar aulasparaosmeninos doCaieiraemfe­

vereiro.

Depois

denove mesesde

trabalho, já percebe

umamelhoradecom­

portamento."Agentetemqueestarciente quearealidade delesédiferente danossa.A

relação

com a

família,

oambiente ondemoram,oenvolvimento

com as

drogas.

Elestêmumamalíciaque muitoadultonão tem."

Quando perguntadas

sobreoquefariamsenão estivessem

ali,

dizemem coro:"soltando

pipa!".

Umou outrofala

"jogando videogame".

Nenhuma

delas,

noentanto,negaa

preferência pelo

futebol. "A gente

jogava

em uns

becosno morro.Era ruimporque tinha

lajota,

areia,óleo

queimado."

Aqui

émelhor?O"sim"vem

acompanhado

deum

balançar

de

cabeças

coletivo. União daIlha ofereceoficinas desamba

Trabalho

educativo

aproxima

moradores

A mesma resposta afirmativa é

dada

pelos

jovens

do Morro do

Mo-ol'l

cotó,

que

participam

da oficina de 61

mestre-salae

porta-bandeira

da

Copa

Lord. Isaías Hualisson

Cardoso,

13

anos,

participa

dasaulashá doisanos.

"Não querosair

daqui

nunca.Se não

fosse a

escola,

estaria nacomunida­ desemfazer

nada,

vendotelevisão.E isso vicia."

Quem

coordenao

projeto

é

Carlos Alberto deMaia, o"seu"Terri,

que tem 46 anos de

Copa

Lorde foi

pordezanos o seu

principal

mestre­

-sala. "Estou ensinandooque

aprendi

nesse

período",

contao fundador da

escolinha.

Scarlett Sandra de

Oliveira,

16

anos, não sabia sambar até o ano

passado. Aprendeu

aandarde

salto,

a

terpostura e a sermais

responsável,

que não

pode

faltarnosensaios. A

oficina também mudou a ideia que

WilliansYuriPinto,14anos,tinhaso­

breofuturo.

Planejando

ser o

primei­

ro mestre-sala da

escola,

oestudante descobriu que é isso quequer fazer

nos

próximos

anos. A atividade - e

seusbenefícios- ficamrestritosa

ape­

nasseis casaisde

jovens,

que

podem

vira serocasal

princípal

da escola.

Mais

amplo,

o

projeto

daassocia­

ção

de moradores local em

parceria

com a Unidos da

Coloninha,

escola

desamba docontinente, atendemais

Atividades

gratuitas

proporcionam

oportunidades

aos

jovens

Copa

Lord incentivamestre-sala e

porta-bandeira

Protegidos

é

a

mais

antiga

da

Capital

e

não

tem

projetos

sociais

Iniciativaprepararitmistas

de aindanãoterum

projeto social,

a

Uniãoestáconstruindo

laços

coma

Lagoa

da

Conceição.

Omestrede

bateria,

AndréCardo­

ne,afirmaquea

criação

de

projetos

promovidos pela

Uniãoda Ilhaésó

uma

questão

detempo.Um

estáa

caminho. "Percussão corpoe alma:

preparando

a comunidade para o

carnaval" foi

aprovado pela

Lei Rou­

anete

depende

da

captação

derecur­ sos.A iniciativa vaiofereceraulasde

percussão, expressão

corporal

edan­ ça paraos

jovens

de 12a18anosque moram na

Lagoa.

O

projeto

poderá

sermaisumabre-alas da escola.

Ingrid Fagundez

ingrid.fagundez@gmail.com

MariliaLabes

mariliagold@gmail.com

Dezembro

de 2011

de 100

crianças

e

jovens

do bairro.A

parceria

inclui aulas de

futebol,

de mestre-sala e

porta-bandeira

e bate­

ria-mirim. A diretora social daasso­

ciação

e

ex-presidente

da

Coloninha,

TâniaRamos,

explica

que láotraba­ lho é educativo e

pretende

integrar

a

comunidade à escola de samba du­

rantetodooano.

Adelir

Crispin,

65 anos,conhecida

porTia

Nininha,

concorda.Naescola

desde1981,acredita queoprocesso de

preparação

para aavenida

é uma

forma de unir obairro. Ela

ajuda

a

costurar as fantasias e

percebe

que

esteéummomentoemqueos mora­

dores se reúnem.Além de promover

integração,

o

projeto

afasta os mais

jovens

dasruas edas

drogas.

"Mostra­ mosque existem

opções

enão apenas ado

tráfico,

da

criminalidade",

con­

cluiaeducadora

Graça

Carneiro.

ZERO

Aescola de sambamais

antiga

de

Florianópolis

éa

Protegidos

daPrin­

cesa. Mas nem os ensaios da agre­

miação nem a

produção

de carros

alegóricos

são realizados no morro

do

Mocotó,

ondea

Protegidos

surgiu

em

1948.

Issofazcom queaescola

acabeafastada da comunidade.

Edgar

daRosaéumdos diretores ereconhece quea

agremiação

se ex­

pandiu,

incluindopessoasdeoutras

áreas."Hámuitotempo,90% daPro­

tegidos

erade moradores domorro." Noentanto, adiversidadenãoéen­

caradacomo

algo

negativo. "É

legal,

nãoficaem umnúcleo só."

