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Características silviculturais e potencial de uso da espécie arbórea Licania macrophilla Benth (anoerá/anauerá).

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-:

2005 FL-07631

Boletim de Pesquisa

74

e Desenvolvimento

ISSN 1517-486j' Dezembro, 2005

Características Silviculturais e

Potencial de Uso da Espécie

Arbórea Licania macrophilla

Benth (anoerálanauerá)

(2)

República Federativa do Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva Presidente

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Roberto Rodrigues Ministro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Conselho de Administração

Luiz Carlos Guedes Pinto Presidente

Silvio Crestana Vice-Presidente Alexandre Kalil Pires Ernesto Paterniani Hélio Tollini

Marcelo Barbosa Saintive Membros

Diretoria-Executiva da Embrapa

Silvio Crestana Diretor-Presidente

José Geraldo Eugênio de França Kepler Euclides Filho

Tatiana Deane de Abreu Sá Diretores-Executivos

Embrapa Amapá

Newton de Lucena Costa Chefe-Geral

Ricardo Adaime da Silva

Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Antônio Carlos Pereira Góes

Chefe-Adjunto de Administração Características si1vicu1turais

2005 FL -07631

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(3)

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ISSN 1517-4867Dezembro, 2005

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa Agroflorestal do Amapá Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Boletim de Pesquisa

e Desenvolvimento

74

Características Silviculturais e

Potencial de Uso da Espécie Arbórea

Licania macrophilla

Benth

(anoerá/anauerá).

José Antonio Leite de Queiróz Silas Mochiutli

Sebastião do Amaral Machado

Macapá, AP

2005

(4)

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Amapá

Endereço: Rodovia Juscelino Kubitschek, km 05, CEP-68.903-000, Caixa Postal 10, CEP-68.906-970, Macapá, AP

Fone: (96) 3241-1551 Fax: (96) 3241-1480

Home page: http://www.cpafap.embrapa.br E-mail: sac@cpafap.embrapa.br

Comitê de Publicações da Unidade Presidente: Ricardo Adaime da Silva

Membros: José Francisco Pereira, Marcelino Carneiro Guedes, Ricardo Adaime da Silva, Rogério Mauro Machado Alves, Raimundo Pinheiro Lopes Filho, Valéria Saldanha Bezerra.

Supervisor Editorial: Ricardo Adaime da Silva Secretária: Izete Barbosa dos Santos

Revisor de texto: Elisabete da Silva Ramos, Samara Larissa Oliveira Xavier Normalização bibliográfica: Solange Maria de Oliveira Chaves Moura

Editoração eletrônica: Izete Barbosa dos Santos Foto da capa: José Antonio Leite de Oueiróz

1a Edição

1a Impressão 2005: tiragem 150 exemplares

Todos os direitos reservados.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n? 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Amapá

Queiróz, José Antonio Leite de.

Características silviculturais e potencial de uso da espécie arbórea Licania macrophilla Benth (anoerá/anauerá). José Antonio Leite de Queiróz; Silas Mochiutti; Sebastião do Amaral Machado - Macapá: Embrapa Amapá, 2005.

13 p. il.; 21cm (Embrapa Amapá. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 74). ISSN 1517-4867

1. Anoerá. 2.Licania macrophilla. 3. Planta medicinal. 4. Amazônia. I.Embrapa Amapá (Macapá, AP).

11.

Título.

111.

Série.

COO: 634.95

(5)

Sumário

Resumo...

5

Abstract...

.

...

.

...

.

...

.

....

.

...

6

Introdução....

.

7

Material e Métodos...

.

...

8

Resultados e Discussão

9

Conclusões...

.

...

12

Referências Bibliográficas...

.

...

13

(6)

Características

Silviculturais e Potencial

d

e U

so da Espécie A

r

rea Lica

n

ia

macrophilla Benth (anoerá/anauerá).

