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SENTENÇA. O réu, devidamente notificado, compareceu à audiência e apresentou resposta.

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Academic year: 2021

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1ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLA­DF Proc. No. 0000692­41.2013.5.10.0001

SENTENÇA

I­ RELATÓRIO:

Vistos os autos.

MINISTÉRIO  PÚBLICO  DO  TRABALHO  ajuizou  ação  civil pública em face de SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS, formulando  pleitos  de  natureza  eficacial  declaratória  e condenatória. O réu, devidamente notificado, compareceu à audiência e apresentou resposta. Foram produzidas provas documentais. Razões finais remissivas. Frustradas as tentativas de conciliação. Valor da causa de R$ 2.000.000,00. É o relatório.

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II­ FUNDAMENTAÇÃO: I.1­ Das preliminares: I.1.1­ Da preliminar de ilegitimidade ativa do Ministério Público do Trabalho e da coisa julgada e litispendência: Alega o réu a ilegitimidade do Ministério Público do Trabalho para ajuizamento da presente ação, bem como a existência de coisa julgada e litispendência quanto a alguns substituídos. Pugna pela extinção do feito sem exame do mérito. Quanto à alegação de ilegitimidade do MPT, por um lado, registro que, analisando a causa de pedir e os pedidos, é inegável que a pretensão conta com natureza transindividual. Inegavelmente, a presente ação busca promover defesa de interesses de natureza individual homogênea, nos termos do art. 81, III, do CDC. Ou seja, constata­se com nitidez que o litígio conta com natureza  tipicamente  coletiva.  Tal  cenário,  por  si  só, considerando os termos do art. 83, III da LC 75, implicaria na configuração da legitimidade. Ao mesmo tempo, as condutas alegadas como responsáveis pela lesão envolvem atos praticados pela Administração Pública, considerando o fato de que a ré consiste em entidade da Administração Indireta da União. Assim, o ajuizamento da presente ação busca o controle dos atos da Administração Pública.

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Desta forma, entendo formalmente configurada a legitimação para o ajuizamento da presente ação. Porém, não obstante a existência de legitimidade, entendo manifestamente inconveniente e inadequada. Na realidade, tal condição envolve não propriamente a atuação do MPT, mas a adoção de mecanismos de coletivização do processo em casos como o presente. Registro que, não obstante a autorização legal para tanto, e a beleza teórica da coletivização do processo, a verdade é que, na prática, trata­se de uma desastre processual. Ou seja, ainda que exista autorização legal­formal para a presente estratégia processual, entendo esta manifestamente inadequada  em  situações  como  a  presente.  Entendo  que  o correto seria que cada substituído ajuizasse ação individual, com tramitação própria, a ser julgada e executada de forma individual.

Ainda  que  a  situação  dos  autos  envolva  a  alegação  de macrolesão  e  a  configuração  da  potencial  violação  a interesses individuais homogêneos – o que autoriza a presente ação  e  a  legitimação  do  MPT,  cada  substituído  tem  uma realidade particular. Assim, entendo que o mais adequado seria o ajuizamento de ações individuais. Esta mesma dificuldade reflete no tema da coisa julgada e da litispendência, ainda que exista pretensa solução na lei para tanto, nos termos dos arts. 103 e 104 do CPC. Portanto, definitivamente, entendo processualmente inadequado e impertinente o ajuizamento da presente ação. Porém, entendo

