• Nenhum resultado encontrado

FATORES ASSOCIADOS À MIGRAÇÃO FAMILIAR NO BRASIL 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "FATORES ASSOCIADOS À MIGRAÇÃO FAMILIAR NO BRASIL 1"

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

1

FATORES ASSOCIADOS À MIGRAÇÃO FAMILIAR NO BRASIL

1

Ana Carolina Borges Marques Ribeiro2 Resumo: A literatura sobre migração reconhece o importante papel desempenhado pela família na decisão de migração, neste contexto, o presente estudo busca analisar os fatores associados a decisão de imigração familiar no Brasil. Foram utilizados microdados do Censo de 2010 para estimar um modelo logit multinominal, onde são investigadas três grupos de domicílios: não migrantes, migrantes intraestaduais e migrantes interestaduais porque acredita-se que decisão de migrar dentro de um estado seja diferente da migração entre estados. Os resultados mostram uma associação significativa entre idade dos cônjuges, filhos e migração. Além disso, um alto nível de educação dos cônjuges favorece a propensão a migrar, mas o vínculo laboral da esposa diminui a probabilidade de migração.

Palavras-chave: Migração familiar, capital humano, Brasil.

Abstract: The literature on migration recognizes the important role played by the family in the migration decision in this context, the present study seeks to analyze the factors associated with family immigration decision in Brazil. 2010 Census microdata were used to estimate a multinomial logit model, which are investigated three groups of households: non-migrants, migrants intrastate and interstate migrants because it is believed that decision to migrate within a state is different from migration between states. The results show a significant association between age of spouses, children and migration. In addition, a high level of education of spouses favors the propensity to migrate, but the employment status of the wife reduces the probability of migration.

Keywords: Family migration, human capital, Brazil.

JEL Classification: J61, J24, J12.

1 GT 05: Cultura, Sustentabilidade e Desenvolvimento

2 Doutoranda em Economia do Desenvolvimento na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS. E-mail: carolbmribeiro@hotmail.com

(2)

2

1 INTRODUÇÃO

Diferentemente de indivíduos solteiros que são livres para se mover, a constituição de uma família pode restringir a mobilidade de seus membros porque neste caso a decisão de migrar deve ser tomada em conjunto, analisando o ganho líquido da família.

Neste contexto, a literatura sobre migração reconhece o importante papel desempenhado pela família na decisão de migração. (SANDELL 1977; MINCER 1978; BORJAS E BRONARS 1991; NIVALAINEN 2004). Em geral, observa-se que famílias em que ambos os

(3)

3 cônjuges trabalham são menos propensas a migrar do que famílias em que um único cônjuge trabalha. Além disso, a crescente da participação de mulheres no mercado de trabalho poderia gerar um aumento dos laços de migração. Isto porque a complexidade da migração familiar reside no fato do ganho líquido da migração diferir entre os cônjuges.

Por exemplo, se um cônjuge decide migrar com seu companheiro mesmo que ele tivesse uma melhor situação no lugar onde residia anteriormente ele se torna um migrante vinculado - tied mover. Contrário a isso, quando sua perda potencial excede o ganho potencial de seu companheiro, o casal decide não migrar e um dos cônjuges se torna um não migrante vinculado - tied stayer. Além disso, ainda que dois cônjuges tenham benefícios de migrar pode ser que o destino que maximiza o ganho de um dos cônjuges não seja o mesmo destino que maximiza o ganho do outro cônjuge, assim a família pode não migrar ou migrar para um local onde nenhum dos ganhos pessoais dos cônjuges é maximizado, mas que a soma dos ganhos de ambos é maximizada.

É interessante destacar que os dados do Censo 2010 mostram que mais de 75% dos brasileiros vivem em família e por isso analisar o comportamento das famílias imigrantes para o caso brasileiro é um exercício interessante. Também cabe observar que a literatura existente sugere que a migração entre cidades próximas parece ter motivações distintas da migração interestadual, a primeira estaria relacionada à escolha de imóvel para moradia, enquanto a segunda estaria relacionada a questões laborais.

