Plano de Ensino
Direito Processual Civil:
execução
e tutela provisória
Carga Horária 80
EMENTA:
Estudo do direito processual civil, com enfoque na
tutela
jurisdicional executiva. Processo de execução, liquidação e
cumprimento de sentença
,
tutelas provisória, antecipada e de
Plano de Ensino
IV – Tutela Provisória
.
18. Tutela Provisória: conceito e classificação.
Modalidades de tutela provisória.
19. Tutela de Urgência. Disposições gerais. Conceito e
classificação. Modalidades de tutela de urgência.
20. Tutela antecipada.
21. Tutela cautelar.
22. Tutela da evidência.
Tutela Provisória
T01
18.Tutela Provisória
Introdução
A prestação jurisdicional corresponde à apreciação da tutela principal no tocante ao conflito de direito material, de modo exaurientee definitivo.
Sob o nome de tutela provisória, o CPC reúne três incidentes processuais
provisórios, que têm em comum o objetivo de combater os riscos de injustiça ou
de dano, derivados da esperapelasolução final do conflito judicial. Diante de tal situação, o CPC sistematizou astutelas de urgênciaem:
•
cautelar, que se limitam a conservar bens ou direitos, cuja preservação se torna indispensável à efetiva prestação final, na justa composição do litígio- são medidasconservativas
•
antecipada, que antecipam provisoriamente resultados materiais do direito disputadoem juizTutela Provisória
T02
18.Tutela Provisória
Introdução
A prestação jurisdicional corresponde à apreciação da tutela principal no tocante ao conflito de direito material, de modo exauriente e definitivo.
Sob o nome de tutela provisória, o CPC reúne três incidentes processuais
provisórios, que têm em comum o objetivo de combater os riscos de injustiça ou de dano, derivados da esperapelasolução final do conflito judicial.
Diante de tal situação, o CPC sistematizou astutelas de evidência.
•
tutelas de evidência que “se prestam a proteger provisoriamente situaçõesjurídicas substanciais reveladoras da existência de direitos subjetivos
reconhecíveis prima facie”.(Humberto, 436)
Tutela Provisória
T03
18.Tutela Provisória
Doutrina
Há “um complexo de regras aplicáveis a todas as medidas provisórias (de urgência ou da evidência) que pode ser assim sintetizado:”.(Humberto, 443)
(a) possibilidade de obtenção das medidas provisórias em caráter antecedente
ou incidental(art. 294, parágrafo único);
(b) o procedimento da tutela provisória pode fundar-se tanto na urgência como naevidência (art. 294, caput);
(c) isenção de custas nas medidas de caráter incidental(art. 295);
(d) temporariedade das medidas, que conservam sua eficácia na pendência do processo, inclusive durante o período de suspensão (art. 296, caput e parágrafo único);
(e) provisoriedade das medidas, que podem, a qualquer tempo, ser revogadas
Tutela Provisória
T04
18.Tutela Provisória
Doutrina
Há “um complexo de regras aplicáveis a todas as medidas provisórias (de
urgência ou da evidência) que pode ser assim sintetizado:”.(Humberto, 443)
(f) poder tutelar geral do juiz, mais amplo do que o antigo poder geral de cautela, já que se estende a todas as medidas provisórias, sejam elas fundadas na urgência ou na evidência (art. 297, caput);
(g) submissão da tutela provisória às normas do “cumprimento provisório da sentença”, no que couber(art. 297, parágrafo único);
(h) dever de motivação das decisões que concederem, negarem, modificarem ou revogarem a tutela provisória, de maneira que as razões do convencimento do juiz sejam justificadas de modo claro e preciso (art. 298, caput);
Tutela Provisória
T05
18.Tutela Provisória
Doutrina
Há “um complexo de regras aplicáveis a todas as medidas provisórias (de
urgência ou da evidência) que pode ser assim sintetizado:”.(Humberto, 443)
(j) necessidade de que seja a tutela provisória requerida pela parte (arts. 299, 303, 305 e 311, IV);
(k) competência em primeiro grau do juiz a que cabe conhecer do pedido principal e, nos tribunais, do órgão a que couber a apreciação do mérito das ações de competência originária e dos recursos (art. 299 e parágrafo único);
Tutela Provisória
T06
18.Tutela Provisória
Tutela Provisória no CPC
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou
evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas.
