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Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte Centro de Tecnologia Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental. Denilza da Silva do Nascimento

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Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte Centro de Tecnologia

Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental

Denilza da Silva do Nascimento

QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO NO LIXÃO DESATIVADO DE CIDADE NOVA, NATAL-RN

Natal-RN 2017

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Denilza da Silva do Nascimento

QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO NO LIXÃO DESATIVADO DE CIDADE NOVA, NATAL-RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheira Ambiental.

Orientadora: Profa. Dra. Karina Patrícia Vieira da Cunha

Co-orientadora: Me. Cristiane Souza de Araújo

Natal-RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Nascimento, Denilza da Silva do.

Qualidade ambiental do solo no lixão desativado de Cidade Nova, Natal-RN / Denilza da Silva do Nascimento. - 2017. 20 f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia

Ambiental. Natal, RN, 2017.

Orientadora: Profª. Drª. Karina Patrícia Vieira da Cunha. Coorientadora: Me Cristiane Souza de Araújo.

1. Degradação do solo - Monografia. 2. Resíduos sólidos - Monografia. 3. Contaminantes - Monografia. I. Cunha, Karina Patrícia Vieira da. II. Araújo, Cristiane Souza de. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 632.125

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RESUMO

A falta de critérios técnicos, bem como de mediadas de proteção ao meio ambiente e à saúde pública, atreladas à geração exponencial dos resíduos constituídos por uma diversidade de matéria prima, principalmente a base de petróleo, torna o lixão uma fonte potencial de contaminação. Mesmo assim, o município de Natal destinou de forma inadequada todos os tipos de resíduos (perigosos e não perigosos) produzido em seus limites, por mais de três décadas, para o Lixão de Cidade Nova. Sendo assim, o presente trabalho objetivou verificar se a disposição irregular de resíduos sólidos no lixão de Cidade Nova está provocando a degradação da qualidade do solo da área. Foram coletadas amostras de solo na área de lixão e em mata nativa como padrão de referência de qualidade. As análises contemplaram os atributos físicos (densidade de partículas, densidade do solo, granulometria e porosidade total), químicos (pH, K+, Na+, Ca2+, Mg2+ e Al3+ trocáveis, acidez potencial, fósforo disponível, CTC, saturação por bases e nitrogênio total), bem como as concentrações totais de metais pesados (Mn, Pb, Zn, Cr e Ba). Os ambientes estudados se distinguirem com relação a composição granulométrica, devido a utilização de substrato diferente na cobertura dos resíduos. Além disso, eles apresentaram boa saturação por base, mas a CTC e a acidez potencial foram baixas. A mata nativa apresentou maior teor de matéria orgânica do que o lixão. Os metais apresentaram concentrações inferiores aos valores de prevenção da norma vigente, mesmo no lixão sendo evidenciado mais Pb e Zn do que na mata nativa. Os dois ambientes demostraram características inadequadas para a disposição de resíduos. Contudo, constatou-se que o lixão tem provocado alterações nas características naturais do solo, que por sua vez tem atuado como fonte difusa de contaminação.

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ABSTRACT

The lack of technical criteria, as well as measures to protect the environment and public health, associated with the exponential generation of waste composed by a diversity of raw material, mainly petroleum based, makes the landfill a potential source of contamination. Even so, the city of Natal has inappropriately sent all types of waste (hazardous and non-hazardous) produced within its limits, for more than three decades, to the Cidade Nova dumping ground. Therefore, the present study aimed to verify if the irregular disposition of solid waste in the Cidade Nova dumping ground is causing degradation of the soil quality of the area.Soil samples were collected in the landfill area and in native forest as a benchmark of quality. In the analyzes are included physical attributes (particle density, bulk density, particle size distribution and total porosity), chemical attributes (pH, K+, Na+, Ca2+, Mg2+ and Al3+ exchangeable, potential acidity, available phosphorus, CEC, base saturation and total nitrogen), as well as the total concentrations of heavy metals (Mn, Pb, Zn, Cr and Ba). The studied environments are distinguished in relation to the granulometric composition, due to the use of different substrate in the coverage of the residues. In addition, they showed good saturation per base, but CEC and potential acidity were low. The native forest had a higher content of organic matter than the dump. The metals presented concentrations lower than the values of preemption of the current norm, even in the dump being evidenced more Pb and Zn than in the native forest. Both environments showed inadequate waste disposal characteristics. However, it was found that the dump has caused changes in the natural characteristics of the soil, which in turn has acted as a diffuse source of contamination.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização e delimitação da área de estudo (Lixão de Cidade Nova), situada

município de Natal-RN. 9

Figura 2 - Composição granulométrica das amostras de solo do lixão de Cidade Nova e da