José Antonio Leite de Oueiróz ' Silas

Mochiutti-Sebastião Amaral Machado"

Resumo

Licania macrophy/la Benth (anoerá ou anauerá), família Chrysobalanaceae, é árvore que

ocorre no estuário do Rio Amazonas, com porte de 17 a 28 m de altura, desprovida de

sapopemas, fuste retilíneo e madeira de cor avermelhada, com potencial para uso na

construção civil e fabricação de móveis. Sua casca é utilizada na medicina caseira e na

fabricação de fitoterápicos. O diâmetro dos galhos varia de 2 a 15 cm e o comprimento de

4 a 7 m.A distância entre os galhos varia de 0,30 a 2,0 m.A casca é marrom-claro ou

escuro, com espessura de cerca de 1,0 cm, seca, quebradiça e pode ser retirada do

tronco sem dificuldade. A folha é do tipo oblonga, flexível, com 25 a 30 cm de

comprimento e 5 a 8 cm de largura, com pecíolo de 1,0 cm. O fruto é seco, do tipo drupa,

com forma variada, peso médio de 145 g e dimensões médias de 6,0 cm e 7,0 cm no

comprimento transversal e 7,2 cm no longitudinal. Cada árvore produz, em média, 250

frutos por safra, com a maturação nos meses de fevereiro a maio. Eles caem sobre o solo

e as sementes rapidamente germinam. Uma larva que penetra no fruto e na semente

pode destruir completamente o endosperma, chegando até ao embrião. As sementes

apresentam coloração quase branca, com média de 1,50 cm de comprimento por 0,30 cm de diâmetro, com a mesma forma dos frutos. A média de peso ficou em 80 g, com

dimensões médias de 4,4 cm e 5,1 cm no comprimento transversal e 5,3 cm no

longitudinal. Os cotilédones são de cor creme, lembrando um chocolate de cacau, de

sabor um pouco travoso. Sementes submetidas a teste de germinação em viveiro telado,

tiveram as primeiras plântulas emergidas 12 dias após o início dos testes e um mês após

apresentavam altura superior a 50 cm.

Termos para indexação: Amazônia, várzea, planta medicinal, madeira.

1Eng. Florestal, M.Sc., TNS da Embrapa Amapá; email: leite@cpafap.embrapa.br

2Eng. Agrônomo, M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amapá; e-mail: silasmochiutti@uol.com.br

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Características Silviculturais e Potencial de Uso da Espécie Arbórea Licania Macrophilla Benth

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(anoerá/anauerá)

Characteristics and potential of use of

the arboreal species

Licania

macrophy/la

Benth

(anoerá/anauerá).

Abstract

Licania macrophy/la Benth (anoerá or anauerá), family Chrysobalanaceae, is tree that happens in the estuary of the Amazon river, with load from 17 to 28 m of height,

unprovided sapopemas, straigth trunk and red color wood, with potential for use in the building site and production of pieces of furniture. Your peel is used in the homelike

medicine and in the phytoterapics production. The diameter of the branches varies from 2

to 15 cm and the length, from 4 to 7 m. The distance among the branches varies from 0,30

to 2,0 m. The peel is clear or dark brown, with thickness about 1,0 cm, it evaporates, brittle

and it can be removed of the log without difficulty. The leaf is of the type oblong, flexible,

with 25 to 30 cm of length and 5 to 8 cm of width, with pecíolo of 1,0 cm. The fruit is dry, of the type drupa, with varied form, I weigh medium of 145 9 and medium dimensions of 6,0

cm and 7,0 cm in the traverse length and 7,2 cm in the longitudinal. Each tree produces,

on average, 250 fruits for crop, with the maturation the months of February to May. They fali on the soil and the seeds quickly germinate. A larva that penetrates in the fruit and in the seed it can destroy the endosperma completely, arriving to the embryo. The seeds present almost white coloration, with average of 1,50 cm of length for 0,30 cm of diameter, with the same form of the fruits. The weight average was in 80 g, with medium dimensions

of 4,4 cm and 5,1 cm in the traverse length and 5,3 cm in the longitudinal. The healthy

cotilédones of color cremates, reminding a coco a chocolate, of flavor a little travoso.

Seeds submitted to germination test in nursery telado, they had the first plântulas emerged 12 days after the beginning of the tests and one month after they presented superior

height to 50 cm.

