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TORTURA E NÃO SIMPLES LESÃO CORPORAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM

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PUBLICAÇÃO OFICIAL DO INSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS CRIMINAIS ISSN 1676-3661 ANO 13 - Nº 151 - Junho/2005

O DIREITO POR QUEM O FAZ:

TORTURA E NÃO “SIMPLES” LESÃO CORPORAL. CONFLITO

NEGATIVO DE JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM

Auditoria Militar de João Pessoa/PB

Proc. 20020040200772 Promoção ministerial

Exmo. sr. dr. juiz auditor militar

À luz das provas e demais documen-tos acostados aos audocumen-tos, o Ministério Público Militar vem, pelas razões a se-guir expostas, com suporte nos arts. 112, “b”, 113, “b” e 114, parte final, do C.P.P.M., suscitar o presente Conflito

Negativo de Jurisdição.

Cabe esclarecer, logo à partida, que os autos sub analise cuidam de ação nal movimentada originariamente pe-rante a Justiça Comum Estadual, em desfavor do increpado G.N.L., devendo sublinhar-se que a incoativa desenvol-veu narrativa fática e capitulação jurídi-ca que acenam, de modo induvidoso, para a prática do crime de tortura.

De estabelecer, que às fls. 149/152, o digno promotor de Justiça então ofici-ante, de modo indevido, permissa venia, manifestou-se pela desclassificação do crime de tortura (de competência da Jus-tiça Comum), para o crime de lesão cor-poral leve.

De outra banda, colhe verificar que às fls. 167/168, mercê decisão da lavra do ilustre juiz suscitado, fez-se a remessa dos presentes autos a essa Auditoria Mi-litar, vindo referido magistrado a enten-der estar diante de crimes capitulados na legislação castrense (arts. 209 e 226, do C.P.M.), por haver vislumbrado que no curso da instrução criminal não teria

restado demonstrada a prática do crime de tortura, timbrando em assinalar — a

nosso juízo, d.v., de modo inexato —, que referida infração penal estaria a exigir, sempre, o fim específico de que a vio-lência corporal contra a pessoa realize-se com a estrita “finalidade de obter-realize-se

in-formação, declaração ou confissão da víti-ma”, e que na óptica daquele insigne

jul-gador, no caso em tela, a “agressão

prati-cada pelo processado contra o ofendido foi movida, exclusivamente, pelo animus lae-dendi”, vindo, com base nesta premissa, a excluir a incidência tanto do inciso I, como do inciso II, do art. 1º da Lei nº 9.455, de 7 de Abril de 1997, culminando por reconhecer a incompetência

juris-suspensão da ação penal então em curso e o envio dos autos a essa Auditoria.

Enfrentando o busílis do problema em discussão, é preciso, inicialmente, divisar que o argumento brandido no juízo suscitado no sentido de que o cri-me de tortura apresenta uma conotação estrita, isto é, limitada tão-somente ao

dolo específico, consistente em obter-se

informação, declaração ou confissão da vítima, não encontra amparo legal.

Veja-se, não é preciso o socorro de tratados de Direito Penal para consta-tarmos a partir de uma singela leitura desinteressada do texto da lei de regên-cia (estamos a pensar na Lei nº 9.455/ 97), que a premissa que serviu de esteio à declaração da incompetência do juízo suscitado apresenta-se eivada de vício, vez que fruto de uma apreciação

incom-pleta do diploma legal em apreço, de

modo a comprometer a validade da con-clusão a que chegou o ilustre julgador.

Dito de outro modo: afirmar-se que o crime de tortura só se configura se pre-sente fim específico consistente em ob-ter-se informação, declaração ou con-fissão da vítima, importa em raciocínio falho, porque incompleto e parcial, na medida em que lastreado, exclusivamen-te, na dicção da alínea “a”, do inciso I, do art. 1º, da prefalada Lei nº 9.455/97.

O manejar a razão para assim con-cluir transforma o intérprete incauto em

legislador positivo, na medida e na

dimen-são em que sem a superveniência de di-ploma legal (lei formal) de procedência do Legislativo, revoga não apenas as alí-neas “b” e “c” do mencionado inciso, como também suprime o inciso II do art. 1º da Lei em comento, cujo preceito exprime constituir crime de tortura —

“submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento fí-sico ou mental, como forma de aplicar cas-tigo pessoal ou medida de caráter preventi-vo”. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Mais grave, faz tabula rasa do disposto no § 1º, assim redigido, verbatim: “Na

mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental por intermé-dio da prática de ato não previsto em lei ou

Cabe perguntar, a vítima de nome C.J.L., encontrava-se custodiada quan-do submetida a tratamento desumano? A resposta está nos autos e é afirmativa, pois, desde o momento de sua prisão esta passara ao poder e à autoridade do indi-gitado, que, como representante do Es-tado (e segundo a Constituição vivemos sob a égide de um Estado Democrático de Direito) tudo deveria ter feito para assegurar e proteger a integridade física e moral da pessoa custodiada (vítima), mas que, e é de se lamentar e recriminar profundamente, tudo fez para humilhá-la e deprimi-humilhá-la.

No caso vertido nos autos, verifica-se que a vítima foi destratada, humilha-da e espancahumilha-da (socos e pontapés) pelo acusado e por seus subordinados (todos policiais militares). A materialidade da tortura encontra-se emblemada não apenas em testemunhos, encontra-se de-senhada, sobremodo, nas lesões descritas

no Laudo de Exame de Corpo de Delito de

fls. 80, assinado por dois peritos oficiais. Além do depoimento da própria vítima (fls. 118/120) — aliás, em casos que tais, por exigir uma redobrada coragem e dis-posição de ânimo para enfrentar seus al-gozes, este deve ser valorado de modo

es-pecial — não se pode simplesmente

ig-norar os depoimentos de fls. 38/40; fls. 43/44 (observe-se, com atenção, que a

mãe da vítima não pode ser considerada

simples declarante, porquanto o art. 354 do C.P.P.M. apenas exime da obrigação de depor os parentes do “acusado”); fls. 57/58; fls. 122; fls. 123 e fls. 134.

Por outro lado, segundo o depoimen-to bastante crível da vítima, é-se infor-mado que a mesma no percurso para a delegacia “recebeu um chute no rosto

des-ferido por um policial tendo fraturado o nariz e perdido muito sangue... que o poli-cial V. pegou um saco plástico com urina e colocou na cabeça do depoente, tentando sufocá-lo, enquanto outro policial ficou em cima das algemas que estavam nos punhos do depoente; que o depoente enquanto esta-va com o saco de urina amarrado na cabeça levou vários chutes nos testículos desferidos por V. (subordinado do acusado e até o mo-mento não denunciado pelo Ministério Pú-blico com atuação na Justiça Comum); que

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depoente a confissão sobre sua participa-ção em assaltos num mercadinho situado no conjunto Valentina Figueiredo... que vinte dias depois de sua prisão começou a sentir os efeitos das agressões, passando a urinar sangue e com dificuldade, inclusive seu pênis ficou preto e passou muitos dias para voltar a cor normal; que ainda hoje sente dificuldades para urinar e para man-ter relações sexuais em virtude da dor (...)”

