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Oficinas de Escrita Concordancias 2012

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(1)

6 – Áreas críticas da construção frásica:

Concordâncias

Rita Veloso

Concordâncias



Por um lado, trata-se de um

fenómeno

morfossintáctico

, necessário para a

gramaticalidade (boa-formação) do discurso.



Por outro, trata-se de um

fenómeno

semântico

, necessário para manter a coesão

e a coerência textuais (nas chamadas

(2)

Concordância Morfossintáctica



Determinadas palavras ou conjuntos de palavras

entram em processos de concordância,

desencadeados por regras específicas da língua:

– Dentro de um grupo nominal, em português, os diversos

elementos (determinantes, adjectivos, pronomes posses-sivos) concordam em géneroe número

Asmeninassimpáticas Omeninoatrevido Masculino Feminino Singular Plural

Concordância Morfossintáctica

Numa

frase

, o verbo concorda com o sujeito em

pessoa

e

número

:

[Tu] cantaso fado. [Nós] cantamoso fado.

[O menino atrevido] canta o fado. [As meninas simpáticas] cantamo fado.

1.ª 2.ª 3.ª

Singular Plural

(3)

Em frases com verbos copulativos, o

predicativo do sujeito concorda em género e

número com o sujeito:

[Asmeninas] são simpáticas. [Omenino] é atrevido. ser estar parecer permanecer continuar ficar ir vir andar

Concordância Morfossintáctica

Em frases com verbos transitivos-predicativos,

o predicativo do complemento directo concorda

em género e número com o complemento directo:

O Pedro acha [asmeninas] simpáticas.

– … acha-assimpáticas

A Ana considera [omenino] atrevido.

… considera-oatrevido achar considerar tornar julgar …

(4)

Concordância Morfossintáctica

Em frases na

voz passiva

, o particípio verbal

concorda em género e número com o sujeito:

[Osbolos] foram comidospela Ana. [Asangria] foi bebidapelos alunos.

ser + particípio passado

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Diferentes factores podem “perturbar” a

aplicação das regras de concordância:

Concordância

lógica

(ou semântica), em vez de

formal (ou morfossintáctica)

Posição

dos elementos na frase (a ordem ou a

distância)

Estrutura complexa

do constituinte (presença de

(5)



Dentro do grupo nominal

Uma equipa de polícias inteligentes

Uma equipa de polícias inteligente

Uns rapazes e uma rapariga simpática

Uns rapazes e uma rapariga simpáticos

Há diferentes interpretações para cada uma das

expressões; ambas são válidas.

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

– Sujeitos plurais em posição pós-verbal

Simples

Não me passava pela cabeça [semelhantes disparates]! Não me passavampela cabeça [semelhantesdisparates]!

Coordenados

Chegou [o Pedro] e a Ana. Chegaram[o Pedro e a Ana].

Impressiona-me [o entusiasmo] e a dedicação deles. Impressionam-me [o entusiasmo e a dedicação deles].

(6)

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

Sujeitos coordenados em posição pré-verbal

coord. disjuntiva

O Pedro ou a Ana fazem isso. O Pedro ou a Ana faz isso.

coord. comitativa

O Pedro, com os seus colegas, organizaram a festa. O Pedro, com os seus colegas, organizou a festa. (O Pedro e os seus colegas organizaram a festa.)

Se “ou a Ana” estiver entre vírgulas, o verbo tem de

estar no singular

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

Sujeitos com estrutura complexa

A publicação destes decretos deram origem a contestação. A publicação destes decretos deu origem a contestação.

As consequências da doença no ser humano é

imprevisível.

As consequências da doença no ser humano são

(7)



Sujeito – Verbo

Concordância lógica com um nome colectivo

A gente vamos ao cinema. A gente vai ao cinema.

Concordância lógica com uma “quantidade”

Apanhámos vinte gatos vadios.

A maioria / a maior parte tinham coriza. A maioria / a maior parte tinha coriza.

A maioria dos gatos gostam de peixe. A maioria dos gatos gosta de peixe.

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

Concordância lógica com verbos copulativos

A maioria das flores são bonitas. A maioria das flores é bonita.

