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AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA REPARAÇÃO DE ÁREA DOADORA DE ENXERTO ÓSSEO REMOVIDO COM MOTORES ELÉTRICO E PNEUMÁTICO

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ALBUQUERQUE, Gustavo Cavalcanti de, et al. Avaliação histológica da reparação de área doadora de enxerto ósseo removido com motores elétricos e peneumático. Salusvita, Bauru, v. 27, n. 1, p. 55-67, 2008.

RESUMO

Dentre as etapas da remoção de um enxerto ósseo, a ostectomia é uma manobra fundamental que pode interferir diretamente no pro-cesso de reparo ósseo de modo a exacerbar ou a minimizar a mor-bidade da área doadora. Teve-se por objetivo realizar uma análise histológica qualitativa da reparação tecidual de cavidades confec-cionadas por meio da remoção de enxerto ósseo em tíbia de coelhos. Foram utilizados nove coelhos nos quais foram feitas cavidades pa-dronizadas (6 x 12mm) com brocas cirúrgicas padrão montadas em dois diferentes equipamentos: na tíbia direita, utilizou-se motores de baixa rotação pneumático (Grupo I); na tíbia esquerda, motores de baixa rotação elétrico (Grupo II), todos com refrigeração constante. Os períodos de sacrifício preconizados foram de 2, 14 e 30 dias do pós-operatório. Em cada período, foram sacrifi cados três animais, procedendo-se à remoção de ambas as tíbias, delimitando a área a ser avaliada. Os espécimes foram submetidos ao processamento la-boratorial de rotina e posteriormente foram realizadas análises por meio de microscopia óptica de luz. O reparo ósseo das regiões doa-doras nos períodos de 2 e 30 dias apresentavam-se semelhantes,

ine-AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA

REPARAÇÃO DE ÁREA DOADORA DE

ENXERTO ÓSSEO REMOVIDO COM

MOTORES ELÉTRICO E PNEUMÁTICO

Gustavo Cavalcanti de Albuquerque¹

Angelita de Oliveira

1

Diogo Souza Ferreira Rubim de Assis¹

Mariza Akemi Matsumoto

2

Paulo Domingos Ribeiro Junior

2

Recebido em: 25/10/2006 Aceito em: 10/11/2007 1 Residente e Pós-graduando nível de Especialização em Cirurgia e Trauma-tologia Bucomaxilo-facial, Universidade Sagrado Coração (USC – Bauru/SP). 2 Professores da Disciplina de Cirurgia e Trauma-tologia Bucomaxilo-facial, Departamen-to de OdonDepartamen-tologia; Centro de Ciências Biológicas e Pro-fi ssões da Saúde, Universidade Sagrado Coração (USC – Bauru/SP).

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ALBUQUERQUE, Gustavo Cavalcanti de, et al. Avaliação histológica da reparação de área doadora de enxerto ósseo removido com motores elétricos e peneumático. Salusvita, Bauru, v. 27, n. 1, p. 55-67, 2008.

rente ao instrumento utilizado. Já no período intermediário (14 dias), verifi cou-se discreta melhora na reparação óssea quando se utilizou para remoção do enxerto o instrumento rotatório elétrico.

Palavras-chave: Enxerto ósseo. Ostectomia. Instrumentos rotatórios.

ABSTRACT

The ostectomia is a basic surgical maneuver that can be to interfere in bone repair. This work aimed at achieving histological analysis qualitative of bone repair after removal bone graft from the rabbit tíbia using two different rotative instruments: pneumatic micromotor lower rotation and electric motor lower rotation. Were utilized nine rabbit and making standart cavity (6 x 12mm). In right tibia were used pneumatic micromotor lower rotation (Group I); in left tibia were used electric motor lower rotation (Group II). Tree animals were sacrifi ce in period of 2, 14 and 30 days after surgery. The histological specimens were submitted at microscopy optical. The result showed that bone repair in the period of 2 and 30 days was the same, independence at instrument used. In the period of 14 days at verifying discreet evolution a bone repair of cavity made with electric motor lower rotation.

Key words: Bone graft. Ostectomia. Rotative instruments.