(cfr. Fls. 118).

Às fls. 134, M.J.A., corrobora o depoi-mento supra: “... que até hoje a vítima sofre

seqüelas das agressões e vez por outra sente dores no pé da barriga e urina sangue”.

A bem de ver, diferentemente do que

ale-gado pelo juízo suscitado, também existem

evidências de que o crime foi praticado com o intuito de obter confissão. No en-tanto, tais declarações da vítima e depoi-mentos outros foram simplesmente ig-norados, como se, simplesmente, não es-tivessem nos autos...

Será que devemos simplesmente abs-trair tais depoimentos, Laudo de Exame de Corpo de Delito e inúmeros outros indícios? Ora, as seqüelas acima narra-das não são decorrentes de um

atropela-mento sofrido pela vítima, mas resultado direto da tortura praticada pelo acusado e por seus subordinados, cabendo lembrar

que até mesmo a omissão configura o crime em deslinde.

Não se argumente, como o fez o ilus-tre representante ministerial oficiante no juízo suscitado, que houve apenas uma lesão corporal leve, para daí, d.m.v., com base nesse raciocínio concluir pela des-classificação do crime de tortura, logo pela incompetência da Justiça Comum, tendo sido, lamentavelmente, secundado por idêntico entendimento do titular do juízo suscitado.

Em primeiro lugar, não exige a Lei de Tortura que a lesão seja grave ou gravís-sima. A lesão pode ser de natureza leve (como pode até não restar configurada lesão nenhuma, mas sim intenso sofri-mento mental), tal conclusão se alcança a partir da leitura da própria lei de regên-cia. Ou seja, a materialização de lesão corporal grave ou gravíssima não é

con-ditio sine qua non para a configuração do

crime, mas uma causa de aumento de pena. Logo, não fica excluída a tortura se sobrevier lesão corporal “apenas” de na-tureza leve.

Em segundo lugar, é preciso observar, e bem, se o sofrimento mental e físico resultou da prática de ato previsto em lei ou de medida legal. Bem, nos autos en-contram-se evidências indesmentíveis que não houve resistência e que a sessão de espancamento a que foi submetido o preso (vítima) não se encontrava autori-zada em nosso ordenamento, em que pese

o increpado mover-se pela ideologia me-dieval de que todo “preso é bandido”, e

que todo bandido enquadra-se no rol das pes-soas torturáveis, vez que, consoante ele

mesmo verberou “preso comigo é no

casse-te, um processo a mais ou um processo a me-nos para mim tanto faz” (fls. 39).

Cabe perguntar, qual o bem jurídico que visa a lei de combate à tortura tute-lar. Apenas a integridade física das pes-soas? Evidentemente que não. Fosse as-sim, é patente que referido diploma seria uma superfluidade, vez que tanto a legis-lação comum (arts. 129 e segs. do Código Penal pátrio), como a especial (art. 209, do Código Penal Militar) já tutelam a in-columidade física das pessoas.

Ora, o legislador sabe distinguir sim-ples ofensa à integridade física de uma profunda agressão à dignidade da pessoa humana, que não pode ser violada por policiais desejosos de mostrar serviço ou que simplesmente se deixam dominar por uma volúpia sádica, consistente na inflição de dor e sofrimento na carne alheia. Pretendeu o legislador tutelar e garantir, sobretudo, a dignidade humana dos indivíduos com a finalidade de protegê-los contra ações abusivas dos agentes do Estado — e de um Estado que

sempre mostrou-se violador dos direitos e garantias fundamentais.

Permissa maxima venia, o entender que

alguém que veio a ser humilhado, espe-zinhado e espancado por agentes pagos pelo Estado teria sofrido mera lesão cor-poral, significa negar proteção à dignidade

da pessoa humana, rasgando-se de um só

golpe, não apenas a lei de combate à tor-tura, mas a própria Carta Magna,

man-dando-se às favas o Estado Democrático de Direito, que estaria aí só para os não-tortu-ráveis (isto é, promotores, procuradores,

juízes, desembargadores, parlamentares, chefes do Executivo, e demais pessoas pertencentes às classes sociais mais pri-vilegiadas).

Cabe salientar, à luz dos autos, que a

ideologia penal que instiga o incriminado autoriza o entendimento de que ele tem o dever moral de massacrar todo aquele que se opõe à lei e à ordem, independentemente

de se encontrar, ou não, provada a culpa daquele que cair em suas mãos, ainda que ao assim agir, viole tanto a lei como a ordem constitucional instituídas.

Não se pode, portanto, no caso em tes-tilha, divisar mero animus laedendi. A rea-lidade histórica traduzida para os autos revela que a intencionalidade do acusa-do e de seus subordinaacusa-dos foi mesmo a de humilhar, menoscabar, fazer a vítima sofrer, porque é assim que tem de ser... Aliás, vale à pena observar o longo rosá-rio de ações penais (cf. fls. 27 e 28) que o acusado responde ou já respondeu,

qua-se todas por crime contra a pessoa... Com todas as vênias, não se pode co-gitar que o preso que vem a suportar hu-milhações quando de sua custódia, se-guidas de sofrimento físico (provado não apenas por laudo de ofensa física, mas demonstrado, à saciedade, por inú-meros testemunhos) — tenha suporta-do mera lesão corporal, porquanto foi lesionado bem jurídico de maior dimen-são existencial: a intocável dignidade

hu-mana do indivíduo.

A seguirmos o entendimento desen-volvido pelo juízo suscitado, a norma es-culpida na lei de combate à tortura não teria qualquer razão de ser — tratar-se-ia de comando legal inútil (flatus vocis), a ser aplicado jamais em um Brasil cujas autoridades policiais têm-se revelado

mui-to mais truculentas do que se houveram as Forças Armadas durante os piores anos de nossos “anos de chumbo”.

Triste é constatar, no entanto, que o lema ou dístico fixado no pórtico mental (tanto do imputado, como de não poucos “operadores do Direito”) é de que preso,

de regra, tem mesmo é que apanhar — e de preferência tem de apanhar muito, porque o Brasil não foi feito para principiantes, e se o colarinho não é branco — é sova no lombo!

E, assim, desse jeito e desse modo, en-xergando mera lesão corporal onde tri-turada a dignidade humana, vamos cons-truindo a passos largos um País justo e equânime, uma sociedade solidária e pa-cífica, um futuro radiante e promissor para nossos filhos e netos...

A competência, não sobeja dúvida, é mesmo do juízo suscitado (juiz natural), não fazendo qualquer sentido, à luz dos autos, que a Justiça Militar, absolutamen-te incompeabsolutamen-tenabsolutamen-te para a matéria, de algum modo colabore para a impunidade da-queles que rotineiramente violam a into-cável dignidade humana, máxime quan-do ainda em vigor a Lei nº 9.455/97. E, se o Juízo suscitado entender que tortura não é crime, que então absolva o réu. O que não é admissível, d.v, é que as ofensas su-portadas pela vítima, no contexto fático em

que foram produzidas, sejam valoradas

como simples lesões corporais.