A maioria dos rapazes são muito simpáticos. A maioria dos rapazes é muito simpática.

As estruturas com concordância lógica têm entrado aos poucos na norma da língua, mas os mais puristas ainda não as aceitam. O mais simples é evitar esta construção…

A norma veta Soa-nos mal

A norma veta Soa-nos mal

(8)

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

– Identificação do sujeito de verbos copulativos

Os gatos são um animal elegantíssimo. Um animal elegantíssimo são os gatos. Os gatos são-no.

Um animal elegantíssimo é-o.

Mas, com sujeitos pronomes demonstrativos ou indefinidos, a concordância faz-se com o predicativo do sujeito

Aquilo são gatos. Gatos são aquilo.

Tudo são problemas.

---Sujeito: “os gatos”

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

Verbos impessoais (sem sujeito)

Haviam casas muito baratas naquela terra. Havia casas muito baratas naquela terra.

Tratam-se de questões graves que é urgente resolver. Trata-se de questões graves que é urgente resolver.

Depois da crise, começaram a haver muitos problemas. Depois da crise, começou a haver muitos problemas.

(9)



Sujeito – Verbo

Orações relativas

Os rapazes [que gostam da Ana] mal a conhecem. O rapaz [que gosta da Ana] mal a conhece.

Um grupo de polícias [que fez a ronda] está a dormir. Um grupo de polícias [que fizeram a ronda] está a

dormir.

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos



Sujeito – Verbo

– Orações relativas

Em construções com partitivos a maioria de / um de  A maioria das pessoas [que gosta da Ana] mal a conhece.  A maioria das pessoas [que gostam da Ana] mal a conhece.  Uma das pessoas [que gosta da Ana] mal a conhece.  Uma das pessoas [que gostam da Ana] mal a conhece.

Em construções com sujeito pronominal e verbo copulativo

 Eu sou uma pessoa [que gosto muito de brincar].  Eu sou uma pessoa [que gosta muito de brincar].

Também neste caso já muitas gramáticas descrevem e aceitam as frases a cor-de-rosa.

(10)

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos

– Estruturas de quantificação complexa N + de + N - contagem

Expressões que exprimem quantidades absolutasde objectos dezena, centena, milhar, milhão,…

 Uma dezena de estudantes faltou às aulas.  Uma dezena de estudantes faltaram às aulas.

Expressões que exprimem quantidades relativasde objectos metade, terço, parte, maioria

 Metade dos estudantes faltou às aulas.  Metade dos estudantes faltaram às aulas.

Apesar de o núcleo do grupo nominal ser o primeiro nome, actualmente, com nomes contáveis, aceitam-se os dois tipos de concordância, sobretudo em género, com verbos copulativos (mas atenção aos puristas!)

 A maioria / uma parte das pessoas estão insatisfeitas / está insatisfeita.  Um terço / metade das provas foramcorrigidasem Lisboa.

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos

– Estruturas de quantificação complexa N + de + N

Expressões que só referem colecções de objectos (sem as quantificarem) acompanhadas de outros nomes (agrupadores)

conjunto, colecção, grupo

 Este conjunto de quadros foi adquirido em Berlim.  Este conjunto de quadros foram adquiridos em Berlim.

Com este tipo de nomes, a concordância é sempre feita com o núcleo, isto é, o primeiro nome.

Expressões que exprimem porções de um objecto (fragmentadores) troço, parte, metade

 Uma parte do palácio foi restaurada. Uma parte do rebanho fugiu.  Uma parte do palácio foi restaurado. Uma parte do rebanho fugiram.  Um troço da estrada foi interrompido.

(11)

– Estruturas de quantificação complexa –

Percentagens – contagem ou medição

(Expressões que contêm o operador de percentagem seguido de nome)

 Dez por cento das empresas faliram.  Dez por cento das empresas faliu.

Ambas as expressões (o numeral e o nome) são plurais, por isso o verbo vai no plural.

Mas é com o nome e não com o operador de percentagem que há concordância, pois

se houver um verbo copulativo seguido de expressão adjectival, a concordância em género faz-se com o nome e não com o numeral:  Dois por cento das empresas estão falidas.

