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NATHALIA GADDINI GARCIA (6.764Mb)

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Academic year: 2021

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(5) Sumário 1.0 Introdução................................................................12. 6.0 Equipamento público cultural itinerante: o projeto.......... 76. 2.0 A demanda urgente por equipamentos sociais nas. 6.1 Localização...............................................................76. periferias de São Paulo............................................... 16. 6.2 Análises. . ..................................................................78. 2.1 Consequências de um crescimento exaltado................... 16. 6.3 O projeto.................................................................82. 2.2 A carência de equipamentos culturais na periferia. . ......... 22. 6.3.1 Processo de transporte, montagem e desmontagem...... 87. 2.3 Mapeamento de equipamentos culturais por categoria..... 26. 6.3.2 Desenhos técnicos................................................... 90. 2.4 Programas e iniciativas públicas .................................. 31. 7.0 Conclusão.............................................................. 114. 2.4.1 Centros Educacionais Unificados (CEUs)..................... 31. 8.0 Referências bibliográficas.......................................... 118. 2.4.2 Programa Ruas Abertas............................................ 35. 9.0 Referências eletrônicas . . ............................................ 119. 2.4.3 Projeto Centro Aberto.............................................. 36 3.0 Novas dinâmicas urbanas: transformação do espaço existente .......................................................42 3.1 Hiatos ressignificados................................................. 42 3.2 Intervenções possíveis................................................. 46 4.0 A arquitetura itinerante............................................... 52 4.1 Definições . . ..............................................................52 4.2 História ...................................................................56 4.3 Aplicabilidade da itinerância: exemplos de projeto.......... 60 4.3.1 Pavilhão do Festival da Cultura Judaica...................... 61 4.3.2 Pop-in, pop-out, pop-up: cinema de rua retrátil........... 62 4.3.3 Pavilhão oficina......................................................63 4.3.4 Sistema modular para espaços educativos. . ................. 64 4.3.5 Add-on - o espaço público vertical............................ 65 4.3.6 Ark Nova - sala de concertos inflável......................... 66 4.3.7 Pavilhão itinerante da IBM........................................ 67 5.0 Apropriação de espaços públicos destinados a futuros equipamentos culturais permanentes. . ........................... 70 8. 9.

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(7) 1.0 Introdução. Quando falamos da cidade de São Paulo, muitas cenas formam-se automaticamente em nossas mentes: trânsito caótico, regiões altamente adensadas, arranha-céus, comunidades, desigualdade social, desemprego, diversidade de pessoas, shoppings centers, transporte público, e por aí vai.. Este trabalho final de graduação investiga esses questionamentos e procura mostrar como isso é possível.. Uma cidade muito rica e ao mesmo tempo muito desigual. O acesso à moradia, ao emprego, à saúde e à educação é um privilégio de uma parcela pequena da população.. A primeira parte é uma análise das principais características da cidade de São Paulo, sendo apresentados dados, mapeamentos e alguns programas públicos já existentes na cidade.. No âmbito da cultura - que já é uma questão muitas vezes desprezada de forma geral, mesmo sendo parte fundamental da formação da sociedade por sua capacidade educativa e social - não é diferente. As periferias são as regiões mais carentes de equipamentos voltados a esse tipo de atividade.. A segunda parte do trabalho analisa, com apoio bibliográfico, as novas dinâmicas urbanas que ocorrem atualmente, como é necessário repensar os espaços que já são existentes na cidade, sejam eles territórios, edifícios ou vazios urbanos.. A partir desse panorama como plano de fundo, surgem diversos questionamentos: de que maneira a arquitetura pode se reinventar e causar transformações positivas em uma cidade com uma dinâmica tão complexa e desigual como a nossa? É possível pensar arquitetura de uma forma não tradicional, mais acessível, social, flexível? Como seria essa arquitetura capaz de levar conhecimento, cultura e lazer para regiões mais carentes da cidade? Uma arquitetura que reflete a situação atual da metrópole teria então as mesmas características dela, 12. de mutabilidade, mobilidade, multifuncionalidade? É possível pensar em uma arquitetura então itinerante, que cumpra todos esses objetivos?. Depois, a arquitetura itinerante é apresentada como uma das novas formas de ocupação da cidade. Uma breve história sobre esse tipo de pensamento projetual é apresentado, assim como alguns exemplo de arquiteturas itinerantes, e suas possibilidades de aplicação na cidade.. Por fim, o projeto desenvolvido baseado em todas essas análises é apresentado: um equipamento público cultural itinerante, capaz de levar atividades culturais para regiões periféricas de São Paulo, por meio de um sistema modular, flexível e multifuncional.. 13.