Cabe gizar que ao compulsar-se o Código Penal Militar não se localiza, seja com a mesma tipificação, seja com tipificação diversa, o crime de tortura. Em conseqüência, de acordo com a le-gislação atual, presentes na prática do ilícito as elementares do tipo penal “tor-tura” (Lei nº 9.455/97), força do

princí-pio da especialidade, ainda que cometido

o crime por militar em serviço, em área sob administração militar, durante o de-sempenho de atividades tipicamente mi-litar, não é de ser considerado crime

mili-tar, porquanto a lei que tipifica o crime

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O DIREITO POR QUEM O FAZ:

O RECONHECIMENTO DA

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA TOLHE O DIREITO

DA VÍTIMA OBTER A PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Tribunal de Alçada Criminal

MS nº 493.722-3/SP Voto nº 10.580

(...) impetra o presente mandado de segurança contra decisão do mm. juiz de Direito do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital - Dipo, que determi-nou o arquivamento de inquérito policial (nº 050.00.063656-8) instaurado para apu-rar crime de apropriação indébita impu-tado a seu ex-funcionário D.F.L.

Alega, em síntese, que era inviável o arquivamento do referido procedimento inquisitorial com base no instituto da pres-crição antecipada ou virtual e que os au-tos deveriam ter sido remetidos, na for-ma do artigo 28 do Código de Processo Penal, ao procurador-geral de Justiça.

Aduz que tem direito líquido e certo, na qualidade de vítima de desfalque fi-nanceiro que totalizou R$ 489.310,73, na instauração de ação penal, tendo legiti-midade, igualmente, para impetrar o pre-sente mandamus.

Sustenta, outrossim, que a r. decisão que acolheu a promoção de arquivamen-to do Ministério Público ceifou-lhe o di-reito de obter a prestação jurisdicional estatal, notadamente porque calcada em orientação que não tem agasalho em nos-sa legislação e nem respaldo na orienta-ção da Procuradoria-Geral de Justiça.

Ao final, postula a concessão da ordem, para o fim de ser anulada a decisão guer-reada, determinando-se a remessa do in-quérito policial nº 050.00.0636656-8 (Dipo 3.1.1) ao procurador-geral de Jus-tiça, na forma do artigo 28 do Código de Processo Penal.

A inicial (fls. 2 a 13), veio acompanha-da dos documentos de fls. 14 a 85.

Vieram para os autos as informações da digna autoridade impetrada (fls. 89 e 90), que providenciou, ao que consta, a notificação do litisconsorte necessário.

O parecer da douta Procuradoria-Ge-ral de Justiça é pela denegação da segu-rança (fls. 879 a 884).

É o relatório.

Trata-se de mandado de segurança im-petrado por vítima de crime de apropria-ção indébita qualificada para cassar deci-são judicial que, acolhendo pedido do Ministério Público, reconheceu antecipa-damente a prescrição da pretensão puni-tiva e determinou o arquivamento do in-quérito policial que apurou o fato.

“A prescrição antecipada não é contem-plada pelo ordenamento processual e nem aceita pela jurisprudência (HC nº 66.913, rel. min. Sydney Sanches)” (STF, 1ª

Tur-ma, RHC nº 76.153-2/SP, rel. Ilmar

Gal-vão, DJU 27.09.1998).

“Impossível o reconhecimento de prescri-ção retroativa antecipada, visto que esta não encontra amparo legal dentro do nosso orde-namento jurídico, não havendo, pois, que se falar em constrangimento ilegal - Recurso Ordinário desprovido” (STJ, 6ª Turma,

RHC nº 11.986/PR, rel. min. Vicente Leal,

DJ 11.03.2003).

Note-se que a prescrição antecipada foi invocada com base em meras con-jecturas do montante da pena que se si-tuaria no mínimo ou pouco mais do mí-nimo legal e não no máximo da pena abstratamente cominada, suposições que não levaram em consideração o

vul-to do suposvul-to prejuízo material causado à vítima que, certamente, influiria na fi-xação da pena para exasperá-la, em caso de condenação.

Como se vê, não se trata de pedido de arquivamento com base na insuficiência de elementos indiciários para a proposi-tura da ação penal, pelo contrário, nele o Ministério Público reconhece a ocorrên-cia de delito e em vez de oferecer a de-núncia, pede o arquivamente do inquéri-to policial no pressuposinquéri-to de que a pena ser aplicada, no mínimo ou pouco mais, estaria atingida pela prescrição.

Saliente-se que tendo o Ministério Público reconhecido existir provas da autoria e da materialidade do crime, o pedido de arquivamento do inquérito policial, pelo fundamento invocado, im-plica inobservância do princípio da in-disponibilidade da ação penal.

Assim, a decisão judicial, que acolhe o pedido de arquivamento dessse jaez, in-corre em nulidade, que pode ser pronun-ciada em sede de mandado de segurança, à falta de previsão legal de recurso crimi-nal específico e a pedido do sujeito passi-vo material do ilícito penal, a quem a lei também assegura intervir na persecução penal do acusado, notadamente quando abdicada pelo Estado.

Por essas razões, concede-se a ordem para cassar a decisão judicial que arqui-vou o inquérito policial e determinar a remessa dos autos ao exmo. sr. procura-dor-geral de Justiça, para os fins do artigo 28 do Código de Processo Penal.

França Carvalho

Relator de tortura (lei especial) afasta a

incidên-cia do C.P.M. É absoluta, dessarte, a

in-competência da Justiça castrense para

pro-cessar e julgar o indigitado, porquanto o juiz natural para o deslinde da causa é a Justiça comum Estadual. Aliás, tal enten-dimento já havia sido esposado pelo STF, relativamente a crime de tortura perpe-trado por policiais militares contra

ado-lescente(1), isto mesmo antes do advento

da Lei nº 9.455/97, ou seja, quando apenas o E.C.A. previa o crime em apreço.

Pelo exposto requer-se a V.Exa., digno

juiz auditor militar, que os presentes au-tos sejam remetidos ao Tribunal de Justi-ça, órgão colegiado de segundo grau, com competência para dirimi-lo.

Nota

(1) Ementa: “Tortura contra criança ou adolescen-te — Existência jurídica desse crime no Direito Penal Positivo brasileiro — Necessidade de sua repressão — Convenções Internacionais subscri-tas pelo Brasil — Previsão típica constante do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90, art. 233) — Confirmação da

constitu-cionalidade dessa norma de tipificação penal — Delito imputado a policiais militares — Infra-ção penal que não se qualifica como crime mili-tar — Competência da Justiça Comum do Esta-do-membro — Pedido deferido em parte. Previ-são legal do crime de tortura contra criança ou adolescente — Observância do postulado consti-tucional da tipicidade” (STF, HC nº 70.389/SP, relator min. Sydney Sanches, rel. acórdão min. Celso de Mello, publicação: DJ de 10-80-1, pp 3, ement. vol. 02038-02, pp. 186, jul-gamento em 23/06/1994, Tribunal Pleno).

Guilherme Costa Câmara

Promotor de Justiça (PB)

TORTURA...

