Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008
Os Nunca Más no Cone Sul: gênero e repressão política (1984-1991)
Mariana Joffily* (Universidade de São Paulo)
Ditadura Militar; Repressão política; Direitos humanos
ST 28 – Relaciones entre ciudadanía y gênero a lo largo de la historia
O tema das ditaduras militares tem estado bastante em voga, em função da eleição de presidentes de tendências políticas de esquerda em diversos países da América Latina e da inserção, na agenda política desses governantes, da complicada questão de como lidar com os crimes perpetrados pelos militares nos períodos de exceção. Uma vasta bibliografia tem procurado dar
conta de temas importantes, como os arquivos “sensíveis”,1 a Operação Condor,2 o aparelho
repressivo,3 a transição democrática4 entre vários outros.
Do ponto de vista dos estudos de gênero, há igualmente uma bibliografia considerável,
sobretudo abordando a participação das mulheres na resistência às ditaduras militares.5 Com efeito,
esse tema merece atenção. O período de eclosão das ditaduras militares no Cone Sul coincide com um momento privilegiado na transformação das relações de gênero. A disseminação da pílula, a revolução sexual, o ingresso cada vez mais amplo das mulheres no mercado de trabalho, sua maior inserção na vida pública, assim como seu ingresso crescente nas universidades, trouxeram mudanças consideráveis na maneira de pensar e agir de homens e mulheres. Nas organizações de luta armada de esquerda que foram criadas nesses países e que combateram governos militares, havia um contingente importante de mulheres lutando lado a lado com os homens, num terreno
antes prioritariamente masculino.6 Marcelo Ridenti estimou, a partir dos processos movidos pela
Justiça Militar contra os militantes da esquerda, a participação feminina nos grupos armados brasileiros entre 15% e 20%. Para o autor esse dado “reflete um progresso na liberação feminina no final da década de 60, quando muitas mulheres tomavam parte nas lutas políticas, para questionar a ordem estabelecida em todos os níveis, ainda que suas reivindicações não tivessem explicitamente
um caráter feminista, que ganharia corpo só nos anos 70 e 80, em outras conjunturas.”7
Segundo o informe da CONADEP o percentual de mulheres desaparecidas na Argentina foi
de 30%, sendo que 10% destas – ou seja, 3% do total de desaparecidos – estava grávida.8 No caso
do Uruguai, a estratégia repressiva concentrou-se, em grande medida, no encarceramento – muitas vezes prolongado – dos opositores políticos. Do total de pessoas entrevistadas pelo SERPAJ, dentro de uma amostragem que procura ser representativa da população atingida pela repressão política,
21% é constituída de mulheres.9 Entre os desaparecidos, as mulheres representam pouco mais de
com a Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, é de 6%.11 Como se vê, os dados
citados apresentam elementos díspares: no Brasil, trata-se das mulheres processadas pela Justiça Militar, na Argentina, das mulheres desaparecidas, no Uruguai, das mulheres presas e, no Chile, das mulheres assassinadas. Ainda que provenham de situações dificilmente comparáveis, essas porcentagens testemunham uma participação importante do universo feminino na população de perseguidos políticos.
Sendo o ingresso feminino nas diversas esferas da vida pública um fenômeno recente nas décadas de 1960 e 1970 e considerando que dentro do projeto político dos atores que deflagraram os golpes militares ou os sustentaram o lugar da mulher estava claramente restrito aos cuidados
domésticos ou às obras de caridade12, há espaço para se supor que os agentes da repressão política
tenham identificado nas mulheres militantes um inimigo com um potencial subversivo ainda mais destacado. Principalmente se tomarmos o conceito de repressão de modo mais extensivo, como sugere Antonio González Quintana, abarcando não apenas as idéias políticas, como o âmbito da
ideologia e das condutas pessoais.13 No caso brasileiro, pode-se citar a fala do general Adyr Fiúza
de Castro, ex-chefe do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) do Rio de Janeiro. Indagado sobre se havia admirado, em sua trajetória, alguém como inimigo, o general citou o caso da militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) Aurora Maria do Nascimento Furtado que, diante de uma interpelação policial, pegou um revólver na bolsa e, sem hesitação, atirou no agente, para que seu companheiro de organização pudesse fugir. Capturada, foi assassinada, através da aplicação da “coroa de Cristo”, um instrumento de tortura de provoca o afundamento da caixa craniana. Após relatar esse episódio, o ex-chefe do CODI acrescentou:
Eu conheço vários casos desses, geralmente de mulheres. Porque as mulheres são muito mais ferozes do que os homens. É a minha experiência. São muito mais cruéis e muito mais ferozes do que os homens. Muitas delas, enquanto estavam no terrorismo, enquanto estavam agindo, tinham que ser postas de castigo pela própria chefia – pode perguntar a eles –, porque se excediam.14
Nesse trecho pode-se perceber um conjunto de representações sobre as mulheres que se envolveram com a militância política e que se encontra nos antípodas da imagem mulher/esposa/mãe de família, frágil e subserviente. Ainda que parta de uma expressão de admiração diante do inimigo, os elementos associados à mulher guerrilheira são “crueldade” e “ferocidade”, características que evocam desumanidade e irracionalidade. Ao mesmo tempo, nota-se no discurso uma infantilização das militantes de esquerda que, por nota-se “excederem”, tinham que ser “postas de castigo”, por seus superiores – implicitamente pertencentes ao gênero masculino.
