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CONTROLE DE DEMANDA DE ENERGIA BASEADO EM SISTEMAS SUPERVISÓRIO E REDE DE SENSORES SEM FIO

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Academic year: 2021

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CONTROLEDEDEMANDADEENERGIABASEADOEMSISTEMASSUPERVISÓRIOEREDEDE SENSORESSEMFIO

EDUARDO H. FERRONI1, HUGO R. VIEIRA1, OMAR C. BRANQUINHO2, VALCERES V. R. SILVA3

1. Unidade de Gestão de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia, Centro Universitário do Sul de Minas Estrada Vicinal, SN – Parque Mariela – Varginha – MG – Brasil

E-mails: ferroni@unis.edu.br; hugo.vieira@unis.edu.br 2.Departamento de Engenharia Elétrica, Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Campinas – SP – Brasil

E-mail:omar.branquinho@gmail.com

3. Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de São João del Rei Praça Frei Orlando, 170 – São João del Rei – MG – Brasil

E-mail: vvrsilva@ufsj.edu.br

Abstract Nowadays, the reduction of losses and the quality improvement of the power consumed in an industry are under control and monitoring. Supervisory systems using wireless sensors that can work in an industrial area are proposals to carry out that task. The use of wireless sensor networks in the industry should be preceded by trustworthiness tests and analyzes for an appropriate radio system parameters choice, when the sensors are acting inside power substations, and controlling of large machines, because the industrial environment is a noisy environment. This paper proposes a technique to do an intelligent charge cut based on a genetic algorithmic supported by a wireless sensor networks and supervisor system. Even with a shortness of power consumption, the system is able to optimize the production.

Keywords Sensor’s network, industrial substations monitoring, intelligent load shed schedule, supervisory system, genetic algorithm.

ResumoA minimização de perdas e a melhoria da qualidade da energia elétrica consumida em uma indústria passam hoje por um controle e monitoramento. Sistemas supervisórios utilizando redes de sensores sem fio, que possam operar em um ambiente industrial são propostas para executar esta tarefa. O uso de redes de sensores sem fio na indústria deve ser precedido de testes de confiabilidade e análises que permitam a escolha adequada dos parâmetros do sistema de rádio, pois o ambiente industrial é um ambiente ruidoso, ainda mais quando os sensores estarão atuando dentro de subestações de energia e no controle de máquinas de grande porte. Este trabalho propõe uma técnica para realizar o corte inteligente de cargas definido por um algoritmo genético, auxiliado por uma rede de sensores sem fio e um sistema supervisório. Mesmo com uma limitação de consumo de energia, o sistema otimiza a produção.

Palavras-chave Rede se sensores, monitoramento de subestação industrial, corte inteligente de cargas, sistema supervisório, algoritmo genético.

1 – Introdução

A indústria é o agente responsável por consumir aproximadamente 42% da energia total e por mais da metade da energia elétrica gerada, incluindo a cogeração. O gerenciamento de cargas combinado com sistema produtivo é fundamental para se obter uma melhor eficiência na utilização da energia, isto é, maior produtividade com menor consumo de energia. A determinação das cargas de maior importância para o momento produtivo de uma planta industrial é fundamental no processo decisório (Allen e Lee, 2005).

Unidades da indústria que possuem uma geração própria, usualmente adotam planos de cortes de cargas nos horários de ponta e/ou em momentos emergenciais de falta fornecimento de energia. Tal política acontece devido às limitações dos sistemas de geração em vigência no país (Trindade, 2009). Estas limitações afetam o

processo produtivo. O processo de se eliminar cargas menos prioritárias aliado ao comportamento elétrico das mesmas mantêm a estabilidade do processo industrial (IEEE, 2007).