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Características Silviculturais e Potencial de Uso da Espécie Arbórea Licania Macrophilla Benth

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(anoerá/anauerá)

Introdução

As várzeas do Amapá são áreas de solos ricos, fertilizados várias vezes no ano pelas marés de lançante, período em que as águas do Amazonas invadem a terra e inundam o ambiente estuarino. Esse fenômeno ocorre durante o período chuvoso, isto é,

dezembro/janeiro a junho/julho, com mais freqüência em semanas alternadas e em duas

ou três semanas, distribuídas entre os meses de agosto a novembro, neste último período sendo chamado de "lava-praia".

As espécies florestais de várzea do Amapá são utilizadas tanto para a produção de

madeira, quanto para a extração e o aproveitamento de produtos não madeireiros, como é

o caso do açaizeiro para extração de palmito e coleta de frutos, o taperebá para o

consumo de frutos in natura ou extração da polpa e a andiroba para a coleta de sementes para extração de óleo. A exploração madeireira nas florestas de várzea do Amapá é feita por um número pequeno de serrarias, em torno de cinqüenta. Em 1998 serraram 53.536

m3de madeira, sendo que as principais espécies exploradas foram: Symphonia

g/obulifera L.F., Carapa guianensis Aubl., Ca/ophy//um brasi/iense Cambess.,

P/atymiscium U/ey Harms., Ca//ycophy//um spruceanum Benth., Mora paraensis Ducke.,

Parkia discotor Benth. e Carapa guianensis (Rol) Warb. (IMAZON, 1999). A exploração, via de regra, é feita de forma seletiva, com impacto reduzido sobre o ecossistema local,

visando, principalmente, atender as necessidades da comunidade ou prover renda para a

sustentação da família.

Entre os produtos não madeireiros extraídos da floresta de várzea, o açaizeiro ganha

destaque proporcionando o palmito para a indústria de conserva e o fruto para a extração

dapolpa que tanto pode ser consumida de imediato ou congelada para comercialização

em outras regiões brasileiras ou mesmo no exterior.

Entre as espécies florestais do ambiente estuarino, a L. macrophy//a Benth, vulgarmente

chamada de anoerá ou anauerá (Figs. 1 e 2) tem sido utilizada, principalmente, na

medicina caseira, proporcionando a casca da árvore o preparo de chá, utilizado contra a

ameba e para atenuar os incômodos causados pela gastrite. A semente, depois de ralada

e colocada em suspensão na água, pode controlar diarréias, através da ingestão dessa água, e cicatrizar ferimentos com a aplicação do polvilho que precipita no fundo do

recipiente, sendo que o polvilho precisa passar por processo de secagem antes da

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(anoerá/anauerál N 'E .ã) :l a Q) "O .~ Q) ....I o ·co, . "E « -<D

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Fig. 1.Copa da arvore de anoerá. Fig. 2. Fuste da árvore de anoerá.

De acordo com a Política Nacional Integrada para a Amazônia Legal, elaborada pelo

Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (1995), entre as oportunidades de investimento na região, destacam-se a agricultura de várzea, a pesca e piscicultura, a fruticultura, a produção de óleos essenciais, plantas aquáticas, especiarias,

palmitos e cocos, fármacos e produtos medicinais e criatórios em geral.

Alguns medicamentos fitoterápicos já são preparados e comercializados pelo Instituto de

Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá -IEPA, como é o caso da tintura de

anauerá e do chá de anauerá, utilizando a casca da espécie L. macrophy/la, indicada no

tratamento da amebíase e de diarréias.

A madeira, de bonito aspecto e alta densidade, tem sofrido restrição ao uso, em razão da presença de cristais de sílica que abreviam a vida útil das serras de corte.

Visando a divulgação de dados dendrológicos da espécie L.macrophy/la, seu potencial de

uso pelas comunidades locais e a utilização de seus produtos pela indústria madeireira e

fármaco-química, além de tentar despertar o interesse de pesquisadores para o estudo da

mesma, realizou-se o presente trabalho.

