1ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLADF Proc. No. 000069241.2013.5.10.0001
SENTENÇA
I RELATÓRIO:
Vistos os autos.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ajuizou ação civil pública em face de SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS, formulando pleitos de natureza eficacial declaratória e condenatória. O réu, devidamente notificado, compareceu à audiência e apresentou resposta. Foram produzidas provas documentais. Razões finais remissivas. Frustradas as tentativas de conciliação. Valor da causa de R$ 2.000.000,00. É o relatório.
II FUNDAMENTAÇÃO: I.1 Das preliminares: I.1.1 Da preliminar de ilegitimidade ativa do Ministério Público do Trabalho e da coisa julgada e litispendência: Alega o réu a ilegitimidade do Ministério Público do Trabalho para ajuizamento da presente ação, bem como a existência de coisa julgada e litispendência quanto a alguns substituídos. Pugna pela extinção do feito sem exame do mérito. Quanto à alegação de ilegitimidade do MPT, por um lado, registro que, analisando a causa de pedir e os pedidos, é inegável que a pretensão conta com natureza transindividual. Inegavelmente, a presente ação busca promover defesa de interesses de natureza individual homogênea, nos termos do art. 81, III, do CDC. Ou seja, constatase com nitidez que o litígio conta com natureza tipicamente coletiva. Tal cenário, por si só, considerando os termos do art. 83, III da LC 75, implicaria na configuração da legitimidade. Ao mesmo tempo, as condutas alegadas como responsáveis pela lesão envolvem atos praticados pela Administração Pública, considerando o fato de que a ré consiste em entidade da Administração Indireta da União. Assim, o ajuizamento da presente ação busca o controle dos atos da Administração Pública.
Desta forma, entendo formalmente configurada a legitimação para o ajuizamento da presente ação. Porém, não obstante a existência de legitimidade, entendo manifestamente inconveniente e inadequada. Na realidade, tal condição envolve não propriamente a atuação do MPT, mas a adoção de mecanismos de coletivização do processo em casos como o presente. Registro que, não obstante a autorização legal para tanto, e a beleza teórica da coletivização do processo, a verdade é que, na prática, tratase de uma desastre processual. Ou seja, ainda que exista autorização legalformal para a presente estratégia processual, entendo esta manifestamente inadequada em situações como a presente. Entendo que o correto seria que cada substituído ajuizasse ação individual, com tramitação própria, a ser julgada e executada de forma individual.
Ainda que a situação dos autos envolva a alegação de macrolesão e a configuração da potencial violação a interesses individuais homogêneos – o que autoriza a presente ação e a legitimação do MPT, cada substituído tem uma realidade particular. Assim, entendo que o mais adequado seria o ajuizamento de ações individuais. Esta mesma dificuldade reflete no tema da coisa julgada e da litispendência, ainda que exista pretensa solução na lei para tanto, nos termos dos arts. 103 e 104 do CPC. Portanto, definitivamente, entendo processualmente inadequado e impertinente o ajuizamento da presente ação. Porém, entendo
também que há previsão legal. Anuncio e profetizo desde já que a execução da presente ação, caso não se dê comando específico de modo a fugir do padrão tradicional, será um verdadeiro tormento, com o risco de demandar tempo e esforços judiciários significativos, e mesmo nunca se encerrar. Naturalmente que tal visão somente pode ser compreendida por aqueles que conhecem a realidade do Primeiro Grau de Jurisdição, conduzem execuções e vivenciam a dinâmica da Secretaria de uma Vara do Trabalho. Porém, como há previsão e amparo legal, entendo que não há como acolher a presente preliminar de ilegitimidade, de modo que a rejeito. Quanto à coisa julgada e litispendência, entendo necessária a aplicação ao caso da lógica do art. 104 do CDC. Ou seja, quanto aos substituídos que ajuizaram ações individuais e até o momento de publicação desta sentença não requereram a suspensão ou a extinção das ações individuais, ficam automaticamente excluídos do universo de substituídos potenciais beneficiários da prestação jurisdicional postulada nestes autos. Determino que tal condição seja apurada na fase de execução. II.1.2 Da preliminar de inépcia: Alega o réu a preliminar de inépcia. Registro que no Direito Processual do Trabalho, conforme o disposto no art. 840 da CLT, adotase a teoria da individuação, segundo a qual basta o relato dos fatos, para a conformação da causa de pedir.
