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Palavras-chave: Excesso de prazo. Habeas Corpus. Prisão Preventiva. Tribunal de Justiça do Ceará.

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XIX Encontro de Iniciação à Pesquisa

Universidade de Fortaleza 21 à 25 de Outubro de 2013

O EXCESSO DE PRAZO E AS AÇÕES DE HABEAS CORPUS:

JULGAMENTOS DA 2ª CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DO ESTADO DO CEARÁ

.

Daniela Karine de Araújo Costa* (IC), Flávia Moreira Barros2 (IC), João Henrique de Andrade3(IC), Nestor Eduardo Araruna Santiago4(PQ)

1. Universidade de Fortaleza – PIBIC/CNPQ - Membro do Laboratório de Ciências Criminais (LACRIM) da Unifor. 2. Universidade de Fortaleza –PIBIC/ FUNCAP - Membro do Laboratório de Ciências Criminais (LACRIM) da Unifor. 3. Universidade de Fortaleza – Membro do Laboratório de Ciências Criminais (LACRIM) da Unifor.

4. Prof. Dr./Orientador – Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Universidade de Fortaleza (PPGD Unifor). Líder do Grupo de Pesquisa “Tutela penal e processual penal dos direitos e garantias fundamentais” e Coordenador do Laboratório de Ciências Criminais (LACRIM) da Unifor.

danielakcosta@yahoo.com.br

Palavras-chave: Excesso de prazo. Habeas Corpus. Prisão Preventiva. Tribunal de Justiça do Ceará.

Resumo

Este artigo é um estudo sobre o posicionamento da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará acerca da ocorrência do excesso de prazo da prisão cautelar quando do julgamento em janeiro e fevereiro de 2012 dos Habeas Corpus impetrados sob esse fundamento, já que não há uma padronização quanto ao critério do que é considerado excesso de prazo. Nesse período foram julgados 245 (duzentos e quarenta e cinco) Habeas Corpus, destes 83 (oitenta e três) foram julgados em janeiro de 2012 e 162 (cento e sessenta e dois) em fevereiro do mesmo ano. Foi realizado, nesse trabalho, apenas a análise dos HCs denegados, posto o grande numero de decisões do período.

Introdução

A dignidade da pessoa humana é uma garantia, mas além disso, é um fundamento da Republica Federativa do Brasil. Ocorre que, hoje, tenta-se fundamentar a tudo com esse principio (OLIVEIRA, 2007). O princípio da razoável duração do processo, introduzido pela Emenda Constitucional nº45, passou a compor uma das faces do principio da dignidade da pessoa humana. Assim, foi garantido ao jurisdicionado o direito de ter uma resposta do Estado em tempo adequado, não só célere, mas principalmente, eficiente em respeito à sua dignidade.

A demora excessiva na resolução dos processos judiciais não é algo desejado pelo Estado, tampouco pelas partes do processos. Isso porque o Judiciário fica abarrotado de ações trazendo a lume a imagem de que é inerte aos anseios do jurisdicionado e o acusado, pela lentidão do andamento das ações penais, passa a cumprir pena antecipadamente ou tem retardado o seu direito de ser declarado inocente pelo Estado. Daí a importância de o Estado-juiz encontrar um prazo adequado para a prestação jurisdicional em tempo oportuno.

Os temas “dignidade da pessoa humana” e “razoável duração do processo” já foram amplamente discutidos na doutrina, tanto nacional como alienígena. Esse não é o objetivo desse trabalho. O que se propõe é mostrar a realidade processual penal por meio da análise prática de casos concretos ocorridos no

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Estado do Ceará. Dessa forma, lançou-se mão da pesquisa de campo, analisando-se os Habeas Corpus impetrados em ações penais iniciadas a qualquer tempo, mas que tiveram seus HCs julgados em janeiro e fevereiro de 2012 pela 2 ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará para, desta forma, aferir-se o respeito ou não ao princípio da duração razoável do processo como parte da dignidade da pessoa humana.

Santiago e Barros (2012) observaram em pesquisa anterior, que envolveu o estudo da duração razoável do processo penal em crimes hediondos, com análises de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que a noção de razoabilidade adotada por esse Tribunais não conseguia criar um paradigma de prazos máximos para o encerramento provisório.

Como ainda não há uma padronização do que seja considerado prazo razoável para o julgamento de um processo, nem mesmo quando o acusado é mantido sob a custódia cautelar do Estado, em razão da decretação de prisão provisória, notadamente a prisão preventiva, essa análise torna-se cada vez mais subjetiva o que dificulta ainda mais o estabelecimento de critérios objetivos.