Atenção: “Em síntese: há três oportunidades para pleitear a tutela de urgência:
(a) antes da dedução da pretensão principal (tutela antecedente);
(b) na petição inicial da ação principal (tutela cumulativa); [ordinária]e (c) no curso do processo principal (tutela incidental)”.[Humberto, 458]
Tutela Provisória
T07
18.Tutela Provisória
Tutela Provisória no CPC
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo,
mas pode, a qualquer tempo, ser revogadaou modificada.
Importante: mas “são caracterizadas pela provisoriedade, no sentido de que não se revestem de caráter definitivo, e, ao contrário, se destinam a
durar por um espaço de tempo delimitado”.[Humberto, 442]
Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela
provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso.
Importante: “o dever de motivação de toda e qualquer decisão judicial é uma imposição de ordem constitucional (CF, art. 93, IX). Incumbirá ao juiz cumprir o encargo de modo objetivo, isto é, deve a decisão expor os fatos que acenem para a plausibilidade do direito e para a probabilidade da ocorrência de dano de, ao menos,difícil reparação”.[Humberto, 451]
Tutela Provisória
T08
18.Tutela Provisória
Tutela Provisória no CPC
Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência
originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito.
Limitação do poder do juiz (CPC, 1.059):
Lei nº 9.494, de 10.9.97, art. 1º - reclassificação ou equiparação de
servidores públicos – concessão de aumento ou extensão de vantagens – vencimentos e vantagens pecuniárias (ADC-4), porém a
Súmula 729 STF afasta a ADC-4 da antecipação de tutela previdenciária.
Tutela Provisória
T09
19.Tutela de Urgência
Pressupostos
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficientenão puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.
Cuidado: A regra geral “é a ouvida prévia da parte contrária. A liminar
inaudita altera parte se justifica quando o risco de dano é imediato e sua coibição não permite aguardar o contraditório”.[Humberto, 468]
Tutela Provisória
T10
19.Tutela de Urgência
Restrição
Art. 300. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Ex.: cancelamento de registro imobiliário (JTJ 206/212)
Atenção: Segundo a doutrina “é importante que a reversibilidade seja aferida dentro dos limites do processo. (...) Só é realmente reversível, para os fins do art. 300, § 3º, a providência que assegure ao juiz as condições de restabelecimento pleno. Porém a mesma doutrina aponta que “casos há, de urgência urgentíssima, em que o julgador é posto ante
a alternativa de prover ou perecer o direito que apresenta-se apenas provável, ou confortado com prova de verossimilhança’.[Humberto, 448]
Ex. Alimentos provisionais e outras medidas tutelares, no âmbito do direito de família
Tutela Provisória
T11
19.Tutela de Urgência
Consequências
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requeridono prazo de 5 (cinco) dias; III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível.
Tutela Provisória
T12
20.Tutela Antecedente
Natureza Satisfativa
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final,em 15 dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
Importante: “o art. 303 autoriza a parte a peticionar ao juízo requerendo
apenas a tutela provisória, com indicação sumária da lide, do direito que se busca realizar e do perigo da demora e, posteriormente, aditar a inicial com o pedido principal.[Humberto, 467]
Tutela Provisória
T13
20.Tutela Antecedente
Natureza Satisfativa
Art. 303.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: (...)
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de
mediação na forma do art. 334; (...)
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste
artigo,o processo será extinto sem resolução do mérito.
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
Tutela Provisória
T14
20.Tutela Antecedente
Estabilidade da Decisão
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.(sem resolução)
Nota: § 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada (CPC, 304, § 2º),
entretanto, esse direito extingue-se após 2 anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo (CPC, 304, § 5º). A estabilidade é uma figura sui
generis pois a decisão que concede a tutela não faz coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar(CPC, 304, § 6º).
Tutela Provisória
T15
21.Tutela Cautelar
Natureza Conservativa
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto
contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração
do direito.
Procedimento
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir.
Tutela Provisória
T16
21.Tutela Cautelar
Procedimento
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o
pedido e indicar as provas que pretende produzir.
Art. 307, Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal,
observar-se-á o procedimento comum.
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
Art. 308, § 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.
Tutela Provisória
T17
21.Tutela Cautelar
Eficácia
Art. 309. Cessa a eficáciada tutela concedida em caráter antecedente, se: I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar,
é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.