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(9) 2.0 A demanda urgente por equipamentos sociais nas periferias de São Paulo. 2.1 Consequências de um crescimento exaltado. Quinta cidade mais populosa do mundo, maior cidade da América do Sul. Com 11.253.503 habitantes (IBGE - censo 2010), em seus 1.521,11 km², São Paulo reúne o que há de melhor e pior em nossa civilização: concentração de capital, poder econômico, tecnologia, potência comercial. Ao mesmo tempo, desemprego, miséria, fome, trânsito, poluição. Uma cidade que é marcada por fortes contrastes, como aponta Raquel Rolnik: “O tamanho dessa cidade e a vastidão dos territórios por ela atingidos demarcam a heterogeneidade dos circuitos e redes habitados por diversas tribos: cidade de mil povos, capital financeira, cidade conectada no mundo virtual e real das trocas, potência econômica do país, berço de movimentos sociais e lideranças políticas. No entanto, é uma cidade partida, cravada por muros visíveis e invisíveis que a esgarçam em guetos e fortalezas[...]”. (ROLNIK, 2013).. 16. O desenvolvimento urbano de São Paulo se deu através da priorização dos automóveis em relação aos pedestres. O plano de avenidas Prestes Maia trouxe uma concepção de cidade implícita no projeto de sistema radial perimetral, orientando a remodelação e extensão do sistema viário da cidade.. Imagem 01: Av. 23 de Maio – São Paulo. Acervo pessoal, 2015.. Esse processo teve como consequência a concentração de todo tipo de equipamento e serviços na região central. Estações de metrô, terminais de ônibus, comércios, serviços, cultura: tudo reforçava uma circulação radioconcêntrica da cidade.. A imensa pujança econômica da cidade atrai pessoas de todos os cantos do país. A busca por melhor qualidade de vida e mais oportunidades faz com que São Paulo se torne cada vez mais populosa 17.

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(13) de trem e metrô. Ou seja, regiões mais assistidas por transporte público são as que possuem maior quantidade de equipamento voltados ao lazer e cultura para a população. E, novamente, a região central é a mais privilegiada neste aspecto.. O Mapa 03 foi retirado de um estudo realizado pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento acerca de temas relevantes para a cidade. Este mapa indica o grau de diversificação da oferta de equipamentos culturais em cada uma das áreas de ponderação que compõem os distritos municipais. Foram consideradas todas as categorias que integram o Cadastro de Equipamentos Culturais mantido pela SMUL, tais como museus, centros culturais, bibliotecas, salas de cinema, salas de teatro, entre outras.. Nota-se que existem mais tipos de equipamentos culturais na região central, ou seja, além de possuir a maior parte dos equipamentos, também oferece mais diversidade de atividades relacionadas à cultura para a população.. Mapa 03: Oferta e diversidade de equipamentos culturais em São Paulo. Fonte: SMUL.. 24. 25.

(14) 2.3 Mapeamento de equipamentos culturais por categoria. 26. Mapa 04. Mapa 05. Autoria própria. Fonte: Geosampa. Autoria própria. Fonte: Geosampa. 27.

(15) 28. Mapa 06. Mapa 07. Autoria própria. Fonte: Geosampa. Autoria própria. Fonte: Geosampa. 29.