 Dois por cento das empresas estão falidos.

Concordância Morfossintáctica –

Casos Problemáticos

– Estruturas de quantificação complexa

-Percentagens

Quando o numeral é um, o elemento com que se faz a concordância oscila:

Um por cento das empresas faliram. Um por cento das empresas faliu.

A não ser que se trate de uma construção com verbo copulativo seguido de adjectivo, que ao forçar a concordância em género com o nome, obriga à concordância também em número.

Um por cento das habitações são clandestinas Um por cento das habitações é clandestino.

(12)

Síntese – N de N

Tipo do 1.º Elemento Exemplo Regra Nome pleno A destruição das

colheitas Concordância com o 1º N obrigatória N quantificador absoluto

(dezena, centena, milhar) (contagem absoluta)

Um milhão de alunos Concordância com o N quantificador preferencial N quantificador relativo

(metade, terço, parte, maioria) (contagem relativa)

Uma parte dos

estudantes Concordância com o N quantificador preferencial N agrupador

(colecção, conjunto, grupo) Uma colecção de selos Concordância com o 1º N obrigatória

Síntese – N de N

Tipo do 1.º Elemento Exemplo Regra N fragmentador

(troço, parte, porção, metade) (+N singular - medição)

Uma parte do palácio

Uma parte do rebanho Concordância com o 1º N obrigatória Operador de percentagem

(+N plural - contagem) Dez por cento dos portugueses Concordância com o 2.º N obrigatória (plural) (excepto um por cento)

Operador de percentagem (+N singular - medição)

Dez por cento do jardim Dez por cento do rebanho

Concordância com o 2.º N obrigatória (singular)

(13)

 Desta vez coube-nos em sorte três novelas de Mateus Maria Guadalupe (…) que conheceram a 1.ª edição em 1953.

O Jornal Ilustrado, 2/05/1989

 Desta vez couberam-nosem sorte três novelas de Mateus Maria Guadalupe (…) que conheceram a 1.ª edição em 1953.

 Veio-nos à memória as declarações prestadas num colóquio em que José Hermano Saraiva declarou “O Cartaxo já foi a capital política do

país”.

O Independente, 10/03/1989

 Vieram-nosà memória as declarações prestadas num colóquio em

que José Hermano Saraiva declarou “O Cartaxo já foi a capital política

do país”.

Excertos de jornais tirados de Áreas

Críticas da Língua Portuguesa

 Varreram-se as fronteiras entre países vizinhos e a Europa se vai unificando, depois de ter passado séculos a acutilarem-se uns aos outros os europeus (…).

Diário de Notícias, 28/12/1988  Varreram-se as fronteiras entre países vizinhos e a Europa vai-se unificando,

depois de terempassado séculos a acutilar-seuns aos outros os europeus (…).

 É um dos maiores ladrões de carros da actualidade. Nos últimos seis meses são da sua autoria o desaparecimento de 200 viaturas, uma das quais um carro-patrulha da polícia britânica.

Público, 09/02/1992  É um dos maiores ladrões de carros da actualidade. Nos últimos seis meses é

da sua autoria o desaparecimento de 200 viaturas, uma das quais um carro-patrulha da polícia britânica.

(14)

Excertos de jornais tirados de Áreas

Críticas da Língua Portuguesa

 (…) saber se é admissível (…) induzir o público a apreciar (…) um projecto que é fase integrante de um outro mais vasto, cujos efeitos sobre a vida desse mesmo público é completamente diferente.

Jornal Ilustrado, 19/10/1990

 (…) saber se é admissível (…) induzir o público a apreciar (…) um projecto que é parte integrante de um outro mais vasto, cujos efeitos sobre a vida desse mesmo público sãocompletamente diferentes.  O noivo, com um punhado de amigos, decidiram-se a resgatá-la.

O Jornal, 31/10/1986

 O noivo, com um punhado de amigos, decidiu-sea resgatá-la.