Por outro lado, ainda que se entenda que em ações civis públicas o mencionado dispositivo não se aplique, conforme a lógica do art. 295, parágrafo único do CPC, a inépcia pressupõe vícios sobre a causa de pedir e pedidos, capazes de comprometer o exercício do direito de defesa ou o julgamento. Analisando a petição inicial, entendo que inexistem os referidos vícios. Assim, rejeito a preliminar. II.2 Do mérito: II.2.1 Da prejudicial de prescrição: Argüi o réu prejudicial de prescrição. Considerando a ausência de alegação e comprovação qualquer ato interruptivo, bem como diante do ajuizamento da presente ação em 14/05/2013, com fundamento no art. 7º, XXIX da CF, pronuncio a prescrição de qualquer pretensão de natureza eficácia condenatória, entendo direitos anteriores a 14/05/2013. II.2.1 Da consideração do tempo de afastamento entre a dispensa e a readmissão e dos seus efeitos (pedidos “5.1.a” e “5.1.b”): Alega o autor ser devido aos substituídos a consideração do período entre a dispensa e a readmissão. Sustenta que os
substituídos foram readmitidos em função da Lei 8.878/1994 (Lei de Anistia). Postula o reconhecimento do referido período em favor dos substituídos, bem como a condenação a realizar promoções por antiguidade e merecimento, considerando o referido período e o pagamento de diferenças salariais e repercussões legais.
O réu sustentou não ser devido o reconhecimento do período entre a dispensa e a readmissão em favor dos substituídos. Sustentou que a Lei 8.878/1994, art. 6º, veda efeitos financeiros da readmissão, sendo esta a compreensão da OJ Transitória 56 da SBDI1.
Assim, passo primeiramente à análise da pretensão de reconhecimento do período de afastamento (entre a dispensa e a readmissão). Não há dúvida de que o art. 6º, da Lei 8.878/1994, veda expressamente efeitos financeiros decorrentes da anistia. Obviamente que tal regra não é suficientemente clara, por não ter disciplinado e tratado de desdobramentos como o dos autos, o que se situa numa zona cinzenta entre estar ou não enquadrada no conceito de “efeitos financeiros”. Entendo que o legislador deveria ter disciplinado claramente situações como a presente, mas não o fez.
Analisando a jurisprudência do TST, verifico uma clara tendência de não admitir o período de afastamento, ainda que deste não decorra de forma direta efeitos financeiros, o que significa reconhecer o direito à consideração do período de afastamento. Neste sentido destaco os seguintes precedentes (com destaques de minha autoria): "AGRAVO. LICENÇAPRÊMIO. GOZO. CONTAGEM. TEMPO DE SERVIÇO ANTERIOR À DEMISSÃO E POSTERIOR À
READMISSÃO. ANISTIA. LEI 8.878/1994. CONAB. NÃO PROVIMENTO. Nos termos da Lei nº 8.878/1994, a anistia por ela concedida só gerará efeitos financeiros a partir do efetivo retorno do empregado à atividade, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo. Assim, a vedação de que trata o mencionado preceito de lei alcança o pagamento de salários e demais vantagens relativas ao período de afastamento do empregado, bem como a contagem desse tempo para a concessão de ulteriores benefícios..." (AgAIRR 1084
25.2010.5.18.0013 , Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 19/09/2014)."
"RECURSO DE REVISTA. LICENÇAPRÊMIO. DIREITO ADQUIRIDO ANTES DA DISPENSA. ANISTIA. EFEITOS. 1. Hipótese em que o e. TRT condenou a reclamada a proceder à averbação do período de 02.06.1986 a 15.06.1990, para fins de concessão da licença prêmio, a ser usufruída pelo reclamante segundo a conveniência da empresa e de acordo com as normas contidas no Regulamento de Pessoal. 2. A teor da OJ Transitória 56/SDII/TST, os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº 8.878/94 somente serão devidos a partir do efetivo retorno à atividade, vedada a remuneração em caráter retroativo. A vedação estipulada pelo art.
6º da Lei 8.878/94, referendada pela jurisprudência deste Tribunal, diz respeito ao pagamento de salários e demais vantagens relativas ao período de afastamento do empregado, assim como a contagem deste tempo para a concessão de ulteriores benefícios, que apenas teriam lugar no caso de reintegração, mas, não, na hipótese de readmissão... Recurso de revista não conhecido" (RR
12700077.2009.5.13.0002 , Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 08/11/2013)
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA DESCABIMENTO. 2. ANUÊNIO E LICENÇAPRÊMIO.
