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Biblioteca Digital do IPG: Evidências da Certificação da Qualidade nas Autarquias Portuguesas

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Academic year: 2021

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20TH APDR CONGRESS

 

‘Renaissance of the Regions of Southern Europe’ 

 

The  20th  APDR  Congress  has  the  main  theme  of  Renaissance  of  the  Regions  of  Southern  Europe.  In  the  recent years, the southern Europe countries experienced, particularly aggravated, the economic crisis that  affected  much  of  the  western  world.  This  crisis  has  thus  helped  to  exacerbate  the  existing  inequalities  between  the  North  and  South  of  Europe.  After  several  decades  away  from  levels  of  development  and  economic  growth  recorded  elsewhere  and  the  considerable  efforts  in  terms  of  regional  development  policies, the southern regions of Europe need to find your way. Thus, this Congress will seek to answer the  following questions: What  conditions are necessary for the economic revival of southern  Europe? What is  wrong in regional development policies pursued so far? How can countries of southern Europe to improve  their  levels  of  development?  The  boundary  between  Europe  and  the  Mediterranean  is  a  threat  or  an  opportunity? How can Southern Europe take advantage of the connection to the South Atlantic?  The 2014 APDR Congress will work through plenary sessions, conferences and round tables, workshops and  parallel sessions.  Parallel sessions will include: i) abstracts submitted to Regular Sessions (RS), proposed by  the organization; and ii) abstracts submitted to Special Sessions (SS), proposed by participants and discussion  topics included in workshops proposed by the participants.    We wish you a good Conference!    Maria Conceição Rego (Local organizer Chair) and Tomaz Dentinho (APDR Chair)     

Organization 

                                   

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Committees 

 

Scientific Committee 

Francisco Carballo‐Cruz (U Minho)  Gertrudes Guerreiro (U Évora)  Isabel Mota (U Porto)  Isabel Ramos (U Évora)   José Cadima Ribeiro (U Minho)  José Pedro Pontes (UTL)  José R. Pires Manso (U Beira Interior)  José Silva Costa (U Porto)  Leonor Silva Carvalho (APDEA/ U Évora)  Lina Jan (CCDRA)  Luísa Carvalho (IP Setúbal)  Marcos Olímpio Santos (U Évora)  Maria da Conceição Rego (U Évora)  Maria Manuel Serrano (U Évora)  Miguel Márquez Paniagua (AECR/U Extremadura)  Paula Cristina Remoaldo (U Minho)  Paulo Neto (U Évora)  Pedro Nogueira Ramos (U Coimbra)  Regina Salvador (UNL)  Rui Nuno Baleiras (U Minho)  Sandra Saúde (IP Beja)  Saudade Baltazar (U Évora)  Tomaz Ponce Dentinho (U Açores) 

Organizing Committee 

Ângela Pacheco (CEFAGE‐UE)  Conceição Rego (UE) – Local Chair  Elisabete Martins (APDR)  Gertrudes Guerreiro (UE)   Isabel Ramos (UE)  Leonor Silva Carvalho (UE)  Lina Jan (CCDRA)  Marcos Olímpio Santos (UE)  Maria Manuel Serrano (UE)  Paulo Neto (UE)  Saudade Baltazar (UE)  Tomaz Dentinho (UAC/APDR)                         

Conference Sponsors 

           

   

                  

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[1080]  EVIDÊNCIAS  DA  CERTIFICAÇÃO  DA  QUALIDADE  NAS  AUTARQUIAS 

PORTUGUESAS 

Helena Saraiva 1, Vítor Gabriel 2 

1 helenasaraiva@ipg.pt, Instituto Politécnico da Guarda, Unidade para o Desenvolvimento do Interior*,  Portugal.  2 vigab@ipg.pt, Instituto Politécnico da Guarda, Unidade para o Desenvolvimento do Interior*, Portugal.  * PEst‐OE/EGE/UI4056/2014 – projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) 

RESUMO.  Na  última  década  produziu‐se  uma  das  maiores  mudanças  da  história  da  Administração  Pública 

(AP)  portuguesa.  Este  processo  de  mudança  ancorou‐se  no  conceito  da  modernização  administrativa,  envolvendo novas orientações organizativas, novos valores institucionais e novas formas de prestação dos  serviços  públicos,  com  recurso  a  metodologias  de  gestão,  inicialmente  oriundas  do  setor  privado  da  economia.  As  iniciativas  de  modernização  relacionam‐se  com  objetivos  de  simplificação,  eficiência  e  transparência,  no  sentido  de  prestar  melhores  serviços  aos  cidadãos‐clientes.  Estes  objetivos  podem  ser  consubstanciadas através de abordagens de Gestão da Qualidade, conceito este centrado na focalização nas  necessidades do cliente, no envolvimento e empowerment das equipas e na filosofia da melhoria contínua.  Assim, a Gestão da Qualidade tem sido uma preocupação recorrente dos Governos e a implementação de  sistemas  deste  género  tem  vindo  a  ser  encarada  como  um  processo  de  promover  a  inovação  e  a  modernização na AP. O presente paper efetua uma análise da evolução em Portugal de uma das formas de  implementar um sistema de Gestão da Qualidade: o processo de certificação. A análise abrange um período  de  dez  anos,  apreciando‐se  a  evolução  da  situação  correspondente  à  certificação  nas  Câmaras  Municipais  através  da  diferença  de  proporções  médias.  A  questão  de  investigação  relaciona‐se  com  a  perceção  da  existência  de  diferenças  de  empenhamento  no  processo  de  certificação  por  parte  das  autarquias  portuguesas,  quer  a  nível  geográfico,  quer  a  nível  da  densidade  populacional.  De  entre  os  resultados  principais  da  análise  efetuada  destacam‐se  as  fortes  assimetrias  regionais,  assim  como  o  relacionamento  entre a dimensão das autarquias e o processo de certificação.  

Palavras‐chave: autarquias, administração pública, gestão da qualidade, modernização. 

 

EVIDENCES ON QUALITY CERTIFICATION IN THE PORTUGUESE MUNICIPALITIES 

ABSTRACT.  The  last  decade  has  produced  one  of  the  biggest  changes  in  the  history  of  Portuguese  Public 

Administration (PA). This process of change was anchored on the concept of administrative modernization,  involving new organizational guidelines, new values and new institutional ways of providing public service,  currently  using  management  methods  originally  derived  from  the  private  sector  of  the  economy.  Modernization initiatives relate the aims of simplicity, efficiency and transparency to provide better services  to citizens‐clients. These goals can be attained through approaches of Total Quality Management, a concept  focused  on  customer’s  needs,  the  involvement  and  empowerment  of  teams  and  the  philosophy  of  continuous improvement. Thus, many times Quality Management has been a concern to governments, and  the implementation of this kind of systems is seen as a process to promote innovation and modernization in  PA.  This  paper  conducts  an  analysis  of  the  developments  held  in  Portugal  on  the  Quality  Management  System implementation: the certification process. The analysis covers a period of ten years, appreciating the  evolution  of  the  situation  in  Municipalities  using  the  difference  of  average  proportions.  The  research  question  relates  to  the  perception  of  differences  in  the  commitment  to  the  process  by  the  Portuguese  authorities,  either  geographically  or  in  terms  of  population  density.  From  among  the  key  results  of  the  undertaken  review  stands  out  the  heavy  regional  asymmetries,  as  well  as  the  relationship  between  the  dimension of local authorities and certification process.  Keywords: modernization, municipalities, public administration, quality management.    1. Introdução   As diversas entidades que integram a administração pública enfrentam na atualidade inúmeros desafios no  tocante quer à modernização do seu sistema de gestão, quer à comunicação dos resultados obtidos, e sua  posterior  transmissão  aos  seus  utentes,  enquanto  utilizadores  dos  serviços  por  elas  prestados  ou,  numa  aceção mais recente, aos seus clientes.  