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também que há previsão legal. Anuncio e profetizo desde já que a execução da presente ação, caso não se dê comando específico de modo a fugir do padrão tradicional, será um verdadeiro tormento, com o risco de demandar tempo e esforços judiciários significativos, e mesmo nunca se encerrar. Naturalmente que tal visão somente pode ser compreendida por aqueles que conhecem a realidade do Primeiro Grau de Jurisdição, conduzem execuções e vivenciam a dinâmica da Secretaria de uma Vara do Trabalho. Porém, como há previsão e amparo legal, entendo que não há como acolher a presente preliminar de ilegitimidade, de modo que a rejeito. Quanto à coisa julgada e litispendência, entendo necessária a aplicação ao caso da lógica do art. 104 do CDC. Ou seja, quanto aos substituídos que ajuizaram ações individuais e até o momento de publicação desta sentença não requereram a suspensão  ou  a  extinção  das  ações  individuais,  ficam automaticamente  excluídos  do  universo  de  substituídos potenciais beneficiários da prestação jurisdicional postulada nestes autos. Determino que tal condição seja apurada na fase de execução. II.1.2­ Da preliminar de inépcia: Alega o réu a preliminar de inépcia. Registro que no Direito Processual do Trabalho, conforme o  disposto  no  art.  840  da  CLT,  adota­se  a  teoria  da individuação, segundo a qual basta o relato dos fatos, para a conformação da causa de pedir.

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Por outro lado, ainda que se entenda que em ações civis públicas o mencionado dispositivo não se aplique, conforme a lógica  do  art.  295,  parágrafo  único  do  CPC, a inépcia pressupõe vícios sobre a causa de pedir e pedidos, capazes de comprometer o exercício do direito de defesa ou o julgamento. Analisando a petição inicial, entendo que inexistem os referidos vícios. Assim, rejeito a preliminar. II.2­ Do mérito: II.2.1­ Da prejudicial de prescrição: Argüi o réu prejudicial de prescrição. Considerando a ausência de alegação e comprovação qualquer ato interruptivo, bem como diante do ajuizamento da presente ação em 14/05/2013, com fundamento no art. 7º, XXIX da CF, pronuncio a prescrição de qualquer pretensão de natureza eficácia  condenatória,  entendo  direitos  anteriores  a 14/05/2013. II.2.1­ Da consideração do tempo de afastamento entre a dispensa e a readmissão e dos seus efeitos (pedidos “5.1.a” e “5.1.b”): Alega o autor ser devido aos substituídos a consideração do período entre a dispensa e a readmissão. Sustenta que os

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substituídos foram readmitidos em função da Lei 8.878/1994 (Lei  de  Anistia).  Postula  o  reconhecimento  do  referido período em favor dos substituídos, bem como a condenação a realizar  promoções  por  antiguidade  e  merecimento, considerando o referido período e o pagamento de diferenças salariais e repercussões legais.

O réu sustentou não ser devido o reconhecimento do período entre a dispensa e a readmissão em favor dos substituídos. Sustentou  que  a  Lei  8.878/1994,  art.  6º,  veda  efeitos financeiros da readmissão, sendo esta a compreensão da OJ Transitória 56 da SBDI­1.

Assim,  passo  primeiramente  à  análise  da  pretensão  de reconhecimento do período de afastamento (entre a dispensa e a readmissão). Não há dúvida de que o art. 6º, da Lei 8.878/1994, veda expressamente efeitos financeiros decorrentes da anistia. Obviamente que tal regra não é suficientemente clara, por não ter disciplinado e tratado de desdobramentos como o dos autos, o que se situa numa zona cinzenta entre estar ou não enquadrada no conceito de “efeitos financeiros”. Entendo que o legislador deveria ter disciplinado claramente situações como a presente, mas não o fez.

Analisando  a  jurisprudência  do  TST,  verifico  uma  clara tendência de não admitir o período de afastamento, ainda que deste não decorra de forma direta efeitos financeiros, o que significa reconhecer o direito à consideração do período de afastamento. Neste sentido destaco os seguintes precedentes (com destaques de minha autoria): "AGRAVO. LICENÇA­PRÊMIO. GOZO. CONTAGEM. TEMPO DE SERVIÇO  ANTERIOR  À  DEMISSÃO  E  POSTERIOR  À

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READMISSÃO. ANISTIA. LEI 8.878/1994. CONAB. NÃO PROVIMENTO. Nos termos da Lei nº 8.878/1994, a anistia  por  ela  concedida  só  gerará  efeitos financeiros  a  partir  do  efetivo  retorno  do empregado à atividade, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo. Assim, a vedação de que trata o mencionado preceito de lei alcança o pagamento de salários e demais vantagens relativas ao período de afastamento do empregado, bem como a contagem desse tempo para a concessão de ulteriores  benefícios..."  (Ag­AIRR  ­  1084­

25.2010.5.18.0013  ,  Relator  Ministro:  Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 19/09/2014)."

