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Um retrato da imigração em Uberlândia-MG nos anos 1991, 1996 e 2001

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BERTOLUCCI JR, Luiz; FERREIRA, Ester W. Um retrato da imigração em Uberlândia-MG nos anos

1991, 1996 e 2001. Pôster apresentado no I Encontro Transdisciplinar sobre Espaço e População e III

Encontro Nacional sobre Migrações. Nepo/UNICAMP. Campinas-SP, 13 a 15 de novembro de 2003.

Um retrato da imigração em Uberlândia-MG nos anos 1991, 1996 e 2001

Ester William Ferreira1 Luiz Bertolucci Júnior2

Introdução

Muitos estudos têm sido realizados tendo como recorte analítico a Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (TMAP). Considerada como uma das áreas de expressivo dinamismo econômico do Estado de Minas Gerais, essa região também tem assumido importante papel na dinâmica migratória do estado. Durante os anos 80, foi a terceira que mais recebeu migrantes de outros estados (absorveu 18% dos imigrantes interestaduais), perdendo somente para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (23,5%) e para o sudoeste e sul de Minas (18,9%) (Carvalho et.al., 1998). Em outro estudo (Ferreira, 1998), verificou-se que têm sido intensos os deslocamentos populacionais internos (entre suas microrregiões e municípios). Algumas cidades se destacaram como maiores receptoras de população, entre elas, Uberlândia.

Os dados censitários de 1980 e 1991, mostraram que a microrregião de Uberlândia comportou-se como absorvedora líquida de população, nos últimos qüinqüênios das respectivas décadas (Bertolucci, 2001). Significa dizer que a microrregião de Uberlândia mostrou diferença migratória positiva em relação ao restante do Brasil, conseguindo maior poder de atração de população que perdas para o restante do País. Desta maneira, se o município de Uberlândia concentrava aproximadamente 60% da população residente na microrregião, pode-se inferir que o município de Uberlândia apresentou ganhos líquidos de população, o que lhe garantiu expressivas taxas de crescimentos, desde os anos 70 (Tabela 1).

1 Economista do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais (CEPES), do Instituto de Economia da Universidade

Federal de Uberlândia. Mestre em Desenvolvimento Econômico pela mesma instituição.

2Economista do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais (CEPES), do Instituto de Economia da Universidade

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Tabela 1 – Município de Uberlândia–MG:

População Urbana e Rural e taxa de crescimento (ao ano) em % - 1970/2000

ANOS Urbana Rural Total Urbana Rural Total

1970 112.662 13.450 126.112

1980 231.583 9.384 240.967 7,47 -3,54 6,69

1991 358.166 8.896 367.062 4,04 -0,48 3,90

2000 488.982 12.232 501.214 3,55 3,64 3,56

Fonte: FIBGE - Censos Demográficos 1970, 1980, 1991 e 2000 Tabulações Especiais para os Censos de 1970 a 1991

Apontado como principal pólo da referida área, o município concentra os avanços demográficos e econômicos da dinâmica regional dos últimos anos (Silva et al, 2001). Essa centralidade faz com que Uberlândia seja o “destino” da maioria dos fluxos migratórios ocorridos dentro da Mesorregião, além de parte não desprezível dos fluxos provenientes de outros estados.

O objetivo deste trabalho é retratar a dinâmica imigratória da cidade de Uberlândia com o restante do país a partir de três fontes de dados, metodológica e temporalmente diferentes, mas que possibilitam inferir sobre um possível padrão do local de origem dos imigrantes, ao longo dos qüinqüênios compreendidos entre 1991 e 2001, bem como sobre a motivação que levou esses migrantes a saírem dos municípios em que nasceram ou estavam residindo, e se dirigirem para essa cidade.

Os dados analisados referem-se aos resultados de três estudos: Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba: características dos fluxos imigratórios -1980/1991 (Ferreira, 1998), e as Condições sócio-econômicas das famílias na periferia de Uberlândia, realizadas em 1994 e 2001, pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais do Instituto de Economia, da Universidade Federal de Uberlândia (Shiki e Neder, 1996; Leme e Neder, 2001).