Os stakeholders – no caso os utentes/clientes, famílias, beneficiários, empresas e o próprio Estado ‐ são cada  vez  mais  conhecedores  e  exigentes  no  que  concerne  à  qualidade dos  serviços,  à  rapidez  na  resolução  dos  seus  problemas  e  aos  custos  dessas  soluções.  Este  facto  parece  incentivar  a  evolução  da  tendência  de  encarar os utilizadores dos serviços prestados pelas referidas entidades como clientes na verdadeira aceção  da palavra. 

Assim, poderemos considerar que alguns dos objetivos das organizações públicas são muito semelhantes aos  das  organizações  privadas  ‐  passando  por  melhorar  e  desenvolver  os  seus  processos  internos,  conferindo 

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  mais competências aos seus colaboradores, envolvendo‐os numa cultura de participação ativa, tendo como  finalidade  a  criação  de  mais  valor  para  os  clientes,  o  que  finalmente  se  traduzirá  em  melhores  resultados  para  a  organização.  Para  prosseguir  estes  objetivos  gerais,  as  políticas  globais  de  modernização  administrativa,  encetadas  no  seio  da  União  Europeia  (UE),  passam,  entre  outras  soluções,  por  indicar  os  referenciais  de  Gestão  da  Qualidade  como  ferramentas  de  introdução  de  modernização  e  inovação  nas  práticas de gestão da AP.  

De  entre  os  vários  referenciais  existentes  no  âmbito  da  Gestão  da  Qualidade,  no  caso  específico  da  AP,  assumem  especial  relevância  os  sistemas  de  certificação  da  qualidade  e  a  Estrutura  Comum  de  Avaliação,  vulgarmente designada por Common Assesment Framework (CAF). De entre os dois modelos, o segundo é de  mais  difícil  identificação,  em  termos  de  investigação,  por  corresponder  a  uma  ferramenta  de  utilização  interna e sem a vertente de comunicação externa inerente aos sistemas de certificação da qualidade. Assim,  a  escolha  inerente  ao  referencial  a  estudar  foi  consequência  natural  das  caraterísticas  de  cada  um  deles,  recaindo  a  escolha  sobre  o  referencial  que  assume  obrigatoriedade  de  comunicação  ao  exterior  da  organização  que  o  implementa  –  neste  caso  através  da  via  da  certificação  de  sistemas  de  gestão  da  qualidade. 

Por outro lado, o cenário atual em que as entidades da AP atuam, enquadrado na corrente dominante da  Nova Gestão Pública, como modelo de gestão, agravado agora pelas condições de ajustamento orçamental  decorrente dos elevados déficits públicos, é difícil de ser corretamente definido. Assim, o primeiro ponto do  presente  paper  será  dedicado  à  apresentação,  de  uma  forma  muito  breve,  da  evolução  da  gestão  da  administração pública e respetiva modernização. 

Em  seguida,  será  apresentada  uma  breve  evolução  da  adopção  dos  sistemas  de  gestão  da  qualidade  por  parte das entidades da AP, no ponto dois do trabalho desenvolvido. 

No  terceiro  ponto  será  apresentada  a  análise  efetuada  sobre  a  evolução  da  situação  em  Portugal,  relativamente  ao  número  de  autarquias  certificadas,  em  termos  de  adoção  de  sistemas  de  Gestão  da  Qualidade.  Finalmente, serão apresentadas as conclusões da análise efetuada.    2. EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA  A denominação Nova Gestão Pública ou New Public Management designa, sobretudo, os esforços levados a  cabo nas últimas décadas do século XX, para modernizar e reformar o modelo de gestão pública, vigente até  essa altura, consubstanciado no Welfare State (Hood, 1991).   Durante o século XX, o referido Welfare State, imperou na Europa desde a crise  de 1929 até à década de  oitenta,  altura  em  que  Margaret  Thatcher,  argumentando  que  o  Estado  tinha  deixado  de  ter  condições  económicas  para  sustentar  esse  status  quo,  efetua  uma  reforma  na  AP  do  reino  unido,  abrindo  assim  caminho  à  corrente  mais  liberal,  defensora  da  livre  atuação  do  mercado  devidamente  regulado  e  da  livre  iniciativa  da  sociedade  e  dos  cidadãos.  As  medidas  implementadas  por  Margaret  Thatcher,  aliadas  à  crescente dificuldade que os Estados enfrentam para suportar os custos do estado providência, têm servido  de  argumento  para  que,  nas  últimas  décadas,  em  diversos  países,  se  tenha  implementado  o  esforço  de  reduzir  o  peso  do  estado  na  economia,  dando  maior  liberdade  à  atuação  do  mercado  e  dos  próprios  cidadãos, esperando simultaneamente que essa atuação fortaleça a economia e consequentemente produza  maior riqueza para o próprio Estado.  No que concerne à modernização e à inovação, a mudança da gestão pública parece ter lugar de destaque,  uma vez que a sua execução tem assumido impacto direto no bem‐estar dos cidadãos, assim como ao nível  dos custos de funcionamento da própria ação pública.   À luz das novas formas de gestão pública, em países considerados extremamente inovadores como é o caso  da Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e Canadá, destaca‐se o fato de que estes tornaram estratégico o tema  da gestão na área da administração pública, inspirados pelos resultados e inovação no contexto do sistema  económico. Reconheceram também que a gestão pública envolve não só mudar estruturas e sistemas, mas,  principalmente, mudar as práticas. Redefiniram a articulação entre Estado e sociedade.  

A  Nova  Gestão  Pública,  como  modelo,  assume‐se  como  resposta  à  administração  pública  tradicional,  baseada  na  noção  de  burocracia,  definida  por  Max  Weber.  Este  novo  modelo  envereda  por  uma  via  mais  ativa, em torno da eficiência da administração pública. 

O referido modelo é entendido, de uma forma geral, por um conjunto de práticas que se fundamentam na  crença de que uma melhor gestão é a solução eficaz para um vasto conjunto de temas económicos e sociais  (Pollitt,  1993).  Segundo  este  autor,  a  referida  crença  parte  do  pressuposto  que  a  obtenção  do  progresso  social se relaciona com a obtenção de aumentos de produtividade continuados, recorrendo à aplicação de  tecnologias  de  informação  e  comunicação;  por  outro  lado,  a  utilização  e  exploração  destas  tecnologias  implicam  que  a  força  de  trabalho  tenha  ou  obtenha  as  necessárias  competências  e  que  a  gestão  seja 

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encarada  como  uma  função  separada  e  distinta  das  demais  dentro  das  organizações,  dando  assim  lugar  a  uma  gestão  profissional  e  essencialmente  realizada,  através  de  delegação  de  desempenho  e  do  correspondente aumento de responsabilidade, por parte dos gestores e/ou responsáveis dos serviços.  Guimarães  (2000)  assume  a  Nova  Gestão  Pública  como  a  abordagem  da  competência  e  sugere  que  os  pressupostos  estão  presentes  em  dois  vetores  essenciais:  a  prestação  de  serviços  públicos  teria  como  elementos  base  a  qualidade,  a  eficiência  e  a  efetividade;  as  organizações  públicas  devem  passar  por  um  processo  de  racionalização  organizacional,  que  implica  a  adoção  de  novos  processos  de  gestão  e  de  organização  e  divisão  do  trabalho,  com  base  em  alianças  e  parcerias  entre  diferentes  organizações,  na  organização matricial, em rede, por projeto e por processo, dando lugar a um modelo de gestão baseado na  flexibilidade, em lugar de se fundamentar na hierarquia.   