área de mata nativa. 11

Figura 3 - Atributos físicos do solo do lixão de Cidade Nova em comparação com o solo da

área de mata nativa. 12

Figura 4 - Complexo sortivo das amostras de solo do lixão de Cidade Nova e da mata nativa. 14 Figura 5 - Atributos químicos das amostras de solo do lixão de Cidade Nova e da mata

nativa. 15

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6

2 MATERIAL E MÉTODOS 8

2.1 Área de Estudo 8

2.1.1 Amostragem e análise do solode Solo 9

2.1.2 Análise estatística dos dados 11

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 11

4 CONCLUSÃO 17

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6 1 INTRODUÇÃO

A ausência de critérios técnicos, bem como de medidas de proteção ambiental e à saúde pública, atreladas à geração exponencial dos resíduos constituídos por uma diversidade de matéria prima, principalmente a base de petróleo, torna o lixão uma fonte potencial de contaminação. Isso ocorre devido à produção de chorume e de gases oriundos do processo de decomposição da matéria orgânica presente no maciço de resíduo. A composição do chorume é altamente variável, dependendo da idade do aterro, da composição dos resíduos, de fatores geográficos e climáticos, e das comunidades geradoras (MENDONÇA, 2010). Essa variabilidade resulta em solos de cobertura com elevada heterogeneidade de atributos físicos e químicos.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, proíbe desde a data de sua publicação, essa forma de disposição final de resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Ela também incube as esferas do Poder Público Federal, Estadual e Municipal a elaboração de seus respectivos Planos de Resíduos Sólidos, nos quais devem estar previstas metas para a eliminação e recuperação dos seus lixões, bem como, para a disposição final ambientalmente adequada para seus rejeitos.

Neste contexto, pode-se dizer que no município de Natal, os resíduos sólidos urbanos recebem uma disposição final adequada desde agosto de 2004, pois teoricamente a partir dessa data, sua produção tem sido destinada ao Aterro Sanitário Metropolitano de Natal, operado pela empresa BRASECO S/A, localizado na cidade de Ceará Mirim (MENDONÇA, 2010).

Entretanto, antes dessa data, o município destinou de forma inadequada todos os tipos de resíduos (perigosos e não perigosos) produzido em seus limites, por mais de três décadas, para uma área situada no bairro de Guarapes, cujo acesso principal é realizado pelo bairro de Cidade Nova. O lixão de Cidade Nova recebeu cerca de 1.600 ton de resíduos por dia, chegando a acumular no ano de 2003 um volume de 6.117.000 m3 de maciço, ocupando pouco mais de 34 hectares na área (SILVA, 2005).

A ocorrência da disposição de resíduos perigosos juntamente aos resíduos não perigosos é bastante preocupante, pois eles agregaram características peculiares ao chorume do local, pois o mesmo passará a conter além de altas concentrações de matéria orgânica, formada por ácidos graxos voláteis, compostos húmicos e fúlvicos, compostos orgânicos xenobióticos e metano, também concentrará contaminantes inorgânicos como sais e metais

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7 pesados que podem apresentar alta toxidade e provocar efeitos adversos ao ambiente (WISZNIOWSKI et al., 2006; MENDONÇA, 2010).

Cabe ressaltar, que perante o Plano Diretor de Natal, os bairros de Cidade Nova e Guarapes estão inseridos em Zonas de Proteção Ambiental – ZPAs, sendo integrantes da ZPA-01 e ZPA-04 respectivamente (NATAL, 2007). A ZPA-01 foi regulamentada pela Lei Municipal nº 4.664, de 31 de julho de 1995, por ser considerada a principal área de recarga do aquífero subterrâneo, que garante a demanda de água potável da cidade, além de proteção da flora e fauna das dunas (HORA; MEDEIROS, 2014).