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(18) O projeto dos CEUs passa por análises urbanas diversas para melhor compreensão do local que o equipamento será implantado. O chamado Território CEU é o produto urbano gerado a partir desses estudos, que tem como objetivo integrar o novo equipamento aos equipamentos existentes no entorno, por meio de caminhos seguros e de usos de programas integrados. É realizado o mapeamento desses equipamentos, estruturas físicas e fluxos já existentes, assim como as possibilidades de novos espaços e caminhos que venham agregar qualidade a este lugar. As soluções urbanas para esta integração incluem mobiliário, iluminação sinalização, arborização, estrutura cicloviária e melhoria das calçadas, ações realizadas por programas de requalificação do espaço público pelas próprias Subprefeituras.. Este tipo de equipamento heterogêneo que integra usos múltiplos essenciais para a sociedade, que passam por esferas educativas, esportivas e culturais, é de grande importância na cidade de São Paulo. Além disso, não só a simples implantação desses grandes edifícios que é pensada. Uma intervenção realmente integrada e eficiente na cidade deve se atentar à inserção urbana, às melhorias em todo o entorno do bairro, às relações sociais que o equipamento vai gerar, às interações entre equipamentos já existentes e futuros, enfim, uma série de pontos que não podem e não deveriam ser deixados de lado no momento da implantação de qualquer tipo de equipamento e serviço público. 34. 2.4.2 Programa Ruas Abertas. Diferente dos CEUS, este programa não exige construções e tem caráter mais local. Em 2016 o prefeito Fernando Haddad promulgou a lei que institui oficialmente o Programa Ruas Abertas no município (Imagem 07).. O objetivo é promover uma ampliação dos espaços públicos, gerar mais opções de lazer, convivência e recreação para a população, por meio de aberturas de vias para os ciclistas e pedestres, aos domingos e feriados, em todas as subprefeituras. Uma política mais local que, por mais simples que possa ser, tem como resultado forte interação social entre a população.. Nestas vias são permitidas manifestações artísticas, culturais e esportivas, mediante pactuação com a subprefeitura local. Para a consolidação deste programa, foram realizadas diversas audiências públicas em todas as subprefeituras – participação social é fundamental para a tomada de decisões em uma cidade. Foi uma grande conquista da sociedade, que aconteceu através da mobilização de coletivos, ONGs e cidadãos que desejam uma cidade mais inclusiva. 35.

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(22) 3.0 Novas dinâmicas urbanas: transformação do espaço existente 3.1 Hiatos ressignificados. Qualquer tipo de mudança proposta para a cidade de São Paulo deve levar em consideração o panorama atual da cidade, com este funcionamento heterogêneo e com todas as suas peculiaridades geográficas, sociais e culturais. A cidade e a arquitetura estão passando por transformações claras atualmente.. Na escala do edifício a transformação está ligada às funções. As reciclagens arquitetônicas utilizam de edificações de uso histórico, com funções ultrapassadas, para promover a conversão de suas funções e a adaptação aos novos usos, demandados pela dinâmica da sociedade e do território do entorno. Já no âmbito das cidades, a transformação está relacionada ao território existente. Dar novas funções a um espaço deteriorado é a alternativa que o desenho urbano nos oferece - em contraposição à inúmeros equívocos ocorridos nas décadas passadas, onde a gentrificação do território tornou-se consequência de processos de revitalização urbana. Agora a situação tornou-se bem mais complexa. As funções, os usos e espaços se transformam de modo inusitado. O perene dá lugar ao passageiro. Centros históricos se esvaziam. Territórios industriais percebem-se desqualificados. Bairros inteiros são alvos de especulação imobiliária. Ambientes sob proteção ambiental são ocupados. 42. O panorama atual, por estar em um momento mais complexo, também possibilita maior diversidade e riqueza de soluções. (LEITE, 2004). A cidade possui uma velocidade e uma flexibilidade única, é armada por uma trama de vetores, acelera, se desloca. O tecido da cidade se esgarça, há um estilhaçamento que converte a malha urbana em uma combinação de áreas desconectadas. Surgem os vazios, e estes constituem parte fundamental tanto na cidade, quanto na arquitetura. (PEIXOTO, 2004) “Hiatos na narrativa urbana, interrupções no seu contínuo histórico, os espaços intermediários não são simplesmente passivos, zonas mortas. Eles provocam rearticulações no desenho urbano,. Imagem 10: Transformação da edifício. O chamado Centro Cultural Ouvidor 63, no centro, estava abandonado e foi ocupado por artistas para promoção de manifestações artísticas e moradia. Na foto, um dos quartos do edifício. Acervo pessoal, 2015.. 43.