De  acordo  com  Warrington  (1997),  os  fundamentos  da  Nova  Gestão  Pública  consistem  na  melhoria  do  desempenho, no aumento da eficiência, no combate à corrupção, na orientação para as necessidades dos  cidadãos, na abertura à sociedade, na adoção de uma imagem mais transparente e idónea, na identificação  e definição de competências e responsabilidades e na gestão eficiente dos recursos. 

Em  termos  de  inovação  nos  processos  de  gestão,  este  modelo  baseia‐se  na  utilização  de  ferramentas  de  gestão,  provenientes  da  área  das  entidades  privadas  e  do  setor  lucrativo,  assim  como  na  adoção  de  mecanismos de mercado, para solucionar os problemas de eficiência da gestão pública. Diversos autores ‐  Hood  (1991),  Pollitt  (1993)  e  Denhardt  e  Denhardt  (2003)  ‐  referem  a  este  nível  a  introdução  de  novas  práticas  de  gestão,  no  sentido  de  promover  a  necessária  mudança  nos  sistemas  de  gestão,  tais  como:  a  clarificação e individualização das competências do gestor público, libertando a gestão pública das questões  de confiança política e substituindo‐a por uma gestão profissional; a introdução de medidas de avaliação de  desempenho,  com  a  consequente  clarificação  da  missão  dos  agentes  da  administração  pública;  a  maior  enfâse na qualidade dos serviços prestados, passando a encarar‐se o cidadão como cliente, promovendo‐se  a  competição,  para  promover  a  eficiência,  assim  como  a  responsabilização  e  o  empowerment  dos  responsáveis e colaboradores, entre outras. 

Com efeito, de acordo com a revisão de  literatura efetuada, os estudos organizacionais revelam que foi  o  setor  privado  que  mais  cedo  despertou  para  a  importância  estratégica  da  inovação;  o  setor  público  administrativo teve de esperar pelas correntes teóricas acima identificadas, sendo aparente a contração do  Estado perante a expansão dos mercados (Júnior et al., 2013). 

No  entanto,  na  literatura  são  apontados  também  pareceres  antagónicos  a  esta  corrente  aparentemente  dominante:  para  Pollitt  (1993)  existem  fatores  incontornáveis  de  diferenciação  entre  os  setores  público  e  privado,  que  condicionam  a  aplicação  de  conceitos  e  técnicas  oriundas  do  setor  privado  ao  setor  público,  nomeadamente a questão da responsabilidade perante os representantes eleitos; a existência de objetivos e  prioridades múltiplos e frequentemente conflituantes entre si; a ausência ou escassez de organizações em  competição. Segundo o mesmo autor, estes fatores, entre outros, chegam a comprometer e a desvirtuar a  aplicação das técnicas e métodos de gestão provenientes do setor privado.   

No  entanto,  algumas  das  principais  tendências  verificadas  em  termos  do  funcionamento  da  atual  AP,  tais  como as iniciativas de avaliação do desempenho e as de inovações, inserem‐se num movimento mais amplo  de mudança. De acordo com Moon e DeLeon (2001), a importância da inovação no setor público tem sido  globalmente  reconhecida  quer  no  contexto  europeu,  quer  no  contexto  americano,  sendo  que  as  organizações  podem  percorrer  a  senda  da  inovação  por  meio  de  implementação,  adoção  e  utilização  de  novas práticas de gestão, a serem percebidas pelas partes interessadas da prestação do serviço. Modelos e  metodologias  de  avaliação  do  desempenho  organizacional  no  setor  público  fazem  parte,  portanto,  dos  esforços  de  institucionalização  da  Nova  Gestão  Pública.  Gore  (1996)  associa  esta  corrente,  no  sentido  em  que foi desenvolvida nos EUA, à governação empreendedora da administração pública, a qual apresenta um  novo contrato de funcionamento do serviço público e pretende alterar as rotinas da burocracia na direção  da concretização de resultados prosseguidos: uma Gestão Pública que funcione melhor, a um custo menor e  com capacidade de responder aos problemas. 

Ainda  segundo  Bevir  e  Rhodes  (2006),  as  reformas  inovadoras  na  administração  pública  passam  pela  promoção  da  transparência  e  responsabilização,  da  capacitação  e  descentralização,  da  globalização,  da  definição  de  hierarquias  adequadas  e  de  uma  cidadania  ativa,  da  promoção  de  políticas  baseadas  em  evidências  e  da  adequada  implementação,  pela  promoção  do  pluralismo  e  de  um  Estado  mínimo,  pela  gestão de tipo empresarial, boa governação e pela consolidação de redes auto‐organizadas. 

Hamel (2007) refere que a inovação organizacional significa uma alteração substancial da forma de executar  o trabalho da gestão, ou que modifica, significativamente, formas organizacionais de estrutura e função, de  modo a melhorar o desempenho da organização. 

Também  Choi  e  Chang  (2009)  apontam  como  fatores  determinantes  da  inovação  o  apoio  à  gestão,  a  disponibilidade de recursos e o apoio para a aprendizagem organizacional.  

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Neste  contexto  –  tendo  em  conta  as  mudanças  preconizadas  pela  Nova  Gestão  Pública  –  apresentam‐se  reunidas  as  condições  para  que  a  utilização  de  sistemas  de  gestão,  tais  como  aqueles  que  reúnem  as  caraterísticas dos sistemas de gestão da qualidade, apareça como solução natural para a inovação necessária  nas entidades da Administração Pública.  

 

3. A GESTÃO DA QUALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 

Na senda do contexto analisado no ponto anterior, surgem como solução, para o problema da introdução e  da  promoção  de  práticas  de  gestão  de  índole  profissional  na  AP,  os  sistemas  de  gestão  da  qualidade.  A  inovação pressupõe a ambição da implementação de modelos de organizações de aprendizagem, da aposta  em processos de melhoria contínua, ancorando‐se na ideia da organização inteligente. A base estabelecida,  em termos gerais, é a de que as organizações que se preocupam em acompanhar e medir o desempenho  são,  em  princípio,  orientadas  para  a  inovação.  Logo,  os  modelos  de  gestão  dessas  organizações  poderiam  fornecer indicadores de orientação para inovação, que poderiam ser válidos para organizações semelhantes  (Júnior et al., 2013). Este parece ser o modelo preconizado e colocado em prática nos países da UE.  Segundo Matas (2009), os cidadãos valorizam de forma positiva a gestão privada, associando‐a à eficiência e  eficácia, em contraponto à gestão pública, por eles vinculada à ineficácia e à ineficiência – neste sentido os  cidadãos/utentes valorizam de forma positiva as estratégias das organizações da administração pública, que  coincidam com práticas de caráter empresarial: estratégias de qualidade, de eficiência, tal como a aplicação  das ISO, entre outras.  