Metodologia

De acordo com os objetivos propostos, foi realizada pesquisa bibliográfica em livros e artigos de periódicos nas bases de dados da biblioteca da UNIFOR, bem como um levantamento das decisões colegiadas da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará que contivessem em sua ementa o termo “excesso de prazo” ou algum sinônimo no período de janeiro a fevereiro de 2012. Nessa pesquisa empírica, foram analisados 245 (duzentos e quarenta e cinco) Habeas Corpus a fim de se aferir o prazo de duração do processo e se constatar algum parâmetro decisório para concessão do remédio constitucional.

Resultados e Discussão

O início da pesquisa se deu em julho de 2013 e logo surgiu a primeira dificuldade: as informações disponibilizadas no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Ceará não eram suficientes para análise processual pretendida, pois sem uma senha de acesso ao portal não era possível se visualizar todos os atos processuais, mas apenas a ementa da decisão de 2º grau; o que não satisfazia os objetivos da pesquisa. Com isso, o professor orientador da pesquisa, por meio de requerimento administrativo, solicitou uma senha de acesso ao portal do Tribunal e não foi atendido. Iniciou-se, assim, a coleta de dados das decisões em que na própria ementa já continha de forma explicita o prazo que réu encontrava-se preso, alem do termo “excesso de prazo”. Posteriormente, já com uma senha de acesso ao portal eletrônico, foi possível a analise das decisões em que o prazo em que o réu encontrava-se preso não estava explicito na ementa.

Dadas as informações iniciais, passa-se à analise dos dados coletados. Primeiramente, cabe destacar que essa pesquisa é parte de um projeto maior que tem como objetivo a análise de todas as decisões de Habeas Corpus proferidas pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará no ano de 2012, pesquisa subsidiada pelo CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e idealizada pelo professor orientador deste artigo. Neste momento, preocupar-se-á apenas em fazer considerações conjuntas sobre os dados obtidos e algumas observações pontuais sobre os Habeas Corpus denegados.

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CC) julgou, nas 4 (quatro) sessões ordinárias realizadas, um total de 83 Habeas Corpus, destes 42 (quarenta e dois) foram denegados e 16 (dezesseis) foram concedidos, os demais tiveram como resultado o não conhecimento ou a declaração de prejudicialidade; esses dados mostram que em janeiro o percentual de denegações foi de 50,6 % e de concessões foi de 19,2 %. No mês de fevereiro de 2012, foram julgados, nas 3 (três) sessões ordinárias realizadas, um total de 162 Habeas Corpus dos quais 85 (oitenta e cinco) foram denegados e 24 (vinte e quatro) foram concedidos, os demais não foram conhecidos ou estavam prejudicados; com percentual de 52,4 % de denegações e 14,8 % de concessões.

Relativamente ao excesso de prazo, observou-se que dos Habeas Corpus denegados no mês de janeiro, o prazo que o réu se encontrava preso da oportunidade do julgamento do writ, variou de um mínimo de 4 (quatro) meses a um máximo de 2 (dois) anos. No mês de fevereiro, esse lapso temporal variou de 2 (dois) meses a 3 (três) anos e 1 (um) mês.

No julgamento do Habeas Corpus impetrado no processo nº 0009392-39.2011, realizado na primeira sessão ordinária do ano de 2012, em que o réu, supostamente acusado do crime de quadrilha ou bando, preso preventivamente há 4 (quatro) meses, entendeu o relator desembargador pela denegação do remédio constitucional impetrado, afirmando que tratando-se de réu preso, devem os prazos processuais ser analisados em sua totalidade quanto à aferição de possível excesso no oferecimento da prestação jurisdicional devida e que, na hipótese dos autos, era absolutamente razoável a tramitação que vinha sendo emprestada ao feito considerando a pluralidade de réus (seis) e de crimes sob apuração.

No processo nº 0002401- 47.2011, o julgamento do HC ocorreu quando o réu estava preso há 2 (dois) anos e, o mesmo relator desembargador supra citado, proferiu decisão no sentido de que tendo o réu permanecido foragido e sua captura só se ter dado após 8 (oito) anos de decretada sua prisão preventiva e em outra unidade da federação, o lapso temporal transcorrido até então não se mostrava irrazoável; ressaltando, ainda, que a situação dos autos demonstra o periculum libertatis do paciente, o que autorizaria a aplicação do artigo 312 do Código Processo Penal. Tal artigo faculta a decretação de prisão preventiva como garantia da ordem publica, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indicio suficiente de autoria.