VANTAGENS AUFERIDAS QUANDO A TRABALHADORA ESTAVA EM ATIVIDADE. LEI DE ANISTIA. READMISSÃO. EFEITOS. Os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº 8.878/94 somente serão devidos a partir do efetivo retorno à atividade, vedada a remuneração em caráter retroativo. Inteligência da OJ Transitória nº 56 da SBDI1. Esta Corte temse
posicionado no sentido de que a vedação estipulada pelo art. 6º da Lei nº 8.874/94 alcança o pagamento de salários e demais vantagens relativas ao período de afastamento do empregado, bem como a contagem deste tempo para a concessão de ulteriores benefícios, que apenas teriam lugar no caso de reintegração, mas, não, na hipótese de readmissão. Dessa forma, a anistia somente gera
efeitos a partir da data da readmissão. Entretanto, devem ser respeitados os direitos adquiridos até o momento da demissão. Agravo de instrumento conhecido e desprovido.' (TSTAIRR120100 06.2009.5.05.0001, 3ª Turma, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT de 14/09/12)”
Porém, entendo que o precedente citado na causa de pedir, o qual transitou em julgado, é eloquente em seus fundamentos, mesmo não envolvendo o réu e podendo não contar com semelhança absoluta com a situação dos autos. Neste sentido destaco (com destaques de minha autoria):
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. AÇÃO CIVIL COLETIVA. ANISTIA. LEI Nº 8.878/94. VANTAGENS DE CINCO NÍVEIS SALARIAIS SUCESSIVAMENTE CONCEDIDAS EM CARÁTER GERAL, PARA RECOMPOSIÇÃO SALARIAL, A TODOS OS TRABALHADORES DA CONAB, NO DECORRER DO PERÍODO DE AFASTAMENTO DE CADA ANISTIADO, ANTES DE SUA READMISSÃO AO SERVIÇO E DURANTE A SUSPENSÃO DE SEU CONTRATO DE TRABALHO. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS DE ANISTIA E CONCESSÃO DESSAS VANTAGENS AOS EMPREGADOS ANISTIADOS A PARTIR DA DATA DE SEU EFETIVO RETORNO AO SERVIÇO, SEM QUALQUER PAGAMENTO RETROATIVO. APLICABILIDADE DO ARTIGO 471 DA CLT, SEM
CONTRARIEDADE À ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL TRANSITÓRIA Nº 56 DA SBDI1 DO TST. 1. A Lei nº 8.878/94, em seu artigo 1º, concedeu anistia aos servidores públicos civis federais, dentre os quais os empregados permanentes de empresas públicas e sociedades de economia mista sob controle da União, que, no período compreendido entre 16 de março de 1990 e 30 de setembro de 1992, tenham sido exonerados, demitidos, despedidos ou dispensados com violação de dispositivo constitucional, legal, regulamentar ou de cláusula constante de norma coletiva de trabalho, por motivação política devidamente caracterizada ou por interrupção de atividade profissional em decorrência de movimentação grevista. Seu artigo 2º, por sua vez, assegurou o retorno do anistiado ao serviço no cargo ou emprego anteriormente ocupado ou, quando for o caso, naquele resultante da respectiva transformação, ficando vedada, por seu artigo 6º, a geração de efeitos financeiros antes da data do seu efetivo retorno à atividade e remuneração desses em caráter retroativo...3. As instâncias ordinárias julgaram improcedente o referido pedido inicial, por o considerarem incompatível com o artigo 6º da referida Lei de Anistia e com a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 56 da SBDI1 desta Corte, que dispõem que os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº 8.878/94 somente serão devidos a partir do efetivo retorno à atividade, vedada a remuneração em caráter retroativo. Não atentaram, porém, para a circunstância peculiar, claramente registrada no acórdão regional, de que o Ministério Público do Trabalho em nenhum momento pretendeu que os empregados anistiados da CONAB recebessem salários e demais vantagens relativos ao período em que estiveram afastados do serviço, e sim, tão somente, que fossem eles readmitidos exatamente nos mesmos níveis salariais assegurados, a título de promoções por merecimento, mas de forma linear e sem nenhuma avaliação de desempenho, a todos os seus colegas de trabalho ocupantes dos mesmos cargos e funções e que continuaram em serviço, sendo postulado o pagamento das consequentes diferenças salariais e
