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RELATO DE EXPERIÊNCIA: A PESQUISA DE CAMPO NO ÂMBITO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

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Academic year: 2021

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: A PESQUISA DE CAMPO NO ÂMBITO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Leni Maria Pereira1 Pollyanna Alencar Silva2 Marine Mendes Rodrigues3 Rosiane Ferreira de Jesus4 Luciney Sebastião da Silva5

RESUMO

Este trabalho traz um relato de experiência e de reflexões acerca da importância da pesquisa de campo nas ações de Extensão Universitária. Para além de revelar a realidade tal como ela se manifesta, a pesquisa de campo tem como contribuição o fortalecimento da integração entre ensino, pesquisa e extensão. E com base em procedimentos de investigação, visita in loco, reuniões e entrevistas foi possível coletar informações nos municípios envolvidos nas ações do Programa Interdisciplinar de Ampliação dos Saberes- Bioeducar. Pela primeira vez na história da Unimontes iniciam as atividades de Extensão antes do Ensino e da Pesquisa. Suas ações são desenvolvidas especialmente para o fortalecimento dos campi para a chegada dos cursos de graduação e da pesquisa. E um dos componentes que favorecem o desenvolvimento do Programa Bioeducar é apropriação da pesquisa de campo e o envolvimento de acadêmicos e professores. Neste sentido, o Bioeducar fortalece o tripé Universitário Ensino, Pesquisa e

1 Universidade Estadual de Montes Claros; Doutorado em Ciências Sociais – UERJ (incurso); Mestre em

Desenvolvimento Social – Unimontes; Professora do Curso de Serviço Social – Unimontes; Professora Pesquisadora do Programa BIOEDUCAR/Extensão/Unimontes. E-mail: leni_25@outlook.com

2 Universidade Estadual de Montes Claros; Graduanda em Serviço Social; Bolsista de Iniciação Científica do

Programa BioEducar. E-mail: pollyanna.alencar@ymail.com

3 Universidade Estadual de Montes Claros; Graduanda em Serviço Social; Bolsista de Iniciação Científica do

Programa BioEducar. E- mail: marinemendesrodrigues@gmail.com

4 Universidade Estadual de Montes Claros; Graduada em Geografia, Graduanda em Serviço Social, Bolsista

de Iniciação Científica do Programa BioEducar. E-mail: rosiane.jo@hotmail.com

5Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto. Graduado em Filosofia – UC-MG.

Professor da Associação de Ensino Vale do Gorutuba - FAVAG e FAVENORT. E-mail: luciney.sebastian@hotmail.com

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Extensão, como instrumento indispensável para a formação e consolidação da excelência da Universidade em diferentes localidades.

PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa de Campo. Extensão. Bioeducar.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo trazer reflexões acerca da importância da pesquisa de campo para o fortalecimento das ações extensionistas no âmbito universitário. Além de trazer como pano de fundo a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão no campo da formação profissional.

Segundo Neto (1994) o trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de aproximação com aquilo que se deseja conhecer e estudar, mas também de criar um conhecimento, partindo da realidade do próprio campo.

Em sua renomada obra Metodologia Cientifica em ciências sociais – Pedro Demo (1995) define que o cientista em sua tarefa de descobrir e criar necessita num primeiro momento de um questionar. É por meio do questionamento que se ultrapassa a simples descoberta para, através da criatividade, produzir conhecimentos, (Demo, 1995).

Nesta perspectiva o trabalho de campo demanda envolvimento por parte do pesquisador com o tema a ser estudado para o alcance dos objetivos propostos. Um trabalho de campo não é restrito as áreas das ciências sociais em suas grandes áreas: Politica, Sociologia e Antropologia especialmente, quando se deseja compreender os fenômenos e dilemas que estão no cotidiano.

PESQUISA DE CAMPO NA EXTENSÃO

Para Neto (1994) a relação pesquisador com os sujeitos a serem estudados é de fundamental importância. E, esta condição tem um peso maior quando o assunto são as ações extensionista. No tocante ao contato, diálogo e perspectivas integralizadoras entre Instituições de Ensino Superior e as forças sociais que estão no seu interior a Extensão acaba por envolver numa única ação às outras dimensões.

A pesquisa é um trabalho que envolve técnicas e se realiza fundamentalmente por uma linguagem fundada em conceitos, proposições e métodos, que se constrói com um ritmo próprio e particular visando atender os anseios do pesquisador.

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A relação do pesquisador com o seu objeto de estudo é de extrema importância, porém para muitos pesquisadores, o trabalho de campo fica restrito em apenas levantamentos e discussões da produção bibliográfica existente sobre o tema de seu interesse.

Para Demo (1995) o trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos estudar, mas também de criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo. Assim, além de ser indispensável à pesquisa, permite articular conceitos e sistematizar a produção em determinada área do conhecimento, que visa criar novas questões num processo de incorporação e superação daquilo que já se encontra em andamento.