O ato de cortar inteligentemente cargas (kW) como resposta a um evento específico garante a não rejeição de cargas pelo sistema de geração de energia e também assegura uma melhor qualidade da energia. Sabe-se que o processo produtivo é dinâmico, consequentemente o consumo também passa a ser flutuante e a assim a escolha inicial de uma combinação de cargas pode, por opção momentânea, não ser a mais adequada. O transitório oscilatório é caracterizado por uma alteração repentina nas condições de regime permanente da tensão e/ou corrente e normalmente decorrentes de chaveamentos de cargas. Um sistema supervisório pode fazer a adequação das cargas quando necessário e assim reduzir essas oscilações transitórias.

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Costa et al., (2012) utilizou de um algoritmo genético para definir a melhor combinação de cargas que devem permanecer ligadas no horário de ponta de uma planta industrial utilizada como modelo de carga, que consiste de um frigorífico, o qual possui grande quantidade de máquinas para o abate avícola. Outros métodos de busca podem ser utilizados associados ao sistema supervisório, entretanto uma comparação entre um algoritmo genético e outros métodos mostrou uma convergência muito mais rápida do algoritmo genético. Como o tempo de atuação do sistema é um fator importante neste trabalho, optou-se pelo uso do algoritmo genético.

Os algoritmos genéticos têm sido amplamente aplicados em processos de otimização em problemas de engenharia. Esses algoritmos têm a capacidade de procurar soluções em superfícies complexas da função objetivo, que aliado ao conhecimento do projetista, fornecem uma solução otimizada ao problema.

A plataforma Radiuino é de característica livre para criação de uma rede de sensores sem fio (Zheng e Jamalipour, 2009). A comunidade científica envolvida no desenvolvimento de hardware, firmware e software tem por objetivo criar aplicações de fácil utilização para construção de uma rede de sensores sem fio de forma amigável. A meta é permitir que pessoas, mesmo sem grande experiência em programação, consigam montar sua solução em formulação de rede de sensores. O uso desta plataforma está em aplicações das mais diversas possíveis, desde controle de irrigação em jardins (Hugh e Jonathan, 2009), até treinamento de rede de sensores sem fio (RSSF) no controle de máquinas elétricas (Stallings, 2004), e desenvolvimento de novos protocolos de Controle de Acesso ao Meio (MAC) e roteamento.

Uma rede de sensores sem fio é proposta neste trabalho para captar e modelar o sistema produtivo em tempo real, fornecendo a melhor combinação de cargas que devem permanecer ligadas quando a cogeração for acionada, programada ou não, de maneira automática. Estas informações são avaliadas por um algoritmo genético que toma uma decisão da melhor combinação de cargas. Os resultados formarão um banco de dados, que um sistema supervisório acessará num momento programado ou quando o sistema de energia solicitar.

2 – A Planta Industrial

A planta industrial utilizada como modelo de carga neste trabalho para o projeto do controle de demanda de energia por rede de sensores sem fio consiste de um frigorífico que possui grande quantidade de máquinas para o abate avícola.

A Figura 1 ilustra o layout da empresa com a localização dos setores necessários ao processo produtivo, na época do levantamento de seus dados do sistema elétrico e produtivo. Esta empresa possui demanda contratada e um sistema de cogeração cuja capacidade está abaixo da demanda de potência necessária para manter todo o processo produtivo.

Os setores de abate de aves possuem um grande número de motores de cargas menores. Esses dois setores possuem uma demanda média e constante de 1.800 kW. Os compressores são os equipamentos de maior consumo de energia elétrica. Possuem motores de grande porte sendo: 1 de 800 cv, 1 de 600 cv, 3 de 400 cv, 1 de 125 cv, 3 de 75 cv e 1 de 40 cv. As câmaras e os túneis possuem forçadores de calor que são utilizados para a refrigeração dos produtos. A usina térmica com capacidade de geração de 2160 kVA, possui seis unidades geradoras com capacidade de 360 kVA cada uma delas.

