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ANAIS BARREIRAS PARA INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL: UMA REVISÃO DA LITERATURA

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ANAIS

1 BARREIRAS PARA INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL: UMA REVISÃO DA

LITERATURA

REGIANE CRISTINA LAVELI DE SOUZA KIRBY ( regianekirby@ufscar.br , regianelaveli@hotmail.com )

UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos

IVETE DELAI ( ivete@dep.ufscar.br , ivetedelai@gmail.com )

UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos

ANA LUCIA VITALE TORKOMIAN ( torkomia@ufscar.br )

UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos

RESUMO: O principal objetivo da inovação sustentável é o de criar novas maneiras de desenvolver o mercado, gerando novos produtos, oportunidades e serviços visando o menor impacto da produção e do produto no meio ambiente. No entanto, a implantação de sistemas de inovação podem, muitas vezes, esbarrar em barreiras que dificultam o desenvolvimento da inovação sustentável. O objetivo desse estudo é de identificar quais são as barreiras para a inovação sustentável utilizando uma revisão sistemática da literatura. As barreiras encontradas são: técnica, cultural e estratégica, financeira, de legislação e de mercado.

Palavras-chave: inovação sustentável, barreiras, inovação

1 – INTRODUÇÃO

A preocupação com o meio ambiente tem impulsionado o surgimento de novas tecnologias dentro das empresas, visando o desenvolvimento de produtos e serviços de apelo sustentável, tornando o conceito de sustentabilidade amplamente discutido nos últimos anos. Ele foi proposto pela primeira vez em 1987 pelo Brundtland Report. Esse relatório foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento visando adequar padrões de consumo e de produção e sustentabilidade. De acordo com o Relatório de Brundtland, o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. De maneira geral, sustentabilidade significa o uso de recursos naturais em condição de equilibrio, de forma que esses recursos não atinjam ponto de decadência ou extinção, que possa afetar as próximas gerações (YLMAZ; BAKIS, 2015). No relatório de Brundtland também foram propostos princípios gerais para a proteção ambiental e a adoção do desenvolvimento sustentável, tanto para as pessoas individualmente, quanto para os países (DELAI, 2006). Dentro desse contexto, existe um grande número de empresas estimulando a inserção de conceitos sutentáveis em sua produção, produtos e serviços. E é a partir daí que novas

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2 ideias e novas tecnologias surgem e se desenvolvem, gerando um novo conceito: a inovação sustentável.

A inovação sustentável tem sido discutida no mundo acadêmico e corporativo fazendo com que as empresas se capacitem ao longo dos anos, a fim de incluir em seus processos uma visão mais sustentável. Segundo BARBIERI (2007) uma organização inovadora é aquela que introduz novidades de qualquer tipo, em bases sistêmicas, e colhe os resultados esperados. Ainda, segundo BARBIERI et al (2010) para as empresas, não basta apenas inovar constantemente, elas devem inovar considerando as três dimensões da sustentabilidade, a economica, a social e a ambiental.

O entendimento de como essa inovação se dá dentro das empresas tem sido temas de muitos estudos na comunidade acadêmica. O foco de alguns estudos são os motivadores da implantanção de ações inovadoras e sustentáveis dentros dos processos empresariais e de produção (DEL RIO GONZALES 2009, PEREIRA E VENCE 2012, HOJNIK E RUZZIER 2015). No entanto, há pouca informação sobre as barreiras que as empresas enfrentam para implantar inovações sustentáveis, e nenhum estudo foi encontrado que sintetize de forma mais geral essas barreiras. Dessa forma, foi identificado um gap na literatura que esse estudo pretende preencher: identificar quais são as barreiras que as empresas enfrentam para implementar a inovação sustentável em seus processos.

Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura. Como resultado dessa revisão sistemática são apresentadas uma análise descritiva e de conteúdo dos artigos selecionados sobre esse tema. A análise descritiva mostra informações sobre o país de origem do primeiro autor, ano da publicação, revista onde o estudo foi publicado, universidade ou departamento onde o primeiro autor atua e o tipo de pesquisa (abordagem da pesquisa). Com relação à análise de conteúdo os estudos selecionados foram classificados com relação ao tipo de inovação, área de atuação e tamanho da empresa estudada, e a identificação clara das principais barreiras que as empresas enfrentam na implementação de inovações sustentáveis. Este artigo é organizado da seguinte forma: na seção dois é apresentado o referencial teórico que permeia o tema de inovação sustentável. Na seção três é detalhado o método utilizado para a revisão sistemática, seguido, na seção quatro, dos resultados desta pesquisa. Na última seção são apresentadas as considerações finais.