Mincer (1978) e Sandell (1977) foram os precursores na utilização da teoria de capital humano para decisão de migração familiar, recentemente outros estudos empíricos mostram que ciclo de vida familiar e a idade dos filhos afetam a decisão de migrar (NIVALAINEN, 2004). Além disso, o fato da esposa trabalhar também aparece ser um empecilho para imigração, domicílios onde os dois cônjuges trabalham parecem ser menos propensos a migrar.

Este estudo tem como objetivo verificar quais são os fatores associados à migração familiar no Brasil. Acredita-se que a idade dos cônjuges, a existência e a idade dos filhos pode interferir na decisão de migrar. Além disso, busca-se verificar se os fatores que

(4)

4 influenciam a migração intraestadual difere dos fatores que influenciam a migração interestadual.

A metodologia está baseada em um estudo feito por Nivalainen (2004) que fez uma análise empírica para caso de imigração familiar na Finlândia. Ele descobriu que famílias jovens e educadas são mais propensas a migrar e que a imigração de longa distância parece estar ligada predominantemente a razões laborais, e que a educação da esposa e a idade dos filhos são fatores não significantes na determinação da distância de imigração.

O artigo está dividido em cinco seções, a segunda apresenta uma breve revisão da literatura, na seção três são descritos os dados e é apresentado o modelo de estimação; na quarta seção são apresentadas as estimações e é feita uma análise dos resultados, e a quinta conclui.

Os resultados mostram que a participação do cônjuge no mercado de trabalho diminui a probabilidade de migrar, isso sugere que famílias em que ambos os cônjuges trabalham são menos propensas a serem migrantes. Além disso, filhos em geral têm um efeito inibitivo para migração; ter filhos aumenta a probabilidade da família ser não migrante, os resultados mostram que famílias com filhos em idade escolar são menos propensas a migrar.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A conexão entre migração e capital humano foi feita a primeira vez por Sjaastad (1962). De acordo com a teoria do capital humano, o ato de migrar é um investimento em capacidades e conhecimentos, o indivíduo toma a decisão de migrar levando em conta os rendimentos esperados, os custos financeiros e psicológicos desta decisão. A crítica ao estudo de Sjaastad é que ele faz uma análise de um indivíduo, o que significa que ele não pode resolver as argumentações de que as preferências e objetivos de pessoas próximas do

(5)

5 migrante, como os membros da família devem ser levados em conta quando se analisa a decisão de migração (BODVARSSON e VAN DEN BERG, 2009).

Mincer (1978) salientou que a migração, de um modo geral, não é uma decisão individual, mas familiar. Presume-se que as famílias tendem a serem menos móveis do que indivíduos livres, a base econômica para este fenômeno é que, para as famílias, o retorno econômico da migração pode aumentar menos do que os custos, porque os laços familiares podem gerar externalidades pessoais negativas. Por exemplo, o esposo recebe uma melhor proposta de emprego em um local diferente de onde ele e a sua família reside, pode ser que a esposa fique desempregada ou consiga um trabalho que remunere menos que no atual local de residência. Esta externalidade pessoal da esposa pode ser ou não internalizadas pela família. Se for internalizada, a esposa se torna uma tied mover, caso a família decida não migrar o esposo se torna um tied stayer, ou ocorre à dissolução da família.

O modelo de Mincer (1978) considera as famílias e sua decisão de migrar. Um cônjuge migra junto com o outro, apesar de seus cálculos pessoais dele (ou dela) dizerem para ficar, e, portanto, a perda líquida do migrante vinculado deve ser menor do que o ganho líquido do outro cônjuge, para resultar em um ganho líquido para a família migrar.

Resultados empíricos mostram que famílias em que dois cônjuges trabalham são menos propensas a migrar. (SANDELL 1977; MINCER 1978; NIVALAINEN 2004). Além disso, estudos têm mostrado que a migração ocorre em resposta a motivações econômicas por parte do esposo (NIVALAINEN 2004; AXELSSON E WESTERLUND 1998), e embora a migração gere uma melhoria dos rendimentos do agregado familiar, os rendimentos da esposa não aumentam como resultado do movimento (SANDELL, 1977).