Inicialmente, serão sintetizados alguns aspectos metodológicos de cada pesquisa, ressaltando-se que não se pretende, aqui, discutir exaustivamente os métodos estatísticos adotados. Para esclarecimentos mais aprofundados recomenda-se a consulta aos relatórios de pesquisa.

Em seguida, serão discutidos os resultados obtidos especificamente no que se refere à imigração. Embora esses resultados não possam ser comparados integralmente, se considerado o número de imigrantes, obtêm-se confirmações interessantes sobre os locais de origem e dos motivos que estimularam o movimento migratório em direção ao município em estudo.

Os principais

aspectos metodológicos e a temporalidade das pesquisas

O estudo realizado por Ferreira (1998) foi feito tendo como base de informação os dados dos Censos Demográficos de 1980 e de 1991, realizados pelo IBGE. A partir dos microdados censitários, foram tabuladas as informações referentes aos fluxos imigratórios para a região do TMAP, tanto fluxos inter quanto intra-estaduais. No estudo, considerou-se que a imigração intra-estadual compreende tanto a

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imigração dos demais municípios de Minas Gerais para a região, quanto os fluxos migratórios que ocorreram dentro do próprio TMAP, que poderiam ser chamados de migração “intra-Triângulo”.

À parte a análise feita sobre essa região, as tabulações permitiram obter um quadro da imigração para os principais municípios do TMAP, entre eles, o município de Uberlândia, em 1980 e 1991. Tendo em vista o que se pretende neste artigo, optou-se por analisar somente os dados referentes às tabulações especiais do Censo Demográfico de 1991.

Com a finalidade principal de determinar quantitativamente o grau de pobreza e de indigência no município, esse trabalho representou, na verdade, um marco nos estudos sobre o município à medida que, por meio dos resultados científicos, proporcionou o conhecimento de informações fundamentais para a definição de políticas públicas. Embora a pesquisa, com método amostral, tenha se limitado a trinta e seis bairros situados na periferia de Uberlândia, num conjunto de mais de cem bairros na cidade, foi possível conhecer as condições de vida da população nos aspectos: renda, educação, saúde, condições de moradia e migração.

Uma vez que não se dispunha de um cadastro consistente dos domicílios em cada setor (ou bairro), mas apenas de uma listagem do número de domicílios, optou-se pelo método da amostragem sistemática para a escolha dos domicílios onde seriam aplicados os questionários. Após a tabulação destes, foi realizada a expansão dos resultados amostrais, a partir da qual o número de domicílios pesquisados totalizou 22.826.

Os resultados foram surpreendentes à medida que revelaram uma realidade diferente daquela que vinha sendo propagada tanto pelo poder público local quanto pela imprensa. As informações levantadas serviram, portanto, para um melhor conhecimento da realidade local, tornando possível a elaboração de medidas e políticas públicas com vistas a mudar o quadro sócio-econômico da população pesquisada.

Nesta pesquisa, no que se refere à migração, foram feitas apenas três perguntas: 1) onde morava antes? (devia-se colocar a cidade de última residência antes de se fixar naquele bairro ou se residia antes na zona rural, independente da cidade onde esta se situasse); 2) por que motivo mudou para Uberlândia? e 3) há quanto tempo mora no bairro?.

Como nenhum quesito contemplou o tempo de residência, ou perguntou a data de chegada ao município, a resposta à primeira questão inclui pessoas que podem ter realizado, além dos movimentos migratórios inter ou intra-municipal, o deslocamento dentro do espaço urbano de Uberlândia, o movimento inter-bairros, podendo ser migrantes ou mesmo naturais do município. O quesito mostrou deficiência em sua elaboração, pois acaba inflando o número de pessoas que sempre moraram no município e subestimando o número de imigrantes, visto que, se o migrante, após sua chegada ao município, mudou de residência, saindo de um bairro para outro, quando questionado na pesquisa de

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campo onde morava antes, respondeu o nome do bairro anterior e não do município de residência anterior, o que limita em muito, a análise dos resultados no que se refere ao número de migrantes.