(23) pela conexão de elementos afastados. A cidade se constrói entre as áreas de assentamento, entre suas zonas de ocupação, no meio. O terreno vago é um paradigma da cidade.” (PEIXOTO, 2004). Estes hiatos podem e devem ser explorados a favor da cidade. Muitas vezes esquecidos e deteriorados, podem ser uma alternativa para aplicar a refuncionalização do território e apontar novos parâmetros de atuação. As necessidades imediatas da sociedade devem subsidiar intervenções urbanas programáticas, uma arquitetura de essência e não do supérfluo. (LEITE, 2004) “Uma área sem limites claros, sem uso atual, vaga, de difícil compreensão na percepção coletiva dos cidadãos, constituindo normalmente um rompimento no tecido urbano. Mas é também uma área disponível, cheia de expectativas, de forte memória urbana, com potencial original: o espaço do possível, do futuro.” (BICCA, 2017). A demanda é de um desenvolvimento sustentável. Tanto na escala do território quando na do edifício, os ambientes não podem rejeitar transformações e reciclagens. Segundo Leite, “é mais inteligente a transformação dos espaços existentes e subutilizados do que a sua negação e substituição.” É necessário 44. então apostar em uma nova dinâmica urbana, mais flexível às demandas da metrópole contemporânea. Dessa forma, é permitido o processo participativo da comunidade, resultando em uma arquitetura para a cidade contemporânea que se articula às redes de fluxos, aos terrenos vagos e ao território desarticulado: são as morfologias abertas e interativas. (LEITE, 2004) . O espaço urbano da contemporaneidade é caracterizado como um local fluido, que possibilita à sociedade uma dinâmica criativa de orientação espacial. O conceito de mobilidade é incorporado ao projeto urbano, e o espaço público torna-se multiprogramático, mais flexível e mais interativo. (MARTINEZ, 2008). Essa dinâmica urbana mais flexível tem como consequência também a construção de situações, um espaço existencial que possibilite a deriva e os encontros. A urbes em um perpétuo movimento, refletindo uma nova realidade que só se materializa em acontecimentos. A cidade se converte a um acampamento nômade, onde os habitantes estão em trânsito constante, em uma paisagem que muda a todo momento. (PEIXOTO, 2004). Um novo desenho urbano insinua-se através da relação entre a arquitetura e a própria cidade. Entre o movimento e o repouso redesenham-se relações e interações, inaugurando outras paisagens, frutos do tempo e do espaço. São as materialidades estáveis que viabilizam variáveis. (BOGÉA, 2009) 45.