A indústria tem atualmente uma demanda de energia elétrica de 3500 kW, sendo grande parte deste montante consumida por motores de elevada potência. O fornecimento de energia elétrica da empresa é feito pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), em 13,8 kV, sendo uma rede trifásica única de aproximadamente 30 km vinda de uma subestação localizada na cidade de Divinópolis, no estado de Minas Gerais.

Figura 1. Layout da empresa.

A empresa possui uma usina de cogeração, que é utilizada no horário de ponta e/ou quando o fornecimento de energia é interrompido. Porém, a capacidade de geração da usina é menor que a demanda da empresa. Sendo, assim, na interrupção do fornecimento de energia torna-se necessária a retirada de algumas cargas para que o sistema continue em funcionamento.

Um sistema de desligamento de cargas não automatizado apenas escolhe as cargas a serem retiradas no horário de ponta, não sendo possível adotar tais medidas em situações adversas que provoquem a queda do fornecimento da concessionária. Neste caso o sistema pode ser levado ao colapso, por não ser possível uma ação imediata.

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Costa et al., (2012) apresenta uma solução para controle de demanda da empresa no período de ponta. Nesta solução, um algoritmo genético (AG) estabelece a melhor combinação de cargas que devem permanecer em funcionamento, quando o sistema tiver uma limitação de energia. Porém, pesos foram associados aos compressores, considerando a potência máxima de cada compressor, o que pode não ser real, se, por exemplo, estiver atuando com um inversor de frequência. Então, a previsão, da combinação das cargas, pode, em alguns casos, ficar inferior ao valor previsto pelo AG. Outros fatores que influenciam na tomada de decisão são: o clima, que provoca uma atuação mais suave dos compressores e a pressão nos túneis que está diretamente ligada ao processo produtivo. Então, o indivíduo proposto pelo AG pode ser ideal para o instante inicial do corte, e depois de passado um determinado tempo, não ser mais a melhor solução.

Surge então, a necessidade de atuar no processo em tempo real para manter a máxima produção, otimizando o consumo de energia, para que a demanda não ultrapasse 1800 kVA.

Uma rede sensores e atuadores, atuando via rádio permite atuar rapidamente sobre os equipamentos controlados, no caso do sistema de cogeração precisar entrar em funcionamento em caráter emergencial.

Devido à necessidade de se manter a produção da empresa em temperaturas próximas de zero, o funcionamento do sistema de resfriamento, é fundamental para o processo. Este sistema utiliza compressores de amônia para fazer o resfriamento dos radiadores, os quais estão localizados nos túneis de congelamento e nas câmaras de resfriamento. Para uma melhor eficiência no consumo de energia é importante manter a pressão nas tubulações dentro de uma faixa definida e as temperaturas das câmaras o mais próximo de zero. Como o processo produtivo pode modificar as condições ambientais, o conjunto de cargas escolhido inicialmente pode sofrer algumas pequenas modificações. Desta forma um sistema supervisório que seja capaz de realizar modificações no conjunto de cargas é fundamental.

3 – Internet “das coisas” e a Rede de Sensores Sem Fio - RSSF

A internet das coisas (Internet of Things, IoT) parece ser o caminho futuro no acesso à informação, uma vez que informações não são importantes apenas para pessoas, mas também na forma de acionar as coisas. Segundo estudo da CISCO®,desde 2004 já existem mais dispositivos conectados à rede do que pessoas. A previsão é que em 2020, 50 bilhões de dispositivos e 7,6 bilhões de pessoas estejam conectados à internet. Isto

mostra que uma melhoria da qualidade de vida, maior eficiência produtiva (mais produtos de qualidade com menor custo) está cada vez mais dependendo de sensoriar, coletar, transmitir, armazenar e distribuir informações em massa.

A IoT é constituída de computador, rede local, internet, protocolos, base de dados, comunicação e sensores (Figura 2). Geralmente uma rede de sensores sem fio é usada para atender aplicações específicas e para isto, vários conceitos diferentes devem ser tratados para cada aplicação. Trata-se de uma rede altamente customizada, e, portanto, várias questões devem ser definidas para cada projeto: Propagação, Cross Layer e Consumo. Na essência, a IoT é uma rede de dados e a utilização de uma pilha de protocolos é necessária (Karl e Willing, 2007).