Decorridos aproximadamente cinco anos da divulgação daqueles resultados, foi realizada nova pesquisa das condições sócio-econômicas das famílias da Uberlândia. Contudo, diferentemente da anterior, esta pesquisa, realizada em 2001 pela Universidade Federal de Uberlândia com colaboração da Prefeitura Municipal, não se restringiu apenas aos bairros da periferia do município, mas ampliou-se também para os demais bairros.

O procedimento adotado em campo foi o de amostragem sistemática. Foram aplicados dois questionários. A aplicação do questionário mais restrito tinha como objetivo cadastrar as famílias residentes nos bairros da periferia de Uberlândia de modo a quantificar e identificar aquelas de baixa renda e suas condições de vida. Nesse sentido, “buscou-se abarcar todos os bairros que compõem o cinturão da área urbana, nele incluindo as vilas distritais” (LEMOS & NEDER, 2001:1).

Nesta pesquisa, realizada em 2001, contou-se com maior número de quesitos que tratam sobre migração. Para todos os membros da família pesquisada questionou-se sobre o município e Unidade da Federação de nascimento. Para o responsável da família perguntou-se em que município morava antes e o que motivou o responsável pela família a mudar-se para Uberlândia. A pesquisa não contou com quesitos sobre o tempo de residência no município, o que impossibilita uma análise temporal da imigração.

Padrão de origem e motivação dos imigrantes

Estudo dos dados de 1991

De acordo com alguns dados do Censo Demográfico de 1991, analisados no estudo de Ferreira (1998), foram recenseados 145.223 habitantes residentes há menos de dez anos na Mesorregião TMAP que provinham de outros estados do país. Desse total, cerca de 33% residiam em Uberlândia quando da realização do Censo, o que significa que grande parte da população migrante que se deslocou para a mesorregião, dirigiu-se principalmente para o município em estudo, uma vez que o segundo com maior percentual de migrantes residentes foi Uberaba, com 12%.

A partir das respostas à pergunta referente à UF/região de residência anterior, observou-se que, do total de imigrantes interestaduais que chegaram em Uberlândia no decênio 1981/91, grande parte residia antes no Estado de Goiás (36,47%) e, em segundo lugar, em São Paulo (19,78%). Cabe destacar que o percentual que aparece sob a sigla MG* (11,91%) refere-se à população que saiu de outras Ufs, residiram em alguma cidade mineira e, finalmente, se deslocaram para Uberlândia. Essa população é considerada migrante interestadual, embora tenha feito um movimento intra-estadual. O que acontece, no entanto, é que sobre esse migrante perde-se a informação da UF de residência anterior. (Ver Figura 1).

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Figura 1 - Uberlândia - Imigrantes Interestaduais segundo o local de residência anterior - 1991 0,49 0,61 2,84 3,74 4,28 8,21 11,67 11,91 19,78 36,47 ES Brasil s/esp. RJ Norte Sul Nordeste Resto CO MG* SP Goiás

Fonte: Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba: características dos fluxos imigratórios: 1980/1991. Ferreira, 1998.

O estudo permitiu ainda conhecer a intensidade dos fluxos migratórios intra-estaduais. No trabalho, estes fluxos referem-se ao deslocamento de pessoas que vieram do resto de Minas Gerais para o TMAP, bem como ao deslocamento dentro da própria Mesorregião (entre suas microrregiões e municípios). Cabe esclarecer que, quanto aos imigrantes provenientes das demais cidades mineiras, não se especificou de que municípios vieram. Sabe-se que tiveram, como último local de residência, uma cidade do resto de Minas.

De acordo com os dados, os imigrantes intra-estaduais dirigiram-se, em sua maioria, para a microrregião de Uberlândia (32,95%). Destes, cerca de 24,93% se deslocaram para o município de Uberlândia. (Ver Tabela 2). Como pode ser observado, esta microrregião e sua cidade-pólo foram os que receberam os maiores contingentes de migrantes, tanto interestaduais quanto intra-estaduais, no decênio 1981/91.