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(27) 4.0 A arquitetura itinerante 4.1 Definições. A arquitetura entendida como itinerante é aquela que não possui um local fixo de implantação na cidade. Sendo o oposto do pensamento projetual tradicional permanente, o itinerante é resultado de um processo urbano diferente. Otto traz algumas definições para esta categoria de projeto: “Arquitetura adaptável. Móvel. Construção econômica. Divisível. Desmontável. Ampliável. Autoconstrução. Flexível. Troca de função. Amplo espaço. Construção provisória. Vida curta. Móvel. De múltiplo uso. Construção sem custos. Transladável. Independente do lugar. Sistema aberto. Ecoconstrução. Planejamento flexível. Provisória. Fracionável. Reduzível. Ampliável. Explorável. Mutável. Capaz de ser alterada. Rendável. Liberdade de escolha. Ampla. Desenvolvível. Planejamento do tempo.” (OTTO, 1979). É justamente por apresentar todas essas características que a arquitetura itinerante pode se relacionar de uma forma ampla e profunda com o espaço urbano contemporâneo, já que ambos possuem a mesma natureza de flexibilidade e mutabilidade. 52. Segundo dicionário Aurélio, o itinerante é um conceito diferente do efêmero e do temporário. Efêmero é aquilo que possui curta duração. Ou seja, é a intervenção que é instalada, cumpre o seu papel e desaparece. O temporário possui uma conotação similar: é aquilo que possui curta duração, porém tem caráter provisório. Já uma arquitetura itinerante se instala em um determinado local, por determinado período de tempo - que pode ser um tempo curto ou mais longo, dependendo da situação - exerce seu papel na sociedade e depois se desloca, para iniciar o ciclo em outro local. Ou seja: a arquitetura itinerante não é simplesmente efêmera, pois não desaparece, ou temporária, pois não antecede nada. Ela é autônoma, independente, possui um objetivo e um percurso definido no espaço-tempo.. De acordo com Bogéa, o itinerante é uma arquitetura do tempo, enraizado na lógica cultural do seu território. É específico porque é notoriamente local, e ao mesmo tempo genérico, porque permite sua necessária transformação. É estável por conter componentes materiais intercambiáveis, e não por ter uma espacialização congelada de sua forma. O itinerante é uma arquitetura ampliável, reduzível e deslocável. (BOGÉA, 2009).. Arquiteturas itinerantes também podem ser consideradas como híbridas, que constituem um verdadeiro aparato móvel habitado. Podem ser a mescla de mecânica e construção, e, muitas vezes, não são incluídas no vocabulário ou na prática da 53.

(28) disciplina da arquitetura, por serem associadas ao design e à engenharia. Porém, configuram espaços de atividade humana e, por conseguinte, configuram arquiteturas. (BOGÉA, 2009). Peixoto defende que o essencial para a arquitetura não é o espaço em si, mas sim a interação entre este espaço e o ser humano: “A experiência do construído é essencial à arquitetura. É por isso que a arquitetura não é uma questão de espaço, mas uma espacialização do tempo.” (PEIXOTO, 2004). Além disso, também aponta que o itinerante é a arquitetura que cria vazios, o não-lugar. Ela dispensa o contexto. Em vez de o lugar determinar o edifício, é o edifício que inventa o lugar. Assim, a arquitetura passa a incluir o inacabado, estando sempre pronta para agregar novas funções, novos espaços e novas localizações. (PEIXOTO, 2004). Duarte aponta uma visão sobre a arquitetura apoiada nas manifestações momentâneas, não na relação de permanência e durabilidade – ambas igualmente importantes para a compreensão e experimentação do espaço. A arquitetura geralmente associa-se a uma ideia de permanência que perdura através dos séculos. Mas, em paralelo à arquitetura permanente, existe uma arquitetura efêmera com diversas funções na sociedade, que vai desde a resposta à necessidade 54. de abrigos, até um elemento de “fixação” visual dos momentos de celebração, tornando-se referência na memória coletiva. (DUARTE, 1992). A arquitetura itinerante resulta em uma amabilidade local a partir da interação com a sociedade que a ela se conecta. O impacto causado é notável, mesmo com as dimensões reduzidas da intervenção. A compreensão da urbanidade conectada nos pequenos eventos e a criação de uma rede de intervenções adicionais às estruturas permanentes da cidade são o ponto de partida para a prospecção de projetos urbanos que ilustram a produção contemporânea em espaços livres públicos. (MARTINEZ, 2008). Essas intervenções destacam- se por sua capacidade de serem inovadoras e apropriadas por uma diversidade de grupos sociais, por encorajar múltiplas experiências e por alimentar trocas sociais e culturais na cidade. O itinerante é o nômade, que se aloca temporariamente no espaço livre público, sobrepõe-se a um território existente, e atua como costura e elemento regenerador daquele local. E depois, desloca- se para dar início ao processo novamente em uma outra localização. (MARTINEZ, 2008). 55.