Material e Métodos

Os dados apresentados são oriundos de estudo fitossociológico realizado por Queiroz

(2004) em áreas de várzea do braço norte do Rio Amazonas. Nesse estudo foram instaladas dez parcelas de um hectare, sendo nove distribuídas ao longo da margem

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(anoerá/anauerá)

amapaense e uma na margem paraense. Foram alocadas cinco parcelas na várzea alta e

cinco parcelas na várzea baixa. Foram coletados dados dendrométricos e dendrológicos

das árvores de Licania macrophy/la Benth, família Chrysobalanaceae, considerando a

circunferência de inclusão de 15 cm, assim como frutos e sementes daquelas produtivas por ocasião do levantamento.

Registraram-se as características dos frutos e das sementes (Fig. 3) e avaliou-se o poder

germinativo das sementes.

Nos testes de germinação de sementes foram consideradas as emergências observadas até o 32° dia, visto que a partir daquele dia as emergências não foram mais significativas. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 5 tratamentos e 5 repetições

de 20 sementes. Os tratamentos foram: (1) Semente no fruto; (2) Sementes apenas

lavadas; (3) Sementes lavadas e deixadas em imersão na água por 24 horas; (4)

Sementes lavadas e extremidades escarificadas; e (5) Sementes com tegumento removido.

Coletaram-se informações sobre o uso da espécie, tanto entre os moradores do ambiente ribeirinho quanto nas instituições que utilizam os produtos madeireiros e não madeireiros da floresta estuarina.

Fig.3. Frutos e sementes de anoerá (Licania macrophy/la)

Benth)

Resultados e Discussão

A espécie L.macrophy/la revelou dispersão irregular, ocorrendo em quatro parcelas da

várzea alta e em duas parcelas da várzea baixa.

Na várzea alta, na parcela do Furo do Mazagão, Mazagão, AP, apresentou alta densidade

com ocorrência de 60 árvores com CAP (Circunferência a Altura do Peito) superior a 15 cm, sendo que mais de 20 produziam frutos, e 28 árvores na parcela da Ilha do Pará,

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Na várzea baixa, na parcela do Rio Ajudante, afluente do Rio Mazagão, Mazagão, AP,

apresentou alta densidade com ocorrência de 26 árvores.

Nas demais parcelas a ocorrência de L macrophy/la foi insignificante.

Estudos realizados na área em discussão revelaram que a espécie L macrophy/la é muito sensível ao "anelamento", sendo que em testes realizados, todos os indivíduos

submetidos

à

retirada de um anel de 30 cm de casca pereceram em menos de 12 meses.

Conforme pode ser observado no Quadro 1,a árvore apresenta fuste comercial com bom potencial para produção de madeira. Com exceção da árvore que se desenvolveu em ambiente livre de competição, todas as outras apresentaram desrama e diâmetro que favorecem a produção de toras para a produção de madeiras.

Nos testes de germinação, o tratamento 5, sementes com o tegumento removido,

proporcionou porcentagens superiores de emergência, com 97% das sementes emergidas já aos 20 dias.

Quadro 1. Matrizes selecionadas no Furo do Mazagão - Mazagão/AP, para a coleta de

frutos para a extração de sementes. Macapá/AP, 2002.

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Matriz CAP Ht He Copa Luz Cipó A. B. V. C. H Diam. Ang. Dist. Comp.

(m) (m) (m) IL GI (m2) (m3) (m) (em) (0) (m) (m) 01 198 23 12 10 4 2 0,287 2,411 10 7-10 45-75 1-3 4-6 02 106 17 10 7 5 2 0,089 0,623 10 7-12 45-90 2 5 03 105 23 13 8 5 1 0,088 0,801 13 7-12 75-90 0,70 5 04 132 21 14 8 4 2 0,139 1,362 14 7-12 75 1-2 6 05 118 22 16 9 5 3 0,111 1,243 16 12 45 1-2 6 06 107 23 12 9 4 3 0,091 0.764 11 7-12 65 1-2 6 07 130 23 13 8 5 1 0,135 1,229 13 15 70 0.70 5 08 117 28 14 9 5 5 0,109 1,068 14 7 65 0,50 6 09 118 25 15 9 4 1 0,111 1,166 15 7-17 45-90 1-2 6 10 98 22 14 9 4 2 0,076 0,745 14 7-17 75 1-2 6 11 110 19 10 11 5 2 0,096 0,672 10 7-17 75-90 1-2 7 12* 59 18 4 8 5 1 0,028 0,078 2,5 2-4 75-90 0,30 4 Média 1,014 .

