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COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE REFRATÔMETRO E TIRA REATIVA PARA DETERMINAR A DENSIDADE URINÁRIA RESUMO

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Academic year: 2021

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COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE REFRATÔMETRO E TIRA REATIVA PARA DETERMINAR A DENSIDADE URINÁRIA

Edylaine Aparecida Monteiro Guidi (1), Lais de Souza Braga (2), Mariana Felgueira Pavanelli(3)

(1) Pós-graduanda em Análises Clínicas III da Faculdade Integrado de Campo Mourão – Pr. (2) Professora do curso de Biomedicina - e-mail: lais.braga@grupointegrado.br.

(3) Mestre no departamento de farmácia e coordenadora no curso de Pós-graduação em Análises Clínicas da Faculdade Integrado de Campo Mourão – Pr, E.mail: pavanelli.mari@gmail.com.

______________________________________________________________________________ RESUMO

O presente estudo teve como objetivo comparar os métodos mais comuns usados para a determinação da densidade urinária, os métodos analisados foram refratômetro e tira reativa. Para isso, 100 amostras de urinas de indivíduos de diferentes idades e gênero foram submetidas à análise química seguindo as metodologias a serem comparadas, as análises foram realizadas pela mesma pessoa a fim de evitar diferentes percepções de resultados. Os resultados foram expressos em ± desvio padrão e analisados pelo teste T de Student e considerados significativos valores de p < 0,05, através do Software Caraph Pad Prism versão 5,01. O estudo mostrou que a média obtida através do refratômetro foi de 1,020 e para a tira reativa 1,027. Os resultados apresentados mostraram que as técnicas avaliadas fornecem resultados diferentes, com variação em relação aos valores de referência, mostrando a importância da validação dos métodos nos diversos setores de um laboratório clínico.

PALAVRAS CHAVE: insuficiência renal; técnicas de laboratório clínico; urina.

COMPARISON BETWEEN REFRACTOMETER METHODS AND STRIP REACTIVE TO DETERMINE THE DENSITY URINARY.

ABSTRACT

The present study had as objective to compare the most common methods used to determine the urinary density, the methods analyzed were refractometer and reactive strip. For this, 100 urine samples of individuals of different ages and gender were submitted to chemical analysis following the methodologies to be compared, the analyzes were performed by the same person in order to avoid different perceptions of results. The results were expressed as ± standard deviation and analyzed by the test of Student t and considered significant values of p <0.05, using Caraph Pad Prism Software version 5.01. The study showed that the average obtained through the refractometer was 1.020 and the one obtained through the reactive strip was 1,027. The results showed that the evaluated techniques provide different results, with variation between them in relation to the reference values, showing the importance of the validation of the methods in the various sectors of a clinical laboratory

KEYWORDS: renal insufficiency; clinical laboratory techniques; urine.

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INTRODUÇÃO

O trato geniturinário é composto pela uretra, bexiga, ureteres e os rins. A função primária dos rins é a formação da urina, nela é excretado o excesso de elementos orgânicos exógenos e endógenos, além disso, os rins estão envolvidos em processos importantes para o bom funcionamento do organismo, entre eles o processo de hematopoiese (1).

Muitas patologias podem acometer esse sistema, como as infecções do trato urinário (ITU), insuficiência renal e doença renal crônica (DRC). As ITUs estão entre as infecções mais frequentes na população em geral, tornando-se mais comuns em pacientes do sexo feminino e particularmente em crianças até um ano de vida (2). As ITUs podem causar patologias secundárias como uretrite (inflamação da uretra), cistite (inflamação na bexiga) ou infecção renal (pielonefrite) que é o acometimento de pelo menos um dos rins, levando a insuficiência renal (3).

O Brasil possui mais de 10 milhões de brasileiros com algum grau de insuficiência renal, aproximadamente 120 mil são pacientes dialíticos e/ou fizeram transplante renal. Em 2010, R$ 1,4 bilhões foram gastos com procedimentos de diálise e transplante de rins (4-5), já em 2015 o Ministério da Saúde destinou, para a saúde pública nacional, mais de R$ 99 milhões para o tratamento de pacientes renais (6). Pacientes idosos, diabéticos e hipertensos, ou que tenham casos de doença renal tem maior probabilidade a apresentarem DRC, além de casos de disfunção renal leve, quando não diagnosticados, pode haver evolução (7).

Independente da patologia renal apresentada pelo paciente, é comum a prescrição médica do exame parcial de urina, um exame que contém informações que podem auxiliar o clínico no diagnóstico da doença renal e no início do tratamento adequado. Esse exame é realizado em três etapas: físico, químico e microscopia do sedimento, cada etapa possui características e informações importantes, estando todas relacionadas ao resultado final (8).

Nesse exame, um dos quesitos avaliados na amostra de urina é a densidade que, quando alterada, pode mostrar indícios de que o paciente apresenta um quadro de doença renal, devido ao aumento de partículas que passam para a urina quando há um caso de lesão renal (9). Essa análise pode ser realizada a partir de uma tira reativa, por um instrumento chamado refratômetro (10) e/ou pelo urodensímetro, instrumento que tem como princípio a comparação do peso da urina com o volume equivalente de água (11).