Outro

diretor,

Leco

Padilha,

con­

firmaa

importância

do trabalhoso­

cial das escolas.

Participar

da bate­

ria,por

exemplo, ajudaria

os

jovens

afocarseus

esforços

em

algo produ­

tivo. Como a

Protegidos

nãooferece atividadessociais,esseauxílio ficaria

restritoàsoficinas de bateria.

Sessenta anosmais

jovem

quea

Protegidos,

aUniãoda Ilhaestáem seu terceiro ano de trabalho. Em

1993,umgrupo de

amigos

se

juntou

para formar uma bateria. A

partir

dela, surgiu

um bloco

carnavalesco,

que

ganhou popularidade

e setrans­

(7)

Sítios

subaquáticos

são

escavados

no

litoral

de

se

Arqueólogos

recuperam história de navio do século XVII

fh

pirata

inglês

Thomas Frinsemaissete

tripu­

'ii;;

lantes

fugiram

do Pacíficoabordo deuma

em-....•.

l.'J

t.'.:.�

barc�ção

precisavaroubada dade reparos,coroae os

homens,

espanhola.

de

aguabarcoe

',.\"

comida. Resolveramaportarem

Florianópolis,

ondeacabarampresoseenviadosaSantos

(SP).

Frins pro­

meteu

vingança

evoltouem

1687,

quando

matouFrancisco Dias

Velho,

então

responsável pela

Ilha deNossaSenhora do

Desterro. O que

poderia

terficado apenasno

imaginário

po­

pular

aospoucostomouformaacada peça encontrada

pelo

Projeto

de

Arqueologia Subaquática

(PAS)

no

naufrágio

da

praia

dos

Ingleses.

Os

exploradores

do

projeto

acreditamquea

embarcação

afundadasetratado barco de ThomasFrins. Nela foi

en-contrado umcarregamentode

botijas,

como asqueeram

levadas

pelos

piratas.

A

partir disso,

aONG PASrealizousua

pesquisa

emduasetapas:a

primeira

de reconhecimentoe a

segunda, aprovada pela

Marinhaem

2004,

de

remoção

dos

objetos,

fasequefuncionouaté2009.Aototal foram10mil

peçasencontradase30 mil

fragmentos.

Botijas,

pedras

de rosárioe

relógios

solaressão

alguns

dos

objetos

expostosnoMuseudo

Naufrágio,

localizadona

sede daONG,nocantodireito da

praia

dos

Ingleses,

emFlo­

rianópolis.

Narbal

Corrêa,

atual

presidente

do

Projeto,

diz

quea

preocupação

hoje

érecuperaraspeças que

foram retiradas.A

intenção

éconstruir, a

partir

do

próximo

ano,

umlaboratórioparatratar

objetos orgânicos,

como a ma­

deira docasco,mas o

projeto

seguesemfinanciamento.

Museu do

Naufrágio,

nos

Ingleses, abriga

peças

resgatadas pelos pesquisadores

daONGPAS

Dificuldades

retardam

pesquisas

marinhas

A

pesquisa

subaquática

enfrenta difi­ culdades na burocracia para conse­

guir autorizações

do governo, além de

ser cara e

exigir

muitos investimentos. Oúnico

projeto

deresgate

subaquático

em andamento

aprovado pela

Mari­

nha é o

Projeto

BarraSulque,desde

2006,

recebeu1milhãoe300 milreais

da

Fundação

de

Amparo

à

Pesquisa

e

Inovação

do Estado deSanta Catarina

(FAPESC)

para

explorar

os

vestígios

da nau San

Steban,

na

praia

de Naufra­

gados,

extremosul de

Florianópolis.

A maiorpartedesse dinheiroéutilizada para

aluguel

de

equipamentos,

contra­

tação

de

mergulhadores

e na

locação

do barco parairaté osítio

arqueoló­

gico.

Gabriel

Corrêa, primo

de Narbalefun­

dador do

projeto,

estavafazendomer­

gulho

contemplativo

em 2005 quan­

do encontrou uma âncora de quatro

metros, diferente das fabricadas atu­

almente. Enviou uma foto do

obje­

to para técnicos portugueses, que o

identificaramcomopertencentea um

galeão

do séculoXVI.

Após conseguir

o

investimentonecessárioe a

permissão

para

explorar aquelas águas,

os

mer-Dezembro de 2011

Ancora achadaem

mergulho contemplativo

iniciouo

projeto

gulhadores

retiraram do mar duas

lápides,

sendo queumatemobrasão

da

Espanha,

além de uma

pedra

em

formato

triangular,

semelhante à lo­ calizadaem Porto

Seguro (BA).

Esses

vestígios

estavama uma

profundidade

de8a12metros,em uma

região

com

baixa

visibilidade,

o que

prejudica

o

trabalho dos

pesquisadores.

a mes­ macoisa que escavar emdunas. Você

tiraaareiaeela

volta,

hámuitacor­

renteza",

reclama Corrêa.