Reforço – Tutela Antecipada – Tutela Cautelar
BENEDITO RODRIGUES, brasileiro, aposentado, com 70 anos, procura você no seu escritório e diz que:
a) se dirigiu à Caixa Econômica Federal e foi informado da existência de um empréstimo em seu nome, o qual nega ter celebrado.
b) o valor das parcelas do empréstimo passaram a ser descontadas de seu
benefício previdenciário, o que lhe causou e causa inúmeros transtornos. c) é pobre e não tem condições de pagar as despesas do processo.
d) entende que é necessária alguma medida judicial mas não sabe qual, e portanto pede o seu auxílio.
e) diligenciando junto à fonte pagadora, descobriu que o beneficiário é o BANCO SULAMAR FINANCEIRA S/A.
A partir daí qual é a solução mais adequada, lembrando dos institutos jurídicos até aqui conhecidos?
Reforço – Tutela Antecipada – Tutela Cautelar
BENEDITA RODRIGUES, brasileira, aposentada, com 60 anos, procura você no seu
escritório e diz que:
• ser funcionária Pública Municipal, aposentada, recebendo seus proventos através da Secretaria Municipal da Fazenda, mediante depósito efetuado no banco réu.
• devido a problemas financeiros, a autora contratou junto ao banco réu operações financeiras pagando os valores daí contratados através de débitos em sua conta bancária.
• mesmo após sua aposentadoria, a autora continuou a trabalhar, o que lhe permitia honrar com seus compromissos.
• perdeu o emprego e o desconto mensal efetivado em sua conta bancária, fica em torno de quase 75% de seu único rendimento salarial, comprometendo de forma inexorável seu sustento e de sua família.
• requer a limitação dos descontos a serem procedidos em folha de pagamento / conta corrente, no patamar de 30% dos vencimentos líquidos da autora, bem como que seja realizada a revisão dos contratos, de forma a expurgar a incidência de juros sobre juros, por ocasião de cada pagamento.
A partir daí qual é a solução mais adequada, lembrando dos institutos jurídicos até aqui conhecidos?
Tutela Provisória
T18
22.Tutela de Evidência
Natureza Satisfativa
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivosouem súmula vinculante;
III - se tratar de pedido
persecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
Tutela Provisória
T19
22.Tutela de Evidência
Natureza Satisfativa
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
(...)
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
Tutela Provisória
T20
22.Tutela de Evidência
Pedido Reipersecutório - Extra
A disposição foi originada como substituição à antiga ação de depósito (CPC, 1973, arts. 901 a 906) e que se destinava a possibilitar a restituição da coisa
depositada, para o que se exigia que a petição inicial fosse instruída com a prova literal do depósito e a estimativa do valor da coisa, se não constasse do contrato, em riste do que o autor pediria a citação do réu para este, no prazo de cinco (5) dias, contestar a ação ou entregar a coisa, depositá-la, ou seu equivalente em dinheiro, em juízo.
Assim, a hipótese de tutela da evidência do inc. III do art. 311, embora não sistematizada como no código anterior, nada mais fez que manter o antigo art. 902, consagrador de semelhante tutela provisória de evidência naquele sistema.
Agravo de Instrumento nº 2221487-81.2018.8.26.0000
AGRAVO DE INSTRUMENTO TUTELA DE EVIDÊNCIA CONCESSÃO LIMINAR -TAXA SATI - TESE FIRMADA EM RECURSO REPETITIVO PELO STJ - DECISÃO QUE DETERMINA A RESTITUIÇÃO DO VALOR - INCONFORMISMO DA RÉ ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO - REJEIÇÃO DECISÃO
MANTIDA
O CPC/2015 autoriza decisão liminar, sem prévio contraditório, na hipótese de pedido de tutela de evidência com base em suficiente prova documental das alegações de fato e existência de tese firmada em julgamento de casos repetitivos, conforme art. 311, II, combinado com seu parágrafo único. Caso em que houve pagamento da denominada taxa SATI, em compromisso de venda e compra, cuja abusividade da cobrança foi declarada pelo STJ, em recurso repetitivo, sob tema 938. Ausência de violação do devido processo legal, na medida em que o modelo procedimental expressamente traçado em lei autoriza a decisão liminar para a hipótese versada e difere o contraditório para o momento subsequente à decisão- NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
Trata-se de agravo de instrumento interposto pela ré contra a r. decisão que deferiu tutela de evidência e determinou a restituição ao autor da quantia de R$ 800,00, no prazo de 15 dias.
