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A percepção de mães adolescentes acerca das expectativas da maternidade entre adolescentes

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

ÉLICA CANCIAN FELTRAN

A PERCEPÇÃO DE MÃES ADOLESCENTES ACERCA DAS

EXPECTATIVAS DA MATERNIDADE ENTRE ADOLESCENTES

Piracicaba

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ÉLICA CANCIAN FELTRAN

A PERCEPÇÃO DE MÃES ADOLESCENTES ACERCA DAS EXPECTATIVAS DA MATERNIDADE ENTRE ADOLESCENTES

Orientadora: Profa. Dra. Marília Jesus Batista de Brito Mota

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ÉLICA CANCIAN FELTRAN, E ORIENTADA PELA PROFa. DRa. MARÍLIA JESUS BATISTA DE BRITO MOTA

Piracicaba 2018

Dissertação de Mestrado Profissional apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Gestão e Saúde Coletiva.

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A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de Mestrado Profissionalizante, em sessão pública realizada em 24 de Agosto de 2018, considerou a candidata ELICA CANCIAN FELTRAN aprovada.

PROFª. DRª. MARÍLIA JESUS BATISTA DE BRITO MOTA

PROFª. DRª. MARIA JOSÉ MARTINS DUARTE OSIS

PROFª. DRª. DÉBORA DIAS DA SILVA HARMITT

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Odontologia de Piracicaba

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus e Virgem Maria por sempre me abençoar.

Aos meus pais, Wilson e Teresinha, minha mãe que sempre me acompanhou, às minhas irmãs Edilene e Eliani e meus sobrinhos Vinícius, Maria Eloisi e Ana Clara que sempre me apoiaram.

A meu marido, companheiro Antonio Marcos Feltran, pelo amor, apoio, incentivo, parceria e dedicação para que eu pudesse realizar este sonho.

À minha filha Lara, que foi gerada durante o curso e muito me inspirou para concluí-lo e superar todos os desafios vivenciados nesta etapa da minha vida.

Muito obrigada a todos, que me deram força e motivação para alcançar esta grande conquista. Que Deus nos abençoe sempre.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Campinas; à Faculdade de Odontologia de Piracicaba FOP-UNICAMP, nas pessoas de seu reitor, o Prof. Dr. Marcelo Knobel, e do diretor da Faculdade, o Prof. Dr. Francisco Haiter Neto e à Profa. Dra. Karina Gonzales Silvério Ruiz, Presidente da Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba.

Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Gestão em Saúde Coletiva da FOP-UNICAMP que compartilham com muita qualidade e excelência seus conhecimentos e experiências.

Aos docentes Profa. Dra. Maria da Luz Rosário de Sousa, Prof. Dr. Marcelo Meneghim; Dra. Maria José Martins Duarte Osis e Dra. Camila da Silva Gonçalo pela disponibilidade para participar das bancas da 1ª e 2a fase de qualificação dessa dissertação e as sugestões que enriqueceram nosso trabalho.

As docentes Profa. Dra.Maria José Martins Duarte Osis e Profa. Dra. Débora Dias da Silva Harmitt, pela participação e contribuições durante a minha Defesa.

A minha orientadora Profa. Dra. Marília Jesus Batista, agradeço pelo carinho, incentivo, paciência e motivação para o desenvolvimento desta dissertação, além da contribuição para crescimento acadêmico, profissional e pessoal.

Aos professores Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira, Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra, Profa. Dra. Jaqueline Vilela Bulgareli e todos os professores que contribuíram para minha formação. Muito obrigada pelos ensinamentos, orientação, amizade, apoio, reflexões ao longo de minha jornada acadêmica.

Ao grupo de estudo “amigos da quali”, Ligia, Pedro, Bruna, Patrícia, Mawusi, Célia e Silvana que muito colaboraram para análise dos dados e realização da pesquisa.

A meus colegas de turma de Mestrado profissional em Gestão e Saúde Coletiva pelo compartilhamento de experiências e conhecimento que tanto enriqueceram nossos encontros e por todo carinho e ajuda que recebi durante essa trajetória.

À Prefeitura Municipal de Divinolândia, por meio de seu Departamento Municipal de Saúde, pelas oportunidades de campo, as quais foram fundamentais para realização deste estudo.

À secretária Eliana Aparecida de Mônaco do Departamento de Odontologia Social da FOP-UNICAMP, pela disposição e ajuda.

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Às voluntárias que aceitaram participar da pesquisa e compartilhar suas respostas que sem dúvida foram muito importantes.

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“POR VEZES SENTIMOS QUE AQUILO QUE FAZEMOS NÃO É SENÃO UMA GOTA DE ÁGUA NO MAR. MAS O MAR SERIA MENOR SE LHE FALTASSE UMA GOTA”.

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RESUMO

O início da atividade sexual nos primeiros anos da adolescência e a alta prevalência de gravidez na adolescência apontam para a importância em conhecer as percepções das mães adolescentes acerca das expectativas e experiências da gravidez na adolescência, que foi o objetivo deste estudo. Esta pesquisa qualitativa foi realizada com mães adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos que frequentaram a Unidade Básica de Saúde do município de Divinolândia-SP para realização do pré-natal no período de janeiro de 2016 a outubro de 2017. Foram realizadas 17 entrevistas semiestruturadas, além da aplicação de um questionário para obter dados socioeconômicos e demográficos. A amostra do estudo foi intencional e seu tamanho definido por exaustão. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, e as falas foram analisadas pela técnica de análise de conteúdo com modalidade temática. Foram identificadas cinco categorias, sendo: (1) Gravidez planejada durante a adolescência, a qual foi resultado de planejamento prévio em decorrência de relacionamento afetivo estável; (2) imaginário e realidades da gravidez na adolescência, categoria na qual as mães adolescentes demonstraram surpresa frente à realidade vivenciada; (3) modificação dos projetos de vida, com relatos de que a gravidez foi motivo para a interrupção ou adiamento dos seus projetos de vida; (4) motivação para a gravidez associada ao desejo de mudança de vida e fuga, onde as mães expressaram suas motivações para a gravidez como possibilidade de reconhecimento, modificação de sua realidade social, fuga da casa dos pais e conquista de autonomia; (5) rede de apoio e proteção, considerada como fator de proteção e fundamental para a superação dos desafios e adaptação à nova condição de ser mãe. As evidências do presente estudo apoiaram a hipótese inicial, que sugeria que muitas adolescentes engravidavam sem conhecimento dos desafios que a maternidade prematura apresenta e que as mães adolescentes se surpreendem (chocam) com uma realidade diferente da qual imaginavam. Porém, apesar de estarem vivenciando um momento difícil, muitas mães adolescentes parecem lidar bem com a complexidade inerente à maternidade como uma fase desafiadora para todas as faixas etárias, e em especial nesta fase da vida, devido à maior vulnerabilidade do contexto psicossocial. Apesar de a maioria relatar modificação no projeto de vida, o apoio social e familiar foi fundamental no processo de adaptação à realidade da maternidade.