Por sua vez, a ZPA-04 teve seu regulamento instituído pela Lei Municipal nº 4.912, de 19 de dezembro de 1997, por apresentar cordões de dunas de relevante beleza cênico-paisagística da cidade, em virtude dos contrastes de relevo com o tabuleiro costeiro e o estuário do Rio Potengi, conferindo importante contribuição na minimização de escoamento pluvial. A inserção dessa área em ZPAs evidencia a importância de sua função de tamponamento ambiental, o que torna prioridade a elaboração de plano de recuperação dessa área.

Faz-se necessário destacar que a área estudada encontra-se inserida em uma zona de recarga de aquíferos, pelo fato de existir em Natal solos bem drenados, que possibilitam a transferência direta do chorume produzido no lixão de Cidade Nova para às águas subterrâneas, o que nos faz presumir que a maior parte dos contaminantes presentes no percolado não estão se concentrando no solo da área, mas sendo liberados para o lençol freático. Vale mencionar que a produção de chorume não se restringe apenas ao período de operação do aterro, ela ainda ocorre durante algumas décadas, após a disposição de resíduos ter sido cessada (MENDONÇA, 2010).

Portanto, uma vez que a disposição irregular de resíduos sólidos interatua diretamente com o solo, a avaliação da qualidade do mesmo torna-se uma análise imprescindível, principalmente para se obter o diagnóstico ambiental da área afetada. O diagnóstico sempre precede a elaboração de programas de recuperação de áreas degradadas, pois com base nas suas informações é possível escolher a técnica que melhor se adequa às condições da área. Vale salientar que no lixão de Cidade Nova nenhuma ação de recuperação foi realizada até o presente.

Sendo assim, no presente trabalho foram analisados atributos físicos e químicos do solo, bem como as concentrações de metais pesados existentes no solo de cobertura do lixão de Cidade Nova, uma vez que esses parâmetros podem revelar se a atividade está provocando a degradação da qualidade do solo da área.

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8 2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de Estudo

O estudo foi realizado na área do lixão de Cidade Nova (Figura 1), situado nas coordenadas geográficas 5°50’18,97”S e 35°14’57,87”O, localizado no município de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

O solo do local pertence a classe Neossolo Quartzarênico (EMBRAPA, 1971), tem como principais características naturais: boa drenagem, baixo teor de matéria orgânica, fósforo e micronutrientes, baixa fertilidade, dessaturação por base, baixa capacidade de retenção de água, baixa capacidade de troca catiônica (CTC).

As temperaturas locais são elevadas durante todo ano, uma vez que elas são influenciadas pelo clima da região, que é do tipo As (KOTTEK et al., 2006), tropical com estação seca de verão, com período chuvoso entre março e agosto. No ano de 2013, quando foi realizada a amostragem, as temperaturas variaram entre a máxima de 31,2°C e mínima de 20°C, enquanto a umidade relativa do ar girou em torno de 80,45%. Nesse período também foi registrado um total de evaporação de 1.742,8 mm (média de 145,32 mm/mês), em detrimento do total de 1.877,1 mm de precipitação.

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9 Figura 1 - Localização e delimitação da área de estudo (Lixão de Cidade Nova), situada município de Natal-RN.

Fonte: Elaborado por Pedro Celestino Dantas, 2017.

2.2 Amostragem e análise do solo

Para a realização da coleta de todas as amostras de solo foi aplicado o método indicado pela Embrapa (1999), onde a área total do lixão foi percorrida em formato de zig-zag e demarcados aleatoriamente os pontos de coleta das amostras. Tal procedimento foi repetido quatro vezes formando caminhos diferentes visando à coleta de quatro repetições representativas da área do lixão. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente etiquetados, lacrados, embalados e armazenados em temperatura ambiente até serem transportados para o Laboratório de Fertilidade do Solo da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no qual realizou-se as análises.