Tabela 2 - TMAP - Participação relativa dos imigrantes nas microrregiões e cidades-pólo de destino

Microrregiões/ 1991

Cidades-pólo de Destino Imigrantes Imigrantes Total

Interestad. Intra-est. Micro Ituiutaba 7,4 8,54 7,98 Ituiutaba 4,22 4,84 4,53 Micro Uberlândia 45,92 32,95 39,31 Uberlândia 33,42 24,93 29,09 Micro Patrocínio 8,17 12,54 10,4 Patrocínio 3,01 3,96 3,5

Micro Patos de Minas 6,04 14,09 10,15 Patos de Minas 3,52 7,43 5,52 Micro Frutal 10,86 8,08 9,44 Frutal 2,88 2,02 2,44 Micro Uberaba 13,92 11,43 12,65 Uberaba 12,51 9,76 11,11 Micro Araxá 7,69 12,36 10,07 Araxá 2,44 5,1 3,8 Total 100 100 100

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Pesquisa de 1994

Por meio das respostas à primeira pergunta, foi possível verificar que 67,86% dos entrevistados afirmaram que moravam antes em Uberlândia. Esta resposta não foi cronologicamente definida, portanto, inclui pessoas que podem ter realizado, além dos movimentos migratórios inter ou intra-regional, o deslocamento dentro do espaço urbano de Uberlândia, podendo essas ser migrantes ou mesmo naturais do município.

O percentual de 67,86% dos entrevistados respondendo que moravam antes em Uberlândia em contraposição a 26,05% que afirmaram terem tido outra cidade como residência anterior, indicam uma predominância dos deslocamentos dentro do espaço urbano do município relativamente às migrações inter e intra-regional. O percentual dos que nada responderam foi de 4,65%, e 1,45% disseram que moravam antes no setor rural, não definindo em que município.

Dentre os entrevistados provenientes de outros municípios, a maioria (39,65%) saiu dos demais municípios do TMAP, confirmando a tendência de centralidade regional já observada na análise anterior. Esse resultado, se somado à porcentagem de 13,6% referente ao restante de Minas Gerais, mostra que o estado como um todo totalizou 53,25% das respostas. Cerca de 20,22% tinham Goiás (GO) como UF de residência anterior. Em terceiro lugar, está o Estado de São Paulo, com 10,39% das respostas. (Ver Fig.2). Figura 2 - Entrevistados - Local de última residência

TM

C

Fonte: Pesquisa Condições Sócio-Econômicas das famílias na periferia de Uberlândia, 1996

0,84 2,26 2,37 2,79 7,88 10,39 13,6 20,22 39,65 RJ/ES DF Sul entro-Oeste (- GO) Norte/Nordeste SP MG GO AP

A análise das respostas à pergunta “Por que motivo mudou para Uberlândia?” permitiu a listagem de nove motivos principais que levaram os migrantes a se dirigirem para o município, a saber: 1) procura por trabalho; 2) migrou junto com a família ou veio atrás dela; 3) por melhores condições de vida que a cidade oferece; 4) por melhores condições para aquisição da casa própria ou de terrenos; 5) procura por melhores condições de trabalho, estudo e pela cidade; 6) transferência de emprego; 7) procura por

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melhores condições de estudo; 8) melhores condições de tratamento médico, e 9) outros motivos – de ordem pessoal.

Pode-se visualizar, na Figura 3, os resultados observados para a totalização dos bairros pesquisados. Os dados mostram a predominância do motivo trabalho (51,79%) relativamente ao total dos motivos apresentados. Outros motivos que se destacaram foram: migração junto com a família (19,26%) e migração condicionada pela perspectiva de melhor qualidade de vida na cidade.

Figura 3 - Entrevistados – Motivos da migração para Uberlândia

Fonte: Pesquisa Condições Sócio-Econômicas das famílias na periferia de Uberlândia, 1996

51,79

19,26

6,74

4,8 6,39

2,66 2,89 3,04 2,39

MOT.1 MOT.2 MOT.3 MOT.4 MOT.5 MOT.6 MOT.7 MOT.8 MOT.9

É interessante destacar que, em sua maioria, os motivos estão relacionados, mesmo que indiretamente, com a procura por trabalho, podendo-se inferir que a crença de se conseguir uma ocupação se traduz no grande fator de atração de migrantes para Uberlândia, informação que acabou por ser confirmada na pesquisa de campo de 2001.