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ABSTRACT

The onset of sexual activity in the early years of adolescence and the high prevalence of teenage pregnancy pointed out the importance of knowing the perceptions of teenage mothers about the expectations of teenage pregnancy, which was the objective of this study. This qualitative research was conducted with teenage mothers between the ages of 15 to 19 years who have attended the basic health unit of the municipality of Divinolândia-SP for completion of prenatal care in the period of January to October 2016 2017. 17 semi-structured interviews were conducted, in addition to the application of a questionnaire to obtain socio-economic and demographic data. The study sample was intentional and your size defined by exhaustion. The interviews were recorded and transcribed in full, and the lines were analyzed by the technique of content analysis with thematic mode. Five categories were identified: (1) planned Pregnancy during adolescence, which was the result of prior planning as a result of stable affective relationship; (2) and imaginary realities of teen pregnancy, category in which the teenage mothers showed surprise front to the reality experienced; (3) modification of the life projects, with reports that the pregnancy was the reason for interruption or postponement of their life projects; (4) motivation for pregnancy associated with the desire for change of life and escape, where mothers expressed their motivations for pregnancy as a possibility of recognition, modification of your social reality, escape from their parents and achievement of autonomy; (5) network of support and protection, considered as fundamental and protection factor for overcoming the challenges and adapting to new condition. The evidence from this study supported the initial hypothesis, which suggested that many teenagers get pregnant without knowledge of the challenges that early motherhood presents and that teenage mothers are surprised (crash) with a reality different from which imagined. However, although they are experiencing a difficult time, many teenage mothers seem to deal well with the complexity inherent in maternity as a challenging phase for all age groups, particularly at this stage of life, due to the greater vulnerability of the psychosocial context. Although most report modification in the design of life, social and family support was instrumental in the process of adaptation to the reality of motherhood.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 ARTIGO: A percepção de mães adolescentes acerca das expectativas e experiências da maternidade na adolescência. 17 3 DISCUSSÃO 38 4 CONCLUSÃO 40 REFERÊNCIAS 41 APÊNDICES 45

APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

45

APÊNDICE 2: Termo de Assentimento 47

APÊNDICE 3: Roteiro semi-estruturado 48

APÊNDICE 4: Questionário sociodemográfico 49

ANEXOS

ANEXO 1: Certificado do comitê de ética e pesquisa 50

ANEXO 2: Comprovante de submissão do artigo à Revista Ciência e Saúde Coletiva

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1 INTRODUÇÃO

Os adolescentes, durante a transição da infância para a vida adulta, sofrem inúmeras modificações biológicas, cognitivas, emocionais e sociais. Fase esta, marcada pela adoção de novas práticas, comportamentos, experiências e conquistas, mas que também representa vulnerabilidade a situações de risco para a saúde como a exposição ao sexo, que pode ser seguro ou inseguro, ou seja, fase de múltiplas oportunidades e escolhas que trazem consequências (Brasil, 2013). Portanto, a maneira como o adolescente vivencia suas experiências, permeado por todo um contexto sociocultural e ambiental, poderá estar associada a facilidades ou dificuldades no processo de adolescer.

Os limites etários de acordo com o Ministério da Saúde, o qual segue a definição de adolescência prescrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são caracterizados pelo período de 10 e 19 anos e compreende como juventude a população dos 15 a 24 anos (Brasil, 2010). Nessa etapa da vida ocorrem modificações clínicas e psicossociais, com o surgimento de novos desejos, dúvidas e curiosidades, que se intensificam com a descoberta do próprio corpo e do prazer sexual, que pode resultar em maiores possibilidades de ocorrência de uma gravidez indesejada (Ferreira et al., 2014; Silva et al., 2013). Pesquisar sobre gravidez na adolescência nos desafia a compreender sobre o processo de iniciação sexual dos adolescentes assim como sua implicação na vida reprodutiva, além da percepção desse público em relação à gravidez nessa faixa etária e suas consequências.

De acordo com a pesquisa nacional de saúde do escolar realizada com alunos do 9º ano do ensino fundamental, 27,5% já tiveram relação sexual alguma vez, sendo 36,0% do sexo masculino e 19,5% do sexo feminino, dentre as quais 9,0% relataram já ter engravidado (Brasil, 2015).

Recentemente os estudos e pesquisas do IBGE apontam que a taxa específica de fecundidade das mulheres de 15 a 19 anos de idade no período entre 2005 e 2015 passou de 76,3 para 59,4 filhos por mil mulheres deste grupo, correspondendo a uma diminuição de 22,1% no indicador. E o percentual de nascidos vivos de mães menores de dezoito anos no ano de 2015 foi de 6,25%, sendo a taxa para o município de

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Divinolândia-SP, local onde o estudo foi realizado, de 3,28 no mesmo período (Brasil, 2016; SEADE, 2017).

Considerando o total de nascimentos descrito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 16 milhões de meninas com idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos e cerca de 1 milhão de meninas com menos de 15 anos dão à luz todos os anos, sendo a maioria em países de baixa e média renda. As estatísticas mundiais de saúde de 2014 indicaram que a taxa de natalidade média global entre 15 a 19 anos é de 49 por 1000 meninas (WHO, 2018). Segundo relatório publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) referente ao período de 2010 à 2015, o Brasil conta com uma a taxa de 68,4 nascimentos para cada 1 mil adolescentes, enquanto que a América Latina e o Caribe com 65,5 nascimentos sendo a sub-região com a segunda maior taxa de gravidez adolescente do mundo, superada apenas pela África Subsaariana (PAHO, 2018).

Embora, de acordo com Secura (2014) a taxa de gravidez entre meninas e mulheres de 15 a 19 anos de idade tenha diminuído substancialmente ao longo das últimas duas décadas, a gravidez na adolescência é considerada em muitos aspectos como um problema de saúde pública persistente, visto que a cada ano, mais de 600.000 adolescentes engravidam, e 3 em cada 10 adolescentes engravidam antes de atingirem 20 anos de idade, sendo que além da gestação elas estão mais expostas às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a AIDS (Brasil, 2013).

Entretanto, há controvérsias sobre a gravidez na adolescência atualmente ser considerada como um problema de saúde pública visto que esta faixa etária foi durante muito tempo considerada a ideal para a mulher ter filhos (Heilborn et al., 2002). Porém, atualmente o novo papel social feminino atribuído pela sociedade contemporânea à adolescente, com maiores chances no que diz respeito à escolarização, à inserção profissional, ao exercício da sexualidade desvinculado da reprodução, configuram uma nova visibilidade quanto à idade ideal para se ter filhos (Heilborn et al., 2002).

Como risco à saúde da adolescente, muitas complicações podem ocorrer durante a gravidez e parto na adolescência, sendo a segunda causa de morte para meninas de 15 a 19 anos de idade em todo o mundo, além, de que anualmente cerca de 3 milhões de meninas nessa faixa etária submetem-se a abortos inseguros, contribuindo para mortes maternas e problemas de saúde duradouros (WHO, 2018).

