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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma KA/cdp

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Academic year: 2021

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A C Ó R D Ã O 6ª Turma

KA/cdp

RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. REDUÇÃO SALARIAL ABRUPTA.

A indenização por dano moral tem sido admitida não apenas em casos de ofensa à honra objetiva (que diz respeito à consideração perante terceiros), mas também de afronta à honra subjetiva (sentimento da própria dignidade moral), a qual se presume. De acordo com a jurisprudência, o que se exige é a prova dos fatos que ensejam o pedido de indenização por danos morais (art. 818 da CLT e 333, I, do CPC), e não a prova dos danos imateriais, esta, de resto, impossível. Portanto, o dano moral verifica-se in re ipsa (a coisa fala por si), de modo que os fatos que ensejam o pedido de indenização é que devem ser provados. No caso, ficaram registradas as seguintes premissas no acórdão recorrido: a) o reclamado não trouxe aos autos a prova de que o reclamante tenha sido contratado para exercer a atividade de professor para receber salário relativo às horas-aulas, de modo que sua remuneração não estava vinculada a horas-aula; b) pelo teor da defesa e dos depoimentos ouvidos em juízo, era pactuado um salário pelas atividades desenvolvidas pelo reclamante, denominado nos recibos de pagamento como salário-base; c) a sentença reconheceu que a redução salarial foi provocada com o intuito de compelir o empregado a desligar-se da empresa; d) ficou provado o fato alegado pelo reclamante de que a sua remuneração, que era de R$ 4.731,30 (quatro mil, setecentos e trinta e um reais e trinta centavos), foi reduzida drasticamente para R$ 1.632,29 (um mil, seiscentos e trinta e dois reais e vinte e nove centavos), a partir de setembro de 2005, de modo que passou a perceber

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Firmado por assinatura digital em 25/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP apenas cerca de 35% (trinta e cinco por cento) do que percebia anteriormente, sem qualquer justificativa plausível; e e) desde 2001 o reclamante percebia remuneração superior a R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Nesse contexto, considerando a drástica redução na remuneração do reclamante, sem qualquer motivação aparente, fica caracterizado o abalo moral ao empregado, haja vista que a alteração salarial é claramente lesiva ao recorrente, o qual se viu privado do salário que vinha há anos recebendo, sendo desnecessária a comprovação do prejuízo moral sofrido, estando evidenciado o dano moral in re

ipsa (a coisa fala por si), a ensejar a

condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Recurso de revista a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-184300-81.2007.5.16.0002, em que é Recorrente JOSÉ

ANTÔNIO MENDES LOPES e Recorrido CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO - UNICEUMA.

O TRT, a fls. 301/308, deu provimento ao recurso ordinário do reclamado para excluir da condenação a indenização por danos morais e a multa de 1% por litigância de má-fé.

O reclamado e o reclamante interpuseram recurso de revista, respectivamente, a fls. 311/322 e 326/339, com base no art. 896,

a e c, da CLT, sustentando que deve ser reformada a decisão recorrida.

Mediante o despacho de admissibilidade a fls. 362/365, apenas o recurso de revista do reclamante foi admitido.

O reclamado apresentou contrarrazões (fl. 369/376). Os autos não foram enviados ao Ministério Público do Trabalho (art. 83, II, do Regimento Interno do TST).

É o relatório.

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V O T O

1. CONHECIMENTO

1.1. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. REDUÇÃO SALARIAL ABRUPTA

O TRT consignou os seguintes fundamentos quanto ao tema em epígrafe:

“Diferença salarial - violação do princípio da irredutibilidade salarial O reclamado sustenta que não deve pagar as diferenças salariais concedidas na sentença, ao fundamento de que em 19.09.2004, o recorrido exercia a função de Assessor de Qualidade e Avaliação, recebendo a remuneração de R$ 4.388,97 (quatro mil trezentos e oitenta e oito reais e noventa e sete centavos).

Afirma que de acordo com documento de fl. 161, em 01.09.2005, o recorrido requereu a alteração de suas atividades profissionais, com a consequente alteração da sua jornada de trabalho, de 220 horas mensais para apenas 60 horas mensais, o que levou, consequentemente, à necessária adequação de sua remuneração final.

Aduz que não houve violação do princípio da irredutibilidade salarial, pois a redução da carga horária do professor não é ilegal quando não há redução do valor hora-aula, consoante expressa a jurisprudência trabalhista.

Vejamos o contexto dos autos.

O reclamante informou na inicial que até agosto de 2005 recebia o salário de R$ 4.731,30, quando foi reduzido para R$ 1.632,29.

Segundo a defesa (fls. 47/55), o reclamante foi contratado para exercer a função de professor, em outubro de 1996, sendo que em 17.02.1998 deixou de ser professor para exercer a função de Chefe do Departamento de Ciências Biológicas e posteriormente, em 01.03.2000, passou a exercer a função de confiança de Coordenador de Pós-Graduação da IES.