A realização de um trabalho de campo requer várias articulações que devem ser estabelecidas pelo investigador. E uma delas é a relação entre a fundamentação teórica do objeto a ser pesquisado e o campo que se pretende explorar. Para além dos dados acumulados, o trabalho de campo nos leva à reformulação dos caminhos da pesquisa, através das descobertas de novas pistas.

A pesquisa de campo não é específica a determinadas ciências, Minayo (1992), concebe campo de pesquisa como “o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação.” (MINAYO, 1992, p.53)

A opção pelo trabalho de campo pressupõe um cuidado teórico-metodológico com a temática a ser explorada, considerando que o mesmo não se explica por si só. (MINAYO, 1992, p.56)

Em síntese, o trabalho de campo é fruto de um momento relacional e prático. O que se atrai na produção de conhecimento é a existência do desconhecido, o confronto com o que nos é estranho. A pesquisa de campo procura o aprofundamento das questões propostas, oferecendo assim uma maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa.

A respeito do princípio da indissociabilidade a Constituição Federal Brasileira de1988 averba em seu Art. 207 que “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”

Nesta perspectiva entende-se que o ensino só alcançará a autonomia acadêmica e uma qualificada gestão quando este dispor de uma liberdade na produção do

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conhecimento (isso representa dizer da necessidade de diálogo entre as três esferas de formação –Ensino, Pesquisa e Extensão) (CATANI & OLIVEIRA, 2002, p. 78).

Para isso a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão visa a concretização de um padrão de qualidade na oferta do ensino superior.

O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão reflete um conceito de qualidade do trabalho acadêmico que favorece a aproximação entre universidade e sociedade, a auto-reflexão crítica, a emancipação teórica e prática dos estudantes e o significado social do trabalho acadêmico. A concretização deste princípio supõe a realização de projetos coletivos de trabalho que se referenciem na avaliação institucional, no planejamento das ações institucionais e na avaliação que leve em conta o interesse da maioria da sociedade (CATANI e OLIVEIRA, 2002, p. 30).

Segundo as diretrizes do MEC (2010), o tripé enquanto eixo de formação permite ao estudante ir além da mera transmissão para se transformar em construção do conhecimento, em que o estudante passa a ser um sujeito crítico e participativo.

De acordo com Mazzili (1996) o papel social da universidade na construção de uma sociedade igualitária e democrática requer a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (MAZZILI,1996, p.9).

O termo indissociabilidade se coloca como instrumento na direção da construção de uma Universidade que oferte ensino público de qualidade ao acadêmico, autônoma, democrática, que efetivamente propicie a inclusão da maioria de acordo com suas necessidades concretas.

Pensar a Universidade a partir de seus objetivos básicos de formação, geração e de disseminação de novos conhecimentos requer uma maior articulação com a sociedade, objetivando que os conhecimentos adquiridos nesse universo de saber de alguma forma contribua para a sua região. Inserida neste contexto a extensão universitária se apresenta como uma mediadora da Universidade com a sociedade.

Na busca de uma maior aproximação e colaboração com as questões advindas do contexto social, a Universidade integra ao seu pilar de forma indissociável a Extensão Universitária juntamente com Ensino e Pesquisa. A Extensão Universitária “como prática acadêmica visa interligar as atividades de ensino e pesquisa com as demandas da sociedade, procurando assegurar o compromisso da Universidade” (NOGUEIRA, 2000, p.91).

É por meio da extensão que a universidade disponibiliza de aparatos para articular com o contexto em que se insere e ainda permitir aos acadêmicos uma maior proximidade dessa realidade vigente em seu cenário.

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Segundo Nogueira (2000) A partir desse compromisso com a sociedade, a universidade deve ser um espaço que propicie discussões que viabilizem uma maior criticidade, objetivando maior qualidade nas ações extensionista.

A Extensão universitária é desenvolvida por meio de projetos, que contemplem a articulação com o ensino e pesquisa, a partir de questões relevantes à sociedade, promovendo atividades de caráter educativo, cultural, cientifico e tecnológico.

Entende-se que o diálogo, soma de esforços bem como a integração do Ensino, da Pesquisa e da Extensão garantem oferta de formação de qualidade, generalista e que conhecem a realidade por meio do estudo, da pesquisa e da ação extensionista.

No ano de 2013 a Unimontes teve aceita a proposta de ampliação de suas ações nos campus de Joaíma, Pedra Azul e Pompéu, por meio da oferta de cursos ações de extensão que fortalecessem a implantação de cursos de graduação. Esta condição oportunizou para a Universidade, pela primeira vez na história, que as ações de Extensão iniciassem primeiro que as demais.