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Em um estudo comparativo das características obstétricas e os resultados de parto entre as mulheres adolescentes e jovens adultas, totalizando 48.308 partos, a incidência de hemorragia e as dificuldades intraintestinais foram maiores em adolescentes (Socolov et al., 2017).

De acordo com alguns estudos, os bebês nascidos de mães adolescentes residentes em países de baixa e média renda possuem um risco 50% maior de mortalidade durante a gravidez ou nas primeiras semanas de vida, em relação aos bebês de mulheres de 20 a 29 anos. Além de apresentarem maior incidência de prematuridade e baixo peso ao nascer (BPN), os quais, de acordo com uma revisão sistemática são intensificados quando as gravidezes não são desejadas. O desejo em engravidar foi considerado um fator importante tanto para o bem-estar da mãe como o da criança (Shah et al., 2011; WHO, 2018; Santos et al., 2014; Martinez, 2011).

Em um estudo realizado por Costa e Heilborn (2006), constatou-se que o maior risco de mortalidade perinatal, de BPN e prematuridade foram identificados em crianças de mães entre 10 a 14 anos, quando comparado com o de mulheres entre 15 e 19 anos, sendo que neste último grupo, os resultados apresentam níveis bastante próximos aos dos filhos das mães não-adolescentes, além do número de consultas de pré-natal das gestantes com a faixa de 10 a 14 anos serem menores quando comparados com o daquelas com mais de 14 anos.

A temática gravidez na adolescência, atualmente consiste em questão polêmica ao relacionar o exercício da sexualidade e da vida reprodutiva às condições materiais de vida e às múltiplas relações de desigualdades presentes na vida social do País. Sendo assim, a gravidez na adolescência resulta de uma pluralidade de experiências de vida, com diferentes significados, abordados de várias maneiras e com diversos desfechos (Brasil, 2017).

A gravidez na adolescência quando pensada nos aspectos sociais e econômicos, pode apresentar impactos. Muitas meninas são obrigadas a abandonar a escola aumentando a evasão e reprovação escolar, incentivo ao aborto pelo familiar e companheiro, abandono do parceiro, discriminação social e reduzida oferta de emprego, visto que uma adolescente com pouca ou nenhuma educação tem menos capacitação profissional e pode ter menos oportunidades para conseguir um emprego. Também

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ocorre com maior frequência em comunidades de baixo nível socioeconômico, menos instruídas e rurais (Ferreira et al., 2014; WHO, 2018).

Existe um esforço mundial da OMS (WHO, 2018) para a prevenção da gravidez na adolescência. Porém, estratégias nesta direção poderão ser frustadas caso o contexto dos adolescentes seja desconhecido ou ignorado. Pois, como constataram Nieto et al (2012), muitas adolescentes referem planejar a gravidez e o parto. Assim, deve-se considerar o pressuposto de que a maternidade pode ser resultado de um projeto de vida, não significando, necessariamente, resultado de atitude irresponsável ou acidental (Cabral, Oliveira, 2010) como frequentemente é encarado pelos profissionais de saúde e pela sociedade.

A formação do profissional de saúde, muitas vezes, ainda está pautada na postura autoritária, devido à concepção hegemônica tradicional biomédica. Entretanto, torna-se imprescindível que o profissional de saúde assuma um papel ativo na reorientação das estratégias de cuidado, tratamento e acompanhamento da saúde individual e coletiva, tendo um olhar centrado na pessoa. Atualmente, muitos profissionais veem a gravidez na adolescência de forma negativa, e manifestam essa atitude nas suas ações educativas e/ou no cuidado com adolescente, prejudicando o estabelecimentode vínculo entre equipe de saúde e usuários (Ferreira et al, 2010). Ampliar o olhar sobre esta questão de engravidar ou não, usar métodos contraceptivos ou não e até discutir sobre o comportamento sexual, é fundamental.

Em um estudo realizado por Brandão e Heilborn (2006), também foi observado que muitas adolescentes relataram conhecimento sobre o uso dos métodos contraceptivos, embora apresentem o uso impróprio destes métodos, que pode ser por resultado de atitudes ambíguas em relação gravidez e maternidade durante a adolescência, como desejar, mas evitar. Portanto, a motivação para a gravidez ainda é mal compreendida.

É pertinente considerar que o manejo e a introdução dos métodos contraceptivos são lentos e requerem discussão entre os parceiros, além de autoconfiança, apoio social, ou seja, características raramente presentes durante a iniciação sexual nesta faixa etária (Brandão e Heilborn, 2006).

De acordo com Piccinini et al (2008), o processo de constituição da maternidade inicia-se muito antes da concepção, a partir das primeiras relações e

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identificações da mulher, passando pela atividade lúdica infantil, a adolescência, o desejo de ter um filho e a gravidez propriamente dita e seguirá seu curso após o nascimento do bebê. Além, da gravidez ser um momento de importantes reestruturações na vida da mulher e nos papéis que a mesma exerce (Piccinini et al, 2008).

Nesse sentido, a idealização da gravidez permeada pela romantização da maternidade, frente a realidade vivenciada no período puerperal pode ser bastante surpreendente para as mães adolescentes, principalmente para as que não contam com apoio social e familiar para dividir com elas as demandas do puerpério. Portanto, as repercussões de uma gravidez na adolescência, tal qual suas percepções devem ser melhor compreendidas (Heilborn et al., 2002).

Sendo assim, optou-se em realizar o presente estudo qualitativo, o qual possibilita conhecer o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores, atitudes, e consequentemente compreender o significado, o processo, a representação e as percepções de mães adolescentes sobre a maternidade na adolescência e desta forma, viabilizar a adoção de estratégias para o cuidado com a saúde da adolescente através da promoção de saúde, respeitando a autonomia das adolescentes em suas escolhas e projetos de vida (Lima e Manini, 2016; Turato, 2005; Minayo, 2015).

Diante do exposto o objetivo do presente estudo foi conhecer as percepções de mães adolescentes acerca das expectativas e experiências da gravidez na adolescência utilizando a abordagem qualitativa, partindo-se das hipóteses de que as adolescentes engravidam sem conhecimento dos desafios que a maternidade na adolescência apresenta e que as mães adolescentes se surpreendem (chocam) com uma realidade diferente da qual imaginavam.

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2 ARTIGO: PERCEPÇÕES DE MÃES ADOLESCENTES ACERCA DAS

EXPECTATIVAS E EXPERIÊNCIAS DA MATERNIDADE NA

ADOLESCÊNCIA.

Artigo submetido para publicação ao periódico Ciência e Saúde Coletiva (Anexo 2)

Élica Cancian FELTRAN 1

Jaqueline Vilela BULGARELLI 1 Brunna Verna Castro GONDINHO 1 Pedro Augusto Thiene LEME 1 Luciane Miranda GUERRA 1 Marília Jesus BATISTA1,2

1 Departamento de Odontologia Social, área de Odontologia Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Piracicaba, SP, Brasil.