"RECURSO  DE  REVISTA.  LICENÇA­PRÊMIO.  DIREITO ADQUIRIDO ANTES DA DISPENSA. ANISTIA. EFEITOS. 1. Hipótese em que o e. TRT condenou a reclamada ­a proceder à averbação do período de 02.06.1986 a 15.06.1990, para fins de concessão da licença­ prêmio, a ser usufruída pelo reclamante segundo a conveniência da empresa e de acordo com as normas contidas no Regulamento de Pessoal­. 2. A teor da OJ  Transitória  56/SDI­I/TST,  ­os  efeitos financeiros  da  anistia  concedida  pela  Lei  nº 8.878/94 somente serão devidos a partir do efetivo retorno  à  atividade,  vedada  a  remuneração  em caráter retroativo­. A vedação estipulada pelo art.

6º da Lei 8.878/94, referendada pela jurisprudência deste  Tribunal,  diz  respeito  ao  pagamento  de salários e demais vantagens relativas ao período de afastamento do empregado, assim como a contagem deste  tempo  para  a  concessão  de  ulteriores benefícios, que apenas teriam lugar no caso de reintegração,  mas,  não,  na  hipótese  de readmissão... Recurso de revista não conhecido" (RR

­ 127000­77.2009.5.13.0002 , Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 08/11/2013)

“AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  RECURSO  DE  REVISTA  ­ DESCABIMENTO.  2.  ANUÊNIO  E  LICENÇA­PRÊMIO.

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VANTAGENS AUFERIDAS QUANDO A TRABALHADORA ESTAVA EM ATIVIDADE. LEI DE ANISTIA. READMISSÃO. EFEITOS. Os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº  8.878/94  somente  serão  devidos  a  partir  do efetivo retorno à atividade, vedada a remuneração em  caráter  retroativo.  Inteligência  da  OJ Transitória nº 56 da SBDI­1. Esta Corte tem­se

posicionado no sentido de que a vedação estipulada pelo art. 6º da Lei nº 8.874/94 alcança o pagamento de salários e demais vantagens relativas ao período de  afastamento  do  empregado,  bem  como a  contagem  deste  tempo  para  a  concessão  de ulteriores benefícios, que apenas teriam lugar no caso de reintegração, mas, não, na hipótese de readmissão. Dessa forma, a anistia somente gera

efeitos a partir da data da readmissão. Entretanto, devem ser respeitados os direitos adquiridos até o momento  da  demissão.  Agravo  de  instrumento conhecido  e  desprovido.'  (TST­AIRR­120100­ 06.2009.5.05.0001, 3ª Turma, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT de 14/09/12)”

Porém, entendo que o precedente citado na causa de pedir, o qual transitou em julgado, é eloquente em seus fundamentos, mesmo  não  envolvendo  o  réu  e  podendo  não  contar  com semelhança absoluta com a situação dos autos. Neste sentido destaco (com destaques de minha autoria):

MINISTÉRIO  PÚBLICO  DO  TRABALHO.  AÇÃO  CIVIL COLETIVA. ANISTIA. LEI Nº 8.878/94. VANTAGENS DE CINCO NÍVEIS SALARIAIS SUCESSIVAMENTE CONCEDIDAS EM CARÁTER GERAL, PARA RECOMPOSIÇÃO SALARIAL, A TODOS OS TRABALHADORES DA CONAB, NO DECORRER DO PERÍODO DE AFASTAMENTO DE CADA ANISTIADO, ANTES DE SUA READMISSÃO AO SERVIÇO E DURANTE A SUSPENSÃO DE SEU CONTRATO DE TRABALHO. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS DE ANISTIA E CONCESSÃO DESSAS VANTAGENS AOS EMPREGADOS ANISTIADOS A PARTIR DA DATA DE SEU EFETIVO RETORNO AO  SERVIÇO,  SEM  QUALQUER  PAGAMENTO  RETROATIVO. APLICABILIDADE  DO  ARTIGO  471  DA  CLT,  SEM