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Jurisprudência compilada por

Maria Cristina Pires Mendes

e Mariângela Lopes Neistein

Pendência de julgamento de recurso especial e extraordinário. Expedição de mandado de prisão. Ofensa a princípio de presunção de inocência

“Observe-se a ordem natural das coi-sas. No campo patrimonial, a execução provisória, ante obrigação de dar, esbarra na garantia do juízo, não alcançando atos expropriatórios. O motivo é único — pre-servar campo propício à plena eficácia de decisão proferida em recurso e que possa alterar substancialmente o quadro decisório, transformando a procedência do pedido inicial em improcedência. Ora, com mais razão há de se concluir quanto à impropriedade de se efetuar a execução provisória de decreto condenatório liga-do à liberdade de ir e vir liga-do cidadão. Em primeiro lugar, cumpra-se a Lei Funda-mental, no que revela o princípio da não-culpabilidade. Portanto, tenha-se presente que, não coberta a decisão condenatória pela preclusão maior, deve-se presumir a não culpabilidade do acusado — até en-tão, simples acusado — artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal: ‘ninguém

será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória’.

Em segundo lugar, cabe ressaltar que a liberdade perdida, ensejada por verdadei-ro açodamento, não é passível de ser de-volvida, caso venha a decisão condenató-ria a ser reformada. Daí a Lei de Execu-ção Penal conter dispositivos no sentido de a execução do título judicial pressu-por a preclusão maior. O artigo 105 pre-ceitua que, transitada em julgado a sen-tença em que aplicada pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para execução.

Já o artigo 147 estabelece que, transita-da em julgado a sentença em que impin-gida a pena restritiva de direitos, o juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execu-ção, podendo, para tanto, requisitar, quan-do necessário a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.

Na espécie, o Juízo determinou o cum-primento da pena em regime semi-aber-to, e é sabença que à prisão, antes do trân-sito em julgado do decreto condenatório, faz-se em regime fechado. Foi adiante o Juízo e consignou na sentença, a possibi-lidade de o paciente recorrer sem subme-ter-se à custódia, o que se mostrou har-mônico com a ordem jurídica constitu-cional. O Ministério Público quedou si-lente. Ora, ante o quadro, pendente, ain-da, agravo de instrumento visando à su-bida de recurso especial ao Superior Tri-bunal de Justiça, descabia expedir

man-dado de prisão. Em Direito o meio justi-fica o fim , mas não este, aquele, pagan-do-se, por se vier em um Estado Demo-crático, preço até módico, configurado na observância irrestrita do direito posto.

Defiro a medida acauteladora, determi-nando a expedição de alvará de soltura.”

(HC nº 858.104/RO, rel. min. Marco

Aurélio, j. 29.04.05, liminar, DJU 11.05.05).

Aceitação da proposta de suspensão do processo. Ajuizamento de habeas corpus para questionar a existência de ação penal. Possibilidade

“O que versado como causas de pedir deste habeas e daquele impetrado no Su-perior Tribunal de Justiça, tendo em con-ta con-também a matéria de fundo, possui se-riedade, relevância sob o ângulo jurídico. Faço esta observação sem adentrar a quei-ma de etapas, ou seja, tão-somente para emprestar respaldo ao exame apropriado neste habeas, que é o relativo à questão de se saber se, aceitando o acusado a pro-posta de suspensão do processo, prevista no artigo 89, da Lei nº 9099/95, pode vir, ou não, a ajuizar habeas para questionar a própria existência da ação penal.

O habeas possui envergadura maior, não se sujeitando às balizas atinentes à pre-clusão, sob o ângulo do tempo, da lógica ou da consumação. Não sofre as peias se-quer da coisa julgada, servindo a mesma para, uma vez configurada a ilegalidade, vir a afastá-la do cenário jurídico. A von-tade, em si, do acusado, do réu ou do con-denado, ainda que mediante decisão tran-sitada em julgado, não mais sujeita à im-pugnação na via recursal, é irrelevante. O que cumpre ter presente é a possibilida-de, ainda que latente e ante certo ato, de o paciente, por este ou aquele motivo vir a sofrer cerceio na liberdade de ir e vir. Então, tem-se que, deixado o acusado de atentar para as condições fixadas quando da formalização do termo concernente à suspensão do processo, segue-se a reto-mada do curso da ação penal para a pro-lação da sentença, no sentido de absolver o condenado. É o suficiente para se as-sentar o interesse de agir na via do habeas

corpus, mitigando-se o efeito da

concor-dância do que proposto pelo Ministério Público. O fato não obstaculiza o ques-tionamento sobre a tipicidade, ou não, do que articulado na denúncia reveladora da peça primeira da ação penal.

Defiro a medida acauteladora para sus-pender, até a decisão final deste habeas, o termo referente à suspensão do processo movido contra o paciente.”

(HC nº 857.477/SP, rel. min. Marco

Au-rélio, j. 09.05.05, liminar, DJU 22.04.05).

Juiz sentenciante não poderá funcionar como membro da

Turma Recursal no mesmo processo. Impedimento. Aplicação

da regra do art. 252, III, do CPC

“O paciente foi condenado, em pri-meiro grau, por infração do art. 330 do C. Penal, à pena de 75 dias de detenção e multa.

A Turma Recursal do Juizado Especial Criminal de Lafaiete/MG negou provi-mento à apelação do paciente.

Donde o presente habeas corpus, no qual se alega impedimento do 2º Vogal posto que este foi o subscritor da condenação em primeiro grau.

Sustenta-se a aplicabilidade aos Juiza-dos Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95, art. 92) do disposto no art. 252, III, do C. Pr. Penal, segundo o qual ‘o juiz não

pode-rá exercer jurisdição no processo em que (...) tiver funcionado como juiz de outra instân-cia, pronunciando-se, de fato ou de direito sobre a questão’.

Dada a plausibilidade jurídica da ale-gação, defiro a liminar para sustar os efei-tos da condenação imposta ao paciente que, por isso, deverá permanecer em li-berdade até o julgamento definitivo deste

habeas corpus.”

(HC nº 857.159/SP, rel. min. Sepúlveda

Pertence, j. 04.04.05, liminar, DJU

22.04.05).

Inexistência de vaga no estabelecimento prisional para o condenado a regime mais severo. Necessária

colocação no regime mais brando

“Postula-se liminar para determinar que do mandado de prisão, quando expe-dido, deve ficar constando que ao ser cum-prido, o (a) paciente deve ser apresenta-do diretamente no regime fixaapresenta-do na sen-tença e que, não existindo vaga, no regi-me iregi-mediataregi-mente mais brando.

Sem prejuízo do novo exame após o recebimento das informações, considera-da a jurisprudência desta Corte, e tendo em vista o risco de configuração de um quadro de irreversibilidade em prejuízo do direito da paciente, defiro o pedido de liminar para determinar que não se exe-cute o mandado de prisão expedido em desfavor da paciente em razão da decisão proferida.”