Para Sandell (1977), o ciclo de vida familiar3 também pode constituir parte

importante da mobilidade geográfica familiar, em geral a maior probabilidade está associada ao início do casamento e chegada dos filhos, já famílias com filhos em idade escolar são menos propensas a migrar.

3 A variável idade média dos cônjuges e idade dos filhos são as variáveis que tornam possível a observação do

(6)

6 A literatura existente sugere que migração de curta distância (intraestadual) e de longa distância (interestadual) são motivadas por fatores bastante diferentes. O contato com amigos e familiares, a vida escolar e capital humano específico da região desencorajariam a migração de longa distância. Para Boehm, et. al. (1991), a mobilidade intra urbana seria motivada pela escolha de imóvel para moradia, enquanto que a migração de longa distância seria desencadeada por oportunidades de emprego.

3 ANÁLISE EMPÍRICA

3.1 Dados

Para testar empiricamente o modelo proposto foram utilizados os microdados do Censo de 2010, produzido pelo Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE), o banco de dados é composto de características pessoais, laborais e do domicílio que permitem obter informações detalhadas das famílias não migrantes e imigrantes. Foi analisada somente a migração no ano de 2010. Infelizmente não se dispõe de informações sobre o tempo de união entre o casal, nem se questiona se a migração foi uma decisão familiar, para contornar esse problema só são consideradas famílias migrantes aquelas cujo local e ano de migração coincidem para os dois cônjuges. Seguindo a definição de Nivalainen (2004) é considerada migração intraestadual aquela feita entre cidades de uma mesma Unidade federativa, já a migração interestadual é definida como aquela feita entre cidades de Unidades federativas distintas.

A definição de família para o presente estudo consiste em o indivíduo afirmar que vive junto com cônjuge, com ou sem filhos. A amostra utilizada para a pesquisa é composta por 3.209.635 famílias (ver Tabela 1). A amostra de domicílios imigrantes no ano de 2010 é composta de 54.468 famílias.

(7)

7 3.2 Modelo e variáveis

Com o intuito de melhor examinar a decisão de imigração familiar quando controladas uma série de características da família e da região onde ela reside, foi utilizado um modelo logit multinomial, onde a variável dependente é migração. Foi analisada a decisão da família em não migrar, migrar dentro do estado (intraestadual) ou migrar para outro estado ( interestadual).

Em diversos estudos de migração familiar a idade de esposo tem sido utilizada, porém este estudo segue metodologia utilizada por Nivalainen (2004) em que é utilizada a idade média dos cônjuges, pois se acredita que idade do cônjuge também é importante característica do ciclo de vida familiar.

A literatura sobre o tema tem dividido o ciclo de vida familiar em fases: 1. Início do casamento e chegada dos filhos;

2. Um período em que filhos estão em idade escolar e uma consolidação das carreiras do casal;

3. Uma fase em que filhos encerram sua vida escolar e saem da casa dos pais.

A idade dos filhos parece ser uma variável relevante para a decisão de migrar, e ela pode ter efeitos controversos. O fato das crianças estarem em idade escolar pode influenciar a decisão de migração, por um lado às mães teriam mais tempo disponível para se dedicar ao trabalho, o que poderia estimular a migração. Mas por outro lado, as crianças começariam a ter mais laços sociais na escola, além de os pais se preocuparem com a qualidade das escolas e com os custos com educação dos filhos o que impediria a migração.

(8)

8 O presente estudo dividiu as famílias em grupos distintos: famílias sem nenhum filho, famílias com filhos com idade inferior a sete anos, famílias com filhos com idade superior a sete e inferior a dezoito anos e famílias com filhos maiores de 18 anos.

A variável idade média dos cônjuges e idade dos filhos são as variáveis que tornam possível a observação do ciclo de vida familiar.

Também se espera que um maior nível capital humano seja positivamente correlacionado com migração, uma vez que indivíduos com mais alta escolaridade teriam maior acesso a informações sobre o mercado de trabalho. Para analisar o efeito de capital humano na decisão de migrar foram utilizados o nível de escolaridade do responsável pelo domicílio e uma variável dummy se o cônjuge possui Ensino Superior ou não.

A renda familiar foi calculada como renda média dos dois cônjuges. O efeito de renda sobre migração pode ser controverso, Nivalainen (2004) sugere que mais alta renda tem um papel inibitivo na migração, seja de curto como no longo prazo.