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RESUMO: A alta prevalência de gravidez na adolescência aponta para a necessidade de conhecer as percepções das mães adolescentes acerca das expectativas e experiências da gravidez na adolescência, objeto deste estudo. Pesquisa qualitativa realizada com mães de 15 a 19 anos que frequentaram a Unidade Básica de Saúde em Divinolândia-SP para realização do pré-natal entre janeiro de 2016 à outubro de 2017. Foram realizadas 17 entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionário sociodemográfico em amostragem por exaustão. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, e o material tratado por análise de conteúdo na modalidade temática. Foram identificadas 5 categorias de análise: (1) gravidez planejada durante a adolescência; (2) imaginário e realidades da gravidez na adolescência; (3) modificação dos projetos de vida; (4) motivação para a gravidez associada ao desejo de mudança de vida e fuga e (5) rede de apoio e proteção. As adolescentes manifestam ideias relacionadas à desconsideração sobre os desafios que a maternidade apresenta e relativas à surpresa frente a uma realidade distinta da qual imaginavam. No entanto, apesar dos relatos apontarem para uma vivência de dificuldades pessoais, com modificação nos projetos de vida, as mães se confortam perante o apoio social e familiar recebido, capaz de atenuar e parecem lidar bem com as dificuldades e complexidade inerentes à maternidade.

Palavras chaves: Gravidez na adolescência; Pesquisa qualitativa; Adolescente.

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ABSTRACT: The high prevalence of teenage pregnancy points to the need to know the perceptions of teenage mothers about the expectations and experiences of teenage pregnancy, object of this study. Qualitative research conducted with mothers from 15 to 19 years who have attended the Basic Health Unit in Divinolandia-SP to perform between January 2016 prenatal to October 2017. 17 were conducted semi-structured interviews and questionnaires on demographic sampling exhaust. The interviews were recorded and transcribed in full, and the material handled by content analysis on thematic mode. 5 categories have been identified: (1) planned pregnancy during adolescence; (2) and imaginary realities of teen pregnancy; (3) modification of life projects; (4) motivation for pregnancy associated with the desire for change of life and escape and (5) support network and protection. The adolescents manifest disregard related ideas about the challenges that motherhood presents and surprise a reality distinct from what is imagined. However, in spite of reports pointing to an experience of personal difficulties, with modifications in the projects of life, mothers take comfort before the social and family support received, able to mitigate and seem to cope well with the difficulties and complexity inherent in maternity.

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INTRODUÇÃO

A adolescência é uma etapa da vida onde ocorrem modificações clínicas e psicossociais, com o surgimento de novos desejos, dúvidas e curiosidades, que se intensificam com a descoberta do próprio corpo e do prazer sexual, momento a partir do qual a gravidez torna-se uma possibilidade biológica e social1,2.

Cerca de 16 milhões de meninas com idades compreendidas entre os 15 e 19 anos e cerca de 1 milhão de meninas com menos de 15 anos dão à luz todos os anos, sendo a maioria em países de baixa e média renda3. As estatísticas mundiais de saúde de 2014 indicaram que a taxa de natalidade média global entre 15 a 19 anos é de 49 nascidos vivos por 1000 meninas3. Segundo relatório publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) referente ao período de 2010 à 2015, o Brasil conta com uma a taxa de 68,4 nascimentos para cada 1 mil adolescentes e figura entre as maiores do mundo4.

A temática da gravidez na adolescência (GA) é envolta por polêmicas ao relacionar o exercício da sexualidade e da vida reprodutiva às condições materiais de vida e às múltiplas relações de desigualdades presentes na vida social do País5. Nesse sentido, a discussão sobre sexualidade e reprodução na juventude deve considerar o contexto sociocultural, no qual as jovens estão inseridas, pois, GA é produto de uma diversidade de experiências de vida, com diferentes significados, abordados de várias formas e com desfechos variados 5,6.

Muitas complicações podem ocorrer durante a gravidez e parto na adolescência, sendo a segunda causa de morte para meninas de 15 a 19 anos de idade em todo o mundo, além de anualmente cerca de 3 milhões de meninas nessa faixa etária sofrem abortos inseguros, contribuindo para mortes maternas e problemas de saúde duradouros3. Estudos apontam que bebês nascidos de mães adolescentes (MA), residentes em países de baixa e média renda, possuem um risco 50% maior de mortalidade durante a gravidez ou nas primeiras semanas de vida, em relação aos bebês de mulheres de 20 a 29 anos, além da ocorrência de maior incidência de prematuridade e baixo peso ao nascer (BPN) quando as gravidezes não são desejadas7,3,8,9.

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Costa e Heilborn10 constataram que o maior risco de mortalidade perinatal, de BPN e prematuridade, foi identificado em crianças de mães com a faixa etária de 10 a 14 anos, quando comparado com o de mulheres entre 15 e 19 anos, sendo que neste último grupo, os resultados apresentaram níveis bastante próximos aos dos filhos das mães não-adolescentes. Além disso, o número de consultas de pré-natal das gestantes com a faixa de 10 a 14 anos foi menor quando comparados com o daquelas com mais de 14 anos 10.

A maternidade em qualquer faixa etária pode ser considerada como um desafio, no entanto na adolescência evidenciam-se distintos efeitos sociais e econômicos permeados por conflito e não aceitação por parte da família, incentivo ao aborto por estes ou pelo parceiro, abandono do parceiro, discriminação social e o afastamento dos grupos de sua convivência11,3. Adicionalmente, o novo papel social feminino atribuído contemporaneamente à adolescente, com valorização da escolarização, inserção profissional, e ao exercício da sexualidade desvinculado da reprodução, configura novas convenções sociais quanto à idade ideal para se ter filhos12.

Os conflitos da gravidez podem gerar impacto social e interferência da estabilidade emocional da adolescente, principalmente porque esta etapa da vida é permeada pela insegurança, despreparo, dependência, e infantilidade, ou seja, repleta de conflitos de identidade peculiares desta fase da vida 11,13,14,15,1,3.

No que se refere à prevenção da gravidez pelas adolescentes deve-se considerar que existe um grau de conhecimento popularmente difundido sobre o uso dos métodos contraceptivos6 bem como a possibilidade da gravidez e parto serem planejados e desejados, ou seja, GA não é, necessariamente, consequência de atitude irresponsável ou acidental16.

A idealização da gravidez permeada pela romantização da maternidade, frente à realidade vivenciada no período puerperal pode ser bastante surpreendente para as MA. Principalmente para as que não contam com apoio social e familiar capaz de dividir com elas as demandas do puerpério12.