Disse também que em 02.04.2001, o reclamante passou a ser Coordenador de Extensão e Pós-Graduação, da qual foi destituído e designado para a função de Coordenador Adjunto dos Cursos Tecnológicos em Gestão Empresarial (...) e nesse novo cargo recebia o salário de R$ 4.061,24.

Em 10.09.2004 passou a exercer a função de Assessor de Qualidade, Controle, Avaliação e Estatística, com remuneração de R$ 4.388,97.

Em síntese, aduz que desde o início de 2000 o reclamante vinha exercendo sempre funções relacionadas a cargos de chefia, numa jornada de 220 horas mensais, e quando passou a exercer as atividades de magistério, em setembro de 2005, passou a laborar apenas 60 horas mensais, com a adequação da sua remuneração.

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Firmado por assinatura digital em 25/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP Pelo contexto da defesa, é a própria reclamada que demonstra que a atividade predominante do reclamante era de coordenação e assessoramento, diferente do cargo de professor. Desse modo, a sua remuneração não estava vinculada as horas-aulas trabalhadas.

Por tal motivo, não se aproveita o argumento da defesa de que houve a redução da carga horária e a consequente adequação do salário.

Pelo teor da defesa e dos depoimentos ouvidos em juízo, pelas atividades desenvolvidas pelo reclamante era pactuado um salário, denominado nos recibos de pagamento como salário-base.

Além dessa constatação, o CEUMA não juntou aos autos qualquer documento que comprovasse a existência de um plano de cargos e salários no qual ficasse comprovado que o empregado tinha uma função efetiva e um cargo ou função de confiança.

O contracheque referente ao mês de agosto de 2008 (fl. 160) apresenta o salário base de R$ 4.731,30 para o exercício da função de Coordenador Adjunto de Curso. E o contracheque do mês seguinte, setembro/2005, menciona a função de professor e o salário valor da dependência e valor da carga horária total (fl. 162).

Além disso, deve ser lembrado que o reclamado não trouxe aos autos a prova de que o reclamante tenha sido contratado para exercer a atividade de professor para receber salário relativo às horas-aulas, nem que tenha havido a autorização sindical para a alteração do contrato com redução salarial.

Por todo o exposto, mantém-se o deferimento das diferenças salariais, razão pela qual nego provimento ao recurso nesse ponto.

(...)

Dano moral

A sentença reconheceu que a redução salarial foi provocada com o intuito de compelir o empregado a desligar-se da empresa, o que caracteriza um ato de má-fé nas relações laborais, uma conduta socialmente nociva e nefasta, justificadora da concessão de indenização por dano moral.

O julgador também expressou o entendimento de que "Ocorre que a redução salarial foi substancial e inopinada, tendo a remuneração caído para o percentual inferior a 50% da habitualmente recebida pelo empregado, por certo, até mesmo pelo senso comum, se sabe que tal situação de fato resultou em sérios transtornos para o empregado e para sua família, com redução inesperada da capacidade econômica, com problemas de ordem financeira e privações para custeio de despesas usuais da família, como alimentação, educação e saúde.

A indenização por dano moral está prevista na Constituição Federal, artigo 5º, inciso X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

O artigo 186 do CCB expressa que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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O dano moral se materializa através de profundo abalo moral ou sentimento de dor e humilhação gerado por ato direcionado a atingir direito da personalidade do trabalhador, tais como honra, reputação, integridade psíquica etc., ou para desmoralizá-lo perante a família e a sociedade.

O contrato de trabalho envolve direitos e obrigações contratuais de ordem patrimonial e não-patrimonial, e traz, necessariamente, o direito e o dever de respeito a direitos personalíssimos relativos à honra e à imagem das partes envolvidas, cuja violação implica, diretamente, violação do direito, da lei e do próprio contrato.

O Direito do Trabalho tem entre suas finalidades assegurar o respeito à dignidade, tanto do empregado quanto do empregador, de forma que qualquer lesão neste sentido implicará, necessariamente, uma reparação.

Sebastião Geraldo de Oliveira, lembrando a opinião de Roberto Ferreira, esclarece que os bens morais consistem no equilíbrio psicológico, no bem estar, na normalidade da vida, na reputação, na liberdade, no relacionamento social, e a sua danificação resulta em desequilíbrio psicológico, desânimo, dor, medo, angústia, abatimento, baixa da consideração à pessoa, dificuldade de relacionamento social (in Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional, 3ª ed. rev. ampl. e atual. - São Paulo: Ltr, 2007, p. 205).

