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Documentos foram anexados. É o que se tem a relatar.

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 07ª REGIÃO

8ª Vara do Trabalho de Fortaleza

ACP 0001092-42.2018.5.07.0008

AUTOR: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE FORTALEZA

RÉU: CONDOMINIO DO SHOPPING CENTER IGUATEMI, ASSOCIACAO DO

CONDOMINIO DO NORTH SHOPPING JOQUEI, CONSORCIO SHOPPING

PARANGABA, ADMINISTRADORA NORTH SHOPPING FORTALEZA LTDA, CENTRO

EMPRESARIAL DEL PASEO, CONDOMINIO SHOPPING ALDEOTA EXPANSAO,

CONDOMINIO SHOPPING BENFICA, CONDOMINIO DO EDIFICIO GRAND SHOPPING,

CONDOMINIO PATIO DOM LUIS, RIOMAR SHOPPING FORTALEZA S.A,

SUBCONDOMINIO SHOPPING CENTER RIOMAR PRESIDENTE KENNEDY, SINDICATO

DO COMERCIO VAREJISTA E LOJISTA DE FORTALEZA

Vistos etc.

Cuida-se de Ação Civil Pública ajuizada pelo SINDICATO DOS

EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE FORTALEZA, por meio da qual apresenta requerimento de

tutela de urgência, inaudita altera pars, a fim de que os promovidos "se abstenham de autorizar,

determinar e/ou exigir labor de seus empregados em todas as suas dependências nos dias 07 e

30 de outubro do corrente ano, (este último na hipótese de haver segundo turno das eleições para

Presidente e Governador), ou mesmo de funcionar em tais dias, sob pena de multa diária no valor

de um piso da categoria por trabalhador prejudicado, a ser revertida em benefício do Sindicato

autor, sem prejuízo da multa administrativa prevista no art. 75 da CLT, em favor da União, bem

como da própria multa estabelecida na aludida convenção coletiva" (fls. 24).

Documentos foram anexados.

Sem oitiva da parte contrária, vieram-me os autos conclusos.

É o que se tem a relatar.

DECIDO.

A tutela de urgência, conforme definida no art. 300 do CPC, será

concedida pelo Juízo quando presentes dois requisitos cumulativos e inafastáveis, quais sejam, a

ocorrência de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco

ao resultado útil do processo.

(2)

Inicialmente, passo a analisar se os dias em que se realizarão as

eleições para Presidente e Governador (7/10/2018 e 28/10/2018, caso haja segundo turno) são

caracterizados como feriados e se há vedação legal para o funcionamento do comércio no referido

período.

Sobre a matéria, o art.380 do Código Eleitoral deixa claro que é

feriado o dia do pleito eleitoral. Vejamos:

"Art. 380. Será feriado nacional o dia em que se realizarem eleições de data fixada pela Constituição Federal; nos demais casos, serão as eleições marcadas para um domingo ou dia já considerado feriado por lei anterior." (destaques nossos)

A Constituição Federal, por sua vez, nos artigos 28 e 77 dispõem,

respectivamente, que:

"Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77."

"Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente." (sem grifo no original).

Ora, uma vaz que as eleições destinadas a Presidente da República,

Governadores e seus vices tem data fixada pela Constituição Federal (primeiro domingo de

outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno), fica claro

que esses dias são feriados.

Por outro lado, a Lei n.º 11.603, de 5/12/2007, acrescentou o artigo

6º-A à Lei nº 10.101/2000, estipulando, de forma inequívoca, que o trabalho de comerciários em

feriados somente será permitido mediante expressa previsão em convenção coletiva de trabalho e,

ainda, desde que a legislação municipal permita o funcionamento do comércio nesses dias. É

pertinente a transcrição do referido dispositivo:

"Art. 6º-A. É permitido o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição." (sem grifo no original).

Logo, em restando definido que os dia de eleição citados são

considerados feriados pelo Código Eleitoral, resta evidente que o funcionamento do comércio, em

tais dias, só é possível se houver autorização expressa em convenção coletiva de trabalho.

(3)

São inúmeras as decisões da Justiça do Trabalho neste sentido.