Para as análises de atributos físicos e químicos, foram coletadas amostras deformadas de solos na profundidade de 0-20 e de 20-40 cm, em 20 pontos amostrais simples. Posteriormente, as 20 amostras simples de cada profundidade foram misturadas para retirada de uma amostra composta de aproximadamente 500 g. As amostras foram armazenadas em temperatura ambiente até serem transportados para UFRPE. No laboratório, o solo foi seco ao

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10 ar, posteriormente destorroado e passado em peneira de 2 mm de abertura de malha para a retirada da terra fina seca ao ar (TFSA).

No local de estudo foi selecionada uma área controle com vegetação nativa com pouca ou nenhuma interferência antrópica, bem como a mesma classe de solo, na qual foi aplicado o mesmo método de coleta das amostras descrito acima.

Com as amostras foram determinadas: a densidade do solo pelo método da proveta, a densidade de partículas pelo método do balão volumétrico; granulometria pelo método da pipeta e Diagrama Triangular simplificado (EMBRAPA, 1997). A porosidade total (PT) do solo foi estimada também pelo método da Embrapa (1997), utilizando a seguinte equação:

PT = 1 - (densidade do solo / densidade de partículas do solo)

Os atributos químicos analisados de acordo com os métodos preconizados pela EMBRAPA (1999) foram: pH em água; condutividade elétrica; K+ e Na+ trocáveis por fotometria de emissão de chama após extração com extrator Mehlich-1; Ca2+ e Mg2+ trocáveis por espectrofotometria de absorção atômica e Al3+ trocável por titulação após extração com solução de KCl 1 mol L-1; acidez potencial/H++Al3+ por titulação após extração com solução de acetato de cálcio 0,5 mol L-1; fósforo disponível por colorimetria após extração com extrator Mehlich-1; a partir dos resultados obtidos do complexo sortivo, foram calculados os valores de soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions total (CTC) e saturação por bases (V).

O Carbono Orgânico Total (COT) foi determinado pelo método de Walkley-Black modificado (EMBRAPA, 1999). A matéria orgânica foi estimada através do produto do valor de carbono orgânico por 1,724, considerando que o húmus contém aproximadamente 58% de carbono (EMBRAPA, 1999).

Para determinação de nitrogênio total, amostras de solo foram submetidas à digestão sulfúrica e o nitrogênio posteriormente foi dosado no extrato por meio de destilação Kjeldahl (EMBRAPA, 1997).

Subamostras de solo foram passadas em peneira de 100 mesh de abertura com malha inoxidável. As digestões das amostras foram realizadas pelo método 3051A (USEPA, 1998). Nesse procedimento, a abertura das amostras foi realizada em sistema fechado por 12 minutos na rampa de temperatura, tempo necessário para atingir 180 °C, mantendo-se essa temperatura por mais dez minutos. Em seguida, após resfriamento, as amostras foram vertidas para balões de 50 ml, sendo o volume dos balões preenchidos com água destilada. A leitura dos metais pesados (Mn, Pb, Zn, Cr e Ba) foi realizada no espectrofotômetro de absorção atômica (USEPA, 1998).

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11 2.3 Análise estatística dos dados

Os dados dos atributos físicos e químicos dos solos, bem como dos teores de metais pesados, foram submetidos à análise estatística descritiva, usando o sofware SAS, versão 8.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os solos das áreas analisadas apresentaram predominância da fração granulométrica areia, tanto na profundidade de 0-20 cm quanto na de 20-40 cm (

Figura 2). O solo do lixão apresentou maior teor da fração argila que na mata. Essa variação revelou diferenças nas classes texturais nos dois ambientes, sendo o solo da mata nativa classificado como arenoso e o do lixão como franco-argilo-arenoso à superfície e argilo-arenoso na subsuperfície.

Figura 2 – Composição granulométrica de solo do lixão de Cidade Nova e da área de mata nativa.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O fato da área de referência apresentar uma classe textural arenosa, ao passo que o solo do lixão variou de franco-argilo-arenoso a argilo-arenoso, pode evidenciar que foram utilizados substratos diferentes para o recobrimento da área. Vale destacar que solos arenosos degradados são considerados solos drenos com baixo poder de tamponamento (SHEORAN et al., 2010).

