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Fatores motivacionais para o consumo de suplementos nutricionais por praticantes de exercícios físicos

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Academic year: 2021

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GABRIELA KAISER FULLIN CASTANHO

FATORES MOTIVACIONAIS PARA O CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS POR PRATICANTES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS

CAMPINAS 2017

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FATORES MOTIVACIONAIS PARA O CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS POR PRATICANTES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Educação Física, área de concentração Atividade Física Adaptada.

Orientadora: PROFA. DRA. PAULA TEIXEIRA FERNANDES

CAMPINAS 2017

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL TESE DEFENDIDA PELA

ALUNA GABRIELA KAISER FULLIN

CASTANHO, ORIENTADA PELA PROFA. DRA. PAULA TEIXEIRA FERNANDES

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_________________________________ Profa. Dra. Paula Teixeira Fernandes

Orientadora

_________________________________ Prof. Dr. Orival Andries Junior

________________________________ Prof. Dr. Bruno Gualano

________________________________ Prof. Dr. Erick Prado de Oliveira

________________________________ Prof. Dr. Licio Augusto Velloso

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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Dedico esse trabalho à minha família: pais, irmãos, sobrinhos, marido e filho.

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Nessa vida os agradecimentos nunca são suficientes... tenho muito a agradecer à Deus por ter me dado essa vida!

Agradeço à minha orientadora Paula pela confiança depositada desde sempre, pelo apoio em todas as minhas decisões, por me impulsionar nos momentos difíceis e compreender os momentos ausentes. Pelos ensinamentos acadêmicos e pelas conversas sobre a vida.

Ao professor de estatística José Eduardo Corrente, que foi quem me ensinou bioestatística na faculdade e depois se dispôs a fazer a análise de dados, mesmo com a distância, e me ensinou muito sobre pesquisa e interpretação de resultados.

A Larissa, João, Hélio, Júlia e todos os outros do GEPEN que me ajudaram na coleta e análise de dados, enriquecendo mais o trabalho e a experiência.

A minha equipe do trabalho por me apoiarem para realizar esta etapa da vida profissional.

Ao meu marido Brunno, que me apoia, me ama, me ouve, me aconselha e me protege, além dos ensinamentos constantes e ajuda na revisão desse trabalho.

Ao meu filho Breno por sua simples existência, que me faz ser uma pessoa melhor e completa.

À minha mãe Shelly, pessoa mais forte que eu conheço, e que sempre foi um exemplo de ser humano para mim, alguém que acreditou e se orgulhou em todos os meus passos.

Aos meus irmãos Felipe e Gisela, companheiros da vida, meus protetores, meus amados e, além disso, que me deram meus sobrinhos lindos, uma alegria na vida.

Aos meus amigos e família, por tornarem meus dias mais leves e felizes.

Ao meu pai Zeco, por ter me dado a vida e por saber que em algum lugar ele zela por mim.

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em Educação Física - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017.

RESUMO

Uma nutrição adequada tem sido relacionada ao melhor rendimento esportivo. Com o objetivo de melhorar esse rendimento, muitos atletas utilizam recursos ergogênicos, sendo os suplementos nutricionais (SN) muito utilizados. Infelizmente, muitos desses não possuem comprovação de sua eficácia, e podem até ser prejudiciais para a saúde. A motivação para se consumir estas substâncias é ainda desconhecida. Com isso, esse estudo teve como objetivo principal identificar a motivação de atletas e praticantes recreativos de exercícios físicos para consumir SN. Para isso, a primeira etapa do trabalho foi elaborar um questionário de avaliação da motivação para consumo de SN. Utilizamos o questionário Inventário à Motivação para Prática de Atividade Física (IMPRAF-54) como base para a elaboração, e ambos foram aplicados em 72 corredores de rua e a análise estatística foi realizada para verificar confiabilidade, consistência e coerência, através de α de Cronbach. Comprovada a consistência e coerência do questionário (α=0,95) então nomeado Inventário de motivação para Consumo de Suplementos Nutricionais (IMCSN), o mesmo foi aplicado (etapa 2) em 293 praticantes de triathlon, corrida de rua, musculação e outras modalidades, junto com um questionário sobre dados pessoais e outro sobre autoestima. Na etapa 1, os resultados mostraram que os corredores de rua tinham sociabilidade e competitividade como os dois primeiros fatores motivacionais para a prática de exercícios, e estética e prazer para o consumo de suplementos. Na etapa 2, observou-se que o suplemento mais consumido era o whey protein, e que boa parcela dos avaliados consumia sem orientação profissional adequada. Quando a amostra foi verificada de forma geral, estética foi o principal fator motivacional para o consumo de suplementos, seguido de competitividade e saúde. Diferenças estatísticas foram observadas entre sexos e modalidades esportivas: estética foi o fator de maior motivação entre as mulheres (p=0,0145); competitividade mostrou ser mais importante para atletas do triathlon (p<0001); e estética para os praticantes de musculação (p<0001). Quando avaliada a autoestima, os homens apresentaram níveis mais altos quando comparados às mulheres, assim como o grupo de triathlon quando comparado às outras duas modalidades. Este estudo mostrou diversos fatores psicológicos relacionados ao exercício e à nutrição, sendo preocupante verificar que essa população se motive mais com questões estéticas do que com saúde. A supervisão profissional é imprescindível para que os indivíduos mantenham a saúde, além do rendimento como foco na prática de exercícios e na alimentação. Assim, podemos dizer que o instrumento elaborado é adequado para ser utilizado, permitindo uma quantificação mais prática, com o conhecimento exato dos fatores motivacionais que levam as pessoas ao consumo de SN. Conhecer essas informações ajudará os profissionais da área, incluindo os de Educação Física, a trabalharem mais próximos de seus alunos e/ou atletas e poderem orientar da forma correta, para não haver problemas de saúde ou problemas com exames de doping. Além disso, este estudo permite a abertura de novos horizontes neste tema, ainda escasso na literatura científica e na prática esportiva.

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Education - School of Physical Education, University of Campinas, Campinas, 2017.

ABSTRACT

Proper nutrition has been related to improve sports performance and many athletes use ergogenic resources to this goal, being the nutritional supplements (NS) very present. Unfortunately, many supplements don’t have evidence of its effectiveness, and can still prejudice the health. What is not known is what the motivation to consume such substances. With this, this study had as main objective, to identify the motivation of athletes and recreational practitioners of physical exercises to consume NS. For this, the first stage of the work was to elaborate a questionnaire to evaluate the motivation for NS consumption. We used the questionnaire Inventory to Motivation for Practice of Physical Activity (IMPRAF-54) as a basis for the elaboration, and both were applied in 72 street runners and performed statistical analysis to verify reliability, coherence and consistency, through Cronbach's α. Proving the coherence and consistency of the questionnaire (α = 0.95), the Inventory to Motivation for Consume Nutritional Supplements, was applied in the second stage in 293 practitioners of triathlon, street racing, bodybuilding and other modalities, in addition to a questionnaire with data and another one about self-esteem. In step 1, the results showed that street runners have a sociability and competitiveness as the two factors motivational factors for practicing exercise and esthetics and pleasure to consume supplements. In step 2, it was observed that the most consumed supplement was whey protein, and that a good portion of the supplements were consumed without professional guidance. In the general samples was verified that aesthetic is the motivator for the consumption of supplements, followed by competitiveness and health. Statistical differences were observed between genders and sports modalities: the aesthetic was greater motivator among as women (p=0,0145), competitiveness was shown to be more important for triathlon athletes (p<0001) and aesthetics for bodybuilders (p<0001). When self-esteem was assessed, men presented higher levels when compared to women and the triathlon group when compared to the other two. This study demonstrated several psychological factors related to exercise and nutrition. It is worrying to see that this population is motivated more by aesthetic issues than by their own health. The professional supervision is essential for individuals to maintain health, in addition to performance as a focus on exercise and eating. Thus, we can say that the instrument elaborated is suitable to be used, allowing a more practical quantification, with an accurate knowledge of the motivational factors that lead people to NS consumption. Knowing this information will help the professionals in the area, including from the Physical Education, to work closer to their practitioners and / or athletes and to be able to guide in the correct way, so as not to have health problems or problems with doping tests. In addition, this study allows the opening of new horizons in this subject, still scarce in the scientific literature and in the sports practice.