Apostar  na  qualidade,  significa  enveredar  por  uma  política  de  eliminação  de  erros,  disfunções  e  irracionalidades,  que  viabiliza  maior  satisfação  dos  clientes  internos  e  externos  da  organização,  assente  numa utilização mais racional dos recursos. Permite ainda respostas mais rápidas e eficientes às solicitações  dos cidadãos‐clientes, de modo a agilizar processos, facilitar o acesso aos mesmos e proporcionar aumento  dos padrões de satisfação. No panorama da administração pública, a administração local regista uma maior  proximidade  entre  eleitos  e  administrados,  pelo  que  as  iniciativas  levadas  a  cabo  nas  organizações  autárquicas assumem um elevado impacto nos cidadãos e, por outro lado, também chegará mais facilmente  a  estas  instituições  o  feedback  e  as  contribuições  ao  nível  da  participação  na  cidadania,  por  parte  dos  cidadãos. 

Ainda segundo Matas (2009), a administração local, e mais concretamente os municípios, têm optado por  modificar  os  parâmetros  organizacionais  burocráticos  por  modelos  de  gestão  de  carácter  empresarial.  Exemplos desta transformação são, entre outros, a adoção de algumas estratégias de gestão oriundas das  empresas, tais como a qualidade, a utilização das ISO’s, a reengenharia, a utilização de quadros de controlo  de gestão, etc.  Depois de um período introdutório das questões relacionadas com a Gestão da Qualidade na administração  pública, verificou‐se em Portugal, durante a década de noventa, o início de uma fase que se prolonga até à  atualidade, em que a qualidade se foi sucessivamente difundindo entre as entidades da AP. É neste contexto  que é criado o Sistema de Qualidade em Serviços Públicos (SQSP), com a entrada em vigor do Decreto‐Lei n.º  166‐A/99, de 13 de maio, com o fim de promover o desenvolvimento da qualidade em serviços públicos. No  mesmo ano, foi também publicado o Decreto‐Lei n.º 135/99, de 22 de abril, que veio estabelecer medidas  de modernização administrativa.  Com a instituição do Sistema de Qualidade em Serviços Públicos, pelo referido Decreto‐lei n.º 166‐A/99, o  conceito  de  qualidade  passa  a  ser  definido,  no  seu  art.º  3º,  como  “uma  filosofia  de  gestão,  que  permite  alcançar  uma  maior  eficácia  e  eficiência  dos  serviços,  a  desburocratização  e  simplificação  de  processos  e  procedimentos  e  a  satisfação  das  necessidades  explícitas  e  implícitas  do  cidadão”,  evidenciando‐se,  em  nosso  entender  a  perspetiva  das  necessidades  do  cidadão‐cliente  e  o  recurso  a  sistemas  de  gestão,  que  permitam satisfazer essas necessidades, da forma mais racional possível. 

Segundo  Patrícia  Sá  (2002),  são  de  evidenciar  algumas  observações  nas  autarquias  que  implementaram  sistemas  de  gestão  da  qualidade,  designadamente  a  existência  de  forte  consciência  da  importância  da  adoção da gestão da qualidade; o facto das iniciativas, à data, serem relativamente recentes, baseando‐se  essencialmente  na  utilização  das  Cartas  da  Qualidade  e  formas  simples  de  melhoria  dos  serviços,  designadamente  boas  práticas  de  modernização  administrativa;  o  facto  de  o  Decreto‐lei  n.º  166‐A/99  ter  assumido  um  papel  importante,  despoletando  iniciativas  no  domínio  da  qualidade  ‐  no  entanto  a  sua  não  regulamentação levou a recorrer à certificação com base nas normas ISO; só posteriormente, ganhou relevo  a autoavaliação com base no EFQM, na versão da CAF (Common Assesment Framework); de uma maneira  geral,  os  processos  da  Qualidade  reportavam‐se  apenas  a  uma  área  dos  municípios,  pois  sendo  as  organizações  multifacetadas  e  desenvolvendo  grande  variedade  de  funções,  torna‐se  mais  difícil  a  implementação generalizada. 

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A  partir  de  2002,  a  Direção‐Geral  da  Administração  Pública  (DGAP),  enquanto  serviço  responsável  pela  promoção  da  inovação  e  da  qualidade  na  administração  pública,  desenvolveu  um  conjunto  de  iniciativas,  entre  as  quais  se  destaca  a  utilização  da  CAF,  para  apoiar  as  organizações  públicas  da  União  Europeia,  na  compreensão das técnicas de gestão da qualidade, de modo a melhorarem o respetivo desempenho. Só a  partir  desta  altura,  aparecem,  em  pé  de  igualdade,  os  dois  grandes  referenciais  ao  nível  dos  sistemas  de  Gestão da Qualidade na AP: a CAF e a ISO 9001, nas suas sucessivas versões. Aqui assumimos a expressão  igualdade em termos de facilidade de implementação nas entidades autárquicas, pois sendo o processo de  certificação  pela  ISO  apoiado  por  entidades  externas  especializadas,  apesar  de  ter  custos  significativos,  é  mais  facilmente  utilizável  que  o  sistema  CAF  –  isto  apesar  de  ao  longo  do  tempo  a  DGAEP  ter  vindo  a  disponibilizar diversos materiais e ferramentas de apoio à implementação deste último. 

Mais tarde, a Resolução do Conselho de Ministros nº 95/2003, de 30 de julho, determina a necessidade de  se definirem objetivos no seio da AP, com o intuito de se elencarem as prioridades políticas, atendendo aos  seus  impactos  na  produtividade,  na  competitividade,  na  sustentabilidade  das  finanças  públicas  e  na  qualidade do serviço prestado. 

É  neste  contexto,  atendendo  às  especificidades  da  Administração  Local,  que  surge  o  Concurso  de  Boas  Práticas de Modernização Administrativa Autárquica, criado através do Despacho n.º 6480/2004, de 31 de  dezembro,  como  forma  de  estimular  as  autarquias  e  suas  associações  a  desenvolverem  projectos  de  modernização  autárquica,  de  premiar  as  boas  práticas  e  de  promover  a  qualidade,  a  excelência  e  a  exemplaridade na Administração Local Autárquica.  

Posteriormente,  o  Decreto‐lei  n.º  116/2007,  de  27  de  abril,  instituiu  a  Agência  para  a  Modernização  Administrativa,  com  a  missão  de  identificar,  desenvolver  e  avaliar  programas,  projetos  e  ações  de  modernização e de simplificação administrativa e, ainda, promover, coordenar, gerir e avaliar o sistema de  distribuição de serviços públicos. 

De acordo com Rocha (2006), apesar das dificuldades inerentes à transposição dos sistemas da Gestão da  Qualidade para a AP, a adoção deste tipo de políticas no serviço público trouxe vantagens, nomeadamente  ao nível da enfatização do papel do cliente. Este passou a ser mais ativo na reivindicação dos seus direitos e  na  exigência  da  melhoria  da  qualidade  da  prestação  do  serviço  público,  forçando  à  mudança  de  comportamentos há muito institucionalizados. 