Apenas para ilustrar, transcrevo o julgado do C. TST:

"RECURSO DE REVISTA - TRABALHO EM FERIADOS CONVENÇÃO COLETIVA ART. 6º-A DA LEI Nº 10.101/2000 1. Assegurado pela Lei nº 10.101/2000 o funcionamento do comércio aos domingos e feriados, não subsiste fundamento para a observância do rol de atividades desse ramo previsto no Decreto nº 27.048/49, regulamentador da Lei nº 605/49, porquanto esta norma dispõe acerca do repouso semanal remunerado para os empregados em geral, ao passo que existe autorização em lei nova e específica para o trabalho aos domingos dos empregados no comércio. Assim, não há como afastar a aplicação da Lei nº 10.101/2000, em face da Lei nº 605/1949. Precedente. 2. O art. 6º-A da Lei nº 10.101/2000 instituiu dois requisitos cumulativos para a realização de trabalho em feriados nas atividades de comércio: i) autorização em convenção coletiva e ii) observância da legislação municipal. 3. Na espécie, restou incontroversa a inexistência de convenção coletiva. 4. Não estando preenchidos os requisitos do art. 6-A da Lei nº 10.101/2000, é inviável o trabalho aos feriados. Recurso de Revista conhecido e provido." (TST Oitava Turma Processo nº RR 2890095.2009.5.03.0057 DEJT de 16/4/2010 -grifamos).

Resta aferir o que dispõe a a Convenção Coletiva de Trabalho

2018/2018 da categoria dos comerciários. Observe-se:

"CLÁUSULA SEXAGÉSIMA QUINTA - ABERTURA NOS FERIADOS:

As empresas que pretenderem abrir e exigir o labor de seus funcionários nos feriados de 19/03/2018, 25/03/2018, 21/04/2018, 31/05/2018, 15/08/2018, 12/10/2018, 02/11/2018 e 15/11/2018, dentre outros novos que por ventura forem criados durante o ano de 2018, precisarão registrar junto ao SINDILOJAS sua pretensão individual para cada uma das datas, através do e-mail feriados@sindilojasfor.org.bras seguintes informações: (i) Razão Social, (ii) Nome de fantasia, (iii) CNPJ, (iv) Endereço (de todos os estabelecimentos que abrirão, matriz e filiais), (v) quantidade de empregados por feriados." (sem destaque no original). ...

Parágrafo Quinto - Fica terminantemente proibida a abertura em feriados de qualquer outra maneira, senão a prevista nesta CCT, mesmo que por Acordo Coletivo de Trabalho."

Infere-se da norma coletiva transcrita que não há previsão para o

trabalho de comerciários nos feriados correspondentes aos dias de realização da eleição vindoura:

7/10/2018 e 28/10/2018 (se houver segundo turno).

Veja-se que, a despeito de a Lei n.º 10.101/2000 (art. 6º-A) permitir o

trabalho do comerciário em feriados, o faz estabelecendo como condição para tal que haja

autorização prévia em convenção coletiva de trabalho. No caso, não há. E não havendo, fica

prejudicada qualquer consideração sobre o outro requisito exigido na mesma lei para a permissão

laboral daquela categoria obreira, qual seja, a observância da legislação municipal.

(4)

25/9/2006, do C. TSE, no sentido de que é possível o funcionamento do comércio no dia das

eleições, não pode mais prevalecer, tendo em vista que foi proferida anteriormente ao advento da

Lei nº 11.603/2007.

Nesse sentido, transcrevo os seguintes julgados:

"EMENTA: COMÉRCIO VAREJISTA FUNCIONAMENTO EM FERIADOS INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO EM NORMA COLETIVA IMPOSSIBILIDADE -De acordo com o art. 6º da Lei 10.101/00, com a redação dada pela Lei 11.603/07, é permitido o trabalho nas atividades de comércio em geral em feriados, desde que haja expressa autorização em convenção coletiva, observada a legislação municipal. Tais normas não revogaram a Lei nº 605/49 e o respectivo Decreto regulamentador. Todavia, assegurado pela Lei nº 10.101/2000 o funcionamento do comércio aos domingos e feriados, não subsiste fundamento para a observância do rol de atividades desse ramo previsto no Decreto nº 27.048/49, na medida em que esta norma dispõe acerca do repouso semanal remunerado para os empregados em geral, ao passo que existe autorização de lei nova e específica para o trabalho aos domingos dos empregados no comércio, dependendo o labor em feriados do atendimento prévio aos mencionados requisitos. Desta feita, inexistindo prova nos autos de autorização em norma coletiva para o funcionamento das reclamadas em feriados, há de ser mantida a decisão de origem que determinou que elas se abstenham de exigir de seus empregados o labor nessas ocasiões." (TRT da 3.ª Região; Processo: 00935-2010-158-03-00-5 RO; Data de Publicação: 09/12/2010; Órgão Julgador: Turma Recursal de Juiz de Fora; Relator: Rogério Valle Ferreira; Revisor: José Miguel de Campos; Divulgação: 07/12/2010. DEJT. Página 304) "TRABALHO EM FERIADO. ELEIÇÕES MUNICIPAIS. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. ASTREINTES. A interpretação sistemática do artigo 380 do Código Eleitoral leva ao reconhecimento de que os dias de eleições municipais também devem ser considerados feriados. Assim, por força da Lei nº 10.101/2000, artigo 6º A, inexistindo lei municipal, o trabalho em tais dias depende de expressa autorização em convenção coletiva de trabalho. Descumprido este comando legal, justifica-se o comando judicial para que o empregador se abstenha de utilizar a mão de obra de seus empregados em feriados não autorizados por lei ou norma coletiva, sob pena de multa pecuniária (astreintes). Em caso de prestação laboral em tais dias, sem compensação, o empregado faz jus ao seu pagamento, aos moldes previstos no artigo 9º da Lei nº 605/1949 e na Súmula nº 146 do TST, não se justificando o deferimento da indenização, com fulcro nos artigos 186 e 927, ambos do CC." (Acórdão do processo 0001324-48.2012.5.04.0008 (RO) Data: 03/10/2013, Redator: João Alfredo Borges Antunes De Miranda).

