PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
TRATAMENTO MÉDICO E REMÉDIOS
(SUS)
–
COMO
OBTER
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A judicialização da saúde refere-se à busca do Judiciário como a última alternativa para obtenção do medicamento ou tratamento ora negado pelo SUS, seja por falta de previsão na RENAME (Relação Nacional de Medicamentos), seja por questões orçamentárias.
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Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças. (OMS)
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Constituição da Organização Mundial da Saúde
Gozar do melhor estado de saúde que é possível atingir constitui um dos direitos fundamentais de todo o ser humano, sem distinção de raça, de religião, de credo político, de condição econômica ou social.
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Constituição da Organização Mundial da Saúde
A saúde de todos os povos é essencial para conseguir a paz e a segurança e depende da mais estreita cooperação dos indivíduos e dos Estados.
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Art. 196 da Constituição Federal
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
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O direito à saúde tem por fundamento o princípio da universalidade e igualdade de acesso às ações e serviços de saúde e é classificado como direito e garantia fundamentais, uma vez que se trata de norma de eficácia plena, conforme dispõe o art. 196 da CF.
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Art. 1º, inc. III, da CF
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
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O princípio da dignidade da pessoa humana é um valor moral inerente à própria pessoa, ou seja, todo ser humano tem dignidade, porque é uma qualidade intrínseca, inseparável do ser humano.
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A saúde é direito de todos e dever do Estado. A saúde é um direito fundamental do cidadão, tornando-se tão relevante que foi elevada à categoria de princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.
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O Estado deve garantir acesso à saúde àquele que dela necessitar.
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Art. 6º da Constituição Federal
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
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A saúde é considerada um direito social. Para cumprir uma esse objetivo, o Governo instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS).
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Artigo 197 da Constituição Federal
São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
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Art. 2º da Lei n. 8.080/90
A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
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Sob o ponto de vista conceitual, o Sistema Único de Saúde foi implantado para cuidar da saúde do cidadão com base nos principais direitos fundamentais do ser humano ao proteger o direito à vida e a dignidade da pessoa humana.
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"A determinação judicial de fornecimento de fármacos deve evitar os medicamentos ainda não registrados na Anvisa, ou em fase experimental, ressalvadas as exceções expressamente previstas em lei." (ENUNCIADO N. 6 DO CNJ).
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A necessidade e a eficácia do medicamento prescrito devem ser indicados na petição inicial.
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A eficácia do tratamento deve ser indicada no relatório médico, que registrando, se for caso, a raridade da doença e a constatação em outros tratamentos sobre os benefícios aos pacientes tratados em relação aos demais.
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A falta de registro na ANVISA não é óbice ao deferimento da pretensão do paciente, pois em casos excepcionais a importação de medicamento não registrado no país poderá ser autorizada pela ANVISA (Lei n. 9.782/1999).
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LEI No 6.360, DE 23 DE SETEMBRO DE 1976. – Vigilância Sanitária Art. 16. O registro de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, dadas as suas características sanitárias, medicamentosas ou profiláticas, curativas, paliativas, ou mesmo para fins de diagnóstico, fica sujeito, além do atendimento das exigências próprias, aos seguintes requisitos específicos:
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II - que o produto, através de comprovação científica e de análise, seja reconhecido como seguro e eficaz para o uso a que se propõe, e possua a identidade, atividade, qualidade, pureza e inocuidade necessárias.
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Haverá sempre presunção da possibilidade de prestação positiva para satisfazer a direito fundamental.
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É da Administração o ônus de demonstrar cabalmente o contrário, incluída prova do direcionamento dos meios disponíveis para a satisfação de outras necessidades essenciais.
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A simples alegação de alto custo não é suficiente para negar o fornecimento de medicamento de comprovada eficácia
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Não há motivo para impor à Administração necessariamente o fornecimento de medicamento de marca, devendo a tutela jurisdicional possibilitar o fornecimento de remédio genérico (art. 3º da Lei n. 9.787/99 c/c art. 3º, XVIII, da Lei n. 6.360/76), sob pena de injustificada oneração do SUS.
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ENUNCIADO N.º 14 - CNJ
Não comprovada a inefetividade ou impropriedade dos medicamentos e tratamentos fornecidos pela rede pública de saúde, deve ser indeferido o pedido não constante das políticas públicas do Sistema Único de Saúde.
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ENUNCIADO N.º 16 - CNJ
Nas demandas que visam acesso a ações e serviços da saúde diferenciada daquelas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde, o autor deve apresentar prova da evidência científica, a inexistência, inefetividade ou impropriedade dos procedimentos ou medicamentos constantes dos protocolos clínicos do SUS.
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Há a necessidade de condicionar a continuidade do fornecimento do medicamento à apresentação de prescrição médica atualizada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, a fim de prevenir o fornecimento indevido de tratamento.