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Figura 1. Taxonomia da motivação humana, adaptado de RYAN e DECI, 2000... 23

Figura 2. Distribuição dos tipos de suplementos nutricionais consumidos pela amostra total (n=293)... 39

Figuras 3 A-C. Frequências relativas ao consumo de suplementos nutricionais em cada modalidade esportiva, p<0,01... 42

Figura 4. Motivação para consumo de suplementos, comparação entre sexos, *p<0,05... 45

Figura 5. Motivação para consumo de suplementos, comparação entre modalidades... 46

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Tabela 1. Perfil do consumo de suplementos nutricionais ... 34

Tabela 2. Valores de α de Cronbach para IMPRAF-54 e IMCSN... 35

Tabela 3. Descritivo da análise fatorial com rotação varimax para IMCSN... 36

Tabela 4. Valores de média e desvio padrão do IMCSN por sexo... 37

Tabela 5. Valores de média e desvio padrão do IMPRAF-54 por sexo... 38

Tabela 6. Caracterização dos participantes, divididos por modalidade... 39

Tabela 7. Perfil do consumo de suplementos nutricionais... 40

Tabela 8. Origem da indicação para consumo de suplementos nutricionais... 41

Tabela 9. Descritivo da análise fatorial com rotação varimax para IMCSN... 43

Tabela 10. Ranking dos fatores motivacionais por sexo e modalidade, através da análise fatorial com rotação varimax... 45

Tabela 11. Pontuação dos sexos feminino e masculino em cada domínio do IMCSN... 45

Tabela 12. Pontuação das diferentes modalidades em cada domínio do IMCSN... 46

Tabela 13. Comparação das médias de pontuação da autoestima entre sexos e entre modalidades... 47

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ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BCAA Branch Chain Amino Acids

CEMENUTRI Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição

COI Comitê Olímpico Internacional

DSHEA Dietary Supplement Health and Education Act

EF Exercício físico

FDA Food and Drug Administration

IMCSN Inventário de Motivação ao Consumo de Suplementos Nutricionais IMPRAF-54 Inventário de Motivação à Prática de Atividades Físicas

SN Suplementos Nutricionais

TAD Teoria da AutoDeterminação

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNESP Universidade Estadual Paulista UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

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2. INTRODUÇÃO ... 15

2.1SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS: VISÃO GERAL ... 15

2.2SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS: BENEFÍCIOS E RISCOS ... 17

2.4MOTIVAÇÃO ... 20

2.5MOTIVAÇÃO E EXERCÍCIO FÍSICO ... 23

3. OBJETIVOS ... 27

4. MÉTODOS... 28

4.1ETAPA 1: ELABORAÇÃO DE QUESTIONÁRIO ... 28

4.1.1 Participantes ... 28

4.1.2 Instrumentos ... 28

4.1.3 Procedimentos... 29

4.1.4 Suplementos ... 30

4.1.5 Análise estatística ... 30

4.2.ETAPA 2:MOTIVAÇÃO PARA CONSUMO DE SUPLEMENTOS ... 30

4.2.1 Participantes ... 30 4.2.2 Instrumentos ... 31 4.2.3 Procedimentos... 31 4.2.4 Suplementos ... 32 4.2.5 Análise estatística ... 32 5. RESULTADOS ... 34 5.1.ETAPA 1 ... 34

5.1.1 Caracterização dos participantes ... 34

5.1.2 Consumo de suplementos ... 34

5.1.3 Adaptação do instrumento IMCSN ... 34

5.2.ETAPA 2 ... 38

5.2.1 Caracterização dos participantes ... 38

5.2.2 Consumo de suplementos ... 39 5.2.3 IMCSN ... 43 5.2.4 Autoestima ... 47 5.3.ARTIGO PUBLICADO ... 47 6. DISCUSSÃO ... 49 7. CONCLUSÕES ... 57

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 58 ANEXOS

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A minha vida e os ensinamentos da minha mãe me levaram a cursar Nutrição. Fiz o curso de nutrição na Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Botucatu, no período de 2003 a 2007. Durante a faculdade, a nutrição esportiva foi pouco abordada, pois na grade curricular havia apenas uma disciplina com esse tópico, não obrigatória, mas foi meu primeiro contato com a área. Em 2005, iniciei iniciação científica no Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CEMENUTRI), no qual eram feitas pesquisas com exercícios físicos com uma equipe multidisciplinar. Após essa experiência, meu interesse pela área cresceu. Formei-me em Nutrição em 2007 e iniciei aprimoraFormei-mento na área de Nutrição Esportiva no CEMENUTRI novamente, juntamente a outras especializações e cursos, inclusive em fisiologia do exercício na Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.

Após um período de pausa com os cursos acadêmicos, voltei para a área com a Profa. Paula T. Fernandes para iniciar o mestrado na Faculdade de Educação Física da UNICAMP no ano de 2013, seguido do doutorado em 2014. O presente estudo foi uma junção de interesses, tanto pela prática profissional, quanto pelos estudos realizados anteriormente, pois além da área acadêmica, eu realizava atendimentos personalizados e comecei a voltar o foco para praticantes de exercícios físicos. Na prática, a maioria das pessoas buscava meu conhecimento sobre suplementos, ou querendo consumi-los ou até já consumindo sem orientação profissional adequada.

Nesse panorama, eu e minha orientadora, pensamos em entender as razões para o consumo desenfreado e mal orientado desses suplementos. Em levantamento bibliográfico, percebi que existem poucos estudos sobre essas razões, levantando a importância de nós, profissionais da saúde e dos esportes, conhecermos esses fatores motivacionais.

Atualmente, fechando esse ciclo e apresentando os resultados desse trabalho, percebo que foi muito importante para que eu aumentasse meus conhecimentos sobre os suplementos e também sobre as razões do consumo do mesmo. E este estudo poderá ajudar muitos profissionais a direcionar melhor seus alunos, atletas e clientes no quesito suplementação.

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2. INTRODUÇÃO

A nutrição adequada tem sido relacionada ao melhor rendimento esportivo, sendo que a área de nutrição esportiva aplica os princípios nutricionais para aprimorá-lo (WILLIAMS, 2002). Grandjean (1997) publicou uma breve revisão que traz dados da alimentação de atletas da Grécia e Roma antigas, demonstrando que há muito tempo a alimentação é associada ao desempenho esportivo. Segundo Costill (1988), com exceção do treino para a melhora do rendimento físico, associado aos limites impostos pela hereditariedade, nenhum outro fator tem um papel tão significativo no rendimento esportivo como a nutrição.

Na prática, percebemos que os praticantes de exercícios físicos buscam recursos ergogênicos para melhorar o rendimento e, na área da nutrição, o consumo de suplementos nutricionais é a opção que se destaca. A busca por produtos ergogênicos, assim como os suplementos nutricionais, é tão antiga quanto o esporte em si. Dados demonstraram que 400-500 A.C., atletas já manipulavam a alimentação para melhora do rendimento esportivo. Os estudos científicos na área começaram a surgir no início do século XX, sendo os alemães os pioneiros em 1842 (APPLEGATE & GRIVETTI, 1997).

Em estudo mais recentes, alguns autores ressaltam um problema comum em relação a esses produtos: a presença de substâncias proibidas e a falta de comprovação científica de suas eficácias (BURKE e READ, 1993; SOBAL e MARQUART, 1994; ROSEN e TANNER, 1999), tornando importante a discussão sobre a alimentação e o consumo de suplementos no âmbito esportivo.

2.1 Suplementos Nutricionais: visão geral

Em alguns países, os suplementos nutricionais são definidos como gêneros alimentícios que tem a função de complementar e/ou suplementar a alimentação natural. Os produtos comercializados são fontes concentradas de substâncias e nutrientes com efeito nutricional ou fisiológico, comercializadas em forma dosada e seguindo normas para fabricação e comercialização (VLEX PORTUGAL, 2003).

No Brasil, a Resolução RDC Nº 18, de 27 de abril de 2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), aprovou um regulamento para os alimentos especialmente formulados para auxiliar os atletas a atenderem suas necessidades nutricionais específicas e no rendimento esportivo e que passaram a ser denominados “alimentos para atletas” (ANVISA, 2010b). Nessa resolução, foram criadas definições para cada tipo de suplemento utilizado pelo atleta:

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 Suplemento hidroeletrolítico (destinado a auxiliar a hidratação), energético (para complementar as necessidades energéticas),

 Proteico (para complementar as necessidades proteicas)

 Produtos destinados a complementar as refeições de atletas em situações nas quais a alimentação natural for insuficiente ou restrita.