O uso de programadores específicos para cada plataforma e a necessidade de se usar protocolos de comunicação dificulta a modelagem de uma rede de sensores. Atuar nas camadas das pilhas de protocolos é um desafio.

Figura 2. Esquema de uma IoT.

Em setembro de 1999, as Redes de Sensores sem Fio (RSSF’s) foram identificadas pela Business Week como uma das tecnologias mais impactantes para o século XXI. Além disso, em janeiro de 2003 o MIT’s Technology Review afirmou que as RSSF’s são uma das dez principais tecnologias emergentes. As RSSF’s tiveram um crescimento de US$ 0.45 bilhões em 2011, com uma perspectiva de crescimento acima de US$ 2 bilhões em 2021.

O Padrão 802.15.4 usado pelas RSSF’s obriga o desenvolvimento de firmware para atender às necessidades das aplicações. Várias soluções no mercado utilizam programadores próprios. A plataforma Radiuino tem como proposta facilitar a atuação em algumas camadas do protocolo, descomplicando a criação de uma rede de sensores. Radiuino é uma plataforma livre para criação de rede de sensores sem fio (Zheng e Jamalipour, 2009). A comunidade científica envolvida no desenvolvimento de hardware, firmware e software tem por objetivo criar aplicações de fácil utilização para construção de rede de sensores sem fio de forma amigável.

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A plataforma Arduino quebra os paradigmas para uso de microcontroladores, devido à simplicidade, segundo a revista IEEE Spectrum de outubro de 2011. É uma plataforma open source com hardware barato e software baseado na linguagem Wiring e IDE Processing.

O sucesso do Arduino se deve ao fato de que o mesmo apresenta em seu hardware uma pinagem própria que abstrai a utilização da pinagem do microcontrolador. Os pinos são definidos pela sua função e não pelo seu número, criando uma compatibilidade entre os diversos microcontroladores. O firmware é limitado à placa do microcontrolador, e a comunicação entre os microcontroladores torna-se padrão.

Esta simplicidade permite a criação de RSSF’s dedicadas, e sem a necessidade de um programador exclusivo (Karl e Willing, 2007).

4 – Confiabilidade da Rede de Sensores Sem Fio Operando em Subestação de Potência Elétrica

Industrial

4.1 Implementação da RSSF

Redes de sensores sem fio que, por opção, são controladas via rádio, ainda são alvo de certa insegurança no que diz respeito a sua confiabilidade. Possíveis falhas no fluxo de informações a ser transmitido podem inviabilizar este tipo de sistema de controle. Transmissões de caráter analógico, que se localizam próximas às subestações de energia, acabam por sofrer a influência da radiação de baixa frequência proveniente das mesmas (Rappaport, 2009).

Em função da planta da empresa (Figura 1) e dos equipamentos a serem monitorados e/ou controlados, tem-se a dimensão da área de cobertura e do ambiente de atuação da rede de sensores sem fio. Desta forma, são necessárias algumas informações fundamentais para a definição da RSSF: a escolha e o dimensionamento do sistema de comunicação (frequência de operação, ganho das antenas, etc.); a confiabilidade do sistema; compatibilidade do Sistema Supervisório com a RSSF, e a plataforma de comunicação a ser utilizada (Luqueta, Branquinho e Bianchini, 2012).

Testes de confiabilidade foram realizados utilizando dois rádios do tipo BE 900, uma base para conexão ao microcomputador, um nó sensor, uma antena direcional modelo ARC-PAC9113B0 de 12,5 dBi e uma antena fiberglass omni direcional de 8 dBi.