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CONTRARIEDADE  À  ORIENTAÇÃO  JURISPRUDENCIAL TRANSITÓRIA Nº 56 DA SBDI­1 DO TST. 1. A Lei nº 8.878/94, em seu artigo 1º, concedeu anistia aos servidores públicos civis federais, dentre os quais os empregados permanentes de empresas públicas e sociedades de economia mista sob controle da União, que, no período compreendido entre 16 de março de 1990  e  30  de  setembro  de  1992,  tenham  sido exonerados, demitidos, despedidos ou dispensados com violação de dispositivo constitucional, legal, regulamentar ou de cláusula constante de norma coletiva  de  trabalho,  por  motivação  política devidamente caracterizada ou por interrupção de atividade  profissional  em  decorrência  de movimentação grevista. Seu artigo 2º, por sua vez, assegurou o retorno do anistiado ao serviço no cargo ou emprego anteriormente ocupado ou, quando for  o  caso,  naquele  resultante  da  respectiva transformação, ficando vedada, por seu artigo 6º, a geração de efeitos financeiros antes da data do seu efetivo retorno à atividade e remuneração desses em caráter retroativo...3. As instâncias ordinárias julgaram improcedente o referido pedido inicial, por o considerarem incompatível com o artigo 6º da referida  Lei  de  Anistia  e  com  a  Orientação Jurisprudencial Transitória nº 56 da SBDI­1 desta Corte, que dispõem que ­os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº 8.878/94 somente serão  devidos  a  partir  do  efetivo  retorno  à atividade,  vedada  a  remuneração  em  caráter retroativo­.  Não  atentaram,  porém,  para  a circunstância peculiar, claramente registrada no acórdão regional, de que o Ministério Público do Trabalho  em  nenhum  momento  pretendeu  que  os empregados anistiados da CONAB recebessem salários e demais vantagens relativos ao período em que estiveram afastados do serviço, e sim, tão somente, que fossem eles readmitidos exatamente nos mesmos níveis salariais assegurados, a título de promoções por merecimento, mas de forma linear e sem nenhuma avaliação de desempenho, a todos os seus colegas de trabalho ocupantes dos mesmos cargos e funções e que  continuaram  em  serviço,  sendo  postulado  o pagamento das consequentes diferenças salariais e

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suas repercussões apenas a partir das datas de seus respectivos  retornos  ao  serviço.  4.  Anistia

significa perdão e esquecimento: por isso mesmo, e como é absolutamente consensual na doutrina mais autorizada de Pontes de Miranda, Carlos Maximiliano e Heleno Cláudio Fragoso, a interpretação das leis de anistia não pode ser restritiva, devendo ser, ao contrário, a mais ampla e generosa possível em favor dos anistiados, sob pena de não se lhes dar a devida eficácia, especialmente em face dos motivos que terão ensejado sua edição. 5. A readmissão dos empregados anistiados em cinco níveis salariais abaixo daqueles em que se encontram enquadrados os demais empregados da reclamada que atuam nos mesmos cargos e funções não se afigura justificada, nem razoável,  causando  inexplicável  distorção  nos