No caso dos autos, a indenização por danos morais foi concedida sob o argumento de que a redução salarial inesperada de fato resultou em sérios transtornos de ordem financeira, dificultando ao reclamante o pagamento das despesas usuais da família: alimentação, educação e saúde. Em síntese, essa redução salarial acarretou inúmeros constrangimentos, inclusive o comprometimento da garantia de suas necessidades básicas. Entretanto, o conjunto probatório não favorece o deferimento da indenização por dano moral.

Ainda que o drástico corte no salário importe em abalo emocional em face da ausência de recursos para saldar compromissos e de alterações no estilo e condições de vida mantida pelo empregado e sua família, tal circunstancia, por si só, não pode ser enquadrada como uma lesão extrapatrimonial a direito personalíssimo, de ordem moral, do trabalhador, até mesmo porque tal lesão não restou demonstrada de forma inequívoca nos autos. É indispensável a comprovação da existência do abalo e dos transtornos por ele causados.

Não se verifica nos autos a presença de prova cabal do dano moral, uma vez que a prova coligida não é suficiente a demonstrar que a atitude da empregadora tendia à desmoralização da reclamante frente a terceiros, seja no âmbito profissional ou fora dos limites da empresa.

Assim já se posicionou o c. TST sobre a matéria: NUMERAÇÂO ANTIGA: RR - 376/2007-662-04-00 Recorrente SEMEATO S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO Recorrido TIAGO HEMERICHPUBLICAÇÃO: DEJT - 25/09/2009A C Ó R D Ã O 6ª Turma RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. DANO MORAL. ATRASO NO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. Para a caracterização do dano moral,

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Firmado por assinatura digital em 25/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP é necessário que a parte traga ao processo todos os dados necessários à sua identificação, quer da intensidade do ânimo de ofender e causar prejuízo, quer da repercussão da ofensa, o que não ocorreu no presente caso. Recurso de revista conhecido e provido. (...) MÉRITO Ao contrário do entendimento da Eg. Corte Regional, a lesão de natureza patrimonial, consistente no atraso de salários, dentre outras infrações às normas trabalhistas, tem a devida reparação financeira prevista na legislação própria e, no caso dos autos, foi suprida com a condenação imposta em ação anteriormente ajuizada, quanto aos salários pagos em atraso, conforme se destacou ao transcrever a decisão recorrida, e à correspondente correção monetária em razão da comprovada mora salarial. Cinge-se a controvérsia acerca do fato de não ter ficado devidamente configurado o dano moral. A indenização pressupõe lesão efetiva. À Justiça do Trabalho cabe zelar para que esse instituto não seja banalizado, a ponto de pedidos de reparação moral se transformarem, tão-somente, em negócio lucrativo para as partes, deturpando o sistema jurídico-trabalhista e afastando o senso da verdadeira justiça. Para a caracterização do dano moral, é necessário que a parte traga ao processo todos os dados necessários à sua identificação, quer da intensidade do ânimo de ofender e causar prejuízo, quer da repercussão da ofensa, o que não ocorreu no presente caso. Chama-se a atenção à circunstância de que a perda do emprego, por si só, embora cause angústia e aborrecimento ao trabalhador, porque a sua sobrevivência e de sua família dele depende, não enseja a existência de dano moral. No mesmo sentido, o atraso do pagamento de salários no momento oportuno, não enseja o pagamento de indenização a título de dano moral, até porque, por presunção, detendo a parte de meio legal próprio para a reparação do descumprimento do pagamento no prazo, e que lhe foi concedida, não há se falar em dano moral, tendo em vista que nenhuma prova foi trazida aos autos capaz de evidenciar o dano sofrido pelo autor. (...)"

Em consequência, dou provimento ao recurso para excluir da condenação a indenização por danos morais”.

O recorrente, em seu recurso de revista, sustenta que “laborou em erro o acórdão ao excluir a indenização por dano moral da

condenação, visto que, a recorrida praticou ato ilícito ao reduzir unilateralmente o salário do recorrente, inclusive para valor inferior a 50% do habitualmente recebido” (fl. 333). Afirma que “restou evidente nos autos a redução unilateral do percentual remuneratório, o que inevitavelmente afrontou a dignidade do trabalhador ora recorrente e acabou por negar-lhe direitos legítimos, dificultando sua vida privada e a própria referência profissional, deixando-o inteiramente inseguro, e, portanto restando patente o dever de indenizar da recorrida” (fl. 335),

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a ensejar o deferimento de indenização por danos morais. Alega violação dos arts. 7º, VI e XXVI, da Constituição Federal, 186 e 927 do Código Civil e 468 da CLT. Transcreve aresto para confronto de teses.

À análise.

A indenização por dano moral tem sido admitida não apenas em casos de ofensa à honra objetiva (que diz respeito à consideração perante terceiros), mas também de afronta à honra subjetiva (sentimento da própria dignidade moral), a qual se presume.