Foi instalado em um computador o software ScadaBR® com o driver de comunicação com o Radiuino o qual se comunica com o rádio BE 900 (base) via porta USB. A base é conectada à entrada USB do microcomputador, e o programa

ScadaBR® é preparado para registrar o indicador de intensidade do sinal de rádio (RSSI- Received Signal Strength Indicator). O sistema então envia um sinal ao sensor e o mesmo retorna uma resposta a esta requisição. As informações recebidas pelo rádio BE 900, com a potência do sinal recebido do sinal de subida, e o sinal de descida são processadas, e assim esses dados ficam disponíveis para manipulação.

Os parâmetros do sistema em análise são definidos por:

PTX: potência de transmissão = 10 dBm;

GTX: ganho da antena setorial de base em 12 dBi; GRX: ganho da antena do sensor omnidirecional no valor de = 8 dBi;

Sensibilidade: a menor potência de recepção necessária para que se obtenha uma BER (bit error rate) = - 97 dBm;

Formato de modulação: 2-FSK; Desvio: 177,734375 kHz;

Frequência da base: 915,999725 MHz; Frequência da portadora: 915,999725 MHz; Modo de qualificação de cada palavra de sincronização igual a 30/32 bits da palavra de sincronização detectada;

Contagem Preâmbulo: 4;

Espaçamento entre canais: 405,456543 kHz; Taxa de dados: 4,79794 bps;

Rx filtro BW: 541,666667 kHz.

A Figura 3 mostra o local de realização dos testes e as duas situações de relevância para comparação. Na primeira não há subestação entre a base e o nó sensor, e na segunda a subestação encontra-se entre a base e o nó sensor.

Figura 3. Situação 1 em vermelho e situação 2 em azul.

4.2 Resultados da operação da RSSF

Foram coletados dois conjuntos de dados representativos da operação nas duas situações.

Branquinho et al., (2012) apresenta a proposta de caracterizar o ambiente tanto para a determinação da perda de percurso (path loss), que compõe o modelo Log-distance (Rappaport, 2009), quanto à avaliação da variabilidade do meio. Com base no modelo é verificado o fator beta (β) que

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representa o path loss e o desvio padrão (σ) que quantifica a variabilidade do meio.

Para a situação 1 foram realizadas 424 medições e para a situação 2 foram realizadas 824 medições. A Figura 4 mostra a grande variação que separa a situação 1 da situação 2, fato justificado pela mudança de local da antena transmissora.

Figura 4. Tela do ScadaBR® com os resultados.

Os valores de (β) são mostrados na Tabela 1. Tabela 1. Valor de β nas duas situações.

Down Link Up Link

Situação β PRX( )d [dBm] β ( ) RX P d [dBm] 1 3,143 -73,1 3,189 -74,0 2 3,065 -75,4 3,094 -76,0

Comparando os valores de  obtidos para os dois diferentes ambientes de propagação (Tabela 2), verifica-se que as informações transmitidas pelo sistema de monitoramento, utilizando a rede de sensores a 915 MHz, não sofreram nenhum tipo de distúrbio provocado por interferência dos equipamentos de potência operando nas proximidades. Assim a confiabilidade foi atingida de maneira satisfatória.

Tabela 2. O valor de  em função do ambiente.

Ambiente  Área ao ar livre Espaço livre 2 Área urbana 2,7 a 5 Área construída Linha de visão 1,6 a 1,8 Obstruído 4 a 6

5 – Retirada Inteligente de Cargas Industriais por Rede de Sensores em Comunicação Via

Rádio em 915 MHz

O algoritmo genético criado em Costa et al., (2012) avalia uma função de custo (FC), sendo os seguintes, os requisitos do sistema:

 o limite máximo de geração da usina de cogeração de 1800 kW;

 o corte mínimo de carga possível;

 o equilíbrio entre compressores e forçadores que devem permanecer ligados;  o tempo que o produto está dentro de cada

túnel de congelamento e,

 as temperaturas das câmaras de resfriamento.