próprios  quadros  funcionais  da  empresa  pública reclamada. Como se sabe, é exatamente a falta de razoabilidade de uma distinção entre dois sujeitos o que caracteriza a existência de uma situação anti­isonômica ou discriminatória. 6. Por fim, não se pode ignorar que, quando o artigo 6º da Lei nº 8.878/94 estabeleceu que a anistia aos empregados por ela beneficiados só gerará efeitos financeiros a partir do efetivo retorno à atividade e vedou sua remuneração  em  caráter  retroativo,  assegurando­ lhes,  desse  modo,  seu  direito  apenas  à  sua readmissão ao serviço (e não sua reintegração), não deixou de lhes assegurar a repristinação do mesmo contrato de trabalho original que cada um deles mantinha com os entes públicos federais (tanto que é absolutamente pacífico que seu retorno ao serviço não exige sua nova aprovação em concurso público). Se assim é, o período de seu afastamento do serviço (ou seja, o período depois de sua dispensa e antes de seu retorno ao trabalho), deve, necessariamente, ser considerado, do ponto de vista jurídico, um período de genuína suspensão do único contrato de trabalho mantido pelas partes (em que, como se sabe, não há, por parte do empregado, a obrigação de prestar serviços, mas também, em contrapartida e como regra geral, não há obrigação, por parte do empregador, de lhe pagar salários). Isso, por sua vez, exige que se observe o disposto no artigo 471

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da CLT, que, na qualidade de regra geral aplicável a todos os casos de suspensão e de interrupção do contrato de trabalho e que foi editada exatamente com  a  finalidade  de  dar  aplicação  prática  ao princípio da isonomia nessas situações, dispõe que ­ao  empregado,  afastado  do  emprego,  são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as vantagens  que,  em  sua  ausência,  tenham  sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa­ ­ fundamento legal que, aplicando­se ao caso dos autos, é por si só mais do que suficiente para determinar  a  procedência  do  pedido  inicial  em exame. 7. Na hipótese, portanto, não há nenhuma

incompatibilidade da pretensão inicial em tela com a Lei da Anistia e a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 56 da SBDI­1 desta Corte, sendo perfeitamente  possível,  após  o  conhecimento  do recurso de revista por divergência jurisprudencial, condenar a reclamada a proceder ao enquadramento funcional  e  salarial  de  todos  os  empregados anistiados que a ela retornaram ao serviço, nos termos da Lei nº 8.878/94, considerando aqueles cinco níveis de progressão funcional concedidos sob o rótulo de promoção por merecimento, nos termos e para os efeitos do artigo 471 da CLT, bem como a pagar­lhes as diferenças salariais em razão dessas promoções  ocorridas,  nos  termos  em  que  foram concedidas aos seus demais empregados em atividade e somente a partir da data do efetivo retorno de cada anistiado ao emprego, com reflexos desses valores  sobre  as  demais  vantagens  trabalhistas decorrentes  de  lei  e  de  normas  coletivas  de trabalho, parcelas vencidas e vincendas, tudo como se  apurar  em  liquidação.  Recurso  de  revista conhecido  e  provido.  (Processo:  RR  ­  5064­ 41.2010.5.10.0000 Data de Julgamento: 26/10/2011, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2011).

Ou  seja,  seguindo  esta  linha  de  raciocínio,  efeitos financeiros significaria condenar o réu a pagar vantagem diretamente  decorrentes  do  período  de  afastamento,  como

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salário, depósitos do FGTS, férias, décimo terceiro e outros. Porém, considerar o período de afastamento para efeito de promoção,  não  significa  que  a  readmissão  gera  efeitos financeiros. Isto é, não gera efeitos financeiros de forma direta, ainda que possa gerar efeitos financeiros de forma indireta. Porém, por uma questão lógica, se temos um evento A, com uma causa B, a qual antecedeu outro evento C, não podemos falar que C causou A. Até por que, no caso dos autos, o evento A pode contar  com  outros  elementos  constitutivos  e  mesmo excludentes,  concorrendo  portanto  com  B  para  a  sua ocorrência. Assim, definitivamente, não se pode afirmar que reconhecer o período de afastamento para fins de promoção gera efeitos financeiros. Até porque tais efeitos somente podem ocorrer após a readmissão, o que se mostra absolutamente e plenamente coerente com o art. 6º, da Lei 8.878/1994, bem como deve ser observada a prescrição. Portanto, entendo devido, em favor dos substituídos, para efeito de promoção, o reconhecimento do período entre a dispensa e a readmissão na forma da Lei 8.878/1994. Porém, quanto à pretensão condenatória, verifico que não há controvérsia, por um lado, quanto à existência de outros requisitos,  bem  como  esta  pode  ser  por  promoção  ou antiguidade.  Além  disto,  é  preciso  considerar  as particularidades da situação de cada substituído.