Para avaliar se a distância de deslocamento casa-trabalho afeta decisão de migração foi incluída variável viajante, é considerado viajante aquele que trabalha em outro munícipio ou país e retorna para casa diariamente. Também será analisado se o fato da família possuir imóvel próprio para residência afeta a decisão de migração, foram considerados donos de imóvel aqueles domicílios que responderam que já quitaram ou que ainda estão pagando seu imóvel. Domicílios que já efetuaram uma mudança para aquisição de casa própria parecem ser menos propensos a migrar novamente num futuro próximo. (Boehm et al. 1991).

As características regionais do município de residência em 2010, como taxa de desemprego e tamanho da população do município, além de participação da indústria e agricultura foram utilizadas. Uma maior participação na agricultura aumentaria a probabilidade de migração de longa distância em relação à curta distância, uma vez que cidades voltadas ao setor agropecuário normalmente estão circunscritas em regiões em que outras cidades também são orientadas para este setor. Da mesma forma, a taxa de

(9)

9 desemprego deve afetar mais a migração interestadual, uma vez que cidades próximas à cidade de residência da família provavelmente tenha situação econômica similar. Além disso, padrões culturais, de linguagem, alimentação e informações sobre oportunidades de emprego são geralmente acentuados pela distância. Todas as variáveis utilizadas para a estimação estão descritas na Tabela 1.

3.3 Características das famílias de Não migrantes e Imigrantes

Através da Tabela 2 pode-se verificar que os cônjuges de famílias imigrantes são, em média, mais jovens. Além disso, famílias não migrantes têm em média, menos anos de estudo quando comparados com grupo de famílias imigrantes. Observa-se que 38% dos imigrantes interestaduais não possuem filhos contra 35% de imigrantes intraestaduais e 26% dos não migrantes, o que sugere que ter filhos parece inibir a migração.

Os responsáveis por famílias migrantes interestaduais possuem maior qualificação quando comparado aos responsáveis por famílias migrantes intraestaduais e não migrantes (12%, 8% e 7%). Além disso, para o grupo de famílias imigrantes interestaduais o percentual de cônjuges com Ensino Superior é mais elevado que nos outros grupos.

É interessante destacar que entre o grupo de não migrantes a variável que mostra se o cônjuge participa do mercado de trabalho representa metade da amostra, já para famílias imigrantes este percentual cai para 44 e 43%.

(10)

10

Tabela 1: Definição das variáveis e efeito esperado das variáveis independentes Variável

Dependente Definição

0 = Não migrante

1 = Intraestadual: se responsável e cônjuge migraram da mesma cidade dentro do mesma UF e o ano de imigração deles foi 2010. 2 = Interestadual: se responsável e cônjuge migraram da mesma UF e o ano de imigração deles foi 2010.

Variáveis independentes Intraesta dual Interesta dual 0 se idade<=35 + + 1 se idade>=36&idade<=44 2 se idade>=45&idade<=54 3 se idade>=55 0 sem filhos + +

1 pelo menos 1 filho < 7 anos

2 pelo menos 1 filho <7 anos e/ou 1 filho com idade> 7 e <18 anos. 3 todos filhos >7 e <18 anos.

4 todos filhos são >18 anos

0 Sem instrução até ensino médio incompleto -

-2 Ensino médio completo ou superior incompleto 3 Ensino superior completo

0 Menos que ensino superior completo -

-1 Ensino superior completo + ++

0 se cônjuge não trabalha ou tem trabalho não remunerado. + +

1 caso contrário -

--1 se responsável ou cônjuge possui casa própria quitada ou estão

pagando -

-0 caso contrário + +

Renda familiar Soma da renda principal do responsável e do cônjuge ? ? 1 se responsável ou cônjuge não trabalha no munícipio de residência

e retorna para casa diariamente. + +

0 caso contrário -

-Taxa de

desemprego Taxa de desocupação por município + +

0 se nº habitantes>=40000 & nº habitantes<=69999 1 se nº habitantes<=14999

2 se nº habitantes>=15000 & nº habitantes<=39999 3 se nº habitantes>=70000 & nº habitantes<=149999 4 se nº habitantes>=150000 & nº habitantes<= 300000 5 se nº habitantes>=300000