-* Arvore rnantida em ambiente livre de cornpençao.

legenda

n? = Número

CAP=Circunferência Altura do Peito

m

=

Metro

Ht = Altura total

Hc

=

Altura comercial

IL = Intensidade de luz

GI

=

Grau de infestação

A. B. = Área Basal m2

=

Metro quadrado V. C.

=

Volume Comercial H = Altura Diam. = Diâmetro cm

=

Centímetro Ang.

=

Ângulo (0) = Grau

Dist. = Distribuição

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(anoerá/anauerál

A árvore é alta, com 17 a 28 m de altura total (Ht), desprovida de sapopemas, com maior

ocorrência nas partes mais altas da várzea. Apresenta fuste retilíneo, com madeira avermelhada de alta densidade, mas que não tem boa aceitação pelos madeireiros por apresentar cristais de sílica que danificam rapidamente os dentes das serras utilizadas na produção de peças para a construção civil ou para a indústria moveleira. A altura

comercial (Hc) variou de 4 a 16 metros.

Considerando a intensidade de luz (IL) recebida pela copa, em escala de 1 a 5, sendo 5 a nota atribuída à copa com 100% de iluminação, todas as árvores avaliadas recebiam mais de 80% de incidência de raios solares sobre a copa.

Considerando o grau de infestação de cipós (GI), em escala de 1 a 5, sendo 5 a nota atribuída às árvores totalmente envolvidas por cipós, observa-se que o grau de infestação de cipós era moderado.

o

volume comercial médio das 12 árvores avaliadas, considerando um fator de forma de

0,7, foi de 1,014 metros cúbicos de madeira com casca.

Os galhos apresentam diâmetro que varia de 2 a 15 cm e comprimento de 4 a 7 m. A

distância entre os galhos varia de 0,30 a 2,0 m. Árvore adulta, com 18 m de altura,

mantida no limpo, apresentou galhos desde 2,5 m de altura do solo. A altura do primeiro galho de árvore mantida em condições naturais apresentou altura de desrama de 10 a 16 m.

A casca é marrom-claro ou escuro, dependendo da idade da árvore. Quanto maior for a

idade, mais escuro será o tom do marrom. Ela é seca, quebradiça e pode ser retirada do

tronco sem dificuldade. A espessura é de cerca de 1,0 cm.

A folha é do tipo oblonga, flexível, com 25 a 30 cm de comprimento e 5 a 8 cm de largura, com pecíolo de 1,0 cm.

Em área de menos de 5,0 ha, com boa ocorrência da espécie, encontrou-se 12 árvores

produzindo, com média de 250 frutos por árvore. O maior fruto encontrado pesou 345 g com uma semente de 192 g e o menor pesou 50 g com uma semente de 12 g.

O fruto apresenta formas variadas, podendo ser arredondado, em forma de disco ou deformado, com achatamento que proporciona duas medidas distintas no comprimento

transversal. A média de peso ficou em 145 g, com dimensões médias de 6,0 cm e 7,0 cm

no comprimento transversal e 7,2 cm no longitudinal.

Os frutos secos, indeiscentes, do tipo drupa, apresentam pericarpo com 0,50 a 1,00 cm de espessura, com a parte externa coriácea e a interna esponjosa, com uma semente em

seu interior. Uma espécie de câmara de ar formada entre o pericarpo e a semente, e a

densidade esponjosa do primeiro, fazem com que o fruto flutue sobre a água nas marés

de lançante, facilitando seu transporte pelas correntes fluviais e, provavelmente, seu uso

como alimento pelas espécies aquáticas.

A maturação dos frutos da L. macrophy/la ocorre entre os meses de fevereiro e maio e a

queda total leva menos de 45 dias. Eles caem sobre o solo e as sementes rapidamente germinam, são comidos por animais silvestres (roedores) ou apodrecem alimentando

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completamente o endosperma, chegando até ao embrião. A maior parte dos frutos

coletados já caia com perfurações feitas pelas larvas. Frutos estocados, depois de cinco a dez dias apresentavam grande número de larvas saindo dos mesmos. Estas se

apresentavam de coloração clara, quase branca, com média de 1,50 cm de comprimento por 0,30 cm de diâmetro.