suas repercussões apenas a partir das datas de seus respectivos retornos ao serviço. 4. Anistia
significa perdão e esquecimento: por isso mesmo, e como é absolutamente consensual na doutrina mais autorizada de Pontes de Miranda, Carlos Maximiliano e Heleno Cláudio Fragoso, a interpretação das leis de anistia não pode ser restritiva, devendo ser, ao contrário, a mais ampla e generosa possível em favor dos anistiados, sob pena de não se lhes dar a devida eficácia, especialmente em face dos motivos que terão ensejado sua edição. 5. A readmissão dos empregados anistiados em cinco níveis salariais abaixo daqueles em que se encontram enquadrados os demais empregados da reclamada que atuam nos mesmos cargos e funções não se afigura justificada, nem razoável, causando inexplicável distorção nos
próprios quadros funcionais da empresa pública reclamada. Como se sabe, é exatamente a falta de razoabilidade de uma distinção entre dois sujeitos o que caracteriza a existência de uma situação antiisonômica ou discriminatória. 6. Por fim, não se pode ignorar que, quando o artigo 6º da Lei nº 8.878/94 estabeleceu que a anistia aos empregados por ela beneficiados só gerará efeitos financeiros a partir do efetivo retorno à atividade e vedou sua remuneração em caráter retroativo, assegurando lhes, desse modo, seu direito apenas à sua readmissão ao serviço (e não sua reintegração), não deixou de lhes assegurar a repristinação do mesmo contrato de trabalho original que cada um deles mantinha com os entes públicos federais (tanto que é absolutamente pacífico que seu retorno ao serviço não exige sua nova aprovação em concurso público). Se assim é, o período de seu afastamento do serviço (ou seja, o período depois de sua dispensa e antes de seu retorno ao trabalho), deve, necessariamente, ser considerado, do ponto de vista jurídico, um período de genuína suspensão do único contrato de trabalho mantido pelas partes (em que, como se sabe, não há, por parte do empregado, a obrigação de prestar serviços, mas também, em contrapartida e como regra geral, não há obrigação, por parte do empregador, de lhe pagar salários). Isso, por sua vez, exige que se observe o disposto no artigo 471
da CLT, que, na qualidade de regra geral aplicável a todos os casos de suspensão e de interrupção do contrato de trabalho e que foi editada exatamente com a finalidade de dar aplicação prática ao princípio da isonomia nessas situações, dispõe que ao empregado, afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa fundamento legal que, aplicandose ao caso dos autos, é por si só mais do que suficiente para determinar a procedência do pedido inicial em exame. 7. Na hipótese, portanto, não há nenhuma
incompatibilidade da pretensão inicial em tela com a Lei da Anistia e a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 56 da SBDI1 desta Corte, sendo perfeitamente possível, após o conhecimento do recurso de revista por divergência jurisprudencial, condenar a reclamada a proceder ao enquadramento funcional e salarial de todos os empregados anistiados que a ela retornaram ao serviço, nos termos da Lei nº 8.878/94, considerando aqueles cinco níveis de progressão funcional concedidos sob o rótulo de promoção por merecimento, nos termos e para os efeitos do artigo 471 da CLT, bem como a pagarlhes as diferenças salariais em razão dessas promoções ocorridas, nos termos em que foram concedidas aos seus demais empregados em atividade e somente a partir da data do efetivo retorno de cada anistiado ao emprego, com reflexos desses valores sobre as demais vantagens trabalhistas decorrentes de lei e de normas coletivas de trabalho, parcelas vencidas e vincendas, tudo como se apurar em liquidação. Recurso de revista conhecido e provido. (Processo: RR 5064 41.2010.5.10.0000 Data de Julgamento: 26/10/2011, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2011).