2 – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 – INOVAÇÃO

A inovação, segundo SHUMPETER (1982) é um processo de descontinuidade com o que está estabelecido através da introdução de um novo bem ou nova qualidade de um bem (BATAGLIN, 2014). A ideia de inovação traz consigo a percepção da inserção de alguma novidade, seja ela com relação a produtos, processos ou serviços. O conceito de inovação mais utilizado e aceito é o definido pela OCDE (Organization for Economic

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Operation and Development). A OCDE é um fórum comporto por 30 países que tem

como principal objetivo a solução de problemas sociais, econômicos e ambientais advindos da globalização. Segundo o Manual de Oslo, que é o relatório oficial sobre inovação da OCDE, o mesmo oferece um ambiente no qual esses governos conseguem comparar experiências de políticas, buscando respostas para problemas comuns, além de identificar novas práticas para coordenar políticas internas e internacionais. Segundo a OCDE (2005), inovação é a implementação de um produto (bens ou serviços) novo ou melhorado, ou processo, método de marketing, ou uma forma nova de práticas de negócio de uma organização, do ambiente de trabalho dela, ou de suas relações externas.

A OCDE define pelo Manual de Oslo, quatro tipos de inovação: inovação em produto, em processo, em marketing e organizacional. A inovação em produto diz respeito à criação de um novo produto ou uma melhoria da especificação técnica, materiais e componentes de um produto já existente, modificando assim suas características funcionais. A inovação em processo está relacionada com a introdução de um novo método de produção ou entrega dos produtos. A inovação em marketing está associada com mudanças significativas no design do produto e sua apresentação para os consumidores, além da precificação e promoção. Finalmente, a inovação organizacional é a implantação de novos métodos organizacionais no ambiente de trabalho da empresa ou em suas relações externas. Segundo o Manual de Oslo, o requisito mínimo para se definir uma inovação é que o produto, processo, o método de marketing ou organizacional sejam novos para a empresa.

Segundo o Manual de Oslo, as empresas podem engajar-se em atividades de inovação por inúmeras vezes, e a identificação dos motivos que levam uma empresa a inovar são os grandes geradores das forças de inovação, das novas oportunidades de mercado e do aumento da competitividade. Entender o impacto da inovação no mercado econômico e na unidade primária, a empresa, é também uma questão muito importante. Segundo DOPFER et al (2004), a teoria econômica micro-meso-macro ajuda no entendimento sobre como se dá a inovação na economia. Essa teoria abrange mudanças que a inovação provoca em nível da micro unidade (a empresa); ao nível da dinâmica de mercado (meso) e dos processos de auto-organização (macro). No nível micro estão os valores da empresa, diretoria e gerência, as competências e performance da empresa com relação à inovação, atração e retenção de talentos e a eficiência econômica da empresa. No nível meso estão questões relacionadas com as dinâmicas de mercados, as necessidades dos clientes e as segmentações de mercado. Ao nível macro estão as diretrizes governamentais que dizem respeito à inovação.

2.2 – INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL

A ideia central do conceito de inovação sustentável é aquela que traz para a empresa ou mercado novos produtos e serviços que possuem, dentro de sua concepção, conceitos sustentáveis. De acordo com KEMP E PEARSON (2007) inovação sustentável é a

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4 produção, assimilação e exploração de um produto, processo de produção, serviço ou gestão ou método de negócio que seja novo para a organização e que resulta, durante o seu ciclo de vida, em uma redução do risco ambiental, da poluição e de outros impactos negativos do uso de recursos (incluindo o uso de energia) em comparação com alternativas relevantes.

De acordo com a compilação feita por URBANIEC (2015) com base na EIO 2013 (p.3) e URBANIEC 2008 (pp. 14-24), existem várias classificações de inovação sustentável, entre elas estão a de produto, processo, organizacional, mercado, social e de sistema. A inovação sustentável de produto está relacionada com o lançamento de um novo produto ou serviço ou produto com qualidades significativamente melhoradas de uso em relação ao anterior. O mesmo foi produzido minimizando seus impactos no ambiente com relação aos materiais utilizados e baixo consumo de energia utilizado durante o processo de produção. O processo de inovação sustentável é uma maneira nova ou melhorada de produção ou métodos de fornecimento do produto, que inclui a redução do consumo de material, a substituição de substâncias toxicas que estejam envolvidas no processo de produção do produto e a redução de emissões de gás carbônico ao meio ambiente, além do controle de resíduos.