(Med. Caut. em HC nº 857.655/SP, rel. min. Gilmar Mendes, j. 18.04.05, liminar,

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Jurisprudência compilada por Cristiano

Avila Maronna, Leopoldo Stefanno Leone Louveira e Rodrigo Dall’Acqua

Inquérito policial acobertado pelo sigilo. Advogado do investigado constituído nos autos com instrumento de procuração. Conflito entre o interesse do cidadão e o êxito das investigações. Acesso da defesa aos autos.

Necessidade. Habeas corpus manejado contra decisão que nega liminar no tribunal de origem. Liminar deferida

“(...) O entendimento que tenho da questão de caráter legal e constitucional é diferente do acima exposto. Na exis-tência do indicado conflito, a solução que se me afigura melhor é a favor da liberdade. Já escrevi: ‘Jamais percamos de

vista que, entre os direitos e garantias fun-damentais de nossa Constituição, encontra-se inscrito que ninguém encontra-será considerado culpado até o trânsito em julgado de senten-ça penal condenatória’. Aliás, o postulado

axiológico da presunção de inocência por ser eterno, universal e imanente, nem precisaria estar gravado em texto normativo. Há mais: a inviolabilidade de direitos que dizem com a dignidade da pessoa humana, e a dignidade é um dos fundamentos em que se assenta a Re-pública Federativa do Brasil. Há mais: e a ampla defesa? Instituto/princípio que também se inscreve entre os postulados universais e que ‘não é de hoje, não é de

ontem, é desde os tempos mais remotos...’.

Perdoem-me os pensamentos contrári-os, mas, quando existe o conflito deve-mos solvê-lo em prol da liberdade.

Conquanto se esteja aqui impugnando o indeferimento da liminar, afigurasse-me, entretanto, tratar-se de ilegalidade flagrante, motivo por que concedo a limi-nar a fim de que o defensor constituído tenha vista, em cartório, dos autos do In-quérito Policial nº 264/04, que tramita na 3ª Vara Criminal da Justiça Federal de Por-to Alegre sob o nº 2004.71.00.027141-8. (...).” (STJ, HC nº 42.914-RS, decisão mono-crática em medida liminar, rel. min.

Nil-son Naves, j. 12.04.05, DJU 19.04.05).

Parricídio e ocultação de cadáver. Prisão preventiva. Insubsistência dos fundamentos. Paciente que passou a comparecer aos autos processuais. Condições pessoais favoráveis. Ordem condedida

“Hipótese em que, decretada a prisão preventiva do paciente em 05/04/2001 para assegurar a aplicação da lei penal, a mes-ma não foi efetivada na ocasião, mes-mas so-mente em 30/06/04, devido a uma falha na tramitação.

Evidenciado que, após a liminar

pro-ferida por esta Corte nos autos do HC nº 16.647/MS, em 2001, concedendo a sus-pensão da sua prisão, o paciente passou a comparecer a todos os atos processuais, tem-se a insubsistência dos motivos en-sejadores da custódia cautelar.

A alusão à gravidade objetiva do crime e a sua repercussão no meio social ou à possibilidade de gerar uma sensação de impunidade na sociedade, também não são suficientes para a manutenção da cus-tódia excepcional.

Exige-se concreta motivação do decre-to de prisão preventiva, com base em fa-tos que efetivamente justifiquem a excep-cionalidade da medida, atendendo-se aos termos do art. 312 do CPP e da jurispru-dência dominante.

Condições pessoais favoráveis, mesmo não sendo garantidoras de direito à liber-dade provisória, devem ser devidamente valoradas, quando não demonstrada a pre-sença de requisitos que justifiquem a medida constritiva excepcional.

Deve ser concedida a ordem de habeas

corpus para revogar a prisão cautelar

efe-tivada, se por outro motivo não estiver preso, mediante condições a serem esta-belecidas pelo julgador de 1º grau, sem prejuízo de que venha a ser decretada novamente a custódia, com base em fun-damentação concreta.

Ordem concedida, nos termos do voto do relator.”

(HC nº 38.681/MS, 5ª Turma, rel. min.

Gilson Dipp, v.u., j. 03.02.05, DJU 07.03.05,

p. 308).

Porte de arma.

Forma qualificada do inciso IV do art. 10. Derrogação

“A objetividade jurídica, no ilícito ti-pificado no artigo 10 da Lei nº 9.437/97, é a proteção da segurança coletiva, bem ju-rídico meta-individual. Com o advento da Lei nº 10.826/2003 restou suprimida a forma qualificada do inciso IV do § 3º do artigo 10 da Lei nº 9.437/97. Ordem par-cialmente concedida.”

(HC nº 30.220/MG, 6ª Turma, rel. min.

Hamilton Carvalhido, j. 01.03.05, v.u.,

DJU 11.04.05, p. 388).

Divergência jurisprudencial não comprovada. Roubo

“O Diário de Justiça e o RBCCr não são considerados repertórios oficiais, pois, conforme o entendimento dessa Corte, os arquivos on-line do TJRJ, em-bora sejam o veículo utilizado para co-municação dos atos processuais, não constituem repositório oficial para a com-provação do dissídio, porque publicadas

apenas as ementas dos julgados. Recurso não conhecido.”

(STJ, REsp. nº 665.899/MG, 5ª Turma, rel. min. José Arnaldo da Fonseca, j. 07.04.05, v.u., DJU 09.05.05, p. 968).

Bigamia e falsidade ideológica. Atipicidade e princípio da consunção

“O delito de bigamia exige para se con-sumar a precedente falsidade, isto é: a declaração falsa, no processo preliminar de habilitação do segundo casamento, de que inexiste impedimento legal. Consti-tuindo-se a falsidade ideológica (crime-meio) etapa da realização da prática do crime de bigamia (crime-fim), não há concurso do crime entre estes delitos. Assim, declarada anteriormente a atipi-cidade da conduta do crime de bigamia pela Corte de origem, não há como, na espécie, subsistir a figura delitiva da fal-sidade ideológica, em razão do princípio da consunção. Ordem concedida para de-terminar a extensão dos efeitos quanto ao trancamento da ação penal do crime de bigamia, anteriormente deferido pelo Tri-bunal a quo, à figura delitiva precedente da falsidade ideológica.”

(HC nº 39.583/MS, 5ª Turma, rel. min.

Laurita Vaz, j. 08.03.05, v.u., DJU 11.04.05,

p. 346).

Suspensão condicional do processo. Procedência parcial da denúncia. Cabimento do sursis processual

“Em se fazendo cabível a suspensão condicional do processo, por força de desclassificação ou procedência só par-cial da denúncia, é dever do juiz suscitar a manifestação do Ministério Público, a propósito da sua suficiência como res-posta penal, excluindo, como exclui, a imposição da pena correspondente ao fato-crime.

Em casos tais, não se há de anular a denúncia e, tampouco, tudo mais do pro-cesso no primeiro grau de jurisdição, mas tão-só desconstituir a condenação decre-tada na sentença, para determinar que seja ouvido o Ministério Público sobre a pro-posta de suspensão do processo referida no artigo 89, caput, da Lei nº 9.099/95. Pre-cedente do Supremo Tribunal Federal (RHC nº 81.925/SP, relatora ministra

Ellen Gracie, DJ 21/2/2003).