0 se part._of_agricultura <= 0.25

1 se part._of_agricultura>0.25 & part._of_agricultura<=0.50 2 se part._of_agricultura>0.50 & part._of_agricultura<=0.75 3 se part._of_agricultura>0.75 & part._of_agricultura<=1 0 se part._of_indústria <= 0.25

1 se part._of_indústria >0.25 & part._of_indústria <=0.50 2 se part._of_indústria >0.50 & part._of_indústria <=0.75 3 se part._of_indústria >0.75 & part._of_indústria <=1

Efeito esperado Participação da indústria - + - -Participação da agricultura Tamanho do município Migração Idade dos cônjuges Filhos - -- -Educaçao do responsável pelo domicílio Educaçao do cônjuge Cônjuge no mercado de Dono do imóvel de moradia Viajante + ++ -+ + -+ + -

(11)

-11 Entre grupo de não migrantes, 78% possuem casa própria contra menos de 25% para imigrantes. Esse fato parece ser relevante para inibir famílias a migrar.

A renda de famílias migrantes é superior à renda de famílias não migrantes. Os migrantes interestaduais possuem uma renda superior a 35% superior aos não migrantes e 30% superior à renda dos migrantes intraestaduais.

Apenas 8% das famílias não migrantes possuem trabalhadores viajantes, enquanto que para as famílias imigrantes este valor é superior a 16%, este dado é controverso uma vez que se esperaria que famílias migrantes tivessem menor percentual de viajantes que famílias não migrantes, porém observa-se também de entre as famílias migrantes, aquelas que fizeram uma migração intraestadual possuem maior percentual de viajantes quando comparados as famílias migrantes interestaduais.

Famílias não migrantes vivem em cidades com maior taxa de desocupação do que famílias imigrantes, o que é intuitivo, pois se espera que indivíduos procurem melhores oportunidades de trabalho quando decidem migrar.

Características regionais como população do município de moradia em 2010, participação da agricultura e indústria não parece diferir muito entre os grupos. Cerca de 42% dos imigrantes intraestaduais residem em municípios com menos de 15.000 habitantes, já os não migrantes quase 20% mora em municípios com mais de 300.000 habitantes.

(12)

12 Intraestadual Interestadual

Características da família Idade dos cônjuges

35 anos 0,33 0,55 0,51 36-44 anos 0,24 0,22 0,23 45-54 anos 0,21 0,13 0,14 mais de 55 anos 0,22 0,10 0,11 Filhos sem filhos 0,26 0,35 0,38

pelo menos 1 filho < 7 anos 0,18 0,28 0,26 pelo menos 1 filho <7 anos e/ou

1 filho entre 7 e 18 0,12 0,12 0,11

todos filhos >7 e <18 anos. 0,28 0,20 0,20

todos filhos são >18 anos 0,16 0,05 0,05

Educação do responsável

Sem instrução até ensino médio

incompleto 0,72 0,69 0,65

Ensino médio completo ou

superior incompleto 0,21 0,23 0,23

Ensino Superior 0,07 0,08 0,12

Cônjuge com Ensino Superior 0,07 0,07 0,10

Cônjuge no mercado de trabalho 0,50 0,44 0,43

Dono do imóvel 0,78 0,25 0,22

Renda familiar (em R$) 1408 1458 1897

Viajante 0,08 0,19 0,16 Características Regionais Taxa de desemprego 6,85 6,35 6,32 Tamanho do município >=40000 & <=69999 0,08 0,08 0,08 <=14999 0,31 0,42 0,34 >=15000 & <=39999 0,21 0,20 0,20 >=70000 &<=149999 0,11 0,12 0,12 >=150000 & <= 299999 0,09 0,09 0,11 >=300000 0,20 0,09 0,15 Participação da agricultura <= 0.25 0,93 0,88 0,87 >0.25 & <=0.50 0,06 0,10 0,10 >0.50 & <=0.75 0,01 0,01 0,02 >0.75 & <=1 0,01 0,01 0,00 Participação da indústria <= 0.25 0,73 0,64 0,67 >0.25 & <=0.50 0,22 0,27 0,26 >0.50 & <=0.75 0,05 0,08 0,06 >0.75 & <=1 0,00 0,01 0,00 Número de observações 3.155.167 24.154 30.314

Fonte: Elaboração própria com dados do Censo 2010.