É relevante compreender os fatores que influenciam no processo de engravidar na adolescência e como as adolescentes encaram esse processo, uma vez que a gravidez está posta e essas meninas se tornam mães. Estes aspectos são fundamentais para o desenvolvimento de ações e programas de promoção da saúde centrado na pessoa

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voltados para este público alvo. A fim de captar sentidos e significados atribuídos por essas MA, optou-se pela realização de estudo qualitativo, cujo objetivo foi conhecer as percepções de MAacerca das expectativas e experiências da GA.

METODOLOGIA Aspectos éticos

O estudo cumpriu os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos, sendo aprovado junto ao comitê de ética (CEP- FOP/Unicamp) (Anexo 1). O sigilo e o anonimato foram garantidos e todas as participantes tiveram seus nomes substituídos pela letra E seguida de um número arábico correspondente à ordem sequencial em que foram realizadas as entrevistas (E1 a E17) para facilitar as identificações e análises.

Desenho do Estudo

Estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa. O método qualitativo foi escolhido a fim de compreender o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes das pessoas que compuseram o estudo17. Os resultados foram analisados conforme a técnica análise de conteúdo temática proposta por Gomes18.

Cenário do estudo e participantes da pesquisa

A pesquisa foi realizada na cidade de Divinolândia-SP, município de 11 mil habitantes e densidade demográfica de 49,01 habitantes/km2. A cidade possui uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de modalidade mista, composta por uma equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e UBS tradicional, situada na região central da cidade, local onde são realizados todos os atendimentos de pré-natal do município. A pesquisadora, além de aluna de mestrado na área de Saúde Pública, é enfermeira da Prefeitura Municipal do município há seis anos, e uma das suas atribuições é a realização dos atendimentos de pré-natal.

Participaram da pesquisa MA cujo critério de inclusão na pesquisa foi de que deveriam estar com idade entre 15 à 19 anos 11 meses e 29 dias no momento do parto, ter realizado acompanhamento de pré-natal e o nascimento do bebê tenha ocorrido no período de janeiro de 2016 à outubro de 2017, além de serem usuárias do serviço em questão e residentes no município. Critério de exclusão foi a gestante que

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não possuía nenhum filho no momento da entrevista, mesmo estando dentro da faixa etária definida, e residir em outro município.

Previamente foi realizado um levantamento por meio do Sistema SIS Pré-natal web, de todas as gestantes na faixa etária definida, cadastradas e acompanhadas pela UBS. Foram encontrados 33 cadastros de GA e verificados quais já haviam parido o bebê. Verificou-se que não havia nenhum cadastro no sistema de adolescentes com idade de 14 anos ou menos no período estipulado. A partir desta listagem, foi realizada busca individual do endereço, telefone com intuito de convidá-las para a entrevista.

Coleta e organização dos dados

Os dados foram coletados no período de novembro de 2017 a janeiro de 2018, sendo o tempo decorrido após o parto compreendido entre 2 meses à 1 ano e 11 meses. Foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturada. Inicialmente um convite foi feito às participantes em potencial e, sendo aceito, foram agendados horários para realização da visita domiciliar e apresentação ao Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e Termo de Assentimento, quando necessário. A entrevista foi realizada pela própria pesquisadora.

Utilizou-se um roteiro semiestruturado (Apêndice 3) sobre a experiência da GA, suas expectativas e dificuldades encontradas, sendo a questão disparadora: “Poderia me contar como foi sua gravidez?”, além da aplicação de um questionário sociodemográfico (Apêndice 4). A duração média das entrevistas foi de 5 minutos. Foi realizada uma entrevista piloto com uma adolescente e observada a necessidade de ajustar uma questão, por apresentar dificuldade de compreensão pela entrevistada.

As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra pela pesquisadora, o número de sujeitos foi definido por exaustão, ou seja, foram entrevistadas todas as MA elegíveis para o estudo dentro dos critérios de inclusão19,20. Assim, foram finalizadas as entrevistas e os dados foram complementados com anotações em diário de campo, que continham anotações livres da pesquisadora quanto ao contexto e a linguagem corporal das adolescentes durante a entrevista.

Análise dos dados

Foi utilizada técnica de análise de conteúdo temática18. Inicialmente adotou-se o procedimento de editoração, composto por transcrição na íntegra das entrevistas e análise do diário de campo, em seguida realizadas leituras exaustivas das transcrições,

(24)

releituras e levantamento de impressões, momento que permite a apropriação do conjunto e das particularidades do material, assim como o levantamento dos pressupostos iniciais e verificação dos núcleos dos sentidos. Na sequência, foi realizada a categorização e sub categorização. Posteriormente foi feita a apresentação e discussão da análise para os pares, pesquisadores de um grupo de pesquisa qualitativa, e assim, a definição das categorias através do refinamento do material. Após validação das categorias pelos pares, foi elaborada a síntese interpretativa, com diálogo entre os temas, objetivos, questões e hipóteses da pesquisa 18,19.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Das 33 GA cadastradas, participaram do estudo 17, uma vez que cumpriram os critérios de inclusão. No momento do estudo 7 ainda estavam gestantes e não tinha tido filho, 1 abortou, 01 não estava em casa no momento da visita e 7 residiam em outro município. Dentre as adolescentes entrevistadas, duas realizavam trabalho remunerado, três estavam na segunda ou terceira gestação (Quadro 1). Das dezessete, quatro continuavam estudando e a renda mensal familiar referida era de no máximo dois salários mínimos. Ao considerar as idades dos bebês, havia uma variação de 2 meses a 1 ano e 11 meses, de forma que as MA vivenciavam fases distintas do período pós parto, o que traz perspectivas variadas em relação à maternidade. Duas entrevistadas estavam vivenciando a maternidade pela segunda ou terceira vez, o que também pode diferenciar das respostas quanto às expectativas das mães que a vivenciavam pela primeira vez.

Em relação ao estado conjugal, a maioria das adolescentes (doze) referiram união consensual, duas eram casadas e duas estavam solteiras. A gravidez foi planejada por cinco entrevistadas, sendo que duas relataram desejo do parceiro em ter um filho, sem mencionar se este também era desejo dela, fato também encontrado no estudo de Hoga21, onde muitas adolescentes relatam não tinham a intenção de se tornarem mães, porém, com intuito satisfazer o desejo de seus parceiros, que queriam se tornar pais, haviam engravidado.

No que se refere ao conhecimento sobre os métodos contraceptivos, todas referiram conhecer vários métodos, citando o anticoncepcional oral, preservativo, coito interrompido, DIU, Diafragma e anticoncepcional injetável. No entanto, a grande maioria fazia uso irregular ou não os utilizavam por motivos variados, dentre eles:

(25)

esquecimento; relato de ter recebido orientação profissional que não poderia engravidar; vergonha de comprar na farmácia ou buscar o anticoncepcional na UBS, além de não considerar que poderiam engravidar naquele momento.