Ordem concedida.”

(HC nº 28.663/SP, 6ª Turma, rel. min.

Hamilton Carvalhido, j. 16.12.04, DJU

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TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS

TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS

Jurisprudência compilada por

Andréa Cristina D’Angelo, Camila Cerqueira Lima Amorim

e Cláudia Pinto Moreira

Crimes contra a honra. Calúnia e difamação. Arts. 20 e 21 da Lei nº 5.250/67 (Lei de Imprensa). Princípio da especialidade. Ausência de documentação comprobatória da veracidade dos fatos imputados.

Prazo decadencial.

Ocorrência. Recurso desprovido

“No caso de crime contra a honra, ten-do siten-do praticaten-do por meio comum e, depois, reiterado por meio da imprensa, tem prevalência o disposto na Lei nº 5.250/67, em homenagem ao princípio da especialidade. Precedente do egrégio Su-perior Tribunal de Justiça.

In casu, operou-se a decadência,

equi-vocadamente rotulada de prescrição, já que o ofendido não exerceu o seu direito de queixa no prazo de três meses após a divulgação da ofensa, conforme dispõe o art. 43, da Lei nº 5.250/67.

Não fosse isso, também já transcorreu o lapso de dois anos previsto no caput do artigo 41, da Lei de Imprensa, que trata da prescrição; já que os fatos acontece-ram há mais de 2 (dois) anos, sem que a queixa-crime tenha sido recebida.

Recurso desprovido.”

(TRF 1ª Reg., RC nº 2003.37.01.000936-9, 3ª Turma, rel. des. fed. Cândido

Ribei-ro, j. 12.04.05, v.u., DJU 29.04.05).

Fraudes à licitação.

Crime contra a administração pública. Prisão preventiva. Desnecessidade.

Não-comprovação dos requisitos. Constrangimento ilegal.

Ordem concedida

“A segregação preventiva, como mo-dalidade de prisão cautelar, é medida ex-cepcional, regida pelo princípio da ne-cessidade, mediante a demonstração do

fumus boni iuris e periculum in mora.

Ausência dos requisitos objetivos do art. 312 do CPP. Constrangimento ilegal configurado.

Ordem concedida, para confirmar a liminar deferida.”

(TRF 1ª Reg., HC nº 2004.01.00.058413-6, 4ª Turma, rel. des. fed. Carlos Olavo, j. 05.04.05, v.u., DJU 28.04.05).

Descaminho. Art. 34 do CP. Prisão em flagrante. Recurso em sentido estrito. Decisão que concede liberdade provisória. Art. 310, parágrafo único, do CPP. Art. 5º, LXVI, da CF. Possibilidade

“Para a manutenção da prisão caute-lar do acusado, preso em flagrante,

faz-se mister a prefaz-sença das hipótefaz-ses que autorizam a decretação da prisão pre-ventiva.

Ausentes os requisitos necessários à decretação da prisão preventiva, possui o acusado o direito subjetivo de ser-lhe concedida a liberdade provisória. Prece-dentes do eg. Superior Tribunal de Justi-ça e desta Corte Regional Federal.

Recurso em sentido estrito improvido.” (TRF 1ª Reg., RC nº 2003.38.01.000461-5, 4ª Turma, rel. des. fed. Ítalo Fioravanti

Sabo Mendes, j. 23.11.04, v.u., DJU

17.12.04).

Restituição de coisa apreendida. Arts. 119 e 120 do CPP

“As coisas apreendidas que não mais interessarem ao processo poderão ser res-tituídas, desde que inexista dúvida quan-to ao direiquan-to do requerente. Incidência dos arts. 119 e 120, do Código de Proces-so Penal.

Apelação parcialmente provida.” (TRF 1ª Reg., Ap. nº 2004.39.00.000253-8, 4 Turma, rel. des. fed. Ítalo Fioravanti

Sabo Mendes, j. 12.04.05, v.u., DJU 03.05.05).

Rádio comunitária. Inquérito. Arquivamento

“É de se acolher o requerimento do Ministério Público, arquivando-se o in-quérito que não fornece elementos ao oferecimento da denúncia, mormente tratando-se de serviço de radiodifusão comunitária de baixa potência e cober-tura restrita, o que evidencia o pequeno potencial ofensivo ao bem jurídico tute-lado — o Sistema Nacional de Teleco-municações, antes configurando condu-ta penalmente irrelevante.

Inquérito arquivado.”

(TRF 5ª Reg., Inq. n° 2004.05.00.0033920/ CE, Pleno, rel. des. fed. Paulo Roberto

de Oliveira Lima, j. 02.02.05, v.u., DJU

02.03.05).

Constitucional. Competência. Crime contra a

organização do trabalho. Posse irregular de arma de fogo. Contrabando. Receptação

“É da competência da Justiça Fede-ral, art. 109, VI, processar e julgar os cri-mes contra a organização do trabalho, tomada essa organização em si, e não em relação a questões individuais, ou seja, quando o trabalho é atingido em sua feição orgânica. O ataque é contra os direitos dos trabalhadores conside-rados no seu todo. O crime deve ser

praticado contra instituição ou órgãos que integram a organização do traba-lho, atingindo, portanto, de uma ma-neira coletiva os direitos do trabalha-dor. Assim, não sendo praticado, a competência é da Justiça Estadual (cf. Súmula 115/TFR). Na hipótese, o fato foi praticado em um imóvel rural, atin-gindo 53 trabalhadores rurais, indivi-dualmente.

Interesse da União Federal — Não havendo interesse de ordem geral, isto é, a organização geral do trabalho ou di-reitos dos trabalhadores considerados coletivamente, não há interesse da União Federal.

Posse irregular de arma de fogo —

Não é da competência da Justiça Federal processar e julgar os crimes de posse ir-regular de arma de fogo, seja de uso per-mitido seja de uso restrito ou proibido, tipificados nos arts. 12 — posse irregular de arma de fogo de uso permitido; e 16 — posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito da Lei nº 10.826, de 2003 (precedente do STJ: CC nº 45.854, 3ª Se-ção, relatora ministra Laurita Vaz, j. un. em 11.09.2004, DJ 11.10.2004).

Contrabando — O simples fato de as armas apreendidas serem de proce-dência estrangeira, por si só, não confi-gura o crime de contrabando (preceden-te do STJ: CC nº 21.674/SP, 3ª Seção, relator ministro Anselmo Santiago, j. un. em 25.11.98, DJ 22.03.1999).

Receptação — A apreensão de arma de fabricação estrangeira, registrada como arma furtada, o que poderia carac-terizar o delito de receptação, não impli-ca competência da Justiça Federal.”

(TRF 1ª Reg., HC nº 2004.01.00.061010-0, 3ª Turma, rel. des. fed. Tourinho Neto, j. 22.02;05, v.u., DJU 04.03.05).

Crime de desobediência. Funcionário público. Rejeição

“Conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, o agente público, no exercício de suas funções, não comete o crime de desobediência, pois neste é o sujeito ativo o particular.