Em sua tese de doutorado, Olívia Rangel Joffily enumera duas formas diferenciadas que a tortura política teria assumido, segundo a autora, quando dirigida às mulheres. Em primeiro lugar, o
uso da tortura de cunho sexual, preferencialmente utilizadas contra as mulheres, situação na
qual “o prazer da dominação do torturador sobre sua vítima [...] é potencializado pelo gozo
masculino em contato com o indivíduo do sexo oposto”.15 Em segundo lugar, a tortura psicológica,
envolvendo ameaças aos familiares mais próximos – filhos, maridos, irmãos, pais.16 A preferência
pela aplicação da tortura de natureza sexual contra as mulheres também aparece no informe da
Comissión Nacional de verdad y reconciliación, do Chile: “Para las mujeres detenidas, la tortura era
sexual y revestía múltiples y aberrantes formas.”17
Já Fernando Gabeira, ex-militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), afirma que os métodos eram definidos em função do que constituía a fragilidade do preso político: “A tortura sexual só existia na medida em que sentiam em você um pavor específico em relação a esse tema. Fazem a tortura de acordo com os elementos que dão mais informações. Se for o estupro,
estupram a pessoa”.18 O relatório do Servicio Paz y Justicia, do Uruguai, também sugere que havia
uma avaliação das características de cada preso político, para definir as modalidades de tortura a serem aplicadas, o que induz a pensar que a característica de gênero não estava ausente desse cálculo:
La heterogeneidad de tipos [de tortura] es otra prueba más de que la tortura era empleada por los militares y policías uruguayos, no como castigo brutalmente aplicado al azar, sino de acuerdo a normas planificadas y metódicamente ejecutadas. Los entrevistados declararon intuir una interrelación entre los diversos tipos de tortura a que eran sometidos, que induce a pensar que los militares tenían estudiados varios ciclos de gravedad creciente y que los empleaban de acuerdo a circunstancias especificas, como ser las características personales del detenido.19
Esse mesmo relatório informa, contudo, que a porcentagem de entrevistados que sofreu
violações é a mesma entre homens e mulheres: 7%.20 No entanto, faz uma ressalva importante.
Além de ser uma modalidade de tortura especialmente difícil de comunicar, por seu caráter estritamente íntimo, há muitos tipos de abusos sexuais – carícias forçadas, agressões verbais, violências atingindo os órgãos genitais – que nem sempre são computadas nesse item. Há igualmente que se levar em consideração que com muita probabilidade os estupros propriamente ditos, realizados diretamente pelos torturadores, sem o intermédio de outros instrumentos, raramente eram realizados contra homens.
No Brasil, diferentemente do Uruguai, a porcentagem de vítimas de abusos sexuais é diferenciada. Segundo o Projeto Brasil: nunca mais, entre as pessoas que denunciaram, no Tribunal Militar, as sevícias pelas quais passaram, 0, 39% de homens sofreram violências sexuais contra 1% das mulheres.21
Não parece portanto inadequado formular a hipótese de que as mulheres foram alvo privilegiado de torturas sexuais, mesmo que isso nem sempre apareçam claramente nas estatísticas.