Isso posto foi elaborado e aprovado por meio de cooperação técnica entre Unimontes e FAPEMIG o Programa Bioeducar. O Bioeducar é coordenado pela Pró-reitoria de Extensão e desenvolvidos por professores dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Engenharia, Filosofia e Serviço Social junto com acadêmicos dos cursos de Direito, Enfermagem, Serviço Social, Engenharia Civil, Ciências Sociais e conta com o apoio de professores e acadêmicos do curso de História, da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares- ITCP, e do Núcleo de Estudos das Infâncias e Adolescências- NINA.

Com esta soma de esforços o Bioeducar congrega a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão ao conjugar esforços das mais varias áreas da universidade para o seu desenvolvimento e consubstancia suas ações organizadas em cinco eixos por meio do ensino e da pesquisa: História e cultura; Meio Ambiente e Saúde; Defesa de Direitos; Formação para professores e Violência e Criminalidade

Tanto a composição da equipe e apoios bem como os eixos formam sua melhor característica – um programa de caráter interdepartamental e interdisciplinar.

Para o desenvolvimento da pesquisa de campo nos municípios envolvidos neste relato de experiência são Joaíma-MG e Pompéu os procedimentos adotados pela equipe foram: A pesquisa de campo dividida em etapas: estas estão contidas em duas perspectivas uma qualitativa e outra quantitativa.

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Na perspectiva qualitativa que antecedeu do trabalho de campo nos municípios a equipe do Bioeducar optou por estrategicamente, realizar pesquisa documental, coleta de dados secundários em sítios oficias que trouxessem dados e elementos caracterizadores dos municípios em questão. Isso colaborou para organização de um banco de dados que caracterizem e descrevam as principais peculiaridades dos municípios. Estes dados tem colaborado para estabelecer comparações entre os municípios e construir observações sobre estes e no contexto local, regional, estadual e nacional.

A perspectiva quantitativa foi dividida em etapas:

A primeira etapa foi constituída por contato, mobilização e apresentação do Programa nos municípios. Nesta etapa foram feitas reuniões com lideranças e profissionais das áreas de Educação, Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente.

A mobilização foi efetuada por telefone, e-mails e na sequência por visitas in loco, o que contribuiu para a aproximação com os municípios, estabelecimento de diálogo e aproximação da equipe do Bioeducar com as lideranças e profissionais.

Na segunda etapa foram realizadas entrevistas com responsáveis pela oferta de serviços ao público infanto-juvenil. As entrevistas contaram com um questionário semi-estruturado que favoreceu o registro das informações bem como garantiu a liberdade para os entrevistados colocarem o máximo de informações a disposição da Equipe de pesquisadores. A aplicação de questionário foi necessária em setores estratégicos como Segurança Pública, Agricultura, Meio Ambiente, Assistência Social, Educação. Conselho Tutelar e outros.

Na terceira etapa aconteceu a realização do Diagnóstico Rápido Participativo- DRP com membros das Secretarias, serviços, programas e conselheiros de políticas públicas e de direitos. Neste momento trabalhou-se com eixos do Bioeducar por meio do entendimento dos participantes acerca dos principais problemas no âmbito municipal. A partir da identificação dos problemas os participantes apresentaram as possíveis estratégias de enfrentamento a curto, médio e longo prazo.

A quarta etapa ocorreu a tabulação e análise dos dados coletados. Esta etapa está em desenvolvimento.

CONSIDERAÇÕES

A pesquisa de campo aliada a ações extensionistas constitui como um importante instrumento de reconhecimento e mensuração de fenômenos. Por meio dela é possível

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conhecer com maior propriedade as situações que envolvem os municípios. Foi feito uma pesquisa de campo que pode ser organizada em: pesquisa documental, entrevistas e aplicação de questionário em setores estratégicos no município, foram coletados dados com apoio das equipes de trabalho das Secretarias de Educação, Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente; coleta de dados em entrevistas, reuniões e DRP.

A experiência do BIOEDUCAR tem contribuído para o fortalecimento da Extensão junto aos campi nos municípios bem como aproximar cada vez mais a Unimontes das localidades e regiões que ofertam seus serviços.

REFERÊNCIAS

CATANI, Afrânio; OLIVEIRA, João. A educação superior. In: OLIVEIRA, R.; ADRIÃO, T. (orgs.). Organização do ensino no Brasil: níveis e modalidades na Constituição Federal e na LDB. São Paulo: Xamã, 2002.

DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Campinas: Papirus Editora, 1995.

MINAYO, Maria Cecíllia de Souza. Fase de trabalho de campo. In: O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo- Rio de Janeiro, HUCUTEC-ABRASCO, 1992, p. 105-196.

NOGUEIRA, M. das D. P (org.). Extensão universitária: diretrizes conceituais e políticas. Documentos básicos do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (1987-2000). Belo Horizonte: PROEX-UFMG, 2000. 196 p.

NETO, Otávio Cruz. O trabalho de campo como descoberta e criação. In MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

Referências

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