Inexistência de justa causa, in casu, para propositura da ação penal.

Denúncia rejeitada.”

(TRF 5ª Região, Inq. nº 200081000281100, Pleno, rel. des. fed. Paulo Machado

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TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

Jurisprudência compilada por Carlos

Roberto Isa, Luiz Felipe Azevedo Fagundes, Paulo Sérgio de Oliveira

e Vinícius de Toledo Piza Peluso

Contrariedade entre a pronúncia, o libelo-crime acusatório

e o quesito relativo à autoria

“Concurso de agentes inserido na pro-núncia que não se reflete no libelo-crime acusatório e na formulação do questio-nário aos jurados. Peças que não descre-vem de maneira específica à conduta do réu como co-autor, ou melhor, não fazem a devida distinção entre co-autoria exe-cutiva direta (na qual todos os autores realizam todos os atos executivos), e a co-autoria executiva parcial (na qual se pro-duz uma repartição de tarefas executivas). Provas que indicam co-autoria executiva parcial entre os agentes, distinguindo a conduta do co-réu que teria disparado a arma de fogo contra a vítima (cujo pro-cesso foi desmembrado), e a participação do recorrente que teria acompanhado ao co-réu dando-lhe eventual suporte duran-te os fatos. Resposta dos jurados atribuin-do ao apelante a autoria atribuin-dos disparos. In-coerência com a prova testemunhal. De-cisão contrária à prova dos autos, que tam-bém se constitui em nulidade absoluta ante a contrariedade existente entre o que-sito e a pronúncia. Ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. Matéria de ordem pública que pode ser decretada a despeito de não articulada pelas partes. Recurso provido.”

(TJ/SP, Ap. Crim. nº 477.330-3/1-00, 1ª Câm. Crim., rel. des. Marco Nahum, j. 31.01.2005, v.u.).

Menor. Habeas corpus. Juiz da Vara da Execução que ao receber a guia de execução, alterou medida de internação com prazo determinado por medida de internação com prazo indeterminado. Impossibilidade. Decisão judicial que implica em alteração do título executivo. Ordem concedida para anular a decisão, oficiando-se

(TJ/SP, HC nº 117.978-0/0, Câmara Es-pecial, rel. des. Gentil Leite, j. 28.03.05, m.v.).

Casa de Prostituição. Atipicidade. Absolvição

“(...) no estágio do direito penal, ante o princípio da secularização, não se admite punição penal na proteção da simples moralidade. Direito penal e moral estão separados.

No tipo básico, há simples atuar pre-conceituoso: não tirar proveito de prosti-tuição, mas se o pode aproveitar de não-prostitutas. Ou seja, o ranço moralista de que prostituição é, em si, um mal terrível, como se uma pessoa não tivesse o direito

— princípio da não invasão da intimida-de — intimida-de sê-lo se assim o intimida-desejar”.

(TJ/RS, Ap. nº 70009767211, 5ª C. Crim., rel. des. Amilton Bueno de

Car-valho, j. 16.03.05, v.u.).

Habeas corpus. Reconhecimento da nulidade da sentença

que aplicou medida socioeducativa de liberdade assistida, sem o devido processo legal

“Ofensa aos princípios do devido pro-cesso legal e da ampla defesa. Obrigato-riedade de apuração do ato infracional em procedimento verificatório, nos termos dos artigos 171 e seguintes da Lei nº 8.069/ 90 (ECA).

Sentença anulada. Ordem concedida.”

(TJ/SP, HC nº 119.287-0/1-00, Câmara Especial, rel. des. Mário A. Silva, j. 04.04.05, v.u.).

Ação Penal Privada. Apelação interposta sem as respectivas razões. Perempção

“Ao deixar de apresentar as razões de apelação e de formular pedido de conde-nação, a querelante deu causa à peremp-ção da aperemp-ção penal privada.

Deixar o querelante de oferecer razões do recurso de apelação contra a sentença absolutória, é omissão que, apesar de não encontrar tipicidade nos incisos do arti-go 60 do CPP, revela abandono de proces-so e falta de propósito condenatório, in-diferença para com o resultado da ação penal equiparada à previsão legal de falta de pedido de condenação.

Ou ele (o querelante) reitera o pedido acusatório contido na queixa, ou então ocorre a perempção, encerrando-se o pro-cesso com sentença terminativa de méri-to que declare extinta a punibilidade.”

(TJ/SP, Ap. nº 461.075-3/5-00, 1ª C. Crim., rel. des. Márcio Bártoli, j. 9.8.04, m.v.).

Prisão preventiva. Excesso de prazo. Ausência de justificativa.

Recurso não provido

“Ao contrário do que diz o recorrente, os prazos devem sim ser cumpridos, má-xime quando o cidadão — seja quem for, seja qual o delito cometido — estiver pre-so.

Em verdade, se admite em situações especiais — especialíssimas — a ultra-passagem, mas por tempo estritamente necessário — logo, mínimo — e desde que presente séria justificativa.

A burocracia do Estado — seja inves-tigador, acusador, julgador — não pode

prejudicar cidadão algum, pena de gerar teratóide, ou seja, o Estado deixar de cum-prir as normas que limitam seu arbítrio.

A atividade do juiz é, essencialmente, garantir os direitos do acusado — apesar do ranger de dentes que isso pode provo-car. Não pode ele, juiz, ser conivente com ilegalidade contra o acusado, sob pena de ir contra a própria natureza da função.

Juiz não faz parte do aparelho de segu-rança do Estado. Sua função é outra: re-pito: garantidor dos direitos constitucio-nais. Deve proteger os direitos de um mesmo contra a vontade persecutória da maioria.

Eis porque se nega provimento ao re-curso.”

(TJ/RS, SER nº 70010811495, 5ª C. Crim., rel. des. Amilton Bueno de

Car-valho, j. 04.05.05, v.u.).

Fato ocorrido antes do prazo estipulado pelo

Decreto nº 5.123/04: atipicidade

“A Lei nº 10.826/03 estabeleceu o pra-zo de 180 dias para que os proprietários e possuidores registrassem suas armas de fogo. A Medida Provisória nº 174/04 alte-rou o contido no artigo 30 da Lei nº 10.826/03, determinando a contagem dos 180 dias a partir da publicação do decreto regulamentador do Estatuto de Desar-mamento.

Este Decreto, de nº 5.123/04 conferiu o prazo de 180 dias a partir de 01/07/04. O fato ocorrido em 09/08/04 é atípico.”

(TJ/RS, HC nº 70009985573, 7ª C. Cri-minal, rel. des. Nereu José Giacomolli, j; 25.22.04, m.v.)

Estupro. Princípio da correlação. Impositiva sua obediência. Presunção da violência. Relatividade

“Se o agente foi denunciado por estu-pro real não pode ser condenado por es-tupro ficto, pena de agressão ao princípio da correlação — preciosa garantia demo-crática.

A presunção de violência, pela idade da ofendida, é relativa. Não se a reconhe-ce quando a vítima tem mais de treze anos de idade, é estudante e tem conhecimen-to sexual.