A  abordagem  da  Qualidade  tem  contributos  específicos  para  o  setor  público,  nomeadamente  no  que  diz  respeito à clarificação e reforço das preocupações com as caraterísticas dos produtos e serviços, ao reforço  do conhecimento e adequação das respostas às necessidades e expetativas dos destinatários, à fixação de  objetivos  da  qualidade,  integrados  nos  objetivos  gerais  de  gestão,  à  identificação  das  causas  internas  e  externas impeditivas de uma melhor qualidade e rentabilização de meios. Neste contexto, a Qualidade tem  vindo a consolidar‐se no seio da gestão pública, sendo já reconhecido o valor que ela pode acrescentar à sua  atuação. 

Assim, partindo da constatação da existência dos dois referenciais abordados e usados na AP Portuguesa, irá  ser  analisada,  no  próximo  ponto  deste  paper,  a  evolução  verificada  ao  longo  da  última  década,  relativamente  à  adoção  pelas  entidades  autárquicas  nacionais  de  um  dos  tipos  de  referencial  –  mais  concretamente  a  certificação  pela  norma  ISO  9001,  nas  suas  sucessivas  versões,  em  vigor  desde  2000,  nomeadamente as versões 2000, 2008 e 2011. 

A  implementação  de  sistemas  de  gestão  da  qualidade,  em  linha  com  a  norma  ISO  9001,  constitui  um  processo  voluntário,  assente  em  motivações  e  objetivos  específicos  de  cada  entidade.  Em  Portugal,  a  certificação  de  entidades  autárquicas  locais  teve  início  em  2003,  com  a  certificação  de  serviços  dos  municípios de Pombal e de Oliveira de Azeméis (Sá e Sintra, 2008), duas entidades integradas nas NUTS III do  Pinhal Interior e do Entre Douro e Vouga, as quais, sendo pioneiras, foram seguidas por diversas entidades,  ao longo do período que medeia entre essa data e a atualidade. 

Com  o  objetivo  de  analisar  a  certificação  da  Qualidade  nas  autarquias  portuguesas,  foi  desenvolvida  uma  análise empírica, cujos resultados são apresentados no próximo ponto. 

  

4. ANÁLISE EFETUADA  4.1 Dados e metodologia 

Os dados utilizados foram extraídos do Guia de Empresas Certificadas (GEC), que conta com a colaboração  das  várias  entidades  portuguesas  ligadas  à  temática  da  certificação,  tendo  sido  consideradas  edições  que  cobrem o período compreendido entre 2005 e 2013. No ano de 2010 não foi efetuada a edição do GEC, pelo  que  no  ano  seguinte  a  informação  é  relativa  ao  biénio  2010‐2011,  não  se  revelando  possível  a  individualização por cada um dos anos. 

Com  o  objetivo  de  estudar  o  empenhamento  das  autarquias  locais  e  identificar  a  existência  de  comportamentos heterogéneos entre estas, na adoção de processos de certificação da qualidade, quer em 

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termos  de  dimensão,  quer  em  termos  de  localização  territorial,  analisa‐se  a  evolução  da  proporção  de  autarquias  envolvidas  em  processos  de  certificação  e  aplica‐se  o  teste  da  igualdade  de  proporções.  Considerou‐se uma base territorial progressivamente mais desagregada, começando a abordagem empírica  pela diferenciação dos Municípios, em função da densidade populacional, para de seguida o fazer através da  nomenclatura das unidades territoriais para fins estatísticos (NUTS II e NUTS III). 

 

4.2 Resultados empíricos 

Para  analisar  a  evolução  da  proporção  de  Câmaras  Municipais  envolvidas  em  processo  de  certificação  da  qualidade, foi construída a Figura 1, tendo em consideração o critério da densidade populacional, definido a  partir do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), de acordo com o qual um Município de elevada  densidade  populacional  tem  50  ou  mais  habitantes  por  Km2;  o  inverso  aplica‐se  para  a  baixa  densidade.  Todos  os  dados  utilizados  nas  análises  efetuadas  e  a  seguir  apresentadas  foram  recolhidos  nos  relatórios  GEC,  relativamente  aos  temas  da  certificação,  e  nas  estatísticas  do  INE  (2013),  no  caso  da  densidade  populacional.  0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 2005 2006 2007 2008 2009 2010-2011 2012 2013 Elevada Densidade Baixa Densidade

 

Figura 1: Evolução da proporção de Municípios com certificação versus densidade populacional  Fonte: Elaboração própria. 

 

Os  resultados  mostrados  na  Figura  1  permitem  concluir  que  os  Municípios  caraterizados  por  elevada  densidade  populacional  são,  claramente,  mais  sensíveis  à  temática  da  certificação  da  qualidade.  As  percentagens  que  traduzem  essa  superioridade  aumentaram  ao  longo  do  período  analisado,  correspondendo  a  praticamente  o  dobro  das  apresentadas  pelos  Municípios  da  outra  categoria,  em  praticamente todo o intervalo de tempo considerado na análise.  

Relativamente aos Municípios de baixa densidade populacional, embora as proporções tenham descrito uma  tendência  positiva  até  2009,  a  partir  daqui  iniciaram  um  movimento  contrário,  para  aumentarem  ligeiramente  no  último  ano  analisado.  Esta  situação  poderá,  porventura,  encontrar  fundamentação  no  contexto  nacional  e  local,  financeiramente  mais  exigente  para  as  autarquias,  o  que  terá  contribuído  para  secundarizar a certificação da qualidade face a outras opções políticas.  

De  modo  a  comparar,  estatisticamente,  as  duas  categorias  de  Municípios,  foi  construído  o  Quadro  1,  que  resume os resultados dos testes à igualdade de proporções, em cada um dos anos analisados.     Quadro 1: Testes à igualdade de proporções (densidade populacional)    2005  2006  2007  2008  2009  2010‐  2011  2012  2013  Elevada Densidade  1,348  1,622  2,153  2,626  2,900  4,087  4,444  4,102  Baixa ou    Muito Baixa Densidade  (0,178)  (0,105)  (0,031)**  (0,009)***  (0,004)***  (0,000)***  (0,000)***  (0,000)***  Notas: Este quadro apresenta os resultados da estatística do teste de proporções e do respetivo p‐value (entre parêntesis), para os níveis de  significância de 5%** e de 1%***.  Fonte: Elaboração própria.   