Nesse regulamento, também existem definições para suplemento de creatina, cafeína e aminoácidos. Os suplementos podem ser apresentados sob a forma de tablete, comprimido, pó, gel, líquido, cápsula, barra, entre outros.

Os suplementos vitamínicos e de minerais, junto com outras 14 categorias de produtos, foram classificados como alimentos de baixo risco pela ANVISA e passaram a ser dispensados de registro sanitário desde 2010.

Cada país possui um órgão responsável pela regulamentação dos suplementos, sendo a ANVISA órgão que regulamenta e investiga os mesmos no Brasil (ANVISA, 2010b). Nos Estados Unidos (EUA), o órgão regulamentador é a FDA (Food and Drug Administration / Administração de Alimentos e Drogas) e desde 1994, possui uma legislação nomeada como Ato de Educação e Sanidade de Suplementos Nutricionais (Dietary Supplement Health and Education Act - DSHEA) que definiu suplemento como produto consumido via oral, com ingrediente dietético para complementar a alimentação. Esses ingredientes incluem vitaminas, mineiras, ervas (ou outros botânicos), aminoácidos e outras substâncias como enzimas, podendo também ser extratos ou concentrados de plantas ou alimentos (FDA).

Apesar do controle da FDA nos EUA, os produtores de suplementos deste país não têm a obrigação de registrá-los na FDA ou de obter a sua aprovação antes de produzirem ou venderem os seus produtos. Porém, quando entram no mercado, têm de garantir que o produto e os seus constituintes não apresentem riscos à saúde dos consumidores, permitindo que a FDA, em casos nos quais a segurança não é comprovada, tome as providências de acordo com a lei nacional (SINGH e GUJAR, 2013).

No Brasil, para os suplementos importados, o importador ou a empresa representante local, é a responsável por enquadrá-los na categoria prevista na legislação, responsabilizando-se, ainda, por comunicar a importação de produtos dispensados de registro (ANVISA, 2010a). É importante salientar que a indústria de suplementos nutricionais cresceu muito nas últimas décadas, tendo o maior crescimento entre 2002 e 2010 (FROST e SULLIVAN, 2011). De acordo com o Euromonitor, no biênio 2009-2010 o Brasil teve um crescimento de 10-14% na venda de suplementos e em 2013 movimentou até 500 milhões de dólares nesse setor

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(EUROMONITOR, 2015), o que pode ser um indicativo de aumento da oferta de diferentes produtos para o consumo.

2.2 Suplementos Nutricionais: benefícios e riscos

O suplemento tem como objetivo ajudar a alcançar as recomendações dos nutrientes, de acordo com diferentes funções no organismo e com a finalidade de melhorar o rendimento. As possíveis funções mais conhecidas são ganho de massa muscular, perda de peso, melhora na recuperação e disposição, menor estresse e cansaço, entre outras (SANTOS e SANTOS, 2002; CARVALHO, RODRIGUES et al., 2003; MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2005; DUNFORD e SMITH, 2006; TIPTON e WITARD, 2007). Quando nutrientes como vitaminas e minerais estão presentes na alimentação natural e dentro das recomendações diárias, não se recomenda suplementação (RODRIGUEZ, DI MARCO et al., 2009).

De acordo com Maughan et al. (2007), uma alimentação adequada em macro e micronutrientes é suficiente para praticantes de exercícios físicos, ou seja, se o indivíduo tiver uma alimentação balanceada, não há a necessidade de suplementação. Porém, em alguns casos, os suplementos apresentam importante papel na dieta, como por exemplo quando o indivíduo tem resistência em adotar bons hábitos alimentares ou em casos de atletas que devam consumir alto aporte calórico e de nutrientes, tornando a alimentação de difícil acesso ou manuseio no dia-a-dia, casos com provável indicação para suplementação.

Os suplementos de proteína são largamente utilizados há muitos anos, isso porque exercícios de força ou exercícios extenuantes podem aumentar a necessidade proteica. Infelizmente, muitos dos alimentos ricos em proteínas também são ricos em gordura, sendo assim, o suplemento é uma boa opção para garantir o aumento da ingestão de proteína, sem aumentar o consumo de gorduras (MAUGHAN, DEPIESSE et al., 2007). Existem estudos que demonstram resultados positivos para aumento de massa magra com consumo de suplementos proteicos quando o treinamento é controlado (CANDOW, BURKE et al., 2006). Volek et al. (2013) verificaram que a suplementação com whey protein (proteína do soro do leite) levou ao aumento de massa muscular em pessoas jovens. Tang et al. (2009) evidenciaram aumento da síntese proteica muscular após a suplementação de whey protein em adultos, mostrando ainda maiores benefícios quando suplementados após o treinamento resistido. Cermak et al. (2012) concluíram, em estudo de meta-análise, que a suplementação de proteína aumenta a massa muscular e a força em pessoas adultas que treinam exercícios de resistência.

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Dentre os suplementos, a creatina é uma das substâncias mais consumidas entre os atletas, pois está relacionada com a construção muscular e melhor recuperação pós-treino (BEMBEN e LAMONT, 2005; WILLIAMS, 2006). Outro suplemento muito consumido é a cafeína, que tem efeitos ergogênicos relacionados ao sistema nervoso central como estimulante e associados à diminuição da percepção de esforço (GRAHAM e MOISSEY, 2005; DUNFORD e SMITH, 2006). Entretanto, seu consumo deve ser feito com cautela e discernimento, pois a cafeína está listada no Programa de Monitoramento pela World Anti Doping Agency - Agência Mundial Antidoping (WADA).

Uma importante preocupação em torno de qualidade, eficácia e formulações dos suplementos, levou ao estudo realizado pelo Laboratório de Controle de Doping de Colônia (Alemanha), patrocinado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Este estudo mostrou claramente que alguns produtos não continham as substâncias e as concentrações descritas em seus rótulos e, ainda pior, eventualmente possuíam em sua formulação precursores de hormônios como a testosterona (CLASING e MULLER, 2001) e a efedrina (MARTELLO, FELLI et al., 2007), substâncias proibidas pela WADA. Nessa mesma linha, Kamber et al. (2001) mostraram que 35% dos suplementos continham mais substâncias em suas formulações do que aquelas descritas nos rótulos. De acordo com alguns autores (MAUGHAN, 2005; PHILLIPS, MOORE et al., 2007; TIPTON e WITARD, 2007), os suplementos de proteínas e aminoácidos são menos efetivos que a alimentação natural para ganho de massa muscular, além de serem as principais fontes de substancias contaminantes ilícitas.

Parr et al. (2008) chamaram atenção para o problema recorrente com a fabricação de suplementos, já que fármacos e substâncias dopantes são facilmente encontradas nos produtos comercializados. Em estudo realizado por Yano et al. (2011), verificou-se a presença de substâncias ativas não declaradas no rótulo, como a metoclopramida e o cloridrato de sibutramina, em amostras de alimentos para atletas coletadas pela Vigilância Sanitária e pelo Departamento de Polícia do Estado de São Paulo. Em trabalho de revisão da literatura, Castanho et al. (2014) verificaram que muitos suplementos como BCAA, carnitina, creatina, glutamina e até suplementos vitamínicos, podem ser contaminados com substâncias como efedrina, sibutramina, estanozolol, precursores de testosterona entre outras. O estudo também indicou que grande parte dos suplementos analisados continham informações incorretas no rótulo.

Um dos problemas desse panorama é que dentre os consumidores de suplementos, a prevalência é maior entre atletas do que na população em geral, e principalmente atletas de alto rendimento, estando sujeitos a testes de doping em competições (SUNDGOT-BORGEN,

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BERGLUND et al., 2003; MORRISON, GIZIS et al., 2004; ERDMAN, FUNG et al., 2007) e a maiores riscos à saúde.

2.3 Suplementos Nutricionais: consumo

Valdir Barbanti (2006) sugere a definição de esporte como “uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos”. A legislação brasileira em 2008 denominou como atleta aquele que praticasse o exercício físico para fins competitivos, tornando disso também sua profissão (BRASIL, 2008), em 2010 houve uma atualização dessa denominação, em que define que atleta é o praticante de exercício físico que possua especialização e desempenho máximos, com a finalidade de participar de esportes que tenham esforço muscular intenso (ANVISA, 2010b). Já aqueles que praticam exercício físico sem ter a competição ou o retorno financeiro como finalidade, que são indivíduos que praticam exercício regularmente, seja por questões estéticas ou de saúde, são denominados como esportistas (RODRIGUES, Y.T. et al., 1984) sendo aqui definidos como praticantes recreativos.