Acolheram o apelo defensivo, preju-dicado o acusatório (por maioria).”

(TJ/RS, Ap. nº 70010818391, 5ª C. Crim., rel. des. Amilton Bueno de

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COLÉGIOS RECURSAIS CRIMINAIS

COLÉGIOS RECURSAIS CRIMINAIS

Jurisprudência compilada por

Paula Kahan Mandel e Raíssa dos Reis Balaniuc Mendes

Habeas Corpus de próprio punho. Conhecimento

“A impetração deu-se de próprio pu-nho, devendo o Poder Judiciário dar a maior amplitude possível ao habeas

cor-pus (Belov), dado que se o cidadão, por si,

sem advogado, diretamente escreve suas razões, eventual dificuldade de com-preensão não deve ser obstáculo ao conhe-cimento. Significa, em verdade, ato ex-tremo de defesa de direitos, cuja técnica deve restar afastada em nome da demo-cracia.”

(Col. Rec./SC, HC nº 41, 5ª Turma, rel. juiz Alexandre Morais da Rosa, j. 25.04.05, v.u.).

Lesão corporal culposa. Rejeição da denúncia. Falta de interesse de agir. Decisão mantida

“Considerando a prescrição fatalmente ocorreria, tendo em vista o tempo decor-rido desde a data do fato e a inviabilidade de, no caso concreto, ser fixada a pena máxima na hipótese de condenação, nega-se provimento ao recurso em nega-sentido es-trito interposto pela vítima, pois a instau-ração do processo não representaria uti-lidade alguma.”

(Col. Rec./SP, RSE nº 124/05, 1ª Tur-ma, rel. juíza Viviani Nicolau, j. 25.04.05, v.u.).

Queixa-crime. Aplicação da

Lei nº 10.259/01 à Justiça Estadual. Prazo decadencial que é

interrompido pela apresentação da queixa-crime e não pelo seu recebimento, fato estranho à vontade do querelante. Desnecessidade de apresentação exclusiva em audiência. Possibilidade de oferecimento da queixa-crime por escrito e previamente à audiência, para obstar o advento da decadência. Reforma da decisão impugnada a fim de que seja designada audiência preliminar, a teor da Lei nº 9.009/95, encontrando-se interrompido o prazo

decadencial por força da protocolização da queixa-crime

(Col. Rec./SP, AC nº 88/05, 1ª Turma, rel. juíza Coltro Sorci, j. 25.04.05, v.u.).

Competência. Artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro. Pena máxima superior a dois anos. Remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

(Col. Rec./SP, AC nº 45/05, 1ª Turma, rel. juiz Sérgio Rui, j. 11.04.05, v.u.).

Direção sem habilitação. Ausência de prova robusta de geração de perigo de dano. Dúvida a respeito da causa do acidente. Absolvição mantida

(Col. Rec./SP, AC nº 125/05, 2ª Turma, rel. juiz Santoro Filho, j. 02.05.05, v.u.).

Apelação. Juizado Especial Criminal. Inobservância do disposto no

art. 82, § 1º, da Lei nº 9.099/95. Não conhecimento

“Tratando-se de apelação interposta no sistema do Juizados Especiais Criminais, impõe-se ao recorrente o dever de apre-sentar, juntamente com a petição recur-sal, as respectivas razões, no prazo único de dez dias, sob pena de não conhecimen-to do recurso.”

(Col. Rec./SP, AC nº 105/05, 1ª Turma, rel. juíza Viviani Nicolau, j. 25.04.05, v.u.). No mesmo sentido: AC nº 355/04, 1ª Tur-ma, rel. juíza Coltro Sorci, j. 28.02.05, v.u.

Violação de domicílio qualificada. Direito subsidiário, absorvido quando meio para realização de outro crime. Possibilidade de crime-meio ser mais grave do que crime-fim, ante a situação fática posta e analisada. A absorção deriva de medidas de eqüidade e política criminal. Aplicação analógica de precedentes jurisprudenciais. Improvimento do recurso interposto

(Col. Rec./SP, AC nº 361/04, 1ª Turma, rel. juíza Coltro Sorci, j. 28.02.05, v.u.).

Lesões corporais. Início da refrega equívoco. Fato insignificante, despido sequer de adminículo objetivo. Non liquet prestigiado

(Col. Rec./SP, AC nº 278/04, 1ª Turma, rel. juiz Sérgio Rui, j. 06.12.04, v.u.).

Argüição de falta de justa causa para trancamento do procedimento criminal. Irrelevância.

Via estreita que não se presta ao exame aprofundado da prova. Fumus boni iuris configurado. Denegação da ordem

“Como decantado no meio jurídico, só se autoriza a concessão do habeas

cor-pus por falta de justa causa quando esta

aflora cristalina, mercê da intelecção da ilegalidade pela mera enunciação dos fa-tos com o reconhecimento de que ocor-reu imputação de fato atípico ou da au-sência de indícios que fundamentem a acusação.”

(Col. Rec./SP, HC nº 221/04, 1ª Turma, rel. juiz Sérgio Rui, j. 21.11.04, v.u.).

Habeas Corpus. Trancamento de ação penal por fato atípico. Realização de audiência no Juízo de origem em data anterior ao julgamento do writ com aceitação e homologação de transação penal. Acordo de vontade lícito,

válido e eficaz.

Formação de coisa julgada formal e material.

Prejudicada a análise do mérito

(Col. Rec./SP, HC nº 253/04, 1ª Turma, rel. juíza Coltro Sorci, j. 25.10.04, v.u.).

Assistência Judiciária.

Advogado nomeado não integrante da Defensoria Pública ou de serviço de assistência judiciária oficial. Inaplicabilidade do art. 5º, § 5º, da Lei nº 1.060/50, que prevê prazo em dobro. Recurso Extemporâneo. Não conhecimento

(Col. Rec./SP, AC nº 305/04, 1ª Turma, rel. Adilson de Araújo, j. 21.02.05, v.u.).

Taxa Judiciária.

Exigência de recolhimento nos termos do art. 4º, § 9º, alínea “b”, da Lei Estadual nº 11.608/03. Interpretação literal da lei.

Ausência de direito líquido e certo. Denegação do mandado de segurança

“Havendo expressa consignação na lei estadual de que incidirá a taxa judi-ciária nas ações penais privadas, sem menção alguma da matéria da compe-tência afeta ou não às infrações de me-nor potencial ofensivo, cabe ao quere-lante, ajuizada a queixa-crime, o reco-lhimento do tributo.”

(Col. Rec./SP, MS nº 207/04, 1ª Turma, rel. Sérgio Rui, j. 22.11.04, v.u.).

Habeas corpus.

Determinação, pelo Juízo Cível, de devolução de bem litigioso, sob pena de incursão

no art. 330, do Código Penal. Constrangimento ilegal não caracterizado.

Possibilidade de requisição de procedimento policial para apuração de eventual

crime de desobediência. Ameaça de prisão ilegítima inexistente. Ordem denegada

(Col. Rec./SP, HC nº 220/04, 2ª Turma, rel. juiz Santoro Filho, j. 22.11.04, v.u.).

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