(29) 4.2 História. O termo itinerante certamente nos remete aos povos nômades, já que esses grupos fazem a ocupação do território em um permanente movimento. Como a errância é mais importante do que a fixação, é natural que sua arquitetura de transporte priorize características que facilitem o deslocamento. Quanto mais leve e eficiente a montagem e desmontagem, mais adequada é uma solução. Essa arquitetura do tipo tenda e barraca, que antes era realizada com varas de madeira e peles de animais, hoje é feita com alumínio, lonas plásticas e dobraduras sofisticadas.. O Archigram - grupo de arquitetos que se inspiravam na tecnologia como forma de expressão para criar projetos hipotéticos, na tentativa de resgatar as premissas fundamentais da arquitetura moderna – realizou experiências interessantes. Michael Webb, entre 1966 e 1968, investigando o que seriam os abrigos nômades modernos, projeta Cushicle, uma completa unidade nômade altamente equipada, formada por uma “armadura” onde estão os equipamentos, e um sistema inflável, que pode ser associado ou independente. Uma espécie de casa autônoma e individual, esta unidade carrega comida, água, rádio, tv e fones de ouvido.. Imagem 13:. Imagem 14:. Tipo de tenda nômade.. Cushicle. Fonte:. Fonte: Mapio. Archigram Portfolio. Apesar de elementos itinerantes e da arquitetura temporária serem temas recorrentes na história, eles adquiriram maior impulso a partir do século 56. 57.

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(42) 6.3 O projeto. Um equipamento considerado itinerante deve apresentar uma série de características essenciais, são elas: facilidade no transporte; rapidez no processo de montagem e desmontagem; materiais resistentes e duráveis; flexibilidade, tanto relacionado à possibilidade de atender a diversos programas em um único equipamento, quanto à flexibilidade da própria implantação; deve ser mutável, múltiplo, e principalmente deve conseguir cumprir o seu papel e deixar sua marca nos locais por onde passa, tendo como resultado produções artísticas ou amabilidade social, gerando momentos memoráveis para a população. 82. Imagem 27:. Perspectiva frontal.. O projeto busca atender todas essas demandas de um equipamento itinerante. É composto por módulos genéricos, que são alterados de acordo com a necessidade. Estes módulos de estrutura metálica são flexíveis e possuem um mecanismo de abertura de sua estrutura e fechamentos, resultando no dobro de área interna construída a partir de um único módulo. E como consequência, a redução do número de caminhões/viagens durante o processo de transporte. Essa é a principal vantagem desse sistema. 83.

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(58) 7.0 Conclusão. Vivemos em um momento em que São Paulo necessita de novas propostas para encarar suas maiores dificuldades, tendo em vista toda a complexidade envolvida nos processos geográficos, urbanos e sociais que estão ligados à cidade.. Um equipamento público cultural itinerante surge aqui então como uma proposta de aplicação de um programa social para nossa cidade, sendo ele inclusivo, multiprogramático, que possibilita múltiplas experiências e alimenta trocas sociais - funções extremamente necessárias para um equipamento realmente eficiente baseado em nossa dinâmica urbana atual.. Novos programas partidos da prefeitura são sempre bem-vindos. Afinal, a utilização da força pública é a principal maneira de aplicar programas que objetivam equilibrar desigualdades e levar serviços à popualação que mais necessita.. Mas é preciso também haver cautela por parte do serviço público. Os erros cometidos no passado, com tentativas de revitalização de algumas regiões, nos mostram que dependendo da forma como isso for feito, acaba tendo como resultado condições não desejadas (teoricamente), como a gentrificação em massa, descaracterização do local e criação de cenários fakes.. As novas propostas devem se atentar às condições de cada localidade, não apresentando projetos realizados “de cima para baixo”, como uma simples imposição. É necessário haver participação social, inclusão, atividades que se relacionem com a realidade daquela população, que sejam significativas e que valorizem cada indivíduo. Projetos de caráter verdadeiramente participativo, não exclusivo e segregador. 114. 115.