Ainda da análise do excesso de prazo, no mês de fevereiro, no HC do processo nº 0011879-79.2011, o réu preso preventivamente há 2 meses e que também for a capturado em outro estado da federação, na análise do relator desembargador, não vislumbrava-se hipótese de excesso de prazo, posto que, sobejavam elementos fáticos para respaldar a custódia provisória do paciente, fosse pela gravidade concreta do crime - homicídio qualificado - sob apuração, cujo modus operandi revelava a periculosidade do acusado, fosse pelos antecedentes criminais a ele registrados, tornando real o risco de sua reiteração delitiva.

No HC do processo nº 0011560-14.2011, o réu preso preventivamente há 3 (três) anos e 1 (um) mês sob a acusação de ter praticado o crime de latrocínio, teve denegado seu HC pelo relator desembargador, na sessão ordinária n.7, pelo o fundamento de que a pluralidade de acusados e cartas precatórias no processo. O desembargador, em sua decisão, citando Hélio Tornaghi, afirmou que o juiz deve zelar a celeridade do processo, mas sempre cuidando que não se mutilem as garantias, quer de observância do Direito objetivo, quer de respeito aos direitos subjetivos das partes ou de terceiros e que o acerto da decisão prima sobre a sua presteza; entretanto, é preciso que a ligeireza não se converta em leviandade, que a pressa não acarrete a irreflexão.

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Conclusão

É senso comum dizer-se que o processo judicial é moroso. Faria (2010) lembra que, desde meados de 1963, já se tentava resolver a questão da duração razoável do processo e que quando tal postulado foi elevado à qualidade de princípio, pensou-se que esse problema seria solucionado. Entretanto, o que verificamos é que os direitos dos acusados, no processo penal, são muitas vezes violados por uma duração não razoável do processo.

A inércia é a pior das atitudes que pode se configurar nas relações entre o Estado e o cidadão quando se analisa a efetividade dos direitos e garantias constitucionalmente reconhecidas (GUIMARÃES, 2009).

Pela observação dos resultados, conclui-se que, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, no lapso temporal proposto nessa pesquisa, a saber, os meses de janeiro e fevereiro de 2012, entende razoável o elastério prazal desde que presente alguns requisitos: a ação penal seja complexa, haja pluralidade de réus e a expedição de cartas precatórias.

Conclui-se que, apesar da existência de um parâmetro de julgamento, não há referencial temporal para se considerar uma prisão ilegal.

Referências

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FARIA, Márcio Carvalho. A duração razoável dos feitos: uma tentativa de sistematização na busca de soluções à crise do processo. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro (RJ), n. 6, jul. 2010. Disponível em: http://br.vlex.com/vid/razoavel-feitos-tentativa-busca-crise-417357702. Acesso em: 23 ago. 2013.

GUIMARÃES, Cláudio Alberto Gabriel. A culpabilidade compartilhada como princípio mitigador da ausência de efetivação dos direitos humanos fundamentais nos delitos patrimoniais. Teoria e prática. Pensar, Fortaleza, v. 14, n. 2, p. 255-270, jul./dez. 2009.

OLIVEIRA, Lorival José de; OLIVEIRA, Ronaldo Kietzer. Considerações acerca do excesso de prazo como circunstancia atenuadora da pena: aplicação do art. 66 do Código Penal. UNOPAR Científicas Jurídicas e Empresariais, Londrina (PR), n. 1, mar. 2007. Disponível em:

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http://br.vlex.com/vid/acerca-excesso-SANTIAGO, Nestor Eduardo Araruna; BARROS, Flávia Moreira. Crimes hediondos, tribunais superiores, prisão preventiva e o excesso de prazo: em busca de um paradigma. In: SANTIAGO, Nestor Eduardo Araruna; COSTA, Rodrigo de Souza; GINOTI, Wagner (orgs.). Direito Penal e Criminologia. Florianópolis: FUNJAB, 2012. Disponível em: http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=861578d797aeb063. Acesso em: 23 ago. 2013.

Agradecimentos

Agradeço ao programa de iniciação cientifica da Universidade de Fortaleza - UNIFOR e ao Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq que viabilizaram o andamento dessa pesquisa e, em especial, ao Professor Doutor Nestor Eduardo Araruna Santiago por ser meu orientador e pela oportunidade de fazer parte do Laboratório de Ciências Criminais – LACRIM da UNIFOR do qual é coordenador.

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