Se  a  comparação  dos  valores  das  percentagens,  das  duas  categorias  de  Municípios,  evidenciou  a  superioridade  relativa  das  autarquias  com  maior  densidade  populacional,  os  resultados  apresentados  no  Quadro  1  permitem  reforçar  essa  ideia,  em  termos  estatísticos.  A  partir  de  2007,  a  superioridade  das  percentagens  reportadas  por  estes  Municípios  não  é  apenas  relativa,  mas  também  estatística,  ao  nível  de 

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Para uma análise mais pormenorizada, foi construída a Figura 2, baseada na nomenclatura NUTS II, a qual  permite concluir que, em geral, os Municípios que integram as sete regiões apostaram de forma progressiva  em  processos  de  certificação  da  qualidade.  Porém,  importa  sublinhar  o  facto  de,  em  algumas  regiões  territoriais, esta ser uma aposta relativamente recente. Nos primeiros anos, até 2007, várias regiões, entre  as quais as de Lisboa e do Algarve, não tiveram nenhum Município envolvido em processo de certificação.  Neste  sentido,  o  ano  de  2008  acabaria  por  ser  um  momento  marcante.  Embora  tendo  despertado  tardiamente para a certificação, estas duas regiões acabariam por desenvolver apostas mais fortes face às  restantes. Em sentido contrário, nas regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e, em especial, na NUT II  do Alentejo a certificação não parece ser vista como uma prioridade política das respetivas autarquias.   0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 2005 2006 2007 2008 2009 2010-2011 2012 2013 Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira

  Figura 2: Evolução da proporção de Municípios com certificação (NUTS II)  Fonte: Elaboração própria.    Para uma análise mais refinada, foi construído o Quadro 2, que resume os resultados dos testes à igualdade  de proporções das sete NUTS II.  Como já se tinha concluído atrás, as regiões dos Açores, da Madeira e do Alentejo reportaram proporções  inferiores às das médias das restantes regiões, embora apenas para esta última a diferença tivesse revelado  significância  estatística.  Tal  aconteceu  nos  anos  de  2006  e  2007,  para  o  nível  de  significância  de  10%,  em  ambos  os  casos;  no  ano  de  2008,  para  o  nível  de  significância  de  5%,  enquanto  nos  anos  seguintes  a  significância ocorreu para o nível mais exigente de 1%.    Quadro 2: Teste à igualdade de proporções (NUTS II)  NUTS II    2005  2006  2007  2008  2009  2010‐  2011  2012  2013  Norte/Restantes     0,736  2,138  1,577  0,703  0,170  0,407  1,101  2,058  (0,461)  (0,033)**  (0,115)  (0,482)  (0,865)  (0,684)  (0,271)  (0,040)**  Centro/Restantes     0,517  0,088  1,592  2,151  2,089  2,529  1,035  0,563  (0,605)  (0,930)  (0,111)  (0,031)**  (0,037)**  (0,011)**  (0,301)  (0,574)  Lisboa/Restantes     ‐0,801  ‐1,183  ‐1,463  ‐0,172  0,419  0,280  1,481  1,724  (0,423)  (0,237)  (0,144)  (0,864)  (0,675)  (0,779)  (0,139)  (0,085)*  Alentejo/Restantes     ‐1,549  ‐1,708  ‐1,859  ‐2,473  ‐2,655  ‐3,198  ‐3,098  ‐3,820  (0,122)  (0,088)*  (0,063)*  (0,013)**  (0,008)***  (0,001)***  (0,002)***  (0,000)***  Algarve/Restantes     ‐0,713  ‐1,054  ‐1,303  0,156  1,442  1,891  2,563**  2,252  (0,476)  (0,292)  (0,193)  (0,876)  (0,149)  (0,059)  (0,010)  (0,024)  R. A. Açores/Restantes     0,512  ‐0,278  ‐0,718  ‐0,893  ‐1,394  ‐1,504  ‐1,449  ‐1,665  (0,609)  (0,781)  (0,473)  (0,372)  (0,163)  (0,133)  (0,147)  (0,096)*  R. A. Madeira/Restantes  1,114  0,305  ‐0,109  ‐0,796  ‐0,438  ‐1,241  ‐1,916  ‐1,359 

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     (0,265)  (0,761)  (0,913)  (0,426)  (0,661)  (0,215)  (0,055)*  (0,174)  Notas: Este quadro apresenta os resultados da estatística do teste de proporções e do respetivo p‐value (entre parêntesis), para os níveis de  significância de 10%*, de 5%** e de 1%***.  Fonte: Elaboração própria.    

A  região  Centro  evidenciou  superioridade  estatística  face  à  média  das  restantes  seis,  para  o  nível  de  significância de 5%, de 2008 a 2011, enquanto as regiões do Norte e de Lisboa o fizeram no ano de 2013,  para os níveis de significância de 5% e 10%, respetivamente. 

Nos  anos  mais  recentes,  a  região  NUT  II  que  mais  apostou  na  certificação  da  qualidade  foi  a  do  Algarve,  evidenciando superioridade estatística a partir de 2011, para o nível de significância de 10% nesse mesmo  ano e de 5% nos seguintes. 

Para  uma  análise  mais  desagregada,  recorreu‐se  à  nomenclatura  NUTS  III,  que  cobre  o  território  nacional  com base em trinta sub‐regiões.  

As proporções relativas a cada uma dessas sub‐regiões são mostradas no Quadro 3. Do conjunto, destacam‐ se  de  forma  negativa  as  sub‐regiões  do  Pinhal  Interior  Sul,  da  Cova  da  Beira  e  do  Alentejo  Litoral,  por  nenhum dos respetivos Municípios ter adotado o processo de certificação da qualidade, ao longo do período  amostral  considerado.  Pouco  expressivas  foram,  igualmente,  as  proporções  evidenciadas  pelas  Regiões  Autónomas dos Açores e da Madeira, do Douro, das restantes regiões alentejanas, do Médio Tejo, da Lezíria  do  Tejo  e  da  Beira  Interior  Norte,  esta  última  com  a  particularidade  de,  a  partir  de  2009,  ter começado  a  desinvestir na certificação da qualidade, tendo apenas 11% dos Municípios em certificação no ano de 2013,  quando  em  anos  anteriores  chegou  a  ter  44%  (2009)  e  33%  (2008  e  2010/11).  Em  sentido  contrário,  evidenciaram‐se  as  regiões  do  Grande  Porto,  da  Serra da  Estrela,  de  Entre  Douro  e  Vouga,  do  Cávado,  do  Ave,  do  Baixo  Mondego,  da  Beira  Interior  Sul  e  do  Algarve,  por  pelo  menos  metade  dos  respetivos  Municípios  ter  apostado  em  processos  de  certificação.  Igual  destaque  merece  a  região  de  Alto  Trás‐os‐ Montes,  com  uma  proporção  de  43%  em  2013,  embora  o  primeiro  processo  de  certificação  seja  relativamente recente – ano de 2009.    Quadro 3: Proporção de Municípios com certificação (NUTS III)  NUTS III  2005  2006  2007  2008  2009  2010‐2011  2012  2013  Minho‐Lima  0,00  0,20  0,10  0,20  0,10  0,20  0,20  0,20  Cávado  0,00  0,17  0,33  0,33  0,33  0,33  0,50  0,50  Ave  0,13  0,13  0,25  0,25  0,38  0,50  0,50  0,50  Grande Porto  0,11  0,33  0,44  0,56  0,56  0,56  0,56  0,67  Tâmega  0,07  0,07  0,07  0,20  0,27  0,27  0,40  0,40  Entre Douro e Vouga  0,20  0,60  0,60  0,60  0,60  0,60  0,60  0,60  Douro  0,00  0,00  0,00  0,05  0,11  0,11  0,05  0,05  Alto Trás‐os‐Montes  0,00  0,00  0,00  0,00  0,07  0,07  0,07  0,43  Baixo Vouga  0,00  0,00  0,17  0,17  0,17  0,25  0,25  0,25  Baixo Mondego  0,00  0,00  0,38  0,38  0,50  0,50  0,50  0,50  Pinhal Litoral  0,40  0,60  0,60  0,60  0,60  0,60  0,20  0,40  Pinhal Interior Norte  0,07  0,14  0,14  0,43  0,43  0,50  0,50  0,43  Dão‐Lafões  0,00  0,00  0,00  0,20  0,27  0,33  0,20  0,33  Pinhal Interior Sul  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  Serra da Estrela  0,00  0,00  0,33  0,33  0,33  0,67  0,67  0,67  Beira Interior Norte  0,00  0,11  0,11  0,33  0,44  0,33  0,11  0,11  Beira Interior Sul  0,00  0,00  0,00  0,50  0,50  0,25  0,50  0,50  Cova da Beira  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  Oeste  0,00  0,00  0,00  0,08  0,25  0,33  0,33  0,25  Médio Tejo  0,10  0,10  0,20  0,10  0,20  0,20  0,10  0,10  Grande Lisboa  0,00  0,00  0,00  0,22  0,33  0,33  0,44  0,44  Península de Setúbal  0,00  0,00  0,00  0,11  0,22  0,22  0,33  0,44  Alentejo Litoral  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  0,00  Alto Alentejo  0,00  0,07  0,07  0,07  0,07  0,07  0,07  0,07  Alentejo Central  0,00  0,00  0,07  0,14  0,21  0,14  0,14  0,14  Baixo Alentejo  0,00  0,00  0,00  0,08  0,08  0,08  0,08  0,08  Lezíria do Tejo  0,00  0,00  0,00  0,00  0,09  0,09  0,09  0,00  Algarve  0,00  0,00  0,00  0,19  0,38  0,44  0,50  0,50  R. A. Açores  0,05  0,05  0,05  0,11  0,11  0,11  0,11  0,11  R. A. Madeira  0,09  0,09  0,09  0,09  0,18  0,09  0,00  0,09  Fonte: Elaboração própria.   