O informe argentino relata que na Superintendencia de Seguridad Federal “las mujeres eran
obligadas a bañarse delante de los guardias y constantemente sometidas a manoseos y
violaciones”.22 No Uruguai, segundo uma carta escrita por um militar em 1976, denunciando à
Anistia Internacional os fatos que testemunhara: “[...] las mujeres son un tema aparte: los oficiales, suboficiales y la tropa comentan con regocijo la llegada de detenidas jóvenes. Algunos de éstos hán llegados venir los días franco para participar en los interrogatorios. [...] He presenciado personalmente las peores aberraciones cometidas con mujeres ante otros presos por varios
interrogadores.”23
Para além da hipótese aqui construída sobre a existência de uma diferenciação de gênero na estratégia repressiva, há uma percepção diferenciada, nos relatos de ex-torturadas sobre como a repressão incidia em relação às mulheres. A brasileira Dulce Maia, ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) assim descreve a maneira pela qual foi recebida: “Tendo sido a primeira mulher seqüestrada com envolvimento direto em ações da luta armada, era-me concedido um tratamento duplamente “especial”. O primeiro, aquele mesmo que dispensavam aos meus companheiros homens por haverem ousado pegar em armas contra o arbítrio e a intolerância do
regime ilegítimo dos militares. O segundo, pela minha condição de mulher: atrevimento duplo.”24
Reflexão semelhante é tecida pelos autores do informe uruguaio, que afirmam que havia dois tipos de presos políticos que atraíam especial atenção entre os torturadores: as mulheres e os judeus. Uma das entrevistadas, nesse sentido afirma que: “Parecía como que se ensañaran especialmente porque
no aceptaban que una mujer estuviera metida en cosas impropias de su sexo.”25
Havia situações nas quais as diferenciações de gênero se impunham, como os casos em que mulheres – principalmente na Argentina – pariram seus filhos em centros de detenção e tortura. A despeito disso, autoras como Fernanda Gil Lozano invertem a problemática aqui apresentada, indagando justamente, “por qué el terrorismo de estado de los ’70 fue tan igualitario en esta función
repressiva”26 e acrescentando: “para que las mujeres recibieran un trato tan brutal como el de los
varones, tambíen tiene que haber una visualización diferente desde el punto de vista de los
opressores”.27 A questão é extremamente pertinente e revela a complexidade da tarefa aqui
proposta, de lançar um olhar de gênero para a repressão política das ditaduras militares. A pesquisa aqui proposta não pretende oferecer uma resposta definitiva sobre se havia ou não uma estratégia repressiva diferenciada, mas levantar questões, invocar a complexidade da problemática, oferecer
“paradoxos”.28 Afinal, como bem define Boris Fausto, “O ofício do historiador é chamar a atenção
para a complexidade, muito mais que descobrir verdades gerais”.29
Por outro lado, não se pode discutir esse tema sem ter em conta o fato de que os próprios informes e os relatos nele contidos – de homens e mulheres vítimas da repressão – constituem-se,
eles mesmos, dentro de uma visão de gênero própria da época. Assim, o SERPAJ conclui
que, no Uruguai “se aplicaron métodos especialmente vejatorios con las mujeres.”30 No mesmo
informe, temos a reprodução da imagem da mulher como um ser frágil e indefeso: “Y está la impunidad. La de los criminales y los violadores, no sólo de mujeres Indefensas sino también de
todo tipo de derechos humanos.”31 No Nunca mais brasileiro, um capítulo é reservado à “Tortura
em crianças, mulheres e gestantes”, colocando as três categorias dentro de um mesmo nível de
vulnerabilidade.32 No informe chileno assim é descrita uma das conseqüências dos
desaparecimentos no seio da família:
El encarcelamiento, la desaparición o la muerte de un miembro de la familia, generalmente jefe de hogar o hijo, produce un cambio en los roles habituales al interior de la familia; las mujeres deben asumir la búsqueda, huir o iniciar trabajos remunerados de jornadas largas para mantener el hogar; los hijos deben abandonar los estudios para trabajar, las hijas mayores, los familiares cercanos y los vecinos, sustiuyen a las madres en el cuidado de los hermanos menores.33
Ao mesmo tempo em que esse trecho dá conta de uma situação concreta – o ingresso forçado no mercado de trabalho de mulheres que antes dedicavam-se exclusivamente a atividades domésticas – essa situação é tomada dentro de uma perspectiva de “inversão de papéis”.
Assim, há duas problemáticas que se interpenetram: a primeira diz respeito a uma abordagem diferenciada da repressão política quando incidia sobre as mulheres; a segunda se refere à maneira como essa repressão foi vivenciada pelas vítimas e transmitida pelas comissões de verdade e justiça. Nesse sentido, os informes Nunca más são uma fonte privilegiada de análise. O fato de oferecerem alguns dados que remetem à vitimização das mulheres, comparando os dados referentes à vitimização dos homens, demonstra já uma preocupação de perceber as possíveis diferenças que teriam se manifestado no tratamento de umas e outros. É preciso, ademais, lembrar que muitos dos movimentos feministas desses países tiveram como motor inicial a luta de mães e parentes de vítimas em busca de seu paradeiro. O feminismo, na América Latina, nasce articulado com os movimentos sociais de resistência às ditaduras militares, mantendo, algumas vezes, vínculos estreitos com organizações de defesa dos direitos humanos.