Inúmeros são os fatores responsáveis pela GA, sendo um deles o não uso ou uso incorreto dos métodos contraceptivos, que é importante estratégia nos programas preventivos. Foi observado no presente estudo, que os jovens conhecem os métodos contraceptivos, o que corrobora com Nieto et al 22. Porém, a vergonha e o fato de não imaginar a possibilidade de engravidar foram barreiras relatadas ao uso desses métodos. Nesse sentido, empoderar a mulher para a autonomia em relação ao próprio corpo, incluindo o direito a sexualidade, pode ser uma estratégia que contribua para melhor adesão aos métodos contraceptivos, podendo assim prevenir a gravidez indesejada, uma vez que maiores graus de autonomia poderiam favorecer a adoção de práticas contraceptivas consistentes. A questão religiosa, que muitas vezes atribui culpa à sexualidade, também pode ter influenciado na questão da “vergonha”, o que seria coerente ao fato de 13 das entrevistadas afirmarem pertencimento religioso.

As falas foram analisadas e surgiram cinco categorias com os seguintes temas: (1) Gravidez planejada durante a adolescência, (2) Imaginário e realidades da gravidez na adolescência, (3) Modificação dos projetos de vida, (4), Motivação para a gravidez associada ao desejo de mudança de vida e fuga, (5) Rede de apoio e proteção.

Quadro 1. Características das adolescentes no momento da entrevista. Identificação Idade Idade

do bebê Estado civil Renda familiar (salário) Ocupação Escolaridade Na escola Presença do parceiro

Religião Gravidez foi planejada? E1 17 5 m Casada 1 Dona de casa Ensino fundamental completo.

Não Sim Não

informou Sim E2 18 9 m União consensual 1-2 Dona de casa Ensino médio completo

Não Sim Católica Não

E3 16 3 m União consensual < 1 Dona de casa 1 ano do ensino médio

Não Sim Católica Não por ela, mas

sim pelo parceiro. E4 19 3a, 1a 9m União consensual 1 a 2 Estudante e dona de casa Cursando Ensino médio

Sim Sim Católica Não, nenhuma

E5 17 10 m União consensual < 1 Dona de casa Ensino fundamental completo

Não Sim Católica Não

E6 17 3 m União consensual < 1 Dona de casa Cursando 2 ano do ensino médio

Sim Sim Católica Sim

E7 16 1a 5m União consensual Não informou Dona de casa Ensino fundamental incompleto

Não Sim Não

informou

A primeira não, mas o segundo o

parceiro queria (está gestante).

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E8 20 5a, 3a, 1a 8m Casada 1 Dona de casa 1 ano do ensino médio

Não Sim Católica A primeira não,

mas a segunda e terceira sim. E9 20 1 a União consensual 1 a 2 Dona de casa Ensino médio completo

Não Sim Católica Não

E10 20 1a 1m Solteira 1 Vendedora Ensino médio

completo

Não Não Católica Não

E11 16 1a 7m União

consensual

1 Vendedora Cursando 3

ano do ensino médio

Sim Sim Católica Não

E12 16 10 m Solteira 1 a 2 Estudante Cursando 3

ano do ensino médio

Sim Não Católica Não

E13 19 6 m União consensual 1 Dona de casa Ensino fundamental completo

Não Sim Católica Não

E14 19 6 m União consensual 1 a 2 Dona de casa Ensino médio completo.

Não Sim Católica Sim

E15 19 3 m União consensual < 1 Dona de casa Ensino fundamental incompleto (5 série)

Não Sim Evangélica Sim

E16 15 2 m União consensual 1 a 2 Dona de casa Ensino fundamental incompleto (6 série)

Não Sim Não

possui

Não

E17 20 1a11m União

consensual

1 Dona de

casa

Ensino médio completo

Não Sim Não

possui

Não

Gravidez planejada durante a adolescência.

Uma das ideias acerca da GA é associada ao planejamento prévio, em decorrência de relacionamento afetivo estável, sendo que algumas falas ilustram o desejo do parceiro e a submissão da MA em atender a esse desejo:

[...] eu e meu marido, a gente planejou desde o começo. (E6)

O dela não, aconteceu né. Agora desse aqui (está gestante) ele queria, por que ele queria um menininho. O pai dele. (E7)

[...] já era uma gravidez que eu tava esperando, eu queria mesmo, já tinha parado de tomar remédio, tudo, já tinha ido atrás do médico. Então não foi uma coisa que aconteceu. É que a gente já queria mesmo, já fazia dois anos que eu já tava casada e ai a gente já resolveu ter um filho. (E14)

O planejamento da gravidez corrobora o resultado de estudo realizado por Nieto et al.,2012, no qual 27,6% das adolescentes referiram que suas gestações foram planejadas. Também foram encontrados outros motivos como o desejo de ficar grávida, fato de que o outro filho já estava crescendo, vontade de ter uma companhia, crença de que estava na hora, reatamento do casal e idade do parceiro 23.

(27)

Vincular a GA automaticamente à um fato indesejado, inconsequente, desastroso, irresponsável e impulsivo dos jovens, é um equívoco, considerando que algumas gestações na adolescência são desejadas, consequências dos distintos projetos de vida, especialmente quando acontece no final da adolescência, entre 17 e 19 anos 24,23,16.

O acolhimento e vínculo duradouro são considerados decisivos na relação de cuidado entre profissional de saúde e usuários, pois favorecem a construção da autonomia perante responsabilização compartilhada e pactuada, corroborando com a capacidade de compreensão e atuação sobre si mesmos e sobre o mundo que em que vivem25. Assim, recomenda-se na atenção à saúde de adolescentes que sejam enfatizados esses elementos, em relação à adolescente gestante.

A autonomia da adolescente em tomar decisão de maneira livre e responsável sobre o seu corpo e sua vida deve ser valorizada e respeitada pelos profissionais envolvidos tanto no planejamento das ações dos serviços de saúde como no atendimento dessas usuárias, visto que os adolescentes estão em processo de construção de si, aprendendo a se tornar pessoas adultas por meio das relações com os pais, pares e parceiros afetivo-sexuais 6.

Imaginário e realidades da gravidez na adolescência.

As MA demonstraram surpresa frente à realidade vivenciada, muitas não imaginavam que enfrentariam as dificuldades de adaptação e cuidado com o bebê, cansaço, privação de sono e interrupção dos estudos às quais foram submetidas após o nascimento do bebê, evidenciando assim a contradição entre a expectativa, o imaginário e a realidade experimentada:

Pensei que fosse fácil, mas não é. [...]Eu pensei que não ia ter cólicas, essas coisas... (E1)

Ah, eu achei que ia ser um pouquinho mais fácil assim né, mas é um pouquinho mais difícil, né. (E7)

É não saber nada. [...] que a gente tá diferente do que a gente planejou. [...] Eu achava que ia ser bem mais tranquilo. (E4)

O neném chora, o neném toda hora quer mama, machuca o peito, é bem difícil! Não foi o que eu esperava! Eu fui bem surpreendida nesse sentido. (E10)

(28)

Foi diferente do que eu pensava, por que no começo ela não mamava, eu não consegui amamentar ela... no final assim do primeiro mês de vida dela eu quase entrei em depressão... por que eu ficava aqui sozinha, minha mãe tinha ido embora. Então não foi do jeito que eu pensava, já foi diferente. (E14)

Mães adolescentes com filhos de idades variadas se queixaram de dificuldades. A fase puerperal é compreendida por intensas modificações de adaptação a uma nova situação associada a alterações psico-orgânicas, juntamente com o processo de involução dos órgãos reprodutivos à situação pregravídica, além do estabelecimento da lactação e ocorrências de intensas alterações hormonais na mulher 26. Nesse sentido, talvez a exacerbação dos sentimentos inerentes da fase puerperal não tenham um tempo previsível para ser amenizado, se caracterizando por uma fase de adaptação, variações hormonais, associado ao contexto sócio-cultural, que impactam nas reações e no convívio social.