Neste contexto de esporte e sua alta demanda física, o atleta muitas vezes considera os suplementos como produtos milagrosos que trazem resultados máximos ou então, como opção de melhor qualidade nutricional comparada à alimentação natural (WILLIAMS, 2002; MAUGHAN e BURKE, 2004). Neste sentido, alguns atletas consomem os suplementos com o intuito de melhorar o rendimento esportivo e/ou a saúde, porém em muitos casos, sem a prescrição correta e o acompanhamento profissional capacitado de nutricionistas (HASKELL e KIERNAN, 2000).

A literatura especializada relata altíssima frequência de consumo de suplementos alimentares em atletas. Em 2005, um estudo com atletas canadenses verificou que 98,6% consumiam algum suplemento (KRISTIANSEN, LEVY-MILNE et al., 2005). Em estudo realizado em 2006, foram avaliados 234 atletas de 25 esportes com um total de 33 modalidades

participantes dos VII Jogos Desportivos Sul-Americanos, distribuídos entre os 13 países participantes. Na amostra avaliada, 117 atletas (50%) relataram uso de suplementos: 93 (42,47%) consumiram vitaminas, 51 (23,28%) sais minerais, 44 (20,09%) aminoácidos e 31 (14,15%) isotônicos e carboidratos (DE ROSE, FEDER et al., 2006). Em 2008, um estudo em Portugal mostrou uma prevalência de 94% entre triatletas e nadadores, sendo os suplementos mais utilizados as bebidas esportivas (82,5%), metabólitos proteicos (57,5%), complexos de vitaminas e minerais (56,3%), magnésio (50,0%), glutamina (41,3%), géis esportivos (40,0%),

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ferro (30,0%), vitamina C (18,8%), antioxidantes (15,0%) e creatina (13,8%) (SOUSA, 2008). Braun et al. (2009) verificaram que atletas alemães de alto rendimento apresentaram prevalência de 80% de uso de suplementos. Heikiinen et al. (2011) avaliaram o consumo de suplementos nutricionais por atletas olímpicos em 2002 e 2009 e verificaram consumo em 81% dos 446 atletas e 73% (de 372 atletas), respectivamente. Wiens et al. (2014) constataram que 98% dos 567 atletas canadenses de várias modalidades consumiam ao menos um suplemento.

Em pesquisas recentes no Brasil, Barboza et al. (2015) verificaram que dos 24 paratletas de halterofilismo, 87,5% consumiam suplementos alimentares, estando o whey protein (70,8%) e a creatina (62,5%) no topo da lista de opções. Mello et al. (2015) verificaram que 100% dos nadadores adolescentes avaliados ingeriam suplementos alimentares. O consumo médio correspondeu a 6,1 ± 2,9 suplementos, sendo os mais utilizados o Endurox® (dextrose, vitaminas e minerais), o Waxy Maize (amido de milho), o Accelerade® (repositor energético), a creatina e o whey protein isolado.

As academias também são ambientes que favorecem a disseminação de padrões estéticos estereotipados, como o corpo magro, com baixa quantidade de gordura ou com hipertrofia muscular (HIRSCHBRUCH, FISBERG et al., 2008), motivo pelo qual grande parte dos frequentadores buscam uma nutrição ideal e adequada ao tipo de treino (DURAN, LATORRE et al., 2004; PANZA, COELHO et al., 2007). Junto a isso, um estudo em Pelotas-RS (Brasil), com 60 frequentadores de academia concluiu que 31,7% utilizavam algum tipo de suplemento alimentar, sendo 78,9% do sexo masculino (MOREIRA e RODRIGUES, 2014).

2.4 Motivação

A motivação caracteriza-se pelas razões que fundamentam o comportamento, como pela disposição e vontade, sendo essas razões subjacentes ao comportamento (GUAY, CHANAL et al., 2010). Uma definição mais ampla de motivação seria um atributo que move o indivíduo a fazer ou deixar de fazer algo (GREDLER, BROUSSARD et al., 2004). Ainda assim, a definição de motivação tem várias vertentes. Algumas consideram que depende de forças internas e externas (SAMULSKI, 2002), caracterizando-a como um processo ativo e intencional que tem relações pessoais (internos) e ambientais (externos). Outras vertentes referem-se ao estado interno (DAVIDOFF, 2001), como resultado de uma necessidade que ativa ou desperta comportamentos, mas que de certa forma não exclui a influência externa que conduz a necessidade interna de dirigir o comportamento.

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O conceito de motivação é antigo, sua origem foi baseada em um processo que leva as pessoas a realizarem uma ação ou permanecer na inércia diante de uma determinada situação. Este processo é caracterizado pela avaliação dos motivos pelos quais se escolhe fazer algo, e executar determinadas tarefas com maior empenho que outras (CRATTY, 1984). Segundo Maggil (2001), motivo é definido como um impulso ou intenção interna que conduz o indivíduo a certas reações.

Não muito distante da definição de Maggil, Atkinson et al. (2002) consideram que a motivação é responsável por dirigir o comportamento para um determinado incentivo que produz prazer ou alívio de um estado não agradável. Porém, outros autores como Winterstein (2002), definem os motivos como construções hipotéticas, aprendidas durante o desenvolvimento, servindo de causas que explicam determinados comportamentos. Uma ação é determinada pelas expectativas e avaliações dos resultados e consequências, tendo destaque no motivo pelo qual se realizou a ação. Por fim, Weinberg e Gould (2001) definiram a motivação como a direção e a intensidade do esforço. A direção relaciona-se com o fato do indivíduo buscar, se aproximar ou ser atraído diante de certas situações; enquanto a intensidade refere-se ao esforço que é investido pelo indivíduo em determinada situação.

Apesar de ser então considerado um termo abrangente no qual distintos autores apresentam conceitos diferentes, de forma geral, podemos defini-la como qualquer comportamento direcionado a um objetivo, que se inicia através de um motivo, resultando em um comportamento para a realização de uma meta específica (PAIM e PEREIRA, 2004). Pode envolver aspectos como crenças, percepções, valores pessoais, interesses e ações que estão interligados. Esses aspectos motivacionais fazem parte também da prática de exercício físico regular, estando intimamente ligados com a iniciação, a permanência e o abandono do exercício físico (MORALES, 2002).

As teorias sobre motivação destacam fatores que podem influenciar as ações dos indivíduos, como as razões internas (motivos intrínsecos) ou externas (motivos extrínsecos). Os fatores intrínsecos são produto da vontade do indivíduo, internos a ele. A motivação extrínseca refere-se ao engajamento em determinado comportamento para obter recompensas externas ou reforços, como recompensas sociais e sinais de sucesso (ATKINSON e BIRCH, 1974). Os fatores extrínsecos são considerados importantes na iniciação, para moldar comportamentos relacionados ao exercício físico não sendo os únicos responsáveis. Os seres humanos também se envolvem em atividades para obter diversão, superar um desafio, ou mesmo, por sentimento de realização e prazer, considerados fatores intrínsecos (BALBINOTTI e CAPOZZOLI, 2008).

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A definição da motivação em intrínseca/extrínseca sugere que exista uma dicotomia entre essas motivações, porém as pessoas podem mudar de motivações extrínsecas para motivações intrínsecas em certa atividade, ao mesmo tempo em que podem exercer uma atividade que pode ter componentes de motivação intrínsecos e extrínsecos (PEDERSEN, 2002). Nessa linha de raciocínio, Deci (1975) definiu comportamentos motivados intrinsecamente como aqueles que a pessoa se envolve e se sente competente e autodeterminada. Assim, os comportamentos orientados para a prática de exercício físico podem ser entendidos como variando ao longo de um continuum intrínseco-extrínseco. Alguns motivos podem ser mais influenciados por fatores intrínsecos ou extrínsecos, enquanto outros podem apresentar uma mistura dos dois (PEDERSEN, 2002).