Esta pesquisa está articulada a dois projetos que tratam de temas correlatos e mais amplos: “Feminismos e os movimentos sociais de resistência às ditaduras no Cone Sul: uma história
comparativa (1960-1980)”, coordenado pela Profa Dra Joana Maria Pedro e “Relações de gênero na
luta da esquerda armada. Uma perspectiva comparativa entre os países do Cone Sul (1960-1979)”,
coordenado pela Profa Dra Cristina Scheibe Wolff, ambos desenvolvidos no Laboratório de Estudos
de Gênero e História (LEGH), na Universidade de Santa Catarina e financiados pelo CNPq. Esses projetos contam com uma equipe de alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorandos e tem
entre seus objetivos a coleta de fontes impressas e orais. O LEGH já possui farta
bibliografia sobre esses temas e pretende-se, em breve, publicar um livro conjunto sobre as pesquisas em andamento.
* Mestre pela Universidade de Paris IV–Sorbonne e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. 1 CATELLA, Ludmila da Silva; JELIN, Elizabeth (comps.). Los archivos de la represión: Documentos, memoria y
verdad. Madrid/Buenos Aires: Siglo XXI, 2002. GONZÁLEZ QUINTANA, Antonio. Los archivos de la seguridad del
Estado de los desaparecidos regímenes repressivos. Disponível em: http://portal.unesco.org.
2 CALONI, Stella. Operación Condor: pacto criminal. México: La Jornada, 2001. DINGES, John Os anos do condor.
São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
3 FICO, Carlos. Como eles agiam. Os subterrâneos da ditadura militar: espionagem e polícia política. Rio de Janeiro:
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2005.
4 CRENZEL, Emilio A. La historia política del Nunca Más. La memoria de las desapariciones en la Argentina.
Buenos Aires: Siglo XXI, 2008. MARCHESI, Aldo; MARKARIAN, Vânia; RICO, Álvaro; YAFFÉ, Jaime (Org.). El
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RONIGER, Luis; SZNAJDER, Mario. O legado de violações dos direitos humanos no Cone Sul. São Paulo: Perspectiva, 2005. D’ARAUJO, Maria Celina; CASTRO, Celso (Org.). Democracia e Forças Armadas no Cone Sul. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2000.
5 COLLING, Ana Maria. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos tempos,
1997. CARVALHO, Luiz Maklouf. Mulheres que foram à luta armada. São Paulo: Globo, 1998. ARAUJO, Ana Maria.
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6 WOLFF, Cristina Scheibe. Feminismo e configurações de gênero na guerrilha: perspectivas comparativas no Cone Sul
(1968-1985). In: Revista Brasileira de História, vol. 27, nº 55, São Paulo, dez. 2007. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882007000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em mai. 2008.
7 RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Editora da Unicamp, 1993, p. 198. Para Olívia
Rangel, esses dados não fornecem um retrato da participação feminina uma vez que muitas mulheres não se envolveram diretamente em ações armadas, mas trabalharam nos bastidores. JOFFILY, Olívia Rangel. Esperança equilibrista.
Resistência feminina à ditadura militar no Brasil (1964-1985). Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pós-Graduação
em Ciências Sociais – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2005, p. 146.
8 COMISIÓN NACIONAL SOBRE LA DESAPARICIÓN DE PERSONAS (CONADEP). Nunca más: informe de la
Comisión Nacional sobre la desaparición de personas. 8ª edição, Buenos Aires: Eudeba, 2007, p. 298.
9 SERVICIO PAZ Y JUSTICIA. Uruguay: nunca más. Informe sobre la violación de los Derechos Humanos
(1972-1985). Montevideo: SERPAJ, 1989, Introdução. (A versão do informe de que disponho não contém numeração de
página. Por isso limitar-me-ei, nesse projeto, a indicar o capítulo ao qual pertencem as citações.).
10 Os dados não são precisos: segundo o informe, a Comissão de Investigação sobre a Situação de Pessoas
Desaparecidas e dos Fatos que o Motivaram, criada no seio da Câmara de deputados, registou 160 denúncias de desaparecimentos no período que vai de 1971 a 1981, dos quais 118 são homens, 38 mulheres e 8 crianças. A somatória desses valores dá o resultado de 164 pessoas e não 160. SERVICIO PAZ Y JUSTICIA. Uruguay: nunca más. Capítulo 7.
reconciliación. 2ª edição, 3 volumes, Santiago do Chile, 1996, p. 1364.