Agravo de Instrumento nº 2221487-81.2018.8.26.0000
A agravante requer a reforma da r. decisão e alega cerceamento de defesa, uma vez que não houve prévio contraditório antes da decisão guerreada.Foi indeferido o pedido de efeito suspensivo, decisão contra a qual não se interpôs recurso.
Foi oferecida contraminuta.
Não houve oposição de julgamento virtual. É o breve relatório.
Pelo que se constata nas peças juntadas e nos autos de origem, as partes celebraram compromisso de venda e compra, em que ajustado o pagamento da denominada taxa SATI por parte do adquirente do imóvel, no valor de R$ 800,00, a qual veio a ser paga em 10 parcelas mensais de R$ 80,00.
Diante deste fato, o adquirente promoveu demanda em que busca a restituição de tal valor, com pedido de tutela de evidência amparado em recurso repetitivo do Colendo Superior Tribunal de Justiça Tema 938, em que definida a abusividade da cláusula em que cobrada a taxa SATI dos adquirentes de imóveis.
Agravo de Instrumento nº 2221487-81.2018.8.26.0000
A respeitável decisão guerreada acolheu o pedido de tutela de evidência com amparo no artigo 311, II, do Código de Processo Civil, após adequada análise comparativa do caso concreto com o acórdão paradigma do recurso repetitivo. A insurgência recursal não discute a aplicabilidade da tese definida pelo STJ, uma vez que a recorrente se limita a pedir a nulidade da decisão, por violação da ampla defesa e do contraditório.Sustenta a agravante que não poderia o r. Juízo a quo proferir a decisão antes do contraditório.
A alegação é surpreendente, pois a respeitável decisão veio expressamente fundamentada no artigo 311, II, do Código de Processo Civil, regra que disciplina a denominada tutela de evidência no sistema processual civil e que apresenta o seguinte teor:
“Art. 311. A tutela de evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
Agravo de Instrumento nº 2221487-81.2018.8.26.0000
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III [...];
IV [...].
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.” (grifou-se)
Intimada da decisão recorrida, a agravante se estende em minuta na qual cita vários dispositivos legais do CPC/2015 e também do anterior sem ao menos mencionar a regra em que fundada a decisão, acima transcrita, o que por si só evidencia a falta de densidade de suas razões recursais.
Trata-se de regra em que expressamente o juiz está autorizado a decidir sem prévio contraditório, o qual é dispensado exatamente porque o pedido está amparado por precedente vinculante, oriundo de recurso repetitivo julgado pelo STJ.
E uma vez observado o modelo legal de procedimento, não há se falar em afronta ao devido processo legal, que admite o diferimento do contraditório e da
Agravo de Instrumento nº 2221487-81.2018.8.26.0000
ampla defesa diante de determinadas situações, previstas em lei.A simplicidade da discussão é tamanha que esta breve fundamentação se mostra mais do que suficiente para o julgamento do recurso, dispensando-se lições de doutrina e citação de jurisprudência, observando-se apenas, em acréscimo, não caber o julgamento em decisão monocrática, como pediu a parte agravada, porquanto o recurso não ataca a aplicação da tese definida em recurso repetitivo, como exige o artigo 932, IV, b, do CPC, mas sim suposta nulidade por falta vício processual.
Eventuais embargos declaratórios serão julgados em sessão virtual, salvo se manifestada oposição na própria petição de interposição dos embargos, nos termos do art. 1º da Resolução n.º 549/2011 do Órgão Especial deste E. Tribunal de Justiça, entendendo-se o silêncio como concordância.
Ante o exposto, pelo presente voto, NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso. ALEXANDRE COELHO, Relator
Tutela Provisória
T21
23.Tutela Provisória - Complementos
Tutela Provisória em matéria recursal
Devemos ter presente que a tutela provisória não tem aplicabilidade apenas no procedimento em primeiro grau, mas é norma geral aplicável ao sistema processual, motivo pelo qual se torna irrecusável a sua utilização no âmbito recursal.
O CPC vigente apresenta várias hipóteses que passamos a considerar:
•
cabe ao relator apreciar pedido de tutela provisória em matéria recursal(CPC, 932, II)