"ATIVIDADES DE COMÉRCIO. Trabalho em feriado. Norma coletiva. Inexistência de autorização. Lei municipal proibitiva do labor no feriado alusivo ao dia do município -o art. 6º-a da Lei federal nº 10.101/2000, incluíd-o pela Lei 11.603/07, deixa induvidosa a necessidade de dois requisitos para o funcionamento do comércio nos dias feriados, quais a autorização em convenção coletiva e a observância da legislação municipal. Inobservados tais pressupostos, e havendo labor nesses dias, escorreito o decisum que condenara a empresa a pagar a multa estabelecida na convenção coletiva celebrada entre os sindicatos representativos das categorias em que enquadrados os litigantes. Recurso conhecido e desprovido. (TRT07 - RO: 00008906120165070032, Relator: ANTÔNIO MARQUES CAVALCANTE FILHO, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: 11/05/2017)

A probabilidade do direito, portanto, decorre dos argumentos acima

analisados, sendo certo, ainda, que a parte autora comprovou a pretensão de alguns dos

acionados em funcionar normalmente nas datas em questão (vide documentos de fls. 117/121). O

(5)

perigo de dano, por sua vez, é evidente, em razão da proximidade do pleito de primeiro turno.

Destarte, delineados os requisitos imprescindíveis à concessão da

medida, defiro a tutela de urgência, para o fim de determinar que os promovidos CONDOMÍNIO

DO SHOPPING CENTER IGUATEMI, ASSOCIAÇÃO DO CONDOMÍNIO NORTH SHOPPING

JÓQUEI, CONSÓRCIO SHOPPING PARANGABA, ADMINISTRADORA NORTH SHOPPING

FORTALEZA LTDA, CENTRO EMPRESARIAL DEL PASEO, CONDOMÍNIO SHOPPING

ALDEOTA EXPANSÃO, CONDOMÍNIO SHOPPING BENFICA, CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO

GRAND SHOPPING, CONDOMÍNIO PÁTIO DOM LUIS, RIOMAR SHOPPING FORTALEZA S.A,

SUBCONDOMÍNIO SHOPPING CENTER RIOMAR PRESIDENTE KENNEDY e SINDICATO DO

COMERCIO VAREJISTA E LOJISTA DE FORTALEZA se abstenham de autorizar, determinar

e/ou exigir labor dos empregados comerciários representados pelo SINDICATO DOS

EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE FORTALEZA e desde que albergados pelas entidades

patronais signatárias da Convenção Coletiva de Trabalho 2018/2018, nos dias das eleições

vindouras, marcadas para os dias 7/10/2018 e 28/10/2018 (se houver segundo turno). A não

observância a esta ordem judicial implicará cominação de multa no valor de R$ 1.000,00 por cada

empregado que trabalhar nas datas em questão, destinada ao FAT.

Notifique-se o Ministério Público do Trabalho.

Notifiquem-se os demandados, por MANDADO ESPECIAL, COM

URGÊNCIA, para ciência e cumprimento da presente decisão, bem como para apresentarem

defesa, no prazo legal.

Dê-se ciência a parte autora.

Fortaleza, 4 de Outubro de 2018

ROSA DE LOURDES AZEVEDO BRINGEL

Juiz do Trabalho Titular

(6)

Assinado eletronicamente. A

Certificação Digital pertence

a:

[ROSA DE LOURDES

AZEVEDO BRINGEL]

https://pje.trt7.jus.br

/primeirograu/Processo

/ConsultaDocumento

/listView.seam

Documento assinado pelo Shodo 18100313080799500000016863879

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