Imigrante Tabela 2: Estatística descritiva dos domicílios

(13)

13

4 RESULTADOS

Os resultados das estimações são apresentados na Tabela 3. Os coeficientes em geral são significativos estatisticamente, e estão em concordância com a teoria e com resultados empíricos de outros estudos. Os valores estimados são reportados em efeitos marginais e são pequenos, devido ao pequeno número de famílias imigrantes, e por isso a análise, assim como no estudo de Nivalainen (2004) se detêm mais os sinais do que a magnitude destas variáveis.

Como seria de esperar, famílias de cônjuges mais jovens são mais propensos a migrar, ou seja, em geral, quanto maior a idade média do casal menor a propensão a migrar. Sandefur e Scott (1981) constataram que a idade não é um determinante importante da migração quando os efeitos das carreiras profissionais e certos eventos do ciclo de vida são contabilizados.

Filhos em geral têm um efeito inibitivo para migração, o fato de ter filhos aumenta a probabilidade de uma família ser não migrante. Os resultados mostram que famílias com filhos em idade escolar são menos propensas a migrar, o que corrobora com estudos anteriores (LONG, 1974; SANDELL, 1977; MINCER, 1978). Os resultados também sugerem que famílias com filhos maiores de 18 anos são ainda menos propensas a migrar.

Os resultados mostram que a probabilidade de migração aumenta com a escolaridade do responsável pela família, estes resultados corroboram com Axelsson e Westerlund (1998). O responsável pela família que possui Ensino superior é ainda mais propenso a ser um imigrante, seja dentro do estado ou entre estados.

A educação de Ensino Superior do outro cônjuge, normalmente a esposa, parece ser uma determinante positiva para migração. Como escolaridade do cônjuge tem efeito significativo, os resultados sugerem que há também um peso relativo forte da carreira do outro cônjuge sobre decisão de migração, os resultados são opostos ao encontrados por

(14)

14 Axelsson e Westerlund (1998) e Nivalainen (2004) cuja variável escolaridade da esposa foi estatisticamente insignificante.

O efeito da escolaridade dos cônjuges pode refletir problemas de colinearidade devido à assortative mating4.

Como seria de esperar, a participação do cônjuge no mercado de trabalho diminui a probabilidade de migrar tanto para curta como para longa distância, isso sugere que famílias em que ambos os cônjuges trabalham são menos propensas a serem migrantes, estes resultados estão de acordo com encontrado por Sandell (1977) e Nivalainen (2004). Ser dono do imóvel de residência afeta negativamente a probabilidade de migrar, os resultados estão de acordo com Boehm et. al. (1991). Isto pode refletir os altos custos de transação para proprietários ocupantes dos imóveis.

4 Greenwood et al. (2012) mostram que indivíduos casam-se com indivíduos com níveis de

(15)

15 Tabela 3: Multinomial Logit - Determinantes da migração familiar. Efeitos marginais

Coef. P>|t| Coef. P>|t| Coef. P>|t| Características da família

Idade dos cônjuges

36-44 anos 0,00072 0,000 -0,00089 0,000 0,00016 0,0,275 45-54 anos 0,00269 0,000 -0,00198 0,000 -0,00071 0,000 mais de 55 anos 0,00480 0,000 -0,00284 0,000 -0,00196 0,000 Filhos

pelo menos 1 filho < 7 anos 0,00608 0,000 -0,00221 0,000 -0,00386 0,001 pelo menos 1 filho < 7 anos

e/ou 1 entre 7 e 18 0,00617 0,000 -0,00229 0,000 -0,00388 0,000 todos filhos >7 e >18 anos. 0,00732 0,000 -0,00280 0,000 -0,00450 0,000 todos filhos são >18 anos 0,01129 0,000 -0,00450 0,000 -0,00680 0,000 Educaçao do responsável