A Equação 1 mostra a função de custo utilizada pelo AG para encontrar a resposta ótima para o problema.

 

    n n n n e e en TCr PCc PCo PFr P P P FC dem m ax (1) Sendo:

Pen: penalidade aplicada somente no caso da potência demandada pelas cargas ultrapassar o limite máximo de geração;

Pemax: limite máximo de geração;

Pedem: potência elétrica demandada pela combinação de cargas em análise;

PFtn: peso dos forçadores do n-ésimo túnel; PCon: peso do n-ésimo compressor;

TPcn: tempo em que o produto está dentro do n-ésimo túnel;

TCrn: temperatura da n-ésima câmara de resfriamento.

As ponderações associadas aos compressores, utilizadas na função custo do algoritmo de busca, foram calculadas de acordo com a capacidade de compressão e foram normalizadas em função do maior compressor. Fez-se Co1=100 e a Equação 2 foi aplicada para o cálculo dos pesos restantes.

K W PCon n   (2) Sendo:

PCon: peso do n-ésimo equipamento; W: capacidade de compressão (W);

K: constante de determinação dos pesos dos compressores.

O AG fornece um indivíduo de 25 bits, sendo que cada bit representa um equipamento do sistema produtivo. A Tabela 3 mostra a relação de cada bit do indivíduo com o equipamento a ser controlado e o peso numérico de cada indivíduo. O número decimal contendo a soma de cada peso numérico representa o indivíduo, e este é o número que é utilizado pelo ScadaBR® quando o mesmo for atuar no corte de cargas.

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Tabela 3. Correspondência entre o bit do indivíduo, com o equipamento e o seu peso em decimal.

Bit Equipamento Peso numérico

24 Compressor Co1 224 = 16777216 23 Compressor Co2 223 = 8388608 22 Compressor Co3 222 = 4194304 21 Compressor Co4 221 = 2097252 20 Compressor Co5 220 = 1048576 19 Compressor Co6 219 = 524288 18 Compressor Co7 218 = 262144 17 Compressor Co8 217 = 131072 16 Compressor Co9 216 = 65536 15 Compressor Co10 215 = 32768 14 Compressor Co11 214 = 16384 13 Compressor Co12 213 = 8192 12 Forçador Túnel Ft1 212 = 4096 11 Forçador Túnel Ft2 211 = 2048 10 Forçador Túnel Ft3 210 = 1024 09 Forçador Túnel Ft4 29 = 512 08 Forçador Túnel Ft5 28 = 256 07 Forçador Túnel Ft6 27 = 128 06 Forçador Túnel Ft7 26 = 64 05 Forçador Túnel Ft8 25 = 32 04 Forçador Túnel Ft9 24 = 16 03 Forçador Túnel Ft10 23 = 8 02 Forçador Câmara Fc1 22 = 4 01 Forçador Câmara Fc2 21 = 2 00 Forçador Câmara Fc3 20 = 1

Os dados de entrada do AG são as potências ativas das cargas, os pesos calculados para o equilíbrio entre os compressores e os forçadores, o tempo de permanência do produto dentro de cada túnel e a temperatura das câmaras de resfriamento. Os valores das temperaturas e da pressão nos túneis variaram aleatoriamente (Tabela 4) dentro das faixas definidas em Costa et al., 2012:

Tabela 4. Faixas das temperaturas nas câmaras e pressão de amônia nos tubos.

Faixa de Temperatura (°C) Faixa de Pressão

(Kgf/cm2)

-10 a 10 7,0 a 8,3

Porém, este recurso isolado não resolve o problema na ocorrência de falhas, apenas define o indivíduo inicial para o sistema supervisório.

Uma RSSF fornece então as informações instantâneas das temperaturas das câmaras e do tempo de permanência do produto dentro dos túneis. Estes dados que antes eram fornecidos manualmente são, agora, coletados a cada 5 minutos.