Os depoimentos relatados pelas gestantes pode ser compreendido como um momento de crise existencial, sendo a adolescência uma fase composta por uma rápida passagem da situação de filha para a de mãe27. No entanto, sabe-se que independentemente da idade, o período pós-parto é uma fase desafiadora e a transição à maternidade pode ser imprevisível, estressante e modificar a autoconfiança da mãe no cuidado com o filho28.

Algumas observações durante as entrevistas foram registradas no diário de campo: durante a entrevista com a adolescente E3, ao relatar sobre as dificuldades e expectativas, depois de uma longa pausa, seus olhos lacrimejaram. O mesmo aconteceu com as entrevistadas E4, E10, E14 e E15 que também se emocionaram ao falar das dificuldades, o que evidencia a grande carga simbólica mobilizada pelos relatos.

[...] no começo é meio difícil, né. Por que dá muito medo [...] ás vezes a gente pensa uma coisa e acaba sendo outra [...] (E6)

O medo ao prestar os cuidados também foi considerado como uma dificuldade vivenciada, além da expectativa ser distinta da realidade. A possibilidade de imaginar características para o bebê relaciona-se com a história passada e atual da gestante, mas também com sua capacidade de representar os comportamentos que o bebê lhe oferece 29.

(29)

O cuidado materno pode ser considerado para algumas adolescentes uma função bastante desafiadora, principalmente nesta etapa da vida, permeada pela insegurança, o despreparo, a dependência, e a infantilidade, ou seja, os conflitos de identidade peculiares dessa fase da vida contribuem para que as mesmas possam sentir-se pouco competentes no cuidado com sentir-seus bebês 15.

(...) A noite me dava desespero eu acho que eu estava entrando em depressão, por que começava a escurecer já me dava aquele desespero por que eu sabia que eu não ia dormir à noite inteira. Foi bem difícil. (E10)

Várias foram as dificuldades descritas pelas MA neste estudo, e frequentemente foram relacionados ao desespero, cansaço, sono comprometido, privação da vida social e da liberdade, despreparo e inexperiência para cuidar da criança associado ao desejo em cumprir bem o papel de mãe. A simultaneidade de sentimentos vivenciados pelas mães adolescentes são características que também foram encontradas no estudo de Zagonelli, et al., permeados por satisfação e acúmulo de encargos pelos diferentes papéis assumidos, assim como impedimento de realizar atividades que antes da gravidez conseguiam fazer, além da falta de convívio social, horas de sono, dedicação exclusiva ao filho, os quais tornava a experiência diferenciada, porém prazerosa 28.

Modificação dos projetos de vida

As MA relataram que a gravidez foi motivo para a interrupção ou adiamento de seus projetos de vida.

[...] em relação mais do estudo, por que sempre, eu vou estar adiando, né. Acho que essa é a maior dificuldade pra mim, por que eu gostava muito de estudar, eu sempre fui bem na escola [...] eu tinha todo um plano pra esse ano estudar e me formar, mas eu vi que vai adiar um pouquinho, mas... Eu tô começando a aceitar já. (E2)

[...] com a idade que eu tinha, eu tava querendo cumprir meu estudo, a minha meta. (E4)

Ah, era difícil criar! E eu era uma criança e cuidar de outra era difícil, né. Ai tinha que parar, larguei mão dos estudos pra cuidar da criança, parei de trabalhar. Só pra cuidar da criança. (E8)

(30)

Então é bem difícil ser mãe sozinha e muita responsabilidade, por que eu deveria estar estudando, mas não... Estou cuidando de um bebê. É bem difícil! (E10)

Conforme observado por meio dos relatos, a interrupção dos estudos e alteração dos projetos de vida afeta as adolescentes, queixa mencionada por jovens mães em outros estudos como um dos principais efeitos sociais negativos relacionados à GA13, 30.

A maternidade modificou o cotidiano das adolescentes entrevistadas neste estudo, sendo relatadas noites mal dormidas, interrupção dos estudos e vida profissional. Em um estudo realizado em Curitiba, as adolescentes relataram que se arrependeram, mesmo em situações de gestações planejadas, comentando que se pudessem voltar atrás teriam feito diferente13.

Vários são os motivos que culminam em abandono da escola30, as adolescentes atribuíram o fato às dificuldades financeiras, falta de apoio da família ou ausência do pai da criança e, não contando com esse apoio, as adolescentes são obrigadas a assumir toda a responsabilidade no cuidado à criança30.

Contudo, observa-se a modificação do projeto de vida vinculada às perdas interpretadas como interrupções que poderão ou não ser retomadas futuramente. Para algumas adolescentes, interromper os estudos significava adiar ou até mesmo excluir sonhos que tinham na vida 21. Com base nos achados deste e dos estudos mencionados, pode-se afirmar que as expectativas das gestantes adolescentes em relação ao futuro dizem respeito principalmente à questão educacional e profissional.

De acordo com Ximenes Neto, et al14 frequentemente a GA ocasiona a destruição de planos, além de protelar os sonhos, favorecendo a ocorrência de (des) ajustamento social, familiar e escolar, podendo favorecer a depressão e em muitos casos resultar em tentativa de aborto ou suicídio. Contudo, as demandas da maternidade serão mais ou menos penosas dependendo dos recursos e da rede de apoio social disponíveis, e assim, tanto mulheres adultas como adolescentes, primíparas ou multíparas, necessitam de pessoas que compartilhem estas demandas e as apoiem para que consigam se fortalecer e superar as dificuldades encontradas neste período 16.

(31)

As adolescentes expressam suas motivações para a gravidez como possibilidade de reconhecimento, modificação de sua realidade social, fuga da casa dos pais e conquista de autonomia, além da motivação de vida como o desejo de ser mãe.

[...] eu não sabia o que era ir no shopping, meu pai não deixava eu sair de casa, mas ai agora depois que eu casei, depois que eu tô morando junto com o pai da minha filha que eu tô saindo mais de casa [...] Então, foi aonde que eu comecei a namorar foi aonde que eu quis parar de estudar, foi aonde eu já falei: a eu quero ser mãe e ai foi vim, entendeu? (E5)

Ah... eu não fico sozinha em casa...tenho uma companhia boa... que ai eu brinco com ela também, vamos andar.(E7)

A fuga do convívio com familiares também foi citado e entendido como uma motivação para a gravidez.