Excertos de jornais tirados de Áreas

Críticas da Língua Portuguesa

 (…) O texto, a cinco colunas, tem como subtítulo “o Papa João Paulo II voltou a Fátima a 13 de Maio” e é ilustrado com uma fotografia em que se vêem o Papa com a irmã Lúcia.

Público, 16/03/1992  (…) O texto, a cinco colunas, tem como subtítulo “o Papa João Paulo II voltou

a Fátima a 13 de Maio” e é ilustrado com uma fotografia em que se vêo Papa com a irmã Lúcia.

 Mas o facto é que a remodelação (e, em particular, as saídas de Beleza e de Cadilhe), se em parte contribuiu para tornar o Governo menos polémico, também o tornaram mais pobre – e isolaram a figura do primeiro-ministro.

Expresso, 30/06/1990  Mas o facto é que a remodelação (e, em particular, as saídas de Beleza e de

Cadilhe), se em parte contribuiu para tornar o Governo menos polémico, também o tornoumais pobre – e isoloua figura do primeiro-ministro.

(15)

 Quanto à deformação administrativa dos ministros, também

estou esclarecido: é a tradição e o sistema que a impõem. Jornal de Letras, 12/05/1986

 Quanto à deformação administrativa dos ministros, também

estou esclarecido: sãoa tradição e o sistema que a impõem.

 O casal que vivia no apartamento à frente do de Jeff

consideravam-no uma pessoa tímida e pacata.

Público, 30/07/1991

 O casal que vivia no apartamento à frente do de Jeff

considerava-ouma pessoa tímida e pacata.

Excertos de jornais tirados de Áreas

Críticas da Língua Portuguesa

 Grande parte das detenções efectuadas pela polícia de Nova

York relacionam-se com casos de droga.

Diário de Lisboa, 06/11/1990

 Grande parte das detenções efectuadas pela polícia de Nova

York relaciona-secom casos de droga.

 Com o terramoto de 1755, grande parte do Convento foi

destruído e submetido mais tarde a diversas obras de reconstrução (…).

Público, 13/10/1993

 Com o terramoto de 1755, grande parte do Convento foi

destruídae submetidamais tarde a diversas obras de reconstrução (…).

(16)

Excertos de jornais tirados de Áreas

Críticas da Língua Portuguesa

 Botelho Moniz foi um dos homens que tentou derrubar Salazar.

Diário Popular, 13/04/1989

 Botelho Moniz foi um dos homens que tentaramderrubar

Salazar.

 Novidades sobre o “caso Wallenberg”

Foi um dos casos que mais apaixonou a opinião pública ocidental no pós-guerra (…).

O Jornal, 01/09/1989

 Novidades sobre o “caso Wallenberg”

Foi um dos casos que mais apaixonarama opinião pública ocidental no pós-guerra (…).

Excertos de jornais tirados de Áreas

Críticas da Língua Portuguesa

 Até ao Renascimento, a cenoura, não tinha (...) senão uma raiz amarelada e coriácea (...)

e, nunca aparecia (...) entre os alimentos nobres, tendo sido melhorada a pouco e pouco as espécies cultivadas as mesmas começaram então a ser vendidas em mercados.

Diário de Notícias, 09/02/1991

 Até ao Renascimento, a cenoura, não tinha (...) senão uma raiz amarelada e coriácea (...)

e,nunca aparecia (...) entre os alimentos nobres,. Tendo sido melhoradasa pouco e pouco as espécies cultivadas,as mesmas começaram então a ser vendidas em mercados.

 As declarações do ministro das Finanças britânico pôs termo a uma semana de

especulações provocadas pela iminência do encontro de Roma e fazem depender claramente a adesão da libra [ao Sistema Monetário Europeu] de uma baixa da inflação

britânica. Diário de Notícias, 08/09/1990

 As declarações do ministro das Finanças britânico puseramtermo a uma semana de

especulações provocadas pela iminência do encontro de Roma e fazem depender claramente a adesão da libra [ao Sistema Monetário Europeu] de uma baixa da inflação britânica.

(17)



Peres & Móia (1995) Áreas Críticas da

Língua Portuguesa, Lisboa, Ed. Caminho,

Referências

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