O AG capta estas informações e a cada geração, gera um indivíduo ideal para esta situação. O software ScadaBR®, sistema supervisório utilizado neste estudo, recebe o indivíduo definido pelo AG. O sistema lê o indivíduo mais não atua de imediato, ficando o número correspondente ao indivíduo disponível no próprio sistema. Na ocorrência de falha no fornecimento de energia ou

no período de ponta, o sistema supervisório assume o indivíduo fornecido pelo AG e envia um sinal binário aos controladores instalados em cada equipamento do sistema produtivo. Este sinal binário define qual equipamento será desligado (1 mantêm ligado e 0 desligado).

A verificação de falhas no fornecimento de energia é realizada por um sensor de corrente instalado na entrada de energia da empresa, conectado, também via rádio à base instalada no computador principal. O software supervisório é ativado pelo sensor de corrente ou pelo temporizador.

Durante todo o processo é possível acompanhar o funcionamento de todos os equipamentos na tela do sistema supervisório, verificando quais foram desligados e quais foram mantidos ligados. É possível ainda acompanhar os valores medidos de temperatura e pressão de todos os pontos da fábrica.

O indivíduo em binário selecionado pelo AG é convertido para decimal e armazenado em arquivo no formato TXT a cada geração. O AG gera um novo indivíduo a cada 30 minutos, sendo este indivíduo a melhor combinação para aquele momento da produção da empresa. Para fins de testes esta base de tempo foi alterada para 1 minuto. O sistema supervisório faz a leitura deste indivíduo e um script padrão para cada equipamento, Data point que valida o equipamento em função do seu peso numérico. A leitura do indivíduo, pelo ScadaBR® é feita de maneira contínua.

Script 1: rotina simulada para cada equipamento. Se (MatLab.value “and” peso numérico)

retorne verdadeiro; caso contrário

retorne falso; Sendo:

MatLab.value o valor do indivíduo decimal lido pelo software, e “peso numérico” o valor mostrado na Tabela 3 associado a cada equipamento a ser controlado.

Entretanto o sistema supervisório não processa a rotina anterior, enquanto o script 2 não autorizar o processamento do script 1. Os equipamentos são agrupados pelo tipo, formando os Data Source. Os compressores formam um Data Source, assim como os forçadores formam outro grupo. Cada Data Source possui um label fornecido pelo sistema supervisório.

Script 2: Status do sensor de corrente: Se (status == verdadeiro)

DS.disableDataSource('DS_936483'); caso contrário

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O sensor de corrente ou a programação do temporizador ativa este bit de status, ativando então os Data sources. Toda vez que o status for igual a 1, as cargas desnecessárias serão desligadas (bit 0) e as cargas fundamentais continuarão em funcionamento (bit 1).

O AG escolhe o melhor indivíduo em função das temperaturas das câmaras, do tempo do produto dentro dos túneis e realiza os cálculos baseado nas potências máximas de cada carga. Um sistema de refrigeração é diretamente influenciado pela temperatura ambiente e muitas vezes os compressores não atuam com sua potência máxima.

O designer gráfico do software ScadaBR® somado aos valores instantâneos das temperaturas, pressão e energia consumida facilita ao operador o acompanhamento detalhado da produção. Também permite que o mesmo insira cargas menores no sistema, quando verificar que o consumo de energia está abaixo do máximo gerado pela usina própria da empresa. As mudanças na produção passarão por pequenos ajustes definidos pelo sistema supervisório, evitando que cargas maiores sejam acionadas ou desligadas com frequência.

5.1 Resultados do controle de cargas por sistema operando via RSSF

A RSSF foi criada com 25 placas controladoras, de fabricação própria, rádio transmissor BE 900 homologado pela ANATEL. Foi também utilizado um sensor de corrente e 3 sensores de pressão.