A determinação da densidade urinária feita com a tira reativa pode sofrer interferências de outros agentes químicos presentes nela, entretanto, não existem relatos de interferências relacionadas ao uso do refratômetro (10) ou da tira reativa. O objetivo deste estudo foi comparar o uso do refratômetro e da tira reativa na análise da densidade urinária.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliadas 100 amostras de urina no mês de agosto de 2016, oriundas de pacientes do gênero feminino e masculino, de todas as idades, enviadas para um laboratório de análises clínicas da cidade de Campo Mourão, Paraná, Brasil. Tais urinas foram colhidas por meio de jato médio, os pacientes foram orientados a coletar a primeira urina da manhã e acondicioná-las em frasco de polietileno estéril. As amostras foram identificadas com o número da requisição do paciente, mantidas em temperatura ambiente e processadas em menos de duas horas após a coleta. Não foram estabelecidos critérios de exclusão para este estudo.

Para análise da densidade urinária, foi realizado o gotejamento da urina na área de avaliação do refratômetro (12), o qual estava devidamente calibrado, e foi feita a leitura. Em seguida, realizou-se a mesma análise, no entanto usando a metodologia da tira reativa (13), a qual foi colocada em contato com a amostra, e, posteriormente, foi aguardado o tempo padronizado pelo fabricante e realizada a leitura do resultado. Todas as análises foram realizadas pela mesma pessoa a fim de evitar diferentes percepções de resultados

Os dados foram expressos em média ± desvio padrão e analisados pelo teste T de Student e considerados significativos valores de p < 0,05, para análise, foi utilizado o Software Caraph Pad Prism versão 5.01.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises realizadas apresentaram que a média da densidade urinária obtida pelo refratômetro foi de 1,020 e para a tira reativa foi 1,027, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Valores de densidade urinária de acordo com o método utilizado.

Método usado Média ± DP Mín. Máx. p-valor

Refratômetro 1,020 ± 0,007 1005 1037

<0,0001 Tira reativa 1,027 ± 0,004 1010 1030

Por meio da comparação das médias usando o teste T de Student foi evidenciado que os valores obtidos são estatisticamente diferentes (p<0,0001), ou seja, as metodologias testadas não apresentam os mesmos resultados. Os resultados

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encontrados no presente artigo corroboram dois estudos semelhantes encontrados na literatura, que compararam o uso do refratômetro com a tira reativa e o urodensímetro. Ambos concluíram que o método mais exato é o urodensímetro e o menos exato a tira reativa (14-15). Este último estudo ainda aponta que os métodos do urodensímetro e refratômetro se assemelham, porém, o urodensímetro apresenta como limitação do método a necessidade de maior volume de amostra. Vale destacar que este método não foi avaliado na presente pesquisa.

No laboratório em estudo, o valor adotado como referência para a densidade urinária é de 1,016 a 1,025. Para Cardoso et al. (15), o valor considerado como referência varia de 1,005 a 1,015. Independente dos valores considerados, percebe-se que as médias obtidas com o refratômetro e a tira reativa situam-se dentro e fora dos valores de referência, respectivamente. Isso mostra a importância de se padronizar a melhor metodologia de análise laboratorial, visto que neste estudo os valores obtidos são divergentes, permitindo distintas interpretações clínicas.

Os dados coletados não permitem avaliar a eficácia dos métodos e não existe um consenso na literatura sobre qual dos métodos testados é melhor, supõe-se que o refratômetro seja o mais adequado já que o resultado obtido pelo método de fita reativa apresenta subjetividade na leitura, uma vez que a comparação das cores obtidas na fita com as escritas no frasco depende da precisão do avaliador, sabendo-se que, alguns resultados podem sabendo-se encontrar em intervalos de valores/cores, portanto o resultado dependerá do avaliador (15). Machado et al. (16) relatam que a leitura da tira reativa, quando realizada por instrumento de automação, reduz essa subjetividade, por serem avaliadas através de colometria e célula de fluxo (refratometria).

O refratômetro verifica a densidade urinária por meio da refração da luz e para que seja um instrumento de confiabilidade para o laboratório, deve ser realizada sua calibração periódica. Para isso, utiliza-se água destilada e acerta-se o “zero” do aparelho (12,17).

A tira reativa usada na análise cita em sua bula, como limitação do teste, que amostras com alta concentração de glicose ou proteínas causam diminuição da sensibilidade do teste em relação à análise da densidade urinária (13). Estudos realizados comparando outras tiras reativas mostram que, em casos de cetoacidose e elevada presença de proteínas, os resultados para a densidade urinária tendem a ser

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elevados e em casos de urinas alcalinas o valor da densidade apresenta-se diminuído, além dos resultados terem que ser corrigidos em determinados pH (10).