A forma das sementes acompanha a forma dos frutos. A média de peso ficou em 80 g, com dimensões médias de 4,4 cm e 5,1 cm no comprimento transversal e 5,3 cm no

longitudinal. Os cotilédones são de cor creme, lembrando um chocolate de cacau, de

sabor um pouco travoso. O tegumento é de cor marrom, com 0,10 cm de espessura, quebradiço.

Na germinação o embrião desperta e emerge, juntamente com a raiz, pelo orifício deixado pelo pedúnculo. A semente permanece no fruto até o apodrecimento do pericarpo. Esse processo é facilitado pela posição do fruto após a queda que, quase sempre, mantém o sentido longitudinal paralelo a superfície do solo.

As sementes submetidas ao teste de germinação em viveiro telado tiveram as primeiras plântulas emergidas aos 12 dias após o início dos testes e aos 30 dias as mudas já

apresentavam altura superior a 50 cm. Comparando-se cinco tratamentos, o tratamento

no qual o tegumento foi removido foi o que apresentou melhores resultados,

proporcionando 99% de germinação, 32 dias após o início do teste.

Sentes-Gama (2000), em estudos de estrutura e composição florística realizado em floresta de várzea, na propriedade da "Exportadora de Madeiras do Pará Ltda. - EMAPA", localizada na microrregião dos Furos da Ilha de Marajó, município de Afuá, ao norte do

Estado do Pará, encontrou resultados diferentes, para a espécie L. macrophy/la, com

número de indivíduos proporcionando altas freqüência e densidade absolutas. O mesmo

autor ao considerar o número de toras/ha, classificou a espécie em terceiro lugar para a várzea alta e em nono para a várzea baixa; esses resultados foram diferentes dos encontrados no presente estudo.

A retidão do fuste necessária para a serraria, a beleza da madeira demandada pela

indústria moveleira e a durabilidade requerida pela construção civil, recomendam que o

cultivo da espécie seja incentivado, independentemente das restrições causadas pelos

cristais de sílica na madeira, dificuldade que pode ser superada com o emprego de serras de qualidade superior em durabilidade.

A utilização da espécie na medicina caseira e na produção de fitoterápicos recomenda que estas propriedades sejam divulgadas e seu uso pelas populações tradicionais seja incentivado, até como forma de preservar este conhecimento.

Conclusões

A casca da árvore e a amêndoa têm potencial de utilização na indústria farmacêutica. A madeira tem potencial de uso na construção civil e na indústria moveleira.

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(anoerá/anauerá)

A principal utilização econômica da espécie L.macrophy/la Benth, atualmente, é a retirada

da casca para o preparo de chás. Pela sensibilidade mostrada pela espécie ao

"anelamento", deduz-se que tal utilização pode ser extremamente prejudicial

à

espécie.

As diferenças nos resultados dos estudos realizados com a espécie mostram a necessidade de uma avaliação mais apurada, visto o grande potencial que a mesma apresenta para os setores madeireiro, moveleiro e medicinal, além de sua importância no equilíbrio ecológico do ambiente de várzea estuarina.

Referências Bibliográficas

BENTES-GAMA, M. de M. Estrutura e valoração de uma floresta de várzea na

Amazônia. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2000. 64 p. Dissertação de Mestrado

em Engenharia Florestal apresentado

à

UFLA, Lavras.

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Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal. Política nacional

integrada para a Amazônia Legal. Brasília, DF: Conamaz, 1995. 34 p.

QUEIROZ, J. A L. de. Fitossociologia e distribuição diamétrica em floresta de várzea

do estuário do rio Amazonas no Estado do Amapá. 2004. 101 p. Dissertação

(Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

VERíSSIMO, A; CAVALCANTE, A; VIDAL, E.; LIMA, E.; PANTOJA, F.; BRITO, M.

O setor madeireiro no Amapá: situação atual e perspectivas para o desenvolvimento

sustentável. Macapá: Governo do Estado do Amapá / IMAZON. 1999.74 p.

A

mapá

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Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento

gOVERNO fEDERAL

Referências

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