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EMENTA: Suspensão de Liminar. Agravo Regimental. Saúde pública. Direitos fundamentais sociais. Art. 196 da Constituição. Audiência Pública. Sistema Único de Saúde - SUS. Políticas públicas. Judicialização do direito à saúde. Separação de poderes. Parâmetros para solução judicial dos casos concretos que envolvem direito à saúde. Responsabilidade solidária dos entes da Federação em matéria de saúde. Ordem de regularização dos serviços prestados em hospital público. Não comprovação de grave lesão à ordem, à economia, à saúde e à segurança pública. Possibilidade de ocorrência de dano inverso. Agravo regimental a que se nega provimento. AG.REG. NA SUSPENSÃO DE LIMINAR - Min. Gilmar Mendes - DJe-076 DIVULG 29-04-2010 PUBLIC 30-04-2010 EMENT VOL-02399-01 PP-00001
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“O receituário médico, firmado seja por médico particular, seja por médico do serviço público, é documento hábil a comprovar a necessidade do medicamento. Adotar o entendimento do Poder Público, que pretende discutir a prescrição feita, seria adentrar ao campo próprio do médico responsável pelo tratamento do paciente. A não ser quando evidente o erro contido no relatório/receita, ou seja, quando teratológica a prescrição, descabe ao administrador, bem como ao Judiciário, questionar se esse ou aquele medicamento seria o mais adequado” (v. decisão monocrática proferida pelo Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES no Agravo de Instrumento nº 1.114.613/MG, DJ de 08.05.2009). STJ
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Súmula 96 da Seção de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de São Paulo
“Havendo expressa indicação médica de exames associados a enfermidade coberta pelo contrato, não prevalece a negativa de cobertura do procedimento.”
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Argumento para recusa no tratamento
• Caráter programático da norma • Repartição de competências • Falta de numerário
• Necessidade de comprovação de impossibilidade de arcar com os custos do tratamento
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•Violação ao princípio da isonomia
• Necessidade de prefixação de verbas para o atendimento dos serviços de saúde
• Necessidade de licitação
• Violação aos princípios da administração pública
• Não enquadramento no Protocolo Técnico ou falta de padronização
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Súmula 102 da Secção de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo
Súmula 102: Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS.
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1. Qual é a ação judicial cabível?
Se o medicamento estiver aprovado pela Anvisa, impetrar-se-á o mandado de segurança, pois se trata de direito líquido e certo.
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1. OBSERVAÇÃO
Há jurisprudência no sentido de que se a administração não cumpre seu dever, fere direito líquido e certo do cidadão, portanto, é cabível o Mandado de Segurança em qualquer caso.
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Mandado de Segurança – Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009
Objetivo: Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo e dá outras providências.
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O mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e certo sempre que ilegalmente ou com abuso de poder qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade.
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A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
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Exemplos:
São Paulo – Vara da Fazenda Pública – Secretário da Saúde
Tupã – SP – Vara Cível – Prefeito da Cidade
OBSERVAÇÃO: Figurará no polo passivo a autoridade coatora (Secretário da Saúde)
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2. Requer a liminar
Devemos caracterizar o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora” para a concessão da liminar.
Observação: se houver indeferimento da liminar, devemos
interpor agravo de instrumento com pedido de tutela antecipada.
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Estrutura da Petição Inicial
I – Dos Fatos
II – Do Direito
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA I - Fundamentação Legal Art. 196 da CF Art. 1º, III, da CF Art. 6º da CF Art. 197 da CF Art. 2º da Lei n. 8.080/80 Art. 16, II, da Lei n. 6.360/76
Enunciado 16 do Conselho Nacional de Justiça Enunciados e Súmulas dos Tribunais
Jurisprudência de outro Estado (Art. 105, III, “c”, da CF
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REQUISITITOS IMPORTANTES
1. Imprescindibilidade do medicamento
2. Ausência de outras opções de tratamento (princípio ativo)
3. Atual situação clínica do paciente e o grau da evolução da doença
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E se o medicamento não estiver autorizado pela Anvisa ou não fizer parte do rol de medicamentos do SUS?
Nesse caso, não se impetrará Mandado de Segurança e sim Ação de Obrigação de Fazer com
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A fundamentação legal é a mesma do mandado de segurança. Não se requererá a intimação do MP.
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Valor da Causa
Valor do medicamento ou do tratamento. Se requerer dano moral, será o valor do dano pleiteado. Em média de R$ 10.000,00 a R$ 30.000,00
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Requerer indenização do dano moral “in re ipsa”.
Ao juntar o prontuário médico, requerer sigilo (se for digital, tem uma aba que diz respeito a documentos sigilosos)
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Art. 189 do CPC. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade.
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Artigo 5º, incisos IX e LX, da CF referem-se à intimidade da pessoa no que diz respeito ao sigilo dos atos processuais.
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Requerer prioridade no andamento processual
Artigo 1.048 do CPC
Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988.