Conforme URBANIEC (2015), a inovação sustentável organizacional refere-se aos novos métodos e sistemas de gerenciamento que focam na resolução de problemas ambientais de produção, como por exemplo, esquemas de prevenção de poluição, auditoria de sistemas ambientais, além do gerenciamento da rede de fornecedores e outras formas colaborativas de desenvolver o potencial de inovação sustentável. A inovação sustentável em marketing corresponde à introdução de métodos e técnicas que levam a mudanças de design ou de embalagem, posicionamento de mercado, promoção e precificaçao, ajudando a moldar uma consciência ecológica, através de, por exemplo, certificações verdes e introdução de marcas verdes no mercado.

A inovação sustentável social, segundo URBANIEC (2015), afeta as dimensões de mercado relacionadas ao comportamento e estilo de vida do consumidor, com a inserção de produtos e serviços verdes, novos conceitos sociais como o green living e o conceito de compratilhamento de produtos, que podem levar a uma diminuição real do uso de matéria prima, sem comprometer a qualidade do produto ou serviço. E finalmente o conceito de inovação sustentável de sistemas diz respeito às contribuições para a eficiência de todo um sistemas, focando nos components individuais do mesmo. Como exemplo tem-se as novas maneiras de dimensionar edifícios e casas, o desenvolvimento do conceito de green cities ou cidades verdes, onde existe um planejamento viário e operacional etc…De acordo com URBANIEC (2015), a inovação sustentável, diferentemente da inovação, não está condicionada apenas aos determinantes de oferta e procura, mas também está relacionada com a questão ambiental.

Dependendo do tipo de inovação, diferentes barreiras podem se apresentar e essas podem variar com relação ao tipo de empresa e aos países onde essas empresas estão instaladas.

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5 Existem vários fatores que podem dificultar as atividades de inovação dentro das empresas a tomarem corpo e gerarem bons resultados. Segundo a OCDE (2005), no Manual de Oslo, essas barreiras podem estar ligadas a aspectos economicos, empresariais ou legais. O Manual de Oslo apresenta uma lista de fatores que podem impedir o desenvolvimento de todos os tipos de inovação já relatados aqui.

a) Os fatores econômicos: estão relacionados com o custo de inovar, riscos econômicos excessivos, carência de financiamento interno e de outras fontes externas, como bancos ou governos.

b) Fatores relativos ao conhecimento: e o potencial inovador dentro da empresa são: a carência de pessoas qualificadas no mercado de trabalho e na empresa, a carência de informações sobre tecnologia e mercado, dificuldade em encontrar parceiros de cooperação no desenvolvimento do produto, processo e marketing c) Os fatores de Mercado: são a falta de certeza sobre a demanda de produtos

inovadores e o fato de o mercado já ser dominado por empresas já estabelecidas. d) Os fatores legais ou institucionais: estão relacionados com a carência de infraestrutura, a fragilidade dos direitos de propriedade, falta de legislação, tributação e outros.

3 – METODOLOGIA

O objetivo desta pesquisa é de identificar o estado da arte da literatura sobre as barreiras para inovação sustentável em empresas. De acordo com DENYER e TRANFIELD (2009), uma revisão sistemática da literatura é um método específico de localização e seleção de estudos que apresenta como resultado uma análise sintetizada dos dados, reportados de maneira clara. O método utilizado neste estudo foi proposto por CONFORTO, AMARAL e SILVA (2011) e está exemplificado na figura 1.

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6 A primeira etapa do método, a entrada de dados, foi realizada de acordo com o quadro 1, que especifica o protocolo de pesquisa realizado. Foram determinados o objetivo da pesquisa, a descrição da pesquisa e a pergunta de pesquisa à qual se pretende responder: “Quais são as barreiras para a inovação sustentável nas empresas?” As buscas foram realizadas no mês de outubro de 2016. As bases de dados escolhidas para essa revisão foram: Scopus, EBSCO, Science Direct e Proquest. A entrada de dados nas bases foi realizada utilizando combinações da palavra “inovação” e todos os seus sinônimos e “barreiras” e todos os seus sinônimos. As buscas foram feitas em título, palavras-chaves e abstract.