As grandezas a serem medidas são: temperatura, tempo de fechamento dos túneis, demanda atual e corrente de fornecimento de energia. Tais grandezas foram geradas aleatoriamente e suas informações inseridas via bornes de conexão externos nas placas dos controladores e assim transmitidas ao receptor conectado ao computador. Um computador com processador Intel i3 com 4 GBytes de memória RAM foi utilizado. Os softwares utilizados foram: ScadaBR® 1.0 Radiuino (plataforma open source Scada BR adaptado para funcionamento direto com Radiuino) e MatLab® 7, 64 bits.

Após vários testes, todos os indivíduos gerados pelo AG apresentaram consumo inferior ao máximo limitado pela geração própria, existindo, sempre uma sobra de energia, mesmo quando os compressores (cargas mais significativas) apresentavam consumo máximo. As variações nas temperaturas e pressão durante o uso da geração própria faz com que o AG apresente indivíduos diferentes dos escolhidos. Para evitar que cargas de grande porte (compressores de 800 cv) sejam ligadas ou desligadas com frequência elevada, devido a uma mudança de indivíduo selecionado, o sistema supervisório bloqueia a leitura do arquivo de extensão TXT, evitando, assim que estes

motores de grande porte sejam danificados e piorem a qualidade do fornecimento de energia. Contudo os valores de consumo instantâneos, fornecidos pelo sensor de corrente, permitem ao operador modificar o status das cargas pequenas ajustando o sistema produtivo à nova situação de pressão e temperatura, aumentando assim a eficiência do sistema.

A tela de controle do ScadaBR® é mostrada na Figura 5, indicando o controle da temperatura, status dos ventiladores e o comparativo de demanda máxima, calculada e a medida.

Figura 5. Tela de controle quando a energia é fornecida pela concessionária.

Nesta aplicação verifica-se que o consumo instantâneo é superior a 1800 kVA, uma vez que o status do fornecimento está indicado como concessionária.

Quando ocorre uma falha, ou no horário de ponta, o sensor de corrente indica a falha e o sistema assume o indivíduo proposto pelo AG (MatLab®). Neste caso, a demanda máxima passa a

ser de 1800 kVA (Figura 6).

Figura 6. Tela de controle quando a energia é fornecida pela cogeração.

Neste caso, percebe-se que a demanda de potência prevista, utilizando o indivíduo gerado pelo AG (MatLab®), é de 1686 kVA e o operador

ajusta, através do ScadaBR®, para um consumo de 1735,4 kVA. O comportamento da demanda medida na empresa é mostrado na Figura 7.

Pode-se verificar que o AG define uma combinação de cargas com um consumo previsto de 1686 kVA, mas a combinação proposta consome, naquele momento, aproximadamente 1300 kVA. Esta diferença se justifica porque muitos compressores estavam com um consumo menor do que o valor máximo.

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Figura 7. Valores de consumo medidos e propostos pelo AG. Então, com a rede de sensores foi possível perceber estas variações nas potências das cargas, atuar sobre algumas destas cargas, previamente desligadas e maximizar a produção sem que o consumo supere o valor de 1800 kVA.

7 - Conclusão

O sistema de cogeração demora 15 segundos para entrar em funcionamento em caso de falhas. Uma rede de sensores sem fio que capta e modela o sistema produtivo em tempo real sendo capaz de fornecer o perfil instantâneo de consumo, associada ao sistema supervisório consegue atuar nas cargas em um tempo médio inferior a 1 segundo, impedindo que o sistema de proteção da usina atue, levando o sistema ao colapso e consequente paralisação total.

Associado a esta combinação, o AG define a melhor combinação inicial de cargas. Porém, mudanças na produção industrial poderão passar por pequenos ajustes definidos pelo sistema supervisório, evitando a mudança desnecessária da condição de trabalho de cargas maiores.

Esta plataforma mostrou ser uma ferramenta eficiente no corte inteligente de cargas industriais em momentos de contingência.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS) e à Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) pelo suporte financeiro dado a esta pesquisa.

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Referências

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