INTRODUÇÃO

A ostectomia é uma manobra realizada rotineiramente em cirurgias bucomaxilofacial e pode ser realizada por meio de instrumentos rota-tórios, cinzéis e/ou osteótomos (PETERSON et al., 1999). Sabe-se que a capacidade de regeneração do tecido ósseo varia conforme a agres-são que esse tecido sofreu (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1982). Desse modo, os meios de ostectomias são alvo de pesquisas experimentais e clínicas no intuito de se obter um método efi caz que proporcione o mínimo de morbidade da região operada (OKAMOTO et al., 1987).

As ostectomias com instrumentos rotatórios destacam-se em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) (OKAMOTO et al., 1984), por proporcionam menor desconforto para o paciente, corte preciso e nítido, ser rápida e segura (BOYNE, 1966; RIES-CENTENO, 1973; BIRN; WINTER, 1978).

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Okamoto et al. (1984) compararam o efeito de quatro diferentes tipos de ostectomias. Para isso, realizaram quatro cavidades ósseas em mandíbula de cão. Foram utilizados para a realização dessas ca-vidades: alta rotação, baixa rotação e cinzéis com a ação de martelo. Concluiu-se que o instrumento de baixa rotação proporcionou maio-res danos ao tecido ósseo, sendo que o instrumento de alta rotação e os cinzéis obtiveram resposta tecidual semelhante, tendo uma repa-ração tecidual precoce.

Pereira et al. (1996) avaliaram a resposta tecidual do tecido ósseo da mandíbula de cães frente a ostectomias realizadas com alta rotação (Kavo, 300.000rpm), micromotor com velocidade máxima (Kavo, ve-locidade de 20.000rpm) e micromotor com veve-locidade mínima (Kavo, velocidade de 5.000rpm). Os resultados mostraram que o micromotor em velocidade máxima (20.000rpm) proporcionou os melhores resul-tados biológicos, tendo melhor e mais rápida reparação tecidual.

Com o advento dos implantes osteointegrados, muitos são os pacientes reabilitados funcional e esteticamente (ADELL et al., 1981). Porém, a presença de pouca quantidade de remanescente ósseo do processo alveolar na maxila e/ou mandíbula é um dos fatores que pode vir contra-indicar a reabilitação com próteses im-planto suportadas.

A partir dos anos 1980, muitos foram os estudos que avaliaram o aumento da quantidade do processo alveolar da maxila e/ou da man-díbula com enxertos ósseos autógenos (ADELL et al., 1990; MA-ZZONETTO et al., 2000; MATSUMOTO,2002).

Atualmente, as técnicas de reconstrução alveolar encontram-se relativamente seguras, padronizadas e com um índice de suces-so adequado. Desse modo, muitos cirurgiões vêm se preocupando com a morbidade causada na área doadora, visto que o desconforto proporcionado nas regiões onde os enxertos ósseos são removidos mostram-se na maioria das vezes muito mais acentuados que aqueles ocasionados na região receptora (AZEVEDO, 2000).

Fatores como o uso de instrumentos inadequados de osteotomia podem aumentar a agressão contra o tecido ósseo infl uenciando no reparo (HALL, 1983; OKAMOTO et al., 1984).

Acredita-se que as características dos instrumentos de ostectomia, como utilização, facilidade de manuseio e controle de corte devam ser avaliadas e controladas. Essas, somadas ao potencial de agressão que o instrumento ocasiona ao osso e, conseqüentemente ao reparo ósseo, devem ser investigados para benefício dos pacientes. Desse modo, propôs-se realizar uma análise histológica em cavidades ós-seas realizadas em tíbia de coelho, confeccionadas com dois tipos de equipamentos para ostectomia.

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MATERIAL E MÉTODO

Para este estudo, foram utilizados nove coelhos machos Nova Ze-lândia adultos, com idade de aproximadamente dez meses e peso va-riando entre 4 e 5kg. Os animais foram submetidos à anestesia geral por meio de injeção intramuscular de sedativo (Francotar,1 dose de

0,25ml/kg) e anestésico geral (Vibrac,2 dose de 0,15ml/kg).