Quadro 1 – Protocolo de Pesquisa

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7 O modelo de pesquisa adotado neste estudo prevê a aplicação de três filtros. O primeiro filtro abrange a definição do protocolo de pesquisa e entrada de dados nas bases, inserção dos artigos selecionados no software Start e identificação dos artigos publicados. O filtro dois compreende a leitura dos abstracts e conclusões dos artigos selecionados e a seleção ou descarte de acordo com os critérios de inclusão previamente estabelecidos. O filtro três estabelece a leitura completa dos artigos selecionados no filtro 2 e a retirada de informações para o desenvolvimento deste trabalho. Para este estudo o filtro 1 resultou em 946 artigos que foram inseridos no software Start para análise, dos quais 369 eram duplicados, totalizando 577 artigos. No filtro 2, 49 artigos foram selecionados, pois atendiam o critério de inclusão. O filtro 3 resultou em 20 artigos. No entanto 2 artigos foram excluídos por impossibilidade de acesso. Dessa forma, 18 artigos foram lidos na íntegra e analisados com relação ao seu conteúdo.

Na seção de resultados são apresentadas informações descritivas e de conteúdo dos artigos selecionados nessa pesquisa. Informações descritivas apresentadas são: país de origem do primeiro autor, área de atuação, ano da publicação, revista onde o estudo foi publicado, tipo de pesquisa, tamanho e tipo de indústria estudada. Informações de conteúdo estão relacionadas com o tipo de inovação estudado (produto, processo e marketing), e suas barreiras.

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção apresenta os resultados deste estudo em duas partes: a análise descritiva e análise de conteúdo dos artigos. Os resultados estão sumarizados nos quadros 2 e 3 apresentados nessa seção.

4.1 – ANÁLISE DESCRITIVA

A pesquisa resultou em 18 artigos que foram utilizados para o desenvolvimento deste estudo. Os resultados mostram uma evolução histórica de publicações, com apenas um artigo publicado em 2001, observando-se uma aumento considerável de publicações a partir de 2014. No entanto o número de publicações ainda é baixo, conforme mostra a figura 3. Mais de 70% dos artigos selecionados para essa pesquisa tem como origem países europeus (Itália, Reino Unido, Dinamarca, Holanda, França, Finlândia, Polônia, Alemanha e Suécia), seguidos do Brasil, Malásia e Austrália.

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Figura 3 – Número de artigos publicados

Fonte: Dados da Pesquisa

As revistas selecionadas foram: International Journal of Technology Management, Tourism Recreation Research, Nanotechnology Law and Business, Environmental Policy and Governance, Journal of Textile and Apparel, Technology and Management, Engineering Management Research, Journal of Evolutionary Economics, Management (France), Review of Managerial Science, Economics and Sociology, Environmental Science and Engineering. O destaque é para o Journal of Cleaner Production, com cinco artigos publicados sobre esse tema.

Com relação à abordagem de pesquisa, verifica-se um grande número de estudos de caso, dez no total, seguido por três estudos exploratórios, duas revisões da literatura e três surveys. A grande maioria dos estudos (42%) focam em empresas de pequeno e médio porte, mas existem também estudos relacionados a empresas de grande porte e multinacionais. Os setores da indústria selecionados aqui são os mais variados possíveis, desde a indústria do turismo, nanotecnologia, têxtil, metalúrgica e de cerveja. Os artigos selecionados foram analisados também quanto à área de inovação na qual os estudos foram focados, e os resultados demonstraram que a maioria dos artigos focam em inovação de produto e processo.

O quadro 2 apresenta os resultados da análise descritiva acima comentada.

0 1 2 3 4 5 2001 2002 2008 2009 2011 2014 2015 2016 N . ° A rt ig o s P u b li ca d o s Ano da publicação

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Quadro 2 – Resultados dos artigos selecionados

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4.2 – ANÁLISE DE CONTEÚDO

Nesta seção são apresentada as barreiras identificadas com relação à inovação sustentável. Ficou evidente nesta pesquisa que as barreiras enfrentadas com relação à implantação de inovação sustentável nas empresas seguem a descrição das barreiras mencionadas no Manual de Oslo (2005) e dizem respeito aos fatores econômicos, de conhecimento, de mercado e legais. Dessa forma seguiremos essa classificação para apresentar os resultados encontrados nesse estudo. Assim, as barreiras para inovação sustentável serão apresentadas nas seguintes categorias: Técnica, Cultural e Estratégica, Financeira, de Legislação e de Mercado. O quadro 3 apresenta um resumo dessas informações.