Em 1985, os autores Ryan e Deci apresentaram a Teoria da Autodeterminação (TAD), que foi aceita também por vários outros autores, de diversas áreas como administração de empresas, religião e política. A TAD conceitua que o comportamento humano é influenciado por três componentes psicológicos básicos: autonomia, competência e relação social, fundamentais para o desenvolvimento social e de bem-estar (RYAN e DECI, 2000). A necessidade de autonomia está relacionada à força do indivíduo em ser o determinante do seu próprio comportamento (lócus de controle interno). Ser capaz está associado à tentativa de controlar o resultado e, a necessidade de relacionar-se com o outro se refere ao esforço em estabelecer relações sociais (sentir-se aceito e estar próximo ao outro) (DECI e RYAN, 1991). Na TAD, a motivação ocorre de forma contínua, caracterizada por níveis de autodeterminação, mostrando-se mais ou menos autodeterminados, nas quais são encontradas a motivação intrínseca, a extrínseca e a amotivação (MURCIA e COLL, 2006).

Os níveis intrínsecos estariam relacionados à vontade própria do indivíduo de iniciar uma atividade, ou seja, ao prazer e satisfação do processo de conhecê-la, explorá-la ou aprofundá-la e são associados com bem-estar psicológico, interesse, alegria e persistência. A motivação causada por fatores extrínsecos ocorreria quando uma atividade é efetuada com outro objetivo, que não relacionado à vontade da própria pessoa. Já a amotivação seria aquele indivíduo que ainda não está motivado para realizar determinada tarefa (RYAN e DECI, 2000). No artigo do ano 2000, Ryan e Deci publicaram figura semelhante da apresentada, a seguir, para melhor entendimento da teoria (Figura 1).

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Figura 1. Taxonomia da motivação humana, adaptado de RYAN e DECI, 2000.

2.5 Motivação e exercício físico

Alguns autores vêm estudando os fatores motivacionais relacionados à prática de exercícios físicos (BALBINOTTI e CAPOZZOLI, 2008; BENTO, SILVA et al., 2008; BALBINOTTI, 2009). No Brasil, Balbinotti (2003) apresentou um novo recurso para avaliar a motivação para prática de exercícios, o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividades Físicas (IMPRAF-126), que apresentava 126 questões agrupadas seis a seis, os itens dos blocos de seis apresentam uma questão relativa à dimensão motivacional na seguinte sequência:

1) Controle de Estresse (ex.: liberar tensões mentais)

2) Saúde (ex.: manter a forma física)

3) Sociabilidade (ex.: estar com amigos)

4) Competitividade (ex.: vencer competições)

5) Estética (ex.: manter bom aspecto)

6) Prazer (ex.: meu próprio prazer).

Esse mesmo modelo se repete até completar 20 blocos (total de 120 questões). O bloco de número 21 é composto de seis questões repetidas para gerar uma escala de verificação com objetivo de verificar o grau de concordância acordada da primeira e da segunda resposta ao mesmo item. As respostas são dadas conforme uma escala tipo Likert graduada de zero a cinco pontos, sendo zero – “isto me motiva pouquíssimo” e cinco – “isto me motiva muitíssimo”.

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de análises fatoriais confirmatórias. Para isso, Balbinotti e Barbosa (2008) aplicaram-no em 1.377 sujeitos de ambos os sexos, com idades variando de 13 a 83 anos e concluíram que o instrumento avaliava adequadamente a pergunta em questão – “Motivação à Prática Regular de Atividade Física”. Adicionalmente, os autores Balbinotti e Barbosa (2006) formularam o IMPRAF-54 para retratar a mesma pergunta em formato reduzido, 54 itens também agrupados seis a seis e abrangendo as seis possíveis dimensões descritas acima, considerando que a motivação pode apresentar esses diversos aspectos.

Santos e Knijnik (2006) tiveram como objetivo identificar os motivos de adesão à prática de exercício físico regular e também os motivos de interrupções da prática entre adultos de idade intermediária. Os principais motivos de adesão foram: ordem médica, lazer e qualidade de vida, seguidos por estética e saúde. Os possíveis motivos de interrupções apontados foram: falta de tempo, dificuldade na administração do tempo e clima.

De acordo com Balbinotti e Capozzoli (2008), as pessoas praticam exercícios físicos por diversas razões, sejam elas estéticas, de competição, pela busca do prazer, por socialização, para melhoria da saúde e qualidade de vida ou para livrarem-se do estresse acumulado durante o dia. Os autores realizaram um estudo com o objetivo de verificar os fatores motivacionais de 300 praticantes de academias de ginástica, através do IMPRAF-126, obtendo como como resultado que a dimensão Saúde é a que mais motiva os praticantes entre o grupo jovem adulto e meia-idade no engajamento ao exercício físico. No mesmo sentido, em 2014, um estudo avaliou a motivação com o IMPRAF-54 com 50 praticantes de Taekwondo e observou que saúde e prazer também eram os fatores principais de motivação (SAMPEDRO, ROCHA et al., 2014). Balbinotti et al. (2015) verificaram que entre corredores de rua, os principais motivos para a prática do exercício eram Saúde, Prazer e Controle do Estresse. Nesse estudo, os autores utilizaram outro modelo do questionário, o IMPRAF-132, mas ressaltaram que seus resultados eram comparáveis àqueles com aplicação dos outros modelos de IMPRAF.

Em estudo com mulheres ativas alunas de um curso de Educação Física de Minas Gerais, Brasil, foi aplicado o IMPRAF-54 e observado que o maior fator motivacional para praticar exercícios físicos é o prazer e o menor, sociabilidade (ALMEIDA, DUTRA et al., 2015).

Em relação à alimentação desses indivíduos, existe também a motivação para o consumo de suplementos nutricionais, porém é um tema menos explorado ainda. Pouco se sabe sobre os motivos pelos quais os atletas consomem uma gama tão grande de suplementos, como visto nos estudos citados anteriormente (DE ROSE, FEDER et al., 2006; SOUSA, 2008). Alguns autores pensam que o ambiente esportivo possa ser um meio ampliador de pressões

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socioculturais motivadas pelo ideal de corpo magro, o que pode ser um dos motivos (OLIVEIRA, BOSI et al., 2003).

Em estudo realizado com 85 atletas pertencentes às Federações Portuguesas de atletismo, natação e triathlon, os motivos mais prevalentes para o consumo de suplementos nutricionais foram “acelerar a recuperação” (63,8%), “alcançar melhor desempenho desportivo” (61,3%), “ter mais energia/reduzir o cansaço” (61,3%), “permanecer saudável” (45%), “prevenir/tratar doença ou lesões” (30,0%), “aumentar a concentração” (17,5%), “corrigir erros alimentares” (16,3%), “aumentar a força” (16,3%), “aumentar a resistência” (15%) e “ganhar massa muscular” (15%) (SOUSA, 2008).

A motivação pode ser afetada por alguns fatores psicológicos e, dentre eles, a autoestima é um fator que pode estar relacionado positivamente. A autoestima é um aspecto psicológico de autoavaliação e é definida por uma somatória de pensamentos e sentimentos sobre si próprio (HUTZ e ZANON, 2011).

Há alguns anos a autoestima tem sido estudada no contexto esportivo, através de aplicação de escala de autoestima (ROSENBERG, 1965) para investigação dos níveis desta em praticantes de exercícios físicos (VENÂNCIO e LISBOA, 2007; SILVA e OLIVEIRA, 2008; MEURER, BORGES et al., 2012). Se a motivação for afetada pelas níveis de autoestima, o consumo de suplementos pode também haver relação com esse fator psicológico.

Diante do exposto, dentre tantos prós e contras apresentados, existe uma lacuna no conhecimento sobre os fatores motivacionais que levam os praticantes de exercícios físicos, principalmente de atletas alto rendimento, a consumirem inúmeros suplementos de forma indiscriminada. Neste sentido, são necessários mais estudos na área para que os profissionais da área possam compreender melhor os atletas e ajudá-los a encontrar formas de melhorar o rendimento com uso ou não de substâncias que estão no mercado, mas sempre com cautela e conhecimento.

O profissional mais capacitado para indicar o suplemento nutricional é o nutricionista, sendo importante que o mesmo tenha conhecimento na área, para adequar a alimentação do indivíduo e avaliar a real necessidade para inclusão do suplemento nutricional, ponderando o custo-benefício do mesmo. Porém, de forma interdisciplinar, todos os profissionais envolvidos no âmbito esportivo devem compreender os fatores psicológicos que envolvem os hábitos desses indivíduos para melhor auxiliá-los. Nesse sentido, esta pesquisa traz a relação entre fatores motivacionais e nutricionais no contexto esportivo. Como hipótese, esperamos encontrar que os indivíduos que pratiquem modalidades sem foco em competição busquem os suplementos objetivando saúde e estética, e aqueles que praticam exercícios de resistência, com

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alta frequência de treino e participação em competições, consuma suplementos por competitividade.