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119 De modo a formar conclusões mais robustas, foi construído o Quadro 4, que resume os resultados do teste  da igualdade de proporções, entre cada sub‐região e a média das restantes sub‐regiões.    Das diversas sub‐regiões NUTS III, que registaram proporções inferiores às das médias das restantes, apenas  a  sub‐região  do  Alto  Alentejo  o  fez,  desde  o  ano  de  2008,  com  significância  estatística,  ao  nível  de  significância de 10% neste ano e de 5% nos anos seguintes. As restantes sub‐regiões, com proporções abaixo  da média, não evidenciaram diferenças com significado estatístico, para os diversos níveis de significância.     Quadro 4: Teste à igualdade de proporções (NUTS III)  NUTS III  2005  2006  2007  2008  2009  2010‐  2011  2012  2013  Minho‐Lima/  Restantes  ‐0,589  1,762  0,028  0,180  ‐1,016  ‐0,349  ‐0,303  ‐0,482  (0,556)  (0,078)*  (0,978)  (0,857)  (0,310)  (0,727)  (0,762)  (0,630)  Cávado/  Restantes  ‐0,453  1,021  1,968  1,000  0,582  0,497  1,504  1,308  (0,650)  (0,307)  (0,049)**  (0,318)  (0,561)  (0,619)  (0,133)  (0,191)  Ave/  Restantes  2,152  1,171  2,259  1,142  1,781  2,763  2,831  2,568  (0,031)**  (0,242)  (0,024)**  (0,254)  (0,075)*  (0,006)***  (0,005)***  (0,010)**  Grande Porto/Restantes  1,351 (0,177)  3,317 (0,001)***  3,564 (0,000)***  2,997 (0,003)***  2,315 (0,021)**  2,181 (0,029)**  (0,025)** 2,247  2,759 (0,006)***  Tâmega/  Restantes  0,766  0,028  ‐0,412  0,222  0,309  0,183  1,485  1,202  (0,444)  (0,978)  (0,681)  (0,824)  (0,758)  (0,854)  (0,138)  (0,229) 