Quadro 3 – Barreiras à inovação sustentável nas empresas

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11 A barreira mais citadas pelos estudos foi a barreira técnica, citada em treze estudos, seguida pela barreira financeira, com doze artigos. Em seguida, a barreira cultural e estratégica é estudada em doze artigos. As barreiras legais (de legislação) e de mercado seguem com nove e sete estudos, respectivamente.

4.2.1 – BARREIRA TÉCNICA

A barreira técnica está relacionada com a falta de conhecimento específico e acessibilidade de informações com relação a novas tecnologias, pesquisa e desenvolvimento de novos processos e produtos e isso está intimamente relacionado à equipe interna da empresa, que participa desse processo. Essa barreira é estudada em dezessete artigos, dos dezoito selecionados. A falta de uma equipe de alta performance, ou seja, engajada e dedicada aos processos de inovação, gera uma barreira para o desenvolvimento da inovação sustentável (ABDULLAH et al., 2015). SOUTO,J e RODRIGUEZ,A. (2015) afirmam que a falta de uma equipe de alta performance está ligada à falta de treinamento e de investimento em recursos humanos por parte da empresa e institutos de pesquisa. Outro fator é a dificuldade do acesso à informação, principalmente para empresas de pequeno e médio porte, pois elas não operam dentro do fluxo de informação, dentro do contexto europeu (BIONDI et al, 2002). JORDAN et al (2014), afirmam que as pequenas e médias empresas alemãs sofrem com a falta de informação relevante com relação a informações de mercado e de conhecimento tecnológico.

4.2.2 – BARREIRA CULTURAL E ESTRATÉGICA

A barreira cultural e estratégica está associada com a falta de um planejamento estratégico ao qual a empresa se comprometa, buscando atingir metas de inovação e engajar seus funcionários, gerando assim uma cultura de inovação interna. Ela é estudada em doze artigos do total de dezoito selecionados. No que diz respeito às empresas de pequeno e médio porte, isso pode ser difícil, pois ter uma estratégia de inovação demanda investimento, o qual na maioria das vezes exige um retorno imediato (BIONDI et al, 2002). De acordo com ABDULLAH et al (2015), a cultura organizacional é responsável por construir atitudes de percepções de seus funcionários dentro da empresa. Dessa forma, fica clara a importância de se ter uma estratégia de inovação sustentável estabelecida e de conhecimento de todos os funcionários, isso tornará sua implantação mais fácil de ser reconhecida e difundida internamente.

4.2.3 – BARREIRA FINANCEIRA

A barreira financeira é a dificuldade em se conseguir recursos para investimento em inovação sustentável. Essa barreira é estudada em treze artigos. SACHDEVA et al (2015)

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12 afirmam que essa é uma das barreiras que mais afeta as corporações, pois empresas de pequeno e médio porte não possuem recursos para investir no departamento de pesquisa e desenvolvimento. Além disso o custo da inserção de novas tecnologias muitas vezes impede financiamentos, devido ao alto risco e o pouco conhecimento sobre os benefícios econômicos gerados pela inovação (URBANIEC, 2015). HÜBNER; et al (2001) afirmam que o fato da inovação ser ainda mais cara que a utilizada atualmente impede o investimento, pois ainda não está claro o retorno financeiro que ela trará no futuro. OLIVEIRA NETO et al (2016) mencionam que a falta de financiamento juntamente com a falta de conhecimento e tempo barram a inserção de uma produção mais limpa.

4.2.4 – BARREIRA DE LEGISLAÇÃO

Barreiras ligadas à legislação, ou seja, à falta de apoio financeiro do governo e de incentivos fiscais que colaborem com o desenvolvimento da inovação sustentável nas empresas e suas regulamentações são estudadas em nove artigos, dos dezoito selecionados nesta pesquisa. Esse tipo de barreira também está associado à falta de legislação específica que controle os riscos ambientais das empresas, através de multas etc...no caso de uma não conformidade das empresas. ABDULLAH et al (2015) afirmam que na Malásia, o governo não apoia iniciativas inovadoras sustentáveis para encorajar as empresas. Por outro lado, KRISTENSEN et al (2009) já mostram um cenário diferente com relação ao seu estudo na Dinamarca, demonstrando o quanto o país se preocupa com esse tipo de legislação embora ainda seja retratado em seu estudo como uma barreira para a inovação sustentável. NIELSEN et al (2016) mostram em sua revisão da literatura que apesar da novidade do assunto, já há um número considerável de ferramentas legislativas sendo implementadas na Dinamarca tais como: educação formal e informal, concessão de empréstimos, colaboração e suporte.