Os procedimentos foram realizados na tíbia do lado direito e do lado esquerdo. Para a ostectomia, utilizaram-se brocas cirúrgicas com mesmo diâmetro, mesma inclinação das lâminas cortantes, con-feccionadas com a mesma matéria-prima, pelo mesmo fabricante e indicada para realização de ostectomias (Komet3).

A esterilização de todos os instrumentais e materiais utilizados foi realizada pelo método de calor úmido sob pressão. Realizou-se a tricotomia da região anterior e lateral da tíbia bilateralmente. Poste-riormente, procedeu-se à antissepsia da região anterior e lateral da tíbia com solução de polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I) a 10%, solu-ção tópica.

Após montagem do campo operatório, com lâmina de bisturi nú-mero 15 montada, uma incisão cutânea foi realizada na região ante-rior da tíbia, com aproximadamente 3cm de extensão. Iniciou-se a divulsão da musculatura subcutânea até exposição periostal, proce-dendo-se à nova incisão para descolamento deste tecido e exposição óssea da região anterior, lateral e medial da tíbia (Figura 1).

Neste momento, posicionou-se sobre a superfície medial da tíbia uma matriz de aço esterilizada, possuindo 12mm de comprimento

1 Francotar, Ketamini; Lab.: Virbac. 2 Vibrac, Xilazina; Lab.: Virbac.

3 Komet,Brasseler; brocas cirúrgicas código – H33.104.012. Figura 1 – Descolamento do periósteo e exposição óssea da região anterior,

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por 6mm de largura e 1mm de espessura, tendo um orifício com 2,2mm de diâmetro em uma das extremidades (Figura 2), que serviu como um guia cirúrgico para a realização das ostectomias e obten-ção padronizada dos enxertos ósseos.

Pelo orifício de 2,2mm de diâmetro, foi transfi xado um parafuso de 2mm de largura por 4mm de comprimento, sustentando a matriz ao osso.

Para a realização das ostectomias, foram utilizadas brocas n.º 701

carbide montadas nos diferentes motores, constituindo os seguintes

grupos:

Grupo I – motor de baixa rotação pneumático, com

capacida-de capacida-de atingir até 20.000rpm, refrigeração com solução fi siológica a 0,9% e utilizado para confecção das ostectomias na tíbia direita;

Grupo II – motor de baixa rotação elétrico, com

capacida-de capacida-de atingir até 30.000rpm, refrigeração com solução fi sioló-gica a 0,9% e utilizado para confecção das ostectomias na tíbia esquerda.

Essas ostectomias tinham as medidas existentes na matriz, uma vez que foram confeccionadas contornando as arestas exter-nas da mesma. A profundidade correspondeu ao tamanho da pon-ta ativa da broca (Figura 3A e 3B). A irrigação conspon-tante foi feipon-ta por meio de uma seringa Luer-Look posicionada a uma distância não menor que 5cm e não maior que 8cm.

Cada broca foi utilizada para cada ostectomia e, posteriormen-te, foram descartadas. Depois de unida a ostectomia, a matriz foi removida juntamente com o enxerto ósseo, obtendo, assim, uma dimensão padronizada em ambas as tíbias.

Os cuidados com a ferida foram feitos na área, por meio de irriga-ção com 10ml de soluirriga-ção fi siológica e aspirairriga-ção contínua. As bordas da ostectomia não foram regularizadas (Figura 4). Posteriormente,

Figura 2 – Dimensões da matriz de aço confeccionada para padronização da área de remoção do enxerto

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os tecidos foram reposicionados e confeccionou-se uma sutura con-tínua festonada com fi o 3-0 de poliglactina 910 montado.4

Os animais receberam antibioticoterapia profi lática com penicili-na benzatipenicili-na penicili-na dosagem de 50UI/kg. A alimentação pós-operatória foi a base de ração sólida, exceto nas primeiras seis horas após o procedimento, e água à vontade.

Os períodos de sacrifícios preconizados foram de 2, 14 e 30 dias pós-operatório. Em cada um desses períodos, foram sacrifi cados três animais. Procedeu-se à remoção de ambas as tíbias, delimitando a área a ser avaliada, mantendo sobre a área ostectomizada tecido

4 Ethicon, Fio de poliglactina 910, N.C. Vicryl 3-0, atraumática. Figura 4 – Características da ferida após remoção do enxerto

Figura 3 – A. Ostectomias, com motor de baixa rotação pneumático, confeccio-nadas na tíbia direita (Grupo-I); B. Ostectomias, com motor de baixa rotação

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mole adjacente. Esses espécimes foram colocados em frascos de for-malina a 10% para fi xação.