Ou seja, seguindo esta linha de raciocínio, efeitos financeiros significaria condenar o réu a pagar vantagem diretamente decorrentes do período de afastamento, como
salário, depósitos do FGTS, férias, décimo terceiro e outros. Porém, considerar o período de afastamento para efeito de promoção, não significa que a readmissão gera efeitos financeiros. Isto é, não gera efeitos financeiros de forma direta, ainda que possa gerar efeitos financeiros de forma indireta. Porém, por uma questão lógica, se temos um evento A, com uma causa B, a qual antecedeu outro evento C, não podemos falar que C causou A. Até por que, no caso dos autos, o evento A pode contar com outros elementos constitutivos e mesmo excludentes, concorrendo portanto com B para a sua ocorrência. Assim, definitivamente, não se pode afirmar que reconhecer o período de afastamento para fins de promoção gera efeitos financeiros. Até porque tais efeitos somente podem ocorrer após a readmissão, o que se mostra absolutamente e plenamente coerente com o art. 6º, da Lei 8.878/1994, bem como deve ser observada a prescrição. Portanto, entendo devido, em favor dos substituídos, para efeito de promoção, o reconhecimento do período entre a dispensa e a readmissão na forma da Lei 8.878/1994. Porém, quanto à pretensão condenatória, verifico que não há controvérsia, por um lado, quanto à existência de outros requisitos, bem como esta pode ser por promoção ou antiguidade. Além disto, é preciso considerar as particularidades da situação de cada substituído.
Tal situação inviabiliza completamente a presente definição, tanto na presente fase cognitiva, quanto na fase de execução. E dessa maneira, entendo que não há como acolher a pretensão condenatória. Assim, cabe a cada substituído postular, seja
pela via administrativa, seja pela via jurisdicional, a pretensão condenatória, considerando o período de afastamento. Por conseguinte, julgo procedente em parte os pedidos, para reconhecer em favor dos substituídos, respeitada a limitação estabelecida no item II.1.1, a consideração, para efeito de promoção por antiguidade ou merecimento, do período entre a dispensa e a readmissão na forma da Lei 8.878/1994. II.2.2 Do acesso à formação:
Alega o autor que o réu não vem oportunizando aos substituídos cursos de graduação e pós graduação promovidos pela “Uniserpro”. Postula a condenação na obrigação de fazer correspondente à concessão de oportunidade para realização dos referidos cursos. O réu negou a prática discriminatória imputada. Por um lado, conforme o disposto nos arts 818 da CLT e 333, I do CPC, o ônus da prova recai sobre o autor, não havendo elementos que permita reconhecer a alegada discriminação de forma geral, contra todos os substituídos. Por outro lado, entendo que a demonstração das discriminações alegadas precisam ser analisadas e demonstradas de forma individualizada. Assim, considero que no âmbito da presente ação não há como firmar tal juízo.
Assim, entendo que não há como acolher a pretensão, de modo que julgo improcedente o pedido.
Alega o autor que as condutas imputadas ao réu configuram dano moral coletivo. Postula a condenação ao pagamento de indenização.
O réu negou a prática de dano moral coletivo.
Não obstante o acolhimento parcial do primeiro pedido, reconhecendo a existência de macrolesão, primeiramente entendo que não há elementos que permitam definir o seu alcance, exatamente pela falta de condições de identificar a real situação de cada substituído. Por outro lado, entendo que não se trata de conduta dolosa, praticada com a nítida intenção de lesar direitos, pautada pela má fé. Tratase na verdade de identificação do alcance de norma pouco precisa e limitada, a ser aplicada por um administração público que conta com uma série de restrições na prática de seus atos. Portanto, entendo que, no presente cenário, não há como reconhecer a responsabilidade civil de natureza coletiva. Por conseguinte, entendo que não há como acolher a pretensão, de modo que julgo improcedente o pedido de condenação ao pagamento de indenização por dano moral coletivo. III DISPOSITIVO: Em face do exposto, julgo procedentes os pedidos, nos termos da fundamentação que integra o presente dispositivo, para declarar o direito ao cômputo do período entre a dispensa e a
readmissão nos termos da Lei 8.878/1994 em favor dos substituídos, julgando improcedentes os demais pedidos. Ante a natureza eficacial da presente decisão não há fato gerador de tributo. Custas pelo réu no valor de R$ 2.000,00 (2% de R$ 100.000,00, arbitrado, tomando como parâmetro o acolhimento parcial dos pedidos e considerando que o comando principal da sentença envolve eficácia declaratória). Intimemse as partes, sendo o autor pessoalmente. Brasília, 24/11/2014. Rogerio Neiva Pinheiro Juiz do Trabalho Substituto