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3. OBJETIVOS

 Elaborar e validar um questionário para avaliar a motivação para consumo de suplementos nutricionais entre praticantes de exercícios físicos.

 Identificar os fatores motivacionais de praticantes de exercícios físicos para consumir suplementos nutricionais.

 Identificar os suplementos nutricionais mais consumidos pela amostra estudada e a existência de indicação profissional dos mesmos.

 Comparar os fatores motivacionais para o consumo de suplementos nutricionais entre modalidades esportivas.

 Comparar os fatores motivacionais para o consumo de suplementos nutricionais entre os sexos feminino e masculino.

 Avaliar a autoestima dos praticantes de exercícios físicos e verificar relação com o consumo de suplementos nutricionais.

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4. MÉTODOS

A pesquisa foi dividida em dois projetos, pois para o objetivo principal ser alcançado, não existia um instrumento elaborado e validado. Assim:

 Etapa 1: Elaboração e validação de um questionário consistente para verificar a motivação para o consumo de suplementos nutricionais no âmbito esportivo.

 Etapa 2: Aplicação desse questionário na população pretendida para avaliar a motivação para o consumo de suplementos.

4.1 Etapa 1: elaboração de questionário 4.1.1 Participantes

Para esta etapa, foram selecionados participantes de uma corrida de rua realizada na UNICAMP, na cidade de Campinas, e a abordagem aos corredores foi feita no dia anterior à corrida, na entrega dos kits de competição. Como critério de inclusão deveriam ser praticantes de corrida no mínimo há 3 meses, ter mais de 18 anos e consumir algum suplemento nutricional. Foram avaliados 72 corredores (58 homens) com idade entre 20 e 71 anos. Todos os participantes, após serem informados adequadamente dos objetivos e procedimentos, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aceitando participar da pesquisa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNICAMP (nº CAAE: 30880014.9.0000.5404, PARECER: 709.138) (anexo 1).

4.1.2 Instrumentos

- Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividades Físicas (IMPRAF-54) (anexo 2): Foi selecionado esse questionário sobre motivação, validado e traduzido para português, que teve a confiabilidade e a validade testadas e demonstradas em estudo publicado em 2006 (BARBOSA, 2006) (anexo 2). O IMPRAF-54 é um questionário que avalia os seis domínios associados à motivação à prática regular de atividades físicas e esportivas:

1) Controle de Estresse 2) Saúde 3) Sociabilidade 4) Competitividade 5) Estética 6) Prazer

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Possui 9 blocos agrupados em 6 itens cada um, sendo o nono bloco composto de seis questões repetidas (escala de verificação). As respostas aos itens do IMPRAF-54 são dadas conforme uma escala bidirecional, de tipo Likert, graduada em cinco pontos, indo de “isto me motiva pouquíssimo” (1) a “isto me motiva muitíssimo” (5). Caso a diferença entre as respostas originais e a do nono bloco seja maior que sete, o resultado é tido como pouco confiável.

- Inventário de Motivação ao Consumo de Suplementos Nutricionais (IMCSN): O IMPRAF-54 foi utilizado como base para a elaboração deste novo questionário utilizado nesse estudo (anexo 3), com autorização por e-mail do autor responsável. Essa elaboração foi feita para alcançar o objetivo do presente estudo, algumas perguntas do IMPRAF-54 foram adaptadas para que a resposta englobasse o uso de suplementos.

O IMCSN englobou também seis domínios:

1) Palatabilidade: gosta do sabor, toma por prazer do paladar;

2) Saúde: busca de manutenção da saúde, orientação de profissionais competentes; 3) Sociabilidade: amigos, outros atletas e treinadores indicam;

4) Competitividade: melhora do desempenho;

5) Estética: estética corporal, aumento de massa muscular, diminuição de gordura; 6) Prazer: satisfação pessoal, disposição, melhora sensações de cansaço físico.

A dimensão “controle de estresse” foi retirada porque a premissa de relação entre estresse e consumo de suplementos foi considerada fraca.

- Dados pessoais: Também foram pesquisados dados pessoais e nutricionais - como quais suplementos o indivíduo consumia na época da pesquisa - e se o indivíduo seguia alguma orientação nutricional ou alguma dieta e quem recomendou o suplemento (anexo 4).

4.1.3 Procedimentos

No dia anterior à corrida de rua realizada na universidade do estudo, a UNICAMP, na cidade de Campinas-SP, os pesquisadores ficaram no local da entrega de kits da competição e, no momento que os indivíduos chegavam para buscar os kits, eram abordados, recebendo informações sobre a pesquisa e convidados a participar do presente estudo. Quando aceitavam, assinavam o TCLE e recebiam os questionários selecionados para responderem. Cada participante demorou aproximadamente 10 minutos para responder aos instrumentos e as condições de aplicação foram as mesmas para todos. A duração do levantamento de dados foi de um dia inteiro (manhã e tarde).

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4.1.4 Suplementos

Existem inúmeros suplementos que podem ser consumidos, por esse motivo, alguns foram agrupados da seguinte forma: no grupo “outros proteicos” foram incluídos os suplementos de glutamina, caseína, l-carnitina e proteína de soja, no grupo “Carboidratos” estão maltodextrina, dextrose e waxy maize (amido de milho), já no grupo “outros” estão os hipercalóricos, termogênicos, manipulados e cafeína.

4.1.5 Análise estatística

A avaliação da confiabilidade do IMPRAF-54 e do IMCSN foi feita calculando o coeficiente alpha () de Cronbach no geral e estratificando por sexo e para cada domínio (controle do estresse/palatabilidade, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer), sendo que, quanto mais próximo de 1 for o valor do coeficiente, maior a confiabilidade. Para identificar os principais fatores para a motivação no consumo de suplementos, foi realizada a análise fatorial utilizando a análise de componentes principais com a rotação varimax para avaliar a formação dos domínios considerados. Todos os testes foram feitos com o software SAS para Windows (v.9.3) fixando o nível de significância em 5% (p<0,05).

4.2. Etapa 2: Motivação para consumo de suplementos 4.2.1 Participantes

Este estudo foi realizado em caráter prospectivo, avaliando 293 indivíduos de ambos os sexos com idades entre 18 e 60 anos, praticantes de corrida (n=96), triathlon (n=109) e treinamento físico de força (n=76), que é comumente denominado como musculação, portanto optamos por denominar essa modalidade assim. Também outras modalidades foram incluídas e agrupadas como “outros”: ciclismo (n=1), kung-fu (n=1), jiu-jitsu (n=1), crossfit (n=2), natação (n=5) e futebol (n=2).

Os praticantes de corrida foram abordados em momentos de treinos na cidade de Campinas-SP, de forma individual e em grupos de corrida, e em entrega de kit pré-competição de corrida de rua em Campinas-SP. Os praticantes de triathlon foram encontrados em momentos de treino individual e em grupos em Campinas-SP e Paulínia-SP e em dia anterior à prova na cidade de Santos-SP, ambos indivíduos praticantes de corrida e de triathlon treinavam em média 5 vezes na semana por 2 horas. As provas de corrida incluíam modalidades de 5 e 10 Km; as competições de triathlon incluíam duas modalidades: short/curta (750m de natação, 20Km de

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ciclismo e 5Km de corrida) e olímpica (1,5Km de natação, 40Km de ciclismo e 10Km de corrida). Os praticantes de musculação eram recreativos e não tinham foco em competição, foram abordados durante os treinos em academias de Campinas-SP.

Os critérios de inclusão foram: ter vivência de pelo menos três meses na modalidade e serem consumidores de ao menos um tipo de suplemento nutricional, independente de qual tipo. Todos os participantes, após serem informados adequadamente dos objetivos e procedimentos do estudo, assinaram o TCLE aceitando participar da pesquisa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNICAMP (nº CAAE: 30880014.9.0000.5404, PARECER: 709.138) (anexo 1).

4.2.2 Instrumentos

- Inventário de Motivação ao Consumo de Suplementos Nutricionais (IMCSN): conforme subitem 4.1.2.

- Dados pessoais: conforme subitem 4.1.2.

- Escala de Autoestima de Rosenberg: criada por Rosenberg (1965), é um instrumento de dez itens, sendo 5 positivos e 5 negativos e, para cada afirmação, existem quatro possíveis respostas em uma escala do tipo Likert (“discordo muito”, “discordo um pouco”, “concordo um pouco” e “concordo muito”) (anexo 4). Os dez itens devem ser somados, considerando os valores de 0 (discordo muito) a 3 (concordo muito). Os itens 1, 3, 4, 7 e 10 devem ser invertidos da seguinte forma: 0=3; 1=2; 2=1; 3=0 (anexo 4).