Tal situação inviabiliza completamente a presente definição, tanto na presente fase cognitiva, quanto na fase de execução. E dessa maneira, entendo que não há como acolher a pretensão condenatória. Assim, cabe a cada substituído postular, seja

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pela via administrativa, seja pela via jurisdicional, a pretensão  condenatória,  considerando  o  período  de afastamento. Por conseguinte, julgo procedente em parte os pedidos, para reconhecer em favor dos substituídos, respeitada a limitação estabelecida no item II.1.1, a consideração, para efeito de promoção por antiguidade ou merecimento, do período entre a dispensa e a readmissão na forma da Lei 8.878/1994. II.2.2­ Do acesso à formação:

Alega  o  autor  que  o  réu  não  vem  oportunizando  aos substituídos cursos de graduação e pós graduação promovidos pela “Uniserpro”. Postula a condenação na obrigação de fazer correspondente à concessão de oportunidade para realização dos referidos cursos. O réu negou a prática discriminatória imputada. Por um lado, conforme o disposto nos arts 818 da CLT e 333, I do CPC, o ônus da prova recai sobre o autor, não havendo elementos que permita reconhecer a alegada discriminação de forma geral, contra todos os substituídos. Por outro lado, entendo  que  a  demonstração  das  discriminações  alegadas precisam  ser  analisadas  e  demonstradas  de  forma individualizada. Assim, considero que no âmbito da presente ação não há como firmar tal juízo.

Assim, entendo que não há como acolher a pretensão, de modo que julgo improcedente o pedido.

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Alega o autor que as condutas imputadas ao réu configuram dano moral coletivo. Postula a condenação ao pagamento de indenização.

O réu negou a prática de dano moral coletivo.

Não  obstante  o  acolhimento  parcial  do  primeiro  pedido, reconhecendo  a  existência  de  macrolesão,  primeiramente entendo que não há elementos que permitam definir o seu alcance, exatamente pela falta de condições de identificar a real situação de cada substituído. Por outro lado, entendo que não se trata de conduta dolosa, praticada com a nítida intenção de lesar direitos, pautada pela má fé. Trata­se na verdade de identificação do alcance de norma pouco precisa e limitada, a ser aplicada por um administração público que conta com uma série de restrições na prática de seus atos. Portanto, entendo que, no presente cenário, não há como reconhecer a responsabilidade civil de natureza coletiva. Por conseguinte, entendo que não há como acolher a pretensão, de modo que julgo improcedente o pedido de condenação ao pagamento de indenização por dano moral coletivo. III­ DISPOSITIVO: Em face do exposto, julgo procedentes os pedidos, nos termos da fundamentação que integra o presente dispositivo, para declarar o direito ao cômputo do período entre a dispensa e a

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readmissão  nos  termos  da  Lei  8.878/1994  em  favor  dos substituídos, julgando improcedentes os demais pedidos. Ante a natureza eficacial da presente decisão não há fato gerador de tributo. Custas pelo réu no valor de R$ 2.000,00 (2% de R$ 100.000,00, arbitrado, tomando como parâmetro o acolhimento parcial dos pedidos e considerando que o comando principal da sentença envolve eficácia declaratória). Intimem­se as partes, sendo o autor pessoalmente. Brasília, 24/11/2014. Rogerio Neiva Pinheiro Juiz do Trabalho Substituto

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