[...]foi bom que eu saí daquela vida que eu tava, também. Sei lá eu... tava muito desanimada, sabe assim... eu não sei explicar. É... quando eu tava na casa do meu pai, da minha mãe assim sabe sem ter ele eu não era bem, ai depois que eu tive ele foi mudando minha vida. Parece que subiu sei lá o que, eu tô mais bem. (E16)

O desejo de ter uma casa para morar, representava a possibilidade da liberdade para fazer tudo o que não era possível fazer morando na casa dos pais ou dos parentes, fato também encontrado no estudo de Hoga21, logo o fato de ficar grávida, foi considerado como uma “solução” para os problemas enfrentados pelas adolescentes no contexto familiar.

Na literatura foram encontrados outros estudos acerca da motivação para GA, referindo que as atitudes para com a gravidez são mal compreendidas, e os significados atribuídos a ela podem ser distintos para cada pessoa, dependendo da sua inserção familiar e social, assim como o uso impróprio de contracepção podendo resultar de atitudes ambíguas ou positivas em relação a gravidez e maternidade na adolescência 22, 21.

O desejo de engravidar surge como a concretização de um projeto idealizado de ter um filho. Contudo, o desejo de tornar-se independente, mulher e adulta é confrontado com a angústia pela perda de proteção, expressando as vulnerabilidades próprias da fase em desenvolvimento 31.

(32)

Rede de apoio e proteção

Os relatos nesta categoria apontam para a importância da rede de apoio e proteção neste momento, seja da própria família, do parceiro e de sua família e dos amigos. Em algumas das falas, essa rede de pessoas foi considerada como um efeito protetor e também fundamental para a superação dos desafios e adaptação à nova condição de ser mãe:

[...] mas o que me ajudou muito é que já tinha meninas grávidas dentro da escola, então isso me tranquilizou bastante [...] eu tive apoio das duas famílias, né, tanto da minha quanto do pai dela, então foi bem tranquilo, foi bem aceitável. (E2)

Se não tiver ninguém pra apoiar, pra ajudar, pra te incentivar, você não vai, você pensa em desistir. Mas eu tive o apoio da família do meu marido e foi aonde eu consegui me estabelecer e estabilizar, então eu consegui cuidar deles com ajuda deles, da minha família. (E4)

A inexperiência para o cuidado com o bebê também é um desafio para as jovens mães, uma vez que cuidar do filho foi considerado como um aprendizado diário, uma busca pela superação e até mesmo uma afirmação da condição de mãe:

A gente é novo não sabe exatamente muito bem como é que cuida. [...] tem umas coisa que eu não sei, mas a mãe explica pra mim. (E3)

A relevância da rede de apoio também foi considerada essencial em outro estudo para que as jovens mães aprendessem a cuidar dos filhos e estivessem atentas às suas necessidades30. Porém, em algumas circunstâncias as adolescentes não podem usufruir dessa rede, uma vez que se sentem envergonhadas, culpadas e têm dúvidas quanto ao seu futuro e ao de seu filho, sentimentos muitas vezes resultados do modo em que são tratadas 24.

Após o encerramento da entrevista com a com a entrevistada E16, a mesma perguntou se poderia esclarecer algumas dúvidas, e no decorrer desses esclarecimentos a pesquisadora pode observar a carência de informação sobre sua saúde sexual e reprodutiva, além da decepção que a mesma demostrava em relação ao seu parceiro, principalmente pela falta de apoio durante o período puerperal, sendo que todas essas observações foram registradas no diário de campo. Vale ressaltar que dentre todas as entrevistadas, duas haviam rompido o relacionamento com o pai da criança, porém,

(33)

muitas que estavam em união estável também não contavam com apoio do parceiro para os cuidados com o bebê.

O estudo apresentou limitações, pois abrangeu algumas adolescentes que possuíam mais de um filho e possivelmente tinha uma percepção diferente daquelas que vivenciavam a maternidade pela primeira vez. Além, de que as entrevistas foram realizadas com mães vivenciando fases distintas do pós-parto, o que também pode ter influenciado nas percepções. E também pelo fato de ser estudo qualitativo e exploratório, o qual impossibilita fazer inferências para a população como um todo.

Também foram encontradas algumas dificuldades para realização deste estudo, pois durante algumas visitas domiciliares quatro adolescentes não estavam sozinhas em casa, haviam outras pessoas em cômodos próximos ou que passavam pela sala no momento da entrevista e pode ter havido um viés das informações e interferido nas respostas fornecidas pelas mesmas.

Acredita-se que o presente estudo contribuirá para que ocorram melhorias nas ações educativas pelos profissionais de saúde, permitindo que ações intersetoriais possam acontecer de modo complementar, considerando a subjetividade do adolescente, com ações educativas contemporâneas, evitando somente a transmissão bancária, mas sim que ocorra de forma que possa gerar reflexões sobre a gravidez e suas consequências, visando o empoderamento principalmente da adolescente na tomada de decisão.

Espera-se que os resultados despertem o interesse pela realização de novos estudos acerca do período puerperal para todas as faixas etárias, principalmente durante a adolescência e colabore com a inserção deste assunto durante os encontros, grupos e atendimentos realizados no pré-natal, visto que a maternidade ainda é um assunto que envolve muitos mitos, além de ser bastante romantizada e também é um tema de grande invisibilidade na sociedade, o que impossibilita a disseminação real das informações inerentes a essa fase tão complexa.

Pressupõe-se também, que o estudo oferecerá um subsidio para que os profissionais de saúde possam repensar sobre suas abordagens e práticas profissionais em relação aos adolescentes nas UBS.

(34)

As evidências do presente estudo colaboraram para o desenvolvimento dos objetivos e hipóteses iniciais. Foi possível ampliar a compreensão sobre a vivência da maternidade repleta de expectativas e sentimentos relacionados à realização de um sonho, aprendizado, crescimento pessoal, além dos diversos desafios. Apesar de estarem vivenciando um momento difícil, muitas MA parecem lidar bem com a complexidade inerente à maternidade, principalmente quando contam com suficiente apoio social.

Espera-se que os resultados deste estudo corroborem com estratégias e programas de saúde destinados à população jovem, que visem não só prevenir a gravidez não planejada, como também ofertar suporte à adolescente ou ao casal perante o desejo de engravidar, além, de apoiar o período puerperal, visto que é sentido como um período crítico na vida das mães.

Colaboradores

ECF trabalhou na concepção do estudo, coleta e análise de dados e redação do artigo; JVB, BVCG, PATL e LMG participaram da análise de dados e revisão do artigo; MJB trabalhou na concepção do estudo e delineamento da pesquisa e revisão do artigo.

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Referências

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