O escore deste instrumento vai de 0 a 30, sendo 15 a média e verifica-se que quanto menor a pontuação obtida, melhor é o nível de autoestima deste indivíduo. No Brasil, esta escala foi adaptada e validada (HUTZ, 2000; DINI, QUARESMA et al., 2004; HUTZ e ZANON, 2011). Esse questionário foi incluído no estudo pois, de acordo com Coelho e Vasconcelos-Raposo (2002), a autoestima é outro fator psicológico que pode estar relacionada positivamente com a prática de exercício físico e é fundamental para obtenção de resultados favoráveis, podendo refletir também no rendimento esportivo (TRZESNIEWSKI, DONNELLAN et al., 2003).

4.2.3 Procedimentos

A abordagem dessa etapa foi feita primeiramente com proprietário e/ou responsável pelos estabelecimentos, competições e equipes de treino das seguintes formas:

 Academia: a pesquisadora abordava as pessoas quando chegavam ou terminavam os treinos, explicando a pesquisa e solicitando a participação.

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 Treino em grupos: a pesquisa era explicada para todo o grupo e quem se interessasse em participar respondia os questionários no momento mais apropriado para não atrapalhar o treino - geralmente ao final.

 Pré-competições: as pessoas que iam buscar os kits da competição eram abordadas e convidadas a participar do presente estudo e responderam aos questionários selecionados.

Em momento nenhum foi orientado o consumo de quaisquer suplementos nutricionais durante a pesquisa. Da mesma maneira que a primeira etapa, os participantes responderam aos questionários em aproximadamente 10 minutos, sempre nas mesmas condições de aplicação.

4.2.4 Suplementos

Existem inúmeros suplementos que podem ser consumidos, por esse motivo, alguns foram agrupados da seguinte forma: no grupo “outros proteicos” foram incluídos os suplementos de glutamina, caseína, l-carnitina e proteína de soja, no grupo “Carboidratos” estão maltodextrina, dextrose e waxy maize (amido de milho), já no grupo “outros” estão hipercalóricos, termogênicos, manipulados, lipídicos, cafeína, ômega -3 e hmb.

4.2.5 Análise estatística

Inicialmente, foram obtidas as medidas descritivas para idade, tempo de prática de exercício em meses e frequência/tempo por semana, escore do questionário de autoestima, com o cálculo de média e desvio padrão (DP). Para as variáveis categorizadas, foram obtidas as frequências relativas, absolutas e gráficos de barras.

Para a obtenção da consistência interna do questionário no geral e para cada domínio, foi calculado o coeficiente Alfa de Cronbach. Os principais fatores para identificar a motivação no consumo de suplementos, foram obtidos através da análise fatorial com rotação varimax utilizando a técnica de componentes principais, fixando em 0,5 o ponto de corte para os autovalores. A normalidade dos dados da pontuação obtida no questionário IMCSN foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Como a distribuição foi assimétrica, a comparação da pontuação nos diversos domínios foi feita utilizando um ajuste para a distribuição Gamma seguido do teste de comparação múltipla de Wald. Os escores foram calculados para cada domínio e estratificados por sexo.

Para avaliar a relação entre autoestima e idade, idade e quantidade de suplementos consumidos, foi feita correlação de Pearson. A regressão de Poisson foi ajustada para comparar as modalidades e os sexos em relação à quantidade de suplementos consumida. Todas as

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análises foram feitas pelo programa SAS for Windows, v.9.3 fixando o nível de significância em 5% (p<0,05).

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5. RESULTADOS

5.1. Etapa 1

5.1.1 Caracterização dos participantes

Os 72 participantes (80,6% homens) eram praticantes de corrida de rua, sendo que

apresentaram idade média de 37,7 anos (±11,9). Para o sexo feminino a média de idade foi de 32,4 anos (±8,1) e para sexo masculino a média foi de 39 (±12,4) (p=0,062). O tempo de prática do exercício físico variou de 6 meses a 35 anos e média de 5,9 anos (±6 anos).

5.1.2 Consumo de suplementos

Dentre os suplementos consumidos pelos corredores, o de maior prevalência foi o whey protein (n=38, 48,6%) e quase metade dos participantes consumia apenas um suplemento (Tabela 1).

Tabela 1. Perfil do consumo de suplementos nutricionais.

N (%) N (%)

1 suplemento 35 (48,6%) Outros proteicos 13 (18%)

2 suplementos 17 (23,6%) Carboidratos 32 (44,4%)

3 ou mais suplementos 20 (27,8%) Outros 15 (20,8%)

Whey protein 38 (52,8%) Vitaminas/Minerais 9 (12,5%)

BCAA 24 (33,3%) Creatina 6 (8,3%)

BCAA - Branch Chain Amino Acids/aminoácidos de cadeia ramificada; n=72, etapa 1.

5.1.3 Adaptação do instrumento IMCSN

Com as respostas obtidas pelo IMPRAF-54 e IMCSN, foram calculados os valores do coeficiente α de Cronbach, apresentados na Tabela 1 no geral, por sexo e por domínio.

Conforme já explicitado, quanto mais próximo de 1 o valor do α de Cronbach, mais consistente e coerente é o construto apresentado, e de acordo com o resultado apresentado na Tabela 2, foi obtida alta consistência e coerência com relação ao questionário IMPRAF-54 e IMCSN adaptado no geral, por sexo e por domínio, exceto para sociabilidade neste último.

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Tabela 2. Valores de α de Cronbach para IMPRAF-54 e IMCSN.

IMPRAF-54 IMCSN

Geral 0,94 Geral 0,95

Sexo Masculino 0,94 Sexo Masculino 0,95

Sexo Feminino 0,94 Sexo Feminino 0,95

Controle do estresse 0,93 Palatabilidade 0,83

Saúde 0,90 Saúde 0,90

Sociabilidade 0,96 Sociabilidade 0,56

Competitividade 0,95 Competitividade 0,92

Estética 0,94 Estética 0,95

Prazer 0,94 Prazer 0,92

IMPRAF-54: Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física; IMCSN: Inventário de Motivação ao Consumo de Suplementos Nutricionais.

Na tabela 3, são apresentadas as 54 questões do questionário e aquelas que apresentam o * são as que estão relacionadas significativamente com o domínio. A ordenação dos fatores se deu por aquelas com valores maiores. A variação total explicada para os seis domínios foi de aproximadamente 60% e apresentou uma ordenação dos fatores que motivam o consumo de suplementos. Para o instrumento adaptado, os fatores principais para a motivação no consumo de suplementos apareceram na seguinte ordem:

1 - estética 2 - prazer 3 - competitividade 4 - saúde 5 - palatabilidade 6 - sociabilidade

Pela Tabela 3, nota-se que a formação dos fatores foi obtida exatamente como no IMPRAF-54, consistindo das 9 questões consideradas em cada domínio numa sequência de seis questões, exceto para prazer (fator 5) e sociabilidade (fator 6), que foram fatores com menos questões (cinco e quatro questões, respectivamente), uma vez que as cargas fatoriais não foram suficientes para considerar os 9 itens.

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Tabela 3. Descritivo da análise fatorial com rotação varimax para IMCSN.