Entre  Douro  Vouga/Restantes  2,131  5,142  3,941  2,481  1,942  1,839  1,873  1,683  (0,033)**  (0,000)***  (0,000)***  (0,013)**  (0,052)*  (0,066)*  (0,061)*  (0,092)*  Douro/  Restantes  ‐0,824  ‐1,186  ‐1,478  ‐1,480  ‐1,366  ‐1,477  ‐1,976  ‐2,175  (0,410)  (0,236)  (0,139)  (0,139)  (0,172)  (0,140)  (0,048)**  (0,030)**  Alto  Trás‐os‐ Montes/Restantes  ‐0,702  ‐1,009  ‐1,258  ‐1,786  ‐1,469  ‐1,557  ‐1,513  1,407  (0,483)  (0,313)  (0,208)  (0,074)*  (0,142)  (0,119)  (0,130)  (0,160)  Baixo Vouga/  Restantes  ‐0,647  ‐0,931  0,825  ‐0,110  ‐0,560  0,027  0,081  ‐0,130  (0,517)  (0,352)  (0,409)  (0,913)  (0,575)  (0,979)  (0,936)  (0,897)  Baixo Mondego/  Restantes  ‐0,525  ‐0,755  2,683  1,470  1,803  1,683  1,742  1,516  (0,600)  (0,450)  (0,007)***  (0,142)  (0,071)*  (0,092)*  (0,081)*  (0,130)  Pinhal Litoral/  Restantes  4,675  4,895  3,821  2,481  1,951  1,847  ‐0,212  0,682  (0,000)***  (0,000)***  (0,000)***  (0,013)**  (0,051)*  (0,065)*  (0,832)  (0,495)  Pinhal  Interior  Norte/Restantes  0,842  1,211  0,587  2,500  1,763  2,250  2,328  1,407  (0,400)  (0,226)  (0,557)  (0,012)**  (0,078)*  (0,024)**  (0,020)**  (0,160)  Dão‐Lafões/  Restantes  ‐0,727  ‐1,046  ‐1,304  0,222  0,309  0,797  ‐0,374  0,603  (0,467)  (0,295)  (0,192)  (0,824)  (0,758)  (0,425)  (0,708)  (0,547)  Pinhal  Interior  Sul/Restantes  ‐0,413  ‐0,594  ‐0,741  ‐1,051  ‐1,245  ‐1,290  ‐1,268  ‐1,358  (0,680)  (0,552)  (0,459)  (0,293)  (0,213)  (0,197)  (0,205)  (0,174)  Serra da Estrela/Restantes  ‐0,319  ‐0,459  1,385  0,703  0,409  1,695  1,737  1,577  (0,750)  (0,646)  (0,166)  (0,482)  (0,682)  (0,090)*  (0,082)*  (0,115)  Beira  Interior  Norte/Restantes  ‐0,558  0,571  0,141  1,230  1,516  0,611  ‐0,920  ‐1,069  (0,577)  (0,568)  (0,888)  (0,219)  (0,130)  (0,541)  (0,357)  (0,285)  Beira  Interior  Sul/Restantes  ‐0,369  ‐0,531  ‐0,661  1,690  1,266  0,015  1,224  1,065  (0,712)  (0,596)  (0,508)  (0,091)  (0,205)  (0,988)  (0,221)  (0,287)  Cova da Beira/Restantes  ‐0,319 (0,750)  ‐0,459 (0,646)  ‐0,572 (0,567)  ‐0,812 (0,417)  ‐0,961 (0,336)  ‐0,996 (0,319)  (0,328) ‐0,979  ‐1,048 (0,294)  Oeste/  Restantes  ‐0,647  ‐0,931  ‐1,161  ‐0,879  0,136  0,710  0,770  ‐0,130  (0,517)  (0,352)  (0,246)  (0,380)  (0,892)  (0,478)  (0,441)  (0,897)  Médio Tejo/  Restantes  1,225  0,457  1,112  ‐0,660  ‐0,256  ‐0,349  ‐1,055  ‐1,209  (0,221)  (0,647)  (0,266)  (0,510)  (0,798)  (0,727)  (0,291)  (0,227)  Grande Lisboa/Restantes  ‐0,558  ‐0,802  ‐1,000  0,347  0,716  0,611  1,455  1,228  (0,577)  (0,422)  (0,317)  (0,729)  (0,474)  (0,541)  (0,146)  (0,220)  Península  de  Setúbal/Restantes  ‐0,558  ‐0,802  ‐1,000  ‐0,536  ‐0,083  ‐0,173  0,663  1,228  (0,577)  (0,422)  (0,317)  (0,592)  (0,934)  (0,862)  (0,507)  (0,220)  Alentejo Litoral/Restantes  ‐0,413  ‐0,594  ‐0,741  ‐1,051  ‐1,245  ‐1,290  ‐1,268  ‐1,358  (0,680)  (0,552)  (0,459)  (0,293)  (0,213)  (0,197)  (0,205)  (0,174)  Alto Alentejo/  Restantes  ‐0,727  ‐1,046  ‐1,304  ‐1,851  ‐2,193  ‐2,273  ‐2,233  ‐2,392  (0,467)  (0,295)  (0,192)  (0,064)*  (0,028)**  (0,023)**  (0,026)**  (0,017)**  Alentejo Central/  Restantes  ‐0,702  ‐1,009  ‐0,335  ‐0,357  ‐0,176  ‐0,923  ‐0,873  ‐1,069  (0,483)  (0,313)  (0,737)  (0,721)  (0,860)  (0,356)  (0,383)  (0,285)  Baixo Alentejo/  Restantes  ‐0,675  ‐0,971  ‐1,210  ‐0,978  ‐1,365  ‐1,451  ‐1,408  ‐1,578  (0,500)  (0,332)  (0,226)  (0,328)  (0,172)  (0,147)  (0,159)  (0,115)  Lezíria do Tejo/Restantes  ‐0,619  ‐0,890  ‐1,110  ‐1,575  ‐1,140  ‐1,221  ‐1,181  ‐2,034  (0,536)  (0,373)  (0,267)  (0,115)  (0,254)  (0,222)  (0,238)  (0,042)**  Algarve/  Restantes  ‐0,753  ‐1,083  ‐1,350  0,096  1,371  1,818  2,498  2,173  (0,452)  (0,279)  (0,177)  (0,924)  (0,170)  (0,069)*  (0,013)**  (0,030)**  R. A Açores/  Restantes  0,512  ‐0,225  ‐0,679  ‐0,861  ‐1,366  ‐1,477  ‐1,422  ‐1,639  (0,609)  (0,822)  (0,497)  (0,389)  (0,172)  (0,140)  (0,155)  (0,101)  R. A Madeira/  Restantes  1,114  0,356  ‐0,074  ‐0,773  ‐0,415  ‐1,221  ‐1,899  ‐1,340  (0,265)  (0,722)  (0,941)  (0,439)  (0,678)  (0,222)  (0,058)*  (0,180)  Notas: Este quadro apresenta os resultados da estatística do teste de proporções e do respetivo p‐value (entre parêntesis), para os níveis de  significância de 10%*, de 5%** e de 1%***.  Fonte: Elaboração própria.    Das sub‐regiões com proporções acima da média, destacaram‐se as do Baixo Mondego (2007, 2009, 2011 e  2012),  do  Pinhal  Interior  (2008  a  2012)  e  do  Pinhal  Litoral  (de  2005  a  2011),  por  demonstrarem 

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superioridade  estatística,  para  o  nível  de  significância  de  10%,  embora  em  qualquer  destes  casos  não  se  possa falar num processo ininterrupto de aposta na certificação. 

Em termos gerais, as sub‐regiões NUTS III que evidenciaram apostas mais determinadas na certificação da  qualidade foram as de Entre Douro e Vouga e do Grande Porto, a primeira desde 2005 (ns 10%) e a segunda  desde  2006  (ns  5%).  A  sub‐região  do  Ave  também  registou  um  empenhamento  acima  da  média  das  restantes  sub‐regiões  (ns  10%),  embora  com  algumas  intermitências,  já  que  nos  anos  de  2006  e  2008,  a  superioridade  face  à  média  não  revelou  significância  estatística.  Por  seu  lado,  a  sub‐região  do  Algarve,  embora  tendo  despertado  mais  tarde  para  a  importância  da  certificação,  evidenciou  superioridade  com  significância estatística a partir de 2011 (ns 10%).  

 

5. CONCLUSÕES 

Na senda do movimento de certificação nos Municípios, será de esperar que a adoção destes sistemas, ao  reforçar os mecanismos de acessibilidade, transparência e flexibilidade propostos 

pela  Nova  Gestão  Pública,  seja  uma  prática  referencial,  para  conseguir  as  finalidades  desejadas  nos  processos de modernização administrativa.  Os pretendidos ganhos de eficácia e eficiência e a consequente  melhoria da qualidade dos serviços prestados, assim como o assumir definitivo do cidadão como um cliente,  podem resultar da implementação do sistema de certificação da qualidade. 

Parece evidente que no caso português existe já alguma sensibilidade para a importância do tema, apesar do  empenhamento das autarquias, na adoção de processos de certificação da qualidade, ser caraterizado por  elevada  heterogeneidade,  revelando‐se  a  dimensão  e  a  localização  geográfica  como  fatores  explicativos  desse  empenhamento.  É  de  considerar  ainda  que,  tendo  em  conta  a  análise  empírica  efetuada,  os  Municípios  portugueses  integrados  em  regiões  com  elevada  densidade  populacional  mostram  um  empenhamento mais forte na certificação, verificando‐se em diversas regiões/sub‐regiões que a aposta na  certificação é algo recente, mormente a partir de 2008.  

As  sub‐regiões  NUTS  III  de  Entre  Douro  e  Vouga  e  do  Grande  Porto  evidenciaram  apostas  mais  fortes  na  certificação da qualidade, desde o início do período considerado, enquanto a sub‐região Grande Lisboa só  efetuou esta aposta nos anos mais recentes. Em sentido oposto, surge a região NUT II do Alentejo, em que o  empenhamento foi claramente mais fraco face ao das restantes regiões.  Em futuras investigações, será de analisar as causas e fatores explicativos destas assimetrias, que poderão  estar baseadas em questões como: ideologia política versus opções de não adesão à corrente dominante da  Nova Gestão Pública; razões de ordem financeira e de afetação de recursos ‐ nomeadamente nas autarquias  de menor dimensão; motivações principais para investir na Qualidade, tal como foi estudado por Sá (2002),  considerando  agora  eventuais  diferenças  regionais  na  graduação  dessas  motivações;  outro  aspeto  a  considerar futuramente poderá ser o efeito do nível de desenvolvimento económico da região, em que os  Municípios se inserem, enquanto fator explicativo da aposta na certificação.  

 

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20th

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 978

‐989

‐8780

‐01

‐0

 

1464

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