Pesquisa de 2001

A partir da análise da população estimada, verificou-se que a população é formada por 48% de naturais e 52% de não naturais, resultado que confirma a importância dos migrantes na composição da população total.

No que diz respeito ao local de nascimento, os não naturais são provenientes, principalmente, do próprio TMAP (41,2%), percentual que, somado aos 16,6% referentes àqueles que nasceram nos demais municípios mineiros, totaliza quase 60% dos não naturais com nascimento em Minas Gerais. Em seguida, estão os migrantes nascidos em Goiás (17,9%) e em São Paulo (7,9%)..

Uma contribuição diferenciada que a pesquisa de 2001 trouxe em relação à realizada em 1994 foi o detalhamento da origem migratória dos responsáveis familiares, de acordo com o local de nascimento e

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de última residência. Cabe destacar que, na análise, é considerada apenas uma pessoa do Grupo Familiar (GF), seu chefe; em conjunto, eles representam 27% da população urbana total. Os responsáveis não naturais totalizam 87,5 mil pessoas ou 19,5% dos habitantes urbanos.

Levando-se em conta o local de última residência, e não mais o de nascimento, constatou-se que 44% do total dos responsáveis não naturais são provenientes do TMAP, 21% do Estado de Goiás e 13% dos demais municípios de Minas Gerais (ver Tabela 3).

Tabela 3 - Responsáveis familiares não naturais de Uberlândia Local de última residência

Total Frequência C% 38.296 43,8 18.189 20,8 11.510 13,2 7.735 8,8 4.781 5,5 2.743 3,1 1.803 2,1 1.370 1,6 87.461 100 Norte Sul Total MG (-TMAP) São Paulo Nordeste Centro-Oeste (-GO)

Local de última residência

TMAP Goiás

Fonte: Pesquisa Condições Sócio-Econômicas das famílias de Uberlândia, 2001.

Por meio do cruzamento entre a idade atual e o tempo de residência em Uberlândia, verificou-se que quase 85% dos responsáveis não naturais chegaram ao município com idade igual ou superior a 15 anos, destacando-se o grupo etário de 15 a 44 anos (em torno de 68%).

Na análise dos dados, foi possível identificar o deslocamento dos responsáveis não naturais, diferenciando os que vieram diretamente dos municípios de nascimento (possivelmente tendo feito um único deslocamento para Uberlândia) daqueles que realizaram ao menos uma etapa migratória.

Tabela 4 - Responsáveis familiares não naturais de Uberlândia Local de última residência, considerando o local de nascimento

Local de última residência

Frequência L% Frequência L% Frequência L%

TMAP 23.022 60,1 15.274 39,9 38.296 100 Goiás 7.099 39 11.090 61 18.189 100 MG (-TMAP) 5.837 50,7 5.673 49,3 11.510 100 São Paulo 2.649 34,2 5.086 65,8 7.735 100 Nordeste 2.898 60,6 1.883 39,4 4.781 100 Centro-Oeste (-GO) 486 17,7 2.257 82,3 2.743 100 Norte 470 26,1 1.333 73,9 1.803 100 Sul 483 35,3 887 64,7 1.370 100 ES e RJ 297 28,7 737 71,3 1.034 100 Total 43.241 49,4 44.220 50,6 87.461 100 Local de Nascimento Diferente Total Mesmo Local de Nascimento

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De acordo com a Tabela 4, observa-se que, do total dos responsáveis não naturais, roxim

ram a mudança para Uberlândia, por parte dos responsáveis pelas mílias

o de retorno. ap adamente metade deles (49,4%) tinha como local de última residência o mesmo local de nascimento, enquanto 50,6% eram provenientes de municípios diferentes daqueles onde nasceram. É interessante notar que, entre os que saíram do TMAP, a maioria (60,1%) provavelmente migrou uma única vez, resultado que foi também observado para os que vieram da Região Nordeste (60,6%). Por outro lado, excetuando-se os demais mineiros, a maioria dos que chegaram de outras regiões realizaram mais de uma etapa migratória em seu percurso.