Os cortes foram corados pelas técnicas de hematoxilina e eosina e Alcian Ponceau, permitindo-se a análise microscópica descritiva.

RESULTADOS

dois dias

No Grupo I, dois dias após a realização das ostectomias, eviden-ciou-se defeito ósseo preenchido por numerosas hemácias, caracte-rizando o coágulo, circundado por osso lamelar viável. No Grupo II também se observou defeito ósseo preenchido por coágulo, circun-dado por tecido ósseo maduro viável. Nesse período, não se notou neoformação óssea nas áreas de ostectomia (Figura 5).

14 dias

Observou-se a presença de tecido ósseo neoformado a partir das paredes ósseas em ambos os grupos. No Grupo I, a neoformação é caracterizada pela presença de osso primário, irregular e

celula-Figura 5 – Período de dois dias: Grupos I (a e b) e II (c e d) apresentando pa-drões microscópios semelhantes, com preenchimento do defeito ósseo por

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rizado. Nas áreas centrais, notou-se tecido conjuntivo fi broso frou-xamente colagenizado e ricamente vascularizado, com moderado infi ltrado infl amatório mononuclear, permeado por tecido adiposo. No Grupo II, nas porções centrais, evidenciou-se tecido conjuntivo fi broso frouxo, moderadamente infi ltrado por leucócitos mononucle-ares, além de ilhotas de osso neoformado (Figura 6).

30 dias

Em ambos os Grupos, observou-se que o tecido ósseo cortical apresentava-se em fase de maturação, caracterizado pela substitui-ção do osso primário por osso lamelar e evidentes linhas de reversão. As áreas centrais apresentavam-se preenchidas por tecido medular hematopoiético (Figura 7).

Figura 6 – Período de quatorze dias: Grupos I (a e b): nota-se neoformação ós-sea irregular adjacente às paredes do defeito; Grupo II (c e d): verifi ca-se intensa

neoformação óssea adjacentes às paredes do defeito (aumento original 5x; a, c) HE; b, d) Alcian Ponceau)

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DISCUSSÃO

O conceito de manipulação óssea delicada segue há muito tempo em paralelo com uma adequada reparação óssea. Assim como para Hall (1973), Pereira (1996) e Kerawala et al. (1999), aceita-se que um especial cuidado deve ser realizado e ainda deve se mostrar mais apurado na remoção de enxertos ósseos, visto a fi nalidade deste e muitas vezes sua extensão. Brisman (1996) e, posteriormente, Cor-dioli e Majzoub (1997) verifi caram a interferência da pressão sobre a cicatrização óssea, mostrando que a baixa pressão pode também não ser adequada. Na tentativa de se controlar essa variável, pre-conizou-se que todas as ostectomias deveriam ser realizadas pelo mesmo operador e que, para realização dessas, o mínimo de pressão fosse exercido.

Porém, pôde ser notada uma diferença no controle manual, na trepidação e na necessidade de pressão entre os motores testados. Observou-se que o motor elétrico permitia maior facilidade e contro-le manual durante a ostectomia, proporcionando uma superfície de corte mais adequada e uniforme. Esse controle se deve justamente pelo motor possuir uma suave e ponderada rotação (30.000rpm) pro-porcionando ausência de trepidação.

Figura 7 – Período de trinta dias: Grupos I (a e b) e II (c e d) apresentando pa-drões microscópios semelhantes, com tecido ósseo cortical em fase de matura-ção, caracterizado pela substituição do osso primário por osso lamelar (aumento

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Segundo Okamoto et al. (1994), para se obter sucesso reparacio-nal, é imprescindível a utilização de brocas adequadas para a remo-ção óssea, sendo a do tipo carbide a mais indicada para este fi m. Uti-lizaram-se brocas novas, uma única vez, que possuíam um mesmo diâmetro, mesma inclinação das lâminas cortantes, confeccionadas com a mesma matéria-prima, pelo mesmo fabricante, indicada para realização de ostectomias e esterelizadas somente uma vez.