Para Anikwe e Nwobodo (2002), solos com mais de 70% de areia são altamente inadequados para a eliminação de resíduos, porque eles são altamente permeáveis e permitem a perda que grandes quantidades de lixiviados. Da mesma forma, solos fisicamente degradados com teores de argila e silte superior a 31% não são adequados para eliminação de

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12 resíduos, porque possuem alto potencial de disseminar poluentes pelo escoamento superficial (ANIKWE; NWOBODO, 2002).

Os maiores teores de argila no solo do lixão possivelmente foram ocasionados pelo aporte de substratos argilosos utilizados no recobrimento dos resíduos. O incremento de 12,0% de argila na subsuperfície pode indicar, porém, a ocorrência do processo de eluviação no local, que se caracteriza pela movimentação vertical do material coloidal do solo em direção a horizontes mais profundos.

A menor densidade e maior PT do solo do lixão sugere a ocorrência de movimentação vertical (Figura 3). Uma vez que o solo do lixão possuiu maior teor da fração argila, ele apresentou menor densidade e maior porosidade total, características que não garante a estabilização do maciço de resíduos uma vez que tanto permite a entrada de água como a saída de gases de efeito estufa.

Figura 3 - Atributos físicos do solo do lixão de Cidade Nova em comparação com o solo da área de mata nativa.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Apesar da aproximação entre os resultados obtidos para os dois ambientes, os parâmetros Dp, Ds, e PT se comportaram conforme esperado, pois geralmente solos mais

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13 arenosos possuem maior densidade de solo, menor densidade de partículas e porosidade total. Além disso, os valores de Ds registrados se encontram na faixa de normalidade de cada solo, pois segundo Reinert e Reichert (2006) a variação para solos arenosos deve ser de 1,2 a 1,9 g cm-³, enquanto nos solos argilosos a variação é mais baixa, de 0,9 a 1,7 g cm-³. Vale ressaltar que a associação entre maior porosidade total e menor Ds no lixão, permite maior fluxo de solução e de gases no solo, ampliando o risco de disseminação de contaminantes (ALVES, 2016).

O solo da mata nativa e do lixão apresentaram reação ácida (Figura 4), embora na superfície do lixão o pH tenha sido mais elevado. Tanto na superfície quanto na subsuperfície, o solo do lixão apresentou valores mais elevados de condutividade elétrica, provavelmente por possuir maior conteúdo de argila. Ressalta-se que nos ambientes estudados houve uma redução nos valores desse parâmetro a medida que aumetou a profundidade. Na solo da mata nativa a redução foi de 37,3%, enquanto a CE no solo do lixão reduziu 59,6%.

No ambiente lixão, observou-se aumento nos teores Ca2+ e Al3+ a medida que se atingiu uma maior profundidade no solo. Para Ca2+ o incremento foi de 62,5%. A elevação nos teores de Al3+ foi de 144,4%. Com relação aos teores de Mg2+, Na+ e K+ ocorreu um decréscimo entre as camadas desse mesmo ambiente. No solo da mata nativa, constataram-se maiores teores na superfície para os atributos Ca2+, K+ e Al3+, enquanto os valores de Mg2+ e Na+ foram mais concentrados na camada subsuperficial.

No tocante à acidez potencial dos solos (H+ + Al3+), ambos ambientes apresentaram acréscimo desse atributo, quando comparado os valores da superfície com os da subsuperfície. Vale salientar, que as amostras da mata nativa registraram valores mais expressivos de acidez potencial. Observando os resultados de acidez potencial dos ambientes estudados, pode-se dizer que o solo da área de referência é naturalmente ácido. Entretanto, os teores da acidez potencial de ambos ambientes podem ser consideradas muito baixa/baixa, visto que se encontram abaixo de 2,51 cmolc/dm³ (RIBEIRO; GUIMARÃES; ALVAREZ, 1999).

No solo dos dois ambientes houve redução na capacidade de troca catiônica (CTC) e na saturação por base (V%), quando comparada as duas profundidades, estando os maiores valores ligados à camada superficial (Figura 5).