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(60) 8.0 Referências bibliográficas BICCA, Paulo. Arquiteturas do vazio. Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 201.02,. de estructuras ligeras. Barcelona: G. Gili, 1979. 270 p. : il. (Tecnologia y. Vitruviuis, fev. 2017. Acesso em nov/2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/. arquitectura: construc. alternativa). arquitextos/17.201/6432>. PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ed.. BOGÉA, Marta Vieira. Cidade errante: Arquitetura em Movimento. 250 p. Tese. SENAC São Paulo, 2004. 436 p.. (Doutorado)- Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São. ROLNIK, Raquel. São Paulo. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2003. 83 p.. Paulo, 2006.. SOLÀ-MORALES RUBIÓ, Ignasi. Territorios. São Paulo: G. Gili, 2002. 207 p.. BOTELHO, Isaura. Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública. 2005. 19 p. - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. DUARTE, Rui Barretos. A Arquitectura do Efêmero. Tese (Doutorado) - Faculdade de Arquitectura da UTL, Lisboa: Universidad Técnica de Lisboa. 1992 FONTES, Adriana. Intervenções temporárias, marcas permanentes – a amabilidade nos espaços coletivos de nossas cidades. 282 p. Tese (doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rio de Janeiro, 2011. KOOLHAAS, Rem. Três textos sobre a cidade: grandeza, ou o problema do grande, a cidade genérica, espaço-lixo. Barcelona: G. Gili, 2010. 111 p. LANDRY, Charles. The Art of City Making. London: Earthscan, 2006. LEITE, Carlos. Projetos urbanos: operando nas bordas. Arquitextos, São Paulo, ano 04, n. 044.02, Vitruvius, jan. 2004. Acesso em maio/2018 <http://vitruvius.com. br/revistas/read/arquitextos/04.044/618>. LERNER, Jaime. Acupuntura urbana. Rio de Janeiro: Record, 2003. 126 p. MARTINEZ, Andressa Carmo Pena. Pequenas intervenções em espaços livres públicos: itinerância, flexibilidade e interatividade. 209 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetur a e Urbanismo, Rio de Janeiro, 2008. OTTO, Frei. Arquitectura adaptable, il: seminario organizado por el instituto. 118. 9.0 Referências eletrônicas ArchDaily [http://archdaily.com.br] Acessso jul/2018 Geosampa [http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx] Acessso mai/2018 IBGE [https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama] Acessso nov/2018 Projetar.org [https://projetar.org/] Acessso ago/2018 Prefeitura de São Paulo – Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento – Cultura e Teritório [http://smul.prefeitura.sp.gov.br/cultura_ territorio/] Acessso jun/2018 Prefeitura de São Paulo - Gestão Urbana - Território CEU [http:// gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/territoriosceuprojetos/] Acessso abr/2018 Prefeitura de São Paulo - Gestão Urbana - Centro Aberto [http:// gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/projetos-urbanos/centro-aberto] Acessso mai/2018 Prefeitura de São Paulo – Notícias - Prefeitura institui oficialmente Programa Ruas Abertas [http://www.capital.sp.gov.br/noticia/prefeitura-institui-oficialmente-programaruas-abertas] Acessso ago/2018 Ruas Abertas – MinhaSampa [https://www.ruasabertas.minhasampa.org. br/#block-5386] Acessso abr/2018 SESC [https://www.sescsp.org.br/unidades/781_PARQUE+DOM+PEDRO+II/] Acessso nov/2018. 119.

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