Ensino médio completo ou

superior incompleto -0,00150 0,000 0,00045 0,000 0,00104 0,000 Ensino Superior -0,01226 0,000 0,00401 0,000 0,00825 0,000 Cônjuge com Ensino Superior -0,00448 0,000 0,00096 0,000 0,00352 0,000 Cônjuge no mercado de trabalho 0,00924 0,000 -0,00361 0,000 -0,00562 0,000 Dono do imóvel 0,04828 0,000 -0,02017 0,000 -0,02810 0,000 Renda familiar -1,57E-07 0,000 6,34E-08 0,000 9,38E-08 0,000

Viajante -0,01761 0,000 0,00919 0,000 0,00842 0,000 Características Regionais Taxa de desemprego 0,00075 0,000 -0,00021 0,000 -0,00054 0,000 Tamanho do município <=14999 -0,00369 0,000 0,00324 0,000 0,00044 0,045 >=15000 & <=39999 -0,00002 0,940 0,00029 0,134 -0,00026 0,232 >=70000 &<=149999 0,00165 0,000 0,00046 0,032 0,00120 0,000 >=150000 & <= 300000 0,00268 0,000 0,00018 0,416 0,00250 0,000 >=300000 0,00573 0,000 -0,00351 0,000 -0,00221 0,000 Participação da agricultura >0.25 & <=0.50 -0,00617 0,000 0,00179 0,000 0,00438 0,000 >0.50 & <=0.75 -0,01316 0,000 0,00225 0,000 0,01090 0,000 >0.75 & <=1 -0,01584 0,000 0,00181 0,385 0,01400 0,000 Participação da indústria >0.25 & <=0.50 -0,00313 0,000 0,00182 0,000 0,00131 0,000 >0.50 & <=0.75 -0,00773 0,000 0,00468 0,000 0,00300 0,000 >0.75 & <=1 -0,00823 0,000 0,00579 0,000 0,00243 0,010 Número de observações 3.197.467 Log likelihood -267.127 LR chi2(52) 92.201,57

Fonte: Elaboração própria com dados do Censo 2010.

Não migrantes Migração intraestadual

Migração interestadual

(16)

16 A variável renda familiar aumenta a probabilidade de migrar tanto para famílias migrantes dentro do seu estado como para famílias migrantes entre estados, esses resultados diferem do encontrado por Nivalainen (2004) para migração interestadual. Nivalainen (2004) utiliza a variável dispersão de renda para verificar a probabilidade de imigração, posteriormente pretende-se também fazer esta estimação para caso brasileiro, visto que é necessário fazer uma análise mais minuciosa de como educação do responsável e do cônjuge e suas rendas refletem na decisão de migração.

O desemprego local diminui a probabilidade de ser uma família migrante, diferente o trabalho de Nivalainen (2004). É necessário verificar se pode haver uma defasagem quanto à informação e tomada de decisão. Além disso, morar em cidades com mais de 300.000 habitantes diminui a propensão a ser migrante.

A participação da força de trabalho na agricultura superior a 75% parece não ser significativa para decisão de migração intraestadual, mas positivamente relacionada com a imigração interestadual, o que está de acordo com argumentos tratados na secção 3.3.

Uma participação da força de trabalho superior a 75% na indústria aumentaria a probabilidade de migração para ambos os casos.

Posteriormente pretende-se verificar se o tamanho da cidade, participação da agricultura e indústria e taxa de desemprego da cidade anterior de residência afeta a probabilidade de migração.

5 CONCLUSÕES

As estimações do estudo mostram que imigração familiar para caso brasileiro se comporta de maneira bastante similar a outros países. Os resultados mostram uma associação significativa entre ciclo de vida familiar, ou seja, entre idade dos cônjuges, idade

(17)

17 dos filhos e migração. Além disso, uma alta educação dos cônjuges favorece a propensão a migrar, mas o vínculo laboral dos dois cônjuges diminui esta probabilidade.

É necessário fazer uma análise mais detalhada do papel de cada cônjuge sobre decisão de migração familiar, pois escolaridade do cônjuge para o caso brasileiro parece influenciar na decisão de imigração, enquanto que em outros estudos a decisão de migração familiar parece ser orientada pela carreira do esposo somente.