Questão Estética Prazer Competitividade Saúde Palatabilidade Sociabilidade Comuna--lidades 1 0,40 0,27 0,09 -0,21 0,36* 0,22* 0,46 2 0,26 0,16 -0,13 0,72* -0,13 0,21 0,68 3 0,17 0,26 0,16 -0,04 -0,04 0,57* 0,45 4 0,15 0,06 0,77* 0,04 0,06 0,18 0,66 5 0,90* 0,17 0,11 0,00 0,20 0,07 0,90 6 0,30 0,72* 0,05 0,08 -0,27 -0,03 0,69 7 0,05 0,14 0,03 0,24 0,71* 0,16 0,61 8 0,25 0,20 -0,26 0,72* 0,03 0,14 0,71 9 0,02 0,18 0,01 0,13 0,14 0,74* 0,61 10 0,05 0,25 0,71* 0,06 0,01 0,40* 0,74 11 0,89* 0,16 0,18 0,08 0,16 0,05 0,89 12 0,34 0,64* 0,13 0,13 -0,14 0,13 0,60 13 0,21 0,22 0,07 0,13 0,57* 0,14 0,45 14 0,14 0,18 -0,29 0,71* 0,12 -0,08 0,66 15 0,17 -0,12 0,29 0,17 0,37* 0,36* 0,42 16 0,14 0,03 0,88* 0,04 0,00 0,05 0,81 17 0,89* 0,20 0,15 0,00 0,16 0,03 0,87 18 0,19 0,75* 0,16 0,07 0,19 0,14 0,69 19 0,17 0,48 -0,02 0,08 0,57* -0,12 0,61 20 -0,07 0,14 0,05 0,70* 0,19 0,01 0,55 21 0,02 -0,07 0,29 0,14 0,20 0,37* 0,28 22 0,06 0,13 0,87* -0,09 0,10 0,01 0,80 23 0,81* 0,19 0,10 0,12 0,01 0,15 0,73 24 0,20 0,84* 0,08 0,06 0,14 0,03 0,78 25 0,16 0,34 0,02 0,07 0,21 -0,06 0,19 26 0,15 0,38 0,12 0,61* 0,20 0,19 0,63 27 -0,01 -0,02 0,11 0,00 0,09 0,84* 0,73 28 0,02 0,18 0,84* -0,05 -0,02 0,14 0,76 29 0,71* 0,17 0,11 0,13 0,23 0,05 0,61 30 0,14 0,71* 0,06 0,09 -0,02 0,09 0,54 31 0,18 0,53 -0,01 0,13 0,30 0,07 0,43 32 0,10 0,53 -0,04 0,40* 0,32* 0,02 0,55 33 0,10 0,04 0,06 0,30 -0,11 -0,15 0,14 34 0,09 0,20 0,68* 0,05 0,01 0,39* 0,66 35 0,68* 0,21 0,11 0,18 0,19 -0,03 0,59 36 0,23 0,57* 0,14 0,30 0,14 0,02 0,51 37 0,22 0,24 0,08 0,12 0,75* -0,01 0,68 38 -0,12 0,17 0,10 0,78* 0,25 -0,05 0,72 39 0,07 0,08 0,64* -0,05 0,08 -0,02 0,43 40 0,13 0,02 0,87* 0,06 -0,07 0,09 0,79 41 0,68* 0,33 0,08 0,18 0,11 0,09 0,63 42 0,09 0,75* 0,12 0,22 0,24 0,08 0,70 43 0,19 0,06 -0,02 0,10 0,45* 0,18 0,29 44 0,43 0,13 0,07 0,57* 0,25 -0,02 0,59 45 0,12 -0,02 0,08 0,06 0,26 0,09 0,10

(37)

Tabela 3. Descritivo da análise fatorial com rotação varimax para IMCSN (continuação).

Questão Estética Prazer Competitividade Saúde Palatabilidade Sociabilidade Comuna- -lidades 46 0,20 -0,05 0,42 -0,01 0,11 -0,04 0,23 47 0,62* 0,38 0,09 0,27 0,19 0,18 0,68 48 0,07 0,65* 0,12 0,31 0,13 -0,03 0,56 49 0,10 0,10 0,08 0,03 0,78* 0,04 0,63 50 0,08 0,16 0,10 0,76* 0,28 0,16 0,73 51 0,20 0,07 0,16 -0,06 0,24 0,67* 0,58 52 0,09 0,16 0,85* -0,03 0,11 -0,06 0,77 53 0,09 0,73* 0,20 0,11 0,16 0,22 0,87 53 0,87* 0,18 0,20 0,11 0,15 0,04 0,66 54 0,09 0,73* 0,20 0,11 0,16 0,22 0,87

IMCSN: Inventário de Motivação ao Consumo de Suplementos Nutricionais. *P<0,05.

A mesma análise fatorial foi realizada para verificar a motivação à prática de realização do exercício físico, avaliado pelo IMPRAF-54, e o resultado mostrou a seguinte ordem:

1 - sociabilidade 2 - competitividade 3 - estética 4 - prazer 5 - controle do estresse 6 - saúde

As Tabelas 4 e 5 apresentam as estatísticas descritivas para o IMPRAF-54 e IMCSN para ambos os sexos.

Tabela 4. Valores de média e desvio padrão do IMCSN por sexo. Sexo Feminino Sexo Masculino

Domínios Média DP Média DP p-valor

Palatabilidade 22,86 8,05 18,76 6,62 0,0502 Saúde 26,36 11,59 25,69 8,36 0,8051 Sociabilidade 11,79 3,40 12,16 3,56 0,7265 Competitividade 11,57 5,67 12,66 7,07 0,5959 Estética 26,00 11,90 21,53 9,47 0,1367 Prazer 24,71 10,76 26,95 8,90 0,4211

(38)

Tabela 5. Valores de média e desvio padrão do IMPRAF-54 por sexo. Sexo Feminino Sexo Masculino

Domínios Média DP Média DP p-valor

Controle estresse 26,86 8,51 24,12 9,85 0,3425 Saúde 33,21 7,84 33,12 6,29 0,9266 Sociabilidade 19,86 9,12 22,38 8,90 0,3470 Competitividade 12,07 6,59 12,91 7,40 0,6978 Estética 31,71 8,31 25,17 8,91 0,0149* Prazer 31,79 10,28 31,59 7,71 0,9355

IMPRAF-54: Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física; DP: Desvio- Padrão. *P<0,05.

De acordo com os instrumentos, as pontuações em cada domínio variam de 8 a 40 pontos. No caso do IMCSN (Tabela 4), observa-se que as maiores médias para o sexo feminino são para saúde e estética. Já para o sexo masculino, as maiores médias são para saúde e prazer. Em ambos os casos, não houve diferença significativa entre as médias de domínios considerando o sexo.

Para o IMPRAF-54 (Tabela 5), observa-se que as maiores médias para o sexo feminino e masculino foram para saúde e prazer. A estética apresentou diferença estatisticamente significativa entre os sexos, sendo um fator de maior motivação para o sexo feminino.

5.2. Etapa 2

5.2.1 Caracterização dos participantes

Foram avaliados 293 sujeitos (n=216, 73,7% homens) com idade média de 35 anos (±10,5), sendo que 285 responderam aos questionários IMCSN e de autoestima, 2 somente ao questionário IMCSN e 6 ao de autoestima apenas. O tempo de prática do exercício físico variou de 3 meses a 35 anos e média de 79,6 meses (±94,4), sendo que mais de 1/3 praticava 6 vezes na semana (n=110, 37,5% sujeitos). Quanto ao consumo de suplementos, a maioria dos participantes (n=174, 59,4%) consumia whey protein.

(39)

Tabela 6. Caracterização dos participantes, divididos por modalidade.

Triathlon Corrida Musculação Outros

N (%) N (%) N (%) N (%)

Amostra geral 96 (32,8) 109 (37,2) 76 (25,9) 12 (4,1) Sexo Feminino 20 (20,8) 30 (27,5) 25 (32,9) 2 (16,7) Sexo Masculino 76 (79,2) 79 (72,5) 51 (67,1) 10 (83,3)

Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP) Idade (anos) 34 (9,3) 35,2 (10,5) 35 (10,5) 35,6 (10,5) Tempo prática (meses) 71,5 (85) 79,6 (94,9) 79,6 (94,3) 79,8 (96,1) Frequência semanal 5,4 (1,3) 4,7 (1,5) 4,7 (1,5) 4,7 (1,5) Tempo treino (horas) 2,1 (1,7) 1,7 (1,4) 1,8 (1,4) 1,8 (1,4) N: número; DP: Desvio-Padrão; Outros: ciclismo, kung-fu, jiu-jitsu, crossfit, natação, futebol.

5.2.2 Consumo de suplementos

Figura 2. Distribuição dos tipos de suplementos nutricionais consumidos, pela amostra total (n=293).

O consumo de suplementos mostrou que tanto na amostra geral (Figura 2), como dividida por modalidade, o mais consumido foi o whey protein. Mas, além desse, muitos outros suplementos são consumidos pelos sujeitos avaliados como: carboidratos (maltodextrina, em gel – carbogel, dextrose, waxy maize/amido de milho), isotônicos, cafeína, vitaminas, minerais, ômega 3, creatina, aminoácidos e diferentes tipos de proteínas (BCAA - Branch Chain Amino

Whey protein 26% BCAA 15% Outros proteicos 15% Creatina 5% Isotônico 5% Carboidratos 21% Vitaminas/minerais 4% Outros 9%

Referências

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