Os motivos que estimula

fa se concentram nas razões por trabalho (64,6%) e por acompanhamento de parentes (21,5%), ou seja, na medida em que os responsáveis migram para buscaram emprego no mercado de trabalho uberlandense, por efeito indireto da migração, seguem-se os cônjuges e filhos, nascidos em outros municípios, bem como outros parentes componentes do núcleo familiar migrante. Certamente muitos responsáveis pelas famílias acompanharam outros membros da família que conseguiram trabalho em Uberlândia ou que buscam a cidade para educação e saúde, visto Uberlândia representar um pólo-educacional e, também, uma localidade com ampla infra-estrutura de atendimento à saúde.

A pesquisa de 2001 possibilitou interessantes informações sobre a migraçã

Aproximadamente 5% do total dos responsáveis que migraram para Uberlândia são de naturais uberlandenses que fizeram uma última etapa migratória em outro município. A maior parte dos retornados estiveram residindo em outros municípios do TMAP ou do vizinho Estado de Goiás, sendo que os motivos predominantes para o retorno foram por conta de trabalho (49%) e por acompanhar o parente que migrou (32,8%). Certamente, um estudo complementar seria aquele que mostrasse o perfil ocupacional e educacional do retornado, verificando se o mesmo estava inserido em atividades com maior exigência de formação, ou se retornou por conta da baixa qualificação, de estar inserido em setores menos dinâmicos, principalmente aqueles ligados a atividades rurais, que contam com forte componente sazonal de contratação de mão-de-obra.

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Tabela 5 - Natural retornado responsável pela família por local de última residência e motivo de mudança Local de última residência Retorna dos % linha Retornad os % linha Retornad os % linha Retorna dos % linha Retorna dos % linha Retorna dos % linha Norte 65 27 - - 66 27,4 110 45,6 - - 241 100 Nordeste 71 36,4 - - - - 115 59 9 4,6 195 100 MG (-TMAP) 246 100 - - - 246 100 ES e RJ 25 56,8 - - - - 19 43,2 - - 44 100 São Paulo 243 30,8 122 15,4 20 2,5 329 41,6 76 9,6 790 100 Sul 24 26,1 - - 40 43,5 28 30,4 - - 92 100 Centro-Oeste (-GO) 160 41,3 - - 67 17,3 134 34,6 26 6,7 387 100 TMAP 636 60,6 50 4,8 113 10,8 241 23 9 0,9 1.049 100 Goiás 620 50,5 46 3,7 39 3,2 426 34,7 96 7,8 1.227 100 Total 2.090 48,9 218 5,1 345 8,1 1.402 32,8 216 5,1 4.271 100

Trabalho Saúde Educação Parentes Total

Outros Motivos

Fonte: Pesquisa Condições Sócio-Econômicas das famílias de Uberlândia, 2001.

Considerações Finais

As pesquisas analisadas mostraram um certo padrão imigratório, no que se refere ao local de última residência, para o município de Uberlândia-MG, ainda que contem com diferentes metodologias na obtenção das informações.

Este padrão de origem dos imigrantes destacou que a maior parte dos que chegam a Uberlândia são provenientes dos demais municípios componentes do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, nos vários momentos de realização das pesquisas. Se considerados os demais municípios mineiros, que não fazem parte da TMAP, o Estado de Minas Gerais foi o maior fornecedor de migrantes para o município em estudo. Em segundo lugar, aparece o Estado de Goiás, que por sua proximidade geográfica e forte interação econômica forneceu, em todos os períodos analisados, expressivo contingente de imigrantes para Uberlândia.

Os motivos predominantes para migração em direção a Uberlândia foram por razões de trabalho e acompanhamento de parentes. Neste sentido, pode-se inferir que a imigração pressiona o mercado de trabalho no município, na medida que fornece maior contingente de migrantes em idade ativa, que chegam com a perspectiva de obtenção de emprego.

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Referências bibliográficas

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Mestrado.

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Referências

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