4.2.5 – BARREIRA DE MERCADO

A última categoria discutida aqui são as barreiras enfrentadas pelas empresas com relação ao mercado consumidor de inovações sustentáveis. Ela é citada por sete artigos dos dezoito selecionados. A falta de demanda para esse tipo de produto, ou mesmo o não apoio a um produto já lançado, ou seja, o consumidor não sabe que o produto é sustentável, dificultam o desenvolvimento desse tipo de inovação nas empresas. ABDULLAH et al (2015) em sua pesquisa trabalharam com a hipótese de que a falta de uma demanda por parte do consumidor por produtos gerados a partir da inovação, tem um efeito negativo na adoção de sistemas de inovação por parte das industrias de manufatura da Malásia. LAUKKANEN e PATALA (2014) afirmam em seus estudos que o mercado não vê a sustentabilidade como fator dominante nos produtos, os consumidores apreciam bons produtos e serviços e preços acessíveis, mas não se atentam para questões sustentáveis e sociais dos produtos. Essa falta de suporte do mercado consumidor gera dúvida nos empresários com relação ao investimento em inovação sustentável. Informar

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13 o consumidor sobre a sustentabilidade do produto, através de selos e certificações verdes é uma alternativa para superar essa barreira.

5 – CONCLUSÃO

O objetivo desta pesquisa foi o de identificar na literatura quais são as principais barreiras enfrentadas pelas empresas para implementação de inovação sustentável. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura utilizando as bases Scopus, Science Direct, Proquest e EBSCO (academic Premier).

A pesquisa resultou em 18 artigos que foram utilizados para o desenvolvimento deste estudo. Os resultados mostram uma evolução histórica de publicações, com apenas um artigo publicado em 2001, observando-se uma aumento considerável de publicações a partir de 2014. Mais de 70% dos artigos selecionados para essa pesquisa tem como origem países europeus (Itália, Reino Unido, Dinamarca, Holanda, França, Finlândia, Polônia, Alemanha e Suécia), seguidos do Brasil, Malásia e Austrália. A maioria dos estudos é de abordagem qualitativa com 55 % dos casos sendo estudos de caso. Há uma grande variedade com relação ao tipo de indústria estudada e seu porte (pequena, média ou grande).

As barreiras à inovação sustentável nas empresas identificadas nesse estudo são: barreira técnica, estratégica e cultural, financeira, de legislação e de mercado. As barreiras técnicas trazem um grande desafio relacionado à falta de conhecimento técnico e inserção de novas tecnologias, que podem ou não ser desenvolvidas em departamentos específicos dentro das empresas, e a não difusão desse conhecimento. A falta de treinamento e a escassez de mão-de-obra qualificada contribuem para esse panorama. A barreira estratégica e cultural traz repercussão pela falta de planejamento da empresa, falta de comprometimento de seus funcionários, tornando o ambiente mais fechado quanto à geração e desenvolvimento de novas ideias.

A barreira financeira é uma das mais citadas e que, segundo os estudos, mais afeta as corporações. A falta de investimento financeiro em inovação torna o desenvolvimento de pesquisas em novos produtos e processos bastante dificultado, afetando ainda mais empresas de pequeno e médio porte, que dependem de um resultado mais imediato de seus investimentos. Outro ponto bastante citado é a barreira relacionada à falta de legislação e fomento por parte do governo às atividades de inovação sustentável nas empresas. Mais acesso a financiamentos especiais ou subsídios poderiam gerar mais interesse das empresar em inovar. Finalmente, a barreira de mercado está intimamente ligada à falta de demanda do mercado consumidor por produtos inovadores sustentáveis ou seja, a incerteza de que o produto será bem visto pelo mercado dificulta o investimento dos empresários em novos sistemas de inovação mais sustentáveis.

Esta pesquisa objetivou a identificação das barreiras à inovação sustentável nas empresas, dessa forma, o estudo se limitou a não oferecer sugestões de como superar e solucionar

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14 esses problemas. Para futuras pesquisas sugere-se estudar essas barreiras com mais profundidade e entender a melhor maneira de se implementar mecanismos para superação das mesmas. Isso vai variar dependendo do país onde a empresa está instalada, tamanho e área de atuação das mesmas. Recomenda-se também, a realização de pesquisas em empresas Brasileiras com o intuito de mapear as principais barreiras à inovação que as empresas nos mais variados setores da economia enfrentam no país.

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Referências

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