De acordo com a jurisprudência pacífica, o que se exige é a prova dos fatos que ensejam o pedido de indenização por danos morais (art. 818 da CLT e 333, I, do CPC), e não a prova dos danos imateriais, esta, de resto, impossível.

Portanto, o dano moral verifica-se in re ipsa (a coisa fala por si), de modo que os fatos que ensejam o pedido de indenização é que devem ser provados.

No comentário de Cícero Camargo Silva, parte-se da premissa de que seria inviável traduzir em provas materiais as lágrimas e os sofrimentos havidos e exige-se apenas a comprovação da prática antijurídica do ofensor que atinja a honra objetiva, a honra subjetiva ou as duas concomitantemente (Aspectos Relevantes do Dano Moral, Jus Navigandi, Disponível em <http://ius2.uol.com.br>).

No caso, ficaram registradas as seguintes premissas no acórdão recorrido: a) o reclamado não trouxe aos autos a prova de que o reclamante tenha sido contratado para exercer a atividade de professor para receber salário relativo às horas-aulas, de modo que sua remuneração não estava vinculada a horas-aula; b) pelo teor da defesa e dos depoimentos ouvidos em juízo, era pactuado um salário pelas atividades desenvolvidas pelo reclamante, denominado nos recibos de pagamento como salário-base; e c) a sentença reconheceu que a redução salarial foi provocada com o intuito de compelir o empregado a desligar-se da empresa. Inobstante esses fatos consignados no acórdão recorrido, a Corte regional manteve a sentença quanto à condenação da reclamada ao pagamento de diferenças salariais, reformando a sentença quanto ao pedido de indenização por danos morais, por entender que apesar de o drástico corte no salário importar em abalo emocional, não ficou

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Firmado por assinatura digital em 25/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP demonstrada de forma inequívoca nos autos a lesão extrapatrimonial a direito personalíssimo.

Conforme se verifica, ficou provado o fato alegado pelo reclamante de que a sua remuneração, que era de R$ 4.731,30 (quatro mil, setecentos e trinta e um reais e trinta centavos), foi reduzida drasticamente para R$ 1.632,29 (um mil, seiscentos e trinta e dois reais e vinte e nove centavos), a partir de setembro de 2005, de modo que passou a perceber apenas cerca de 35% (trinta e cinco porcento) do que percebia anteriormente, sem qualquer justificativa plausível.

No acórdão recorrido ficou consignado, também, que desde 2001 o reclamante percebia remuneração superior a R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

Nesse contexto, considerando a drástica redução na remuneração do reclamante, sem qualquer motivação aparente, fica caracterizado o abalo moral ao empregado, haja vista que a alteração salarial é claramente lesiva ao recorrente, o qual se viu privado do salário que vinha há anos recebendo, sendo desnecessária a comprovação do prejuízo moral sofrido, estando evidenciado o dano moral in re ipsa (a coisa fala por si).

Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista, por violação do art. 186 do Código Civil.

2. MÉRITO

2.1. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. REDUÇÃO SALARIAL ABRUPTA

Em face do conhecimento do recurso de revista por violação do art. 186 do Código Civil, seu provimento é medida que se impõe para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais. No que tange ao quantum indenizatório, não há critério legal para a fixação do valor da condenação por danos morais na legislação trabalhista, de modo que deve ser estabelecida com base no princípio da equidade, levando-se em consideração alguns critérios, tais como: a gravidade do ato danoso, a intensidade da sua repercussão na comunidade, o desgaste provocado no ofendido, a posição socioeconômica do ofensor,

etc. Portanto, cabe ao julgador sopesar as circunstâncias fáticas do caso

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e, com fulcro nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, determinar o valor indenizatório.

No caso, não se ignora a ilicitude do ato cometido pela reclamada ao reduzir o salário do reclamante ilicitamente para aproximadamente 35% (trinta e cinco por cento) do que percebia nem a indenização por dano moral arbitrada na sentença de origem no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). No entanto, considerando que a reclamada foi condenada a pagar diferenças salariais, levando em conta a remuneração efetivamente devida (R$ 4.731,30) e o valor pago no período de setembro de 2005 até a data da rescisão contratual, entendo como razoável e proporcional a fixação do montante da indenização por danos morais em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em observância ao princípio da proporcionalidade, a gravidade da lesão, o caráter pedagógico e punitivo da sanção, a condição econômica das partes e evitando-se o enriquecimento sem causa do demandante.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso de revista da reclamante para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescido de juros e correção monetária, na forma da lei (Súmula nº 439 do TST).

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violação do art. 186 do Código Civil, e, no mérito, dar-lhe provimento para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescido de juros e correção monetária, na forma da lei (Súmula nº 439 do TST).

Brasília, 25 de Março de 2015.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA

Ministra Relatora

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