A nau San Sebastian foi encontrada

em umpontodistante da

primeira

ân­ cora localizada.Existea

possibilidade

de outros barcos estarem enterrados

na mesma

região.

Osul dailhaera um

ponto de reabastecimento de caças,

água

emadeira para as

embarcações

que

viajavam

rumo àBaciadorioda

Prata. Deacordo com olevantamento

feito

pela

historiadora

Ângela

Salva­ dorna

pesquisa

sobrea

percepção

do

patrimônio

cultural

subaquático pela

comunidade dos

Ingleses,

ocorreram 46

naufrágios

somente em Florianó­

polis.

"A

localização

exatadessasem­

barcações

nãoé

divulgada

paraevitar

depredações

eroubos dos

vestígios

ar­

queológicos",

ressaltaahistoriadora.

ZERO

ESPAÇO

OCUPADO E TRANSFORMADO

J Sitioarqueológicocosingleses

,

PesquisaIndica queonaufráqlcocorreuem'687 Os trabalhos desenvolvidosnaembarcação

roubadapelo piratainglêsThomas Frins são

pioneirosemgeorreferenciamento.Cada peça foicatalogada, fotografadaedesenhadaem

escala realantesdeserremovida.Aong PAS �, quer agoratrataraspeçasresgatadasdomar

fi'

SítioarqueológicodeNaufragados Afundouemjaneirode 1583 Acredita-se queaembarcação

encontradapelos pesquisadores

da Barra Sul éa nauSanSteban,

que afundouemjaneirode 1583.É

consideradoonaufrágiomaisantigo pesquisadonoBrasil. Oprojeto

Barra Sulpretenderetirarumcanhão debronzenoinício de2012 $ubmal1rlo .f; lJ.513 1i" Naugráglo em:19dejulho de1943 NaufríigloOrion oj.em21 deagosto 'Fde 1915 }"NaufrágioUlyem17 Yde outubro de 1957 RiO Pardo -Naufrágioem1839

Mergulhadore�encontraramoque acreditam

ser obarco RioPardo,ouFarroupilha,

..

, comandado parGiuseppe Garibaldi,que

naufragouantesda Tomada deLaguna.O grupo queodescobriu esperapelomergulho

de reconhecimento parateracomprovação.

A lei que

regulamenta

a

pesquisa

do

patrimônio

subaquático

recebe críticas por

permitir

que

mergulha­

doressem

formação

na

área recebamaautoriza­

ção

para

explorar

ossítios.

Segundo

Ângela

Salvador,

issovaicontraasreco­

mendações

daUnesco: "Todavezque vocêescava

um

sítio,

você vai destrui­ "lo.

É

preciso

documentar tudooquefazcom

riqueza

de detalhes". AMarinha tema

opção

desóaceitar

projetos

quetenham um

arqueólogo-mergulhador,

requisito cumprido

pelas

ONGs.

O

pagamento

derecom­

pensas

pela remoção

dos

bens de valor

artístico,

históricoou

arqueológico

éoutroponto

polêmico.

Os

objetos

pertencemao

Estado, mas ocontrato

pode

preverumaindeni­

zação

deaté 70% do valor das peças. Essa

prática

também nãosegueas nor­ mas internacionaise

pode

transformara

pesquisa

arqueológica

ematividade comercial.Gabriel

Corrêa,

doBarra

Sul,

garanteque elee oirmão não recebe­

ram nada: "A Marinhae o

Instituto do Patrimõnio His­ tóricoeArtístico Nacional

(lphan)

fizeramum acordo

paranãohaveressa inde­

nização

enquantoa leinão

é atualizada".

Passado da

Capital

está

no mar

Naufrágio

nãoéoúnico

tipo

de sítio

arqueológico

embaixo

d'água.

Existemos sítiossantuáriose ritu­

alísticos

-com oferendaspara Ie­

manjá,

por

exemplo

-,

depositários

oude abandono

-quando

olixoé

encaminhado parao mar

-e oster­ restressubmersos- sítiosterrestres

que foram encobertos devidoao au­

mentodo nível dosoceanos.

"Florianópolis

tem

grande

po­

tencial em sítios

subaquáticos.

Por

ficar numa

ilha, grande

parte das atividadesao

longo

desuahistória

tem

relação

com omar, através da

pescae de

portos",

contextualizaa

historiadora

Ângela

Salvador.

A

arqueóloga

do

Grupo

dePes­

quisa

em

Educação

Patrimonial e

Arqueologia

(GRUPEP)

da Unisul de Tubarão

(SC),

Deisi Farias, des­

tacaa

importância

do estudo desses

vestígios

para entendero

passado

de

Santa Catarina, que tem uma tra­

dição

costeira: "A

pesquisa

arqueo­

lógica subaquática

contribui para entender a história dos

primeiros

colonizadores,

ajuda

a entender a

movimentação

que acontecia na

região

e que não foi

registrada,

e

também

explica

a

relação

entre a

população

e omar, a

religiosidade

e a

pesca".

Luisa Pinheiro

Iuisapsilveira@gmail.com

Mariana Della Justina

marianadeliajustina@gmail.com

1

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