A irrigação durante os procedimentos de ostectomia é um fator primordial para que tenhamos uma menor morbidade (HOLLAND et al., 1969; OKAMOTO et al., 1984; FISTER; GROSS, 1980; CAR-VALHO et al., 1983; CARCAR-VALHO et al., 1984). Neste trabalho, as ostectomias foram feitas pela irrigação externa e constante irriga-ção com soluirriga-ção fi siológica (cloreto de sódio 0,9 %, temperatura aproximada de 30oC) por meio da seringa Luer – Look posicionada

a uma distância não menor que 5cm e não maior que 8cm. Sharawy et al. (2002) verifi caram que esse tipo de irrigação pouco tem in-fl uência quando comparado à irrigação interna no aquecimento do osso em implantodontia.

No presente trabalho, avaliou-se a infl uência de dois diferentes instrumentos rotatórios para remoção de enxerto ósseo. Nas análises microscópicas, não se observaram diferenças relevantes na repara-ção óssea das cavidades, decorrente do uso de cada instrumento de ostectomia. Okamoto et al. (1984) verifi caram resultados morfológi-cos e cronológimorfológi-cos mantendo suas devidas proporções semelhantes às aqui apresentadas, apesar de esses autores utilizarem animais di-ferentes (cão) e osso de características anatômicas e embriológicas diferentes. No entanto, os eventos morfológicos seguem em uma mesma direção, em um mesmo sentido de avalição reparacional. Eles verifi caram que o instrumento de alta rotação foi o que promo-veu um reparo ósseo mais adequado.

Os resultados deste trabalho ora também se assemelham com os de Pereira et al. (1996), que realizaram uma investigação sobre o uso de instrumentos de ostectomia em mandíbulas de cães. Esses autores verifi caram que o instrumento que provocou mais alteração no pro-cesso de reparo ósseo foi o instrumento de alta rotação. Já o motor de baixa rotação em velocidade máxima (20.000rpm) foi o que menos interferiu no processo de reparo alveolar.

Este vem a corroborar com o nosso trabalho e com o sugerido e verifi cado por Sharawy et al. (2002), concluindo que as velocida-des muito baixas podem gerar maior pressão sobre o tecido ósseo e, conseqüentemente, maior aquecimento. Contudo, esse trabalho foi realizado in vitro em mandíbulas de porco.

Neste trabalho, verifi caram-se características histológicas relativamente semelhantes entre os Grupos I e II nos períodos de

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2 e 30 dias. Já no período de 14 dias, teve-se discreta melhora no processo de neoformação óssea no Grupo II. Acredita-se que essa diferença favorável ao motor de baixa rotação elétrica se deve à possibilidade de ter maior controle manual do instrumento devido à menor trepidação, o movimento centralizado da broca e a não-necessidade de pressão excessiva. Os resultados obtidos compar-tilham com a experiência clínica de vários cirurgiões bucoma-xilofacial e implantodontistas (CARVALHO; SANCHES, 1994; KERAWALA et al., 1999) que relatam melhor controle manual da área óssea a ser preparada quando se utilizam motores elétricos, fi nalizando esse preparo com bordas e superfícies ósseas nítidas e regulares.

Os princípios fundamentais de cirurgia não devem principalmen-te ser esquecidos quando um dos objetivos é fornecer adequado pós-operatório. Pelos resultados encontrados microscopicamente, ambos os aparelhos podem ser utilizados para o procedimento de ostecto-mia. Já pelos achados clínicos, sugerem ao motor elétrico um melhor controle manual, com o mínimo de trepidação promovendo cortes mais uniforme e atraumáticos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas condições que nortearam este experimento, foi possível con-cluir que:

- o reparo ósseo verifi cado microscopicamente das regiões do-adoras nos períodos de 2 e 30 dias apresentavam-se semelhantes, inerente ao instrumento utilizado;

- verifi cou-se, microscopicamente, discreta melhora na reparação óssea no período intermediário (14 dias), quando se utilizou para re-moção do enxerto ósseo o instrumento rotatório elétrico.

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