12 De acordo com Dharana Pérola Sestini, mesmo quando as mulheres pertencentes aos setores conservadores da
sociedade brasileira resolveram ir às ruas manifestar seu apoio ao golpe militar de 1964, fizeram-no em defesa de uma visão do mundo que representava a mulher como “destinada às funções domésticas: cuidado com o lar, educação dos filhos e zelo pelo marido.” SESTINI, Dharana Pérola Ricardo. A “mulher brasileira”em ação: motivações e
imperativos para o golpe militar de 1964. Dissertação (Mestrado em História) – Pós-Graduação em História Social,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008, p. 45.
13 QUINTANA GONZÁLEZ QUINTANA, Antonio. Los archivos de la seguridad del Estado de los desaparecidos
regímenes repressivos. Disponível em: http://portal.unesco.org. Acesso em: fev. 2008.
14 D’ARAUJO, Maria Celina; SOARES, Gláucio Ary Dillon; CASTRO, Celso. Os anos de chumbo: a memória militar
sobre a repressão. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994, p. 77.
15 JOFFILY, Olívia Rangel. Esperança equilibrista, p. 139. 16 JOFFILY, Olívia Rangel. Esperança equilibrista, p. 139.
17 CORPORACIÓN NACIONAL DE VERDAD Y RECONCILIACIÓN. Informe de la Comissión Nacional de verdad
y reconciliación, volume 1, p. 100.
18 Entrevista de Fernando Gabeira. Pasquim n. 490, 17 jul. 1978, p. 12. 19 SERVICIO PAZ Y JUSTICIA. Uruguay: nunca más.
20 SERVICIO PAZ Y JUSTICIA. Uruguay: nunca más.
21 Projeto Brasil: Nunca Mais, Tomo V, v. 1, A tortura, p. 74. O universo de denunciantes de torturas é de 1.461
homens e 382 mulheres, ou seja, as mulheres constituem 26% desse total. Idem, p. 65) As violências computadas como “sexuais” são: amarrar pênis para não urinar – introdução de bastão elétrico no ânus – introdução de cabo de vassooura no ânus – introdução de objeto não identificado no ânus – enviar vela acesa no ânus – enfiar cigarro aceso no ânus – introdução de barata no ânus – órgãos genitais furados com agulha – pendurado pelos testículos – enfiar estilete no pênis – presilha nos órgãos genitais – amarrar o pênis e arrastar – bliscar os seios – puxar os testículos – testículos amarrados – testículos esmagados – bater nos testículos – enfiar cabo de madeira na vagina – estupro de mulher presa – violência sexual mulheres – violência sexual com esposa presa – violências nos órgãos genitais . Idem, p. 72.
22 COMISIÓN NACIONAL SOBRE LA DESAPARICIÓN DE PERSONAS (CONADEP). Nunca más, pg. 156. 23 SERPAJ. Uruguay: nunca más. Capítulo 1.
24 FREIRE, Alípio; ALMADA, Izaías; PONCE, J. A. de Granville (Org.). Tiradentes, um presídio da ditadura. São
Paulo: Scipione, 1997, p. 99.
25 SERPAJ. Uruguay: nunca más. Capítulo 2.
26 LOZANO, Fernanda Gil. Mujer y dictadura. In: WOLFF, Cristina Scheibe; FÁVERI, Marlene de; RAMOS, Tânia
Regina Oliveira. Leituras em rede: gênero e preconceito. Florianópolis: Mulheres, 2007, p. 78.
27 LOZANO, Fernanda Gil. Mujer y dictadura, p. 79.
28 Joan Scott, em seu artigo “O enigma da igualdade”, faz uma ampla discussão sobre os conceitos de igualdade e
diferença entre os gêneros, bem como entre as identidades individuais e de grupo, evocando a fala de Olympe de Gouges, uma das primeiras feministas, autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, de 1791, durante a Revolução Francesa. Em seu discurso, Olympe de Gourges afirmava ter somente “paradoxos a oferecer e não problemas fáceis de serem resolvidos”. Apud SCOTT, Joan. O enigma da igualdade. In: Estudos Feministas. UFSC, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Centro de Comunicação e Expressão. v. 7, nº 1-2, Florianópolis: UFSC, 1999, p. 11.
29 FAUSTO, Boris; DEVOTO, Fernando J. Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada. São Paulo: Editora
34, 2004, p. 25.
30 SERPAJ. Uruguay: nunca más. Introdução. 31 SERPAJ. Uruguay: nunca más. Prefácio.
32 ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. Brasil: nunca mais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985, p. 43. 33 COMISIÓN NACIONAL DE VERDAD Y RECONCILIACIÓN. Informe, p. 1151.