Em estudos futuros serão observados os migrantes econômicos e migrantes vinculados além de analisar o papel da migração da carreira laboral do cônjuge, normalmente a mulher, visto que a literatura aponta um aumento de desemprego e adiamento da busca por trabalho entre mulheres migrantes. A migração, a educação dos filhos e atividades domésticas podem ser atenuantes da evolução salarial da mulher.

(18)

18

REFERÊNCIAS

AXELSSON, Roger; WESTERLUND, Olle. A panel study of migration, self-selection and household real income. Journal of Population Economics, v.11, p.113-126, 1998.

BODVARSSON, Örn B.; VAN DEN BERG , Hendrik. The Economics of Immigration: Theory and Policy. 1ª edição, 428 p. Ed. Springer. 2009.

BOEHM, Thomas P.; HERZOG, Henry W.; SCHLOTTMANN, Alan. Intra-Urban mobility,

migration and tenure choice. The Review of Economics and Statistics. v.73 n.1, p.59-68, Fev 1991.

BORJAS, George J., BRONARS, Stephen G. Immigration and the family. Journal of Labor Economics, v, 9, n. 2, p. 124-148, 1991.

CRAMER, J. S; RIDEN G. Pooling States in the Multinomial Logit Model. Journal of Econometrics. v.47, p.267–272, 1991.

GREENWOOD, Michael J.; GUNER, Nezih; KOCHARKOV, Georgi; SANTOS, Cezar. Technology and the changing family: a unified model of marriage, divorce, educational attainment and married female labor-force participation. NBER Working Paper Series, Working Paper 17735 2012.

HAUSMAN, J; MC FADEN, D. Specification Tests for the Multinomial Logit Model. Econometrica. v.52p.1219–1240,1984.

LONG, Larry H. Women’s Labour Force Participation and the Residential Mobility of Families. Social Forces , v.52, p.342–348, 1974.

(19)

19 MINCER, J. Family migration decisions. Journal of Political Economy, v. 86, n. 5, p. 749-773, 1978.

NIVALAINEN, Satu. Determinants of family migration: short moves vs. long moves. Journal of Population Economics, v. 17(1), p. 157-175, 2004.

SANDELL, S.H. Women and the Economics of Family Migration. The Review of Economics and Statistics n.59, v.406, p. 414, 1977.

SANDERFUR, G. D; SCOTT, W.J. A Dynamic Analysis of Migration: An Assessment of the Effects of Age, Family and Career Variables. Demography. v.18,p.355–368, 1981.

SJAASTAD, L. The costs and returns of human migration. Journal of Political Economy, v. 70, n. 4,Suplemento, p. 80-93, 1962.

Referências

Documentos relacionados

Em 2 de outubro de 2012, a Comissão estendeu os termos de referência das medidas cautelares a visitantes e agentes penitenciários em resposta às ilegalidades,

Além disso, tratar da religião tem relação com a questão do aborto (excerto1), ou questões pertencentes à constituição da família, como ter ou não ter filhos ou o

Dreyfus, 1995). O poder disciplinar é uma forma de poder que faz uso das ciências como maneira de intervir socialmente, incitando discursos e práticas ‘comprovadas

O rei queria proteger a sua filha contra a desgraça e deu, imediatamente, a ordem para que todos os fusos no país fossem recolhidos e queimados. Um dia, quando

BANESPREV ABRIU O NOVO PLANO CD E AGORA, MAIS DO QUE NUNCA, É HORA DE NÃO SE DEIXAR LEVAR POR PROMESSAS, QUE NA REALIDADE SÓ TRAZEM BENEFÍCIO PARA O SANTANDER E AINDA PODEM

Contudo, mais de metade dos nascimentos em Portugal eram, para as mães, primeiros filhos e a maioria das pessoas no período fértil (80,2% das mulheres e 84,5% dos homens)

Os conselhos além de auxiliar na fiscalização de crimes e maus tratos animais, também têm a função de elaborar políticas públicas que auxiliem para alcançar

Poderão preparar-se para oferecer uma educação de qualidade o que vai requerer muito empenho e esforços e tendo tranqüilidade quando os filhos já forem jovens devido serem