Faz-se necessário destacar que os maiores teores de MO foi observado nas

amostras da mata nativa, principalmente devido a contribuição da serrapilheira, sendo o registro da camada superficial 81% maior que o da subsuperfície (Figura 5). Ainda sobre os resultados desse atributo, pode-se afirmar que a quantidade de MO no solo da mata superou a do lixão num percentual de 92,5% na superfície e 41,3% na subsuperfície.

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14 Figura 4 - Complexo sortivo das amostras de solo do lixão de Cidade Nova e da mata nativa.

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15 Figura 5 - Atributos químicos do solo do lixão de Cidade Nova e da mata nativa.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A respeito dos nutrientes fósforo disponível (P) e nitrogênio total (N), registou-se um decaimento do primeiro e incremento do segundo, quando comparada as profundidades dos ambientes estudados. As maiores medidas de P se apresentaram no solo do lixão, enquanto o N revelou-se mais expressivo na superfície da mata nativa e na subsuperfície do lixão.

A ocorrência de maiores concentrações de P e N na área do lixão, com exceção do N na superfície, podem ser explicados pela decomposição de resíduos orgânicos de origem

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16 animal e/ou vegetal, como restos de alimentos, papel, madeira, osso, sementes, folhagens, entre outros. O teor de matéria orgânica na superfície do solo da mata nativa não influenciou na quantidade de P nesse ambiente.

O incremento de N na subsuperfície de ambos ambientes corrobora com a ocorrência de translocação desse nutriente. Vale ressaltar que a maior porosidade do solo na área de lixão também pode atuar facilitando o fluxo vertical de nutrientes e contaminantes advindos da decomposição da matéria orgânica contida nos resíduos sólidos aterrados (ARAÚJO, 2014).

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17 No que tange os metais pesados na forma total, foi constatado um caimento nos teores de Zn, Mn e Ba, bem como um incremento de Pb e Cr, ao comparar as duas profundidades da mata nativa (Figura 6). O inverso disso ocorreu na área do lixão, pois, enquanto os teores de Zn, Pb, Mn e Ba se apresentaram mais evidentes na camada subsuperficial, o valor de Cr foi reduzido a uma taxa de 26,2%.

Os teores totais de Pb e Cr foram maiores tanto na superfície como na subsuperfície do solo do lixão. No ambiente de mata nativa, os teores de totais de Zn (nas duas camadas) e o de Ba (camada superficial) foram superiores aos do lixão.

Os valores de metais pesados foram significativamente inferiores aos valores de prevenção estabelecidos na Resolução Conama 420/2009 (Cu-72, Ni-30, Pb-72, Zn-300, Cr-75, Co-25 e Ba-150 mg.kg-1), sendo assim não representariam risco a saúde humana, se não fosse pelo fato do solo arenoso se comportar como um difusor de nutrientes e contaminantes, conforme mencionado anteriormente, pois vários pesquisadores verificaram o acúmulo de metais em ambientes onde ocorre disposição inadequada de resíduos (OKORONKWO; ANO; ONWUCHEKWA, 2005; CHUKWUJINDU et al., 2012; PASTOR; HERNÁNDEZ, 2012).

4 CONCLUSÃO

A disposição irregular de resíduos sólidos tem provocado alterações nas características naturais do solo, devido ao aporte de sais, nutrientes e metais pesados na área. A degradação do solo do lixão seria mais expressiva caso o mesmo fosse capaz de reter os contaminantes, ao invés de favorecer a ocorrência do processo de lixiviação, que resulta na redução da qualidade ambiental do ecossistema.

A possibilidade do solo do lixão estar atuando como fonte difusa de contaminação revela a necessidade de realizar o monitoramento do lençol freático para constatar se os elementos lixiviados estão comprometendo a qualidade da água da região, bem como de implantar medidas de recuperação da área.

A ausência de compactação do material argiloso que tem sido utilizado na cobertura dos resíduos, desfavorece a estabilização do maciço e descumpri os critérios técnicos que visam impedir a lixiviação de líquidos e a saída de gases.

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18 REFERÊNCIAS

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Referências

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