Sabe-se que o pH urinário pode apresentar variações na densidade urinária. Urinas ácidas tendem a apresentar maior densidade, da mesma forma como as amostras alcalinas (pH superior a 6,5) podem causar baixas leituras de densidade. Algumas bulas de tiras reativas informam que há a necessidade de acrescentar 0,005 ao valor obtido da densidade em casos de urinas alcalinas (10).

Colombeli e Falkenberg (10) relatam que o uso de alguns medicamentos pode apresentar interferência em todos os parâmetros avaliados pelas tiras reativas e a presença de diversos reagentes empregados na fita também podem interferir nos resultados, porém os autores relatam também a falta de estudos referentes a esse assunto. Neste estudo não foram investigadas variáveis relacionadas à alteração na densidade, pois o objetivo do estudo era comparar metodologias.

Muitos antissépticos de via urinária têm a capacidade de alterar a coloração da urina, este fator é limitante para se estimar a densidade urinária por meio da aferição pela tira reativa, já que esta é baseada na visualização de cor.

4 CONCLUSÃO

Estudos mais abrangentes devem ser incentivados para que se possa estabelecer, entre as metodologias existentes para medir a densidade urinária, a técnica mais precisa para essa análise laboratorial, visto que as técnicas avaliadas mostraram resultados diferentes, bem como variação significativa entre eles.

É notável a importância da realização de novos estudos para padronização do refratômetro, tendo em vista que há poucos estudos nessa área, no entanto podemos constatar que o uso da tira reativa não é recomendado para determinar a densidade urinária, sabendo dos diversos interferentes que este método pode ter.

REFERÊNCIAS

(1) DALMOLIN, L. M. A urinálise no diagnóstico de doenças renais. 2011. 14f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Veterinárias) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2011.

(2) TANNURI, U. Diagnósticos das Infecções do Trato Urinário. Revista Associação Médica Brasileira. v.51, n.6, p.301-12, 2005.

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Revista Iniciare, Campo Mourão, v. 2, n. 1, p. 21-27, jan./jun., 2017.

(3) FONGARO, J. Identificação Microbiana de Urocultura. 2011. 13f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel. 2011.

(4) BASTOS, M. G.; BREGMAN, R.; KIRSZTAJN, G. M.; Doença renal crônica: freqüente e grave, mas também previnível e tratável. Revista da Associação Médica Brasileira. v.52, n.2, p. 248-53, 2010.

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(6) BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretária de Saúde. Serviços de Nefrologia. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2015/10/saude-libera-r-99-milhoes-para-tratamento-de-pacientes-renais-cronicos>. Acesso em: 13/09/2016.

(7) ROMÃO JUNIOR, J. E. Doença renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação. Jornal Brasileiro de Nefrologia. v. 26, n. 3, supl.1, 2004.

(8) COSTAVAL, J. A.; et al. Qual o valor da sedimentoscopia em urinas com características físico-químicas normais? Jornal Brasileiro de Patologia. v.37, n.4, p.261-5, 2001.

(9) COSTA, J. A. C.; VIEIRA NETO, O. M.; MOYSÉS NETO, M. Insuficiência Renal aguda. Simpósio: Urgência e Emergência Nefrológicas. v. 36, p.307-24, 2003.

(10) COLOMBELI, A. S.; FALKENBERG, M. Comparação de bulas de duas marcas de tiras reagentes utilizadas no exame químico de urina. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. v.42, n.2, p. 85 93, 2006.

(11) CORBELLINI, A. O. Análise Microbiológica e Físico-Química de Fêmeas Suínas em Diferentes Ordens de Parto. 2009. 37f. Monografia (Especialização em Análises Clínicas Veterinárias) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2009.

(12) QUIMIS® – APARELHOS CIENTÍFICOS. Instruções de uso – refratômetro de mão, China.

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(13) LABORCLIN. Uriclin – 10 Áreas. Rev.04, p.01-2. 2015. Disponível em : <www.laborclin.com.br>. Acesso em: 20/10/2016.

(14) RACHAD, J.; et al. Densimetria urinária por três métodos: estudo comparativo e melhor estimativa. Revista Brasileira de Patologia Clínica. v.25, n.1, p.14-19, 1989.

(15) CARDOSO, M. V. L. M. L.; LIMA, G. G. T.; FARIAS, L. M. Métodos de medição e análise de densidade urinária em recém-nascidos na unidade neonatal. Revista da rede de Enfermagem do Nordeste. v.14, n.4, p.674-82, 2013.

(16) MACHADO, M. H. T. et al. Automação do exame de urina: comparação do Urisys 2400 com a rotina manual (Microscopia do Sedimento Urinário). Revista Brasileira de Análises Clínicas. v. 35, n.4, p. 165-7, 2003.

(17) STRASINGER, S.K.; TORQUETTITOLOI, M.R. Uroanálise e fluidos biológicos. 3.ed. São Paulo: Premier, 1996.

Enviado: 09/02/2017 Aceito: 15/02/2017 Publicado: 06/2017

Referências

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