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O papel da ginástica terapêutica chinesa Lian Gong em 18 terapias no comportamento psicomotor e cotidiano de praticantes adultos

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O PAPEL DA GINÁSTICA TERAPÊUTICA CHINESA LIAN GONG EM 18 TERAPIAS NO COMPORTAMENTO PSICOMOTOR E COTIDIANO DE

PRATICANTES ADULTOS

EVANIZE KELLI SIVIERO

RIO CLARO 2004

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O PAPEL DA GINÁSTICA TERAPÊUTICA CHINESA LIAN GONG EM 18 TERAPIAS NO COMPORTAMENTO PSICOMOTOR E COTIDIANO DE

PRATICANTES ADULTOS

EVANIZE KELLI SIVIERO

Orientador: Prof. Dr. LUIZ ALBERTO LORENZETTO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade -Área de Pedagogia da Motricidade Humana.

RIO CLARO 2004

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“ Ao nascer, o Homem é suave e flexível;

Na sua morte, é duro e rígido.

Plantas verdes são tenras e úmidas;

Na sua morte, são murchas e secas.

Um arco rígido não vence o combate.

Uma árvore que não se curva, quebra.

O duro e o rígido tombarão.

O suave e o flexível sobreviverão. ”

Dao De Jing

Verso 76

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DEDICATÓRIA

Gostaria de começar a minha dedicatória com uma frase. Não saberia

dizer quem realmente a criou, mas desde o primeiro momento que a li, ela se

tornou parte de mim e sempre foi lembrada nos meus dizeres, nas minhas

inspirações, nas minhas angústias, nas minhas lágrimas, nas minhas alegrias e é

claro, que neste momento ela não poderia ficar sem ser registrada neste trabalho

que foi feito por meio das minhas emoções, por meio do meu corpo.

A frase que tanto me emociona possui as seguintes palavras

:

“Somos anjos de uma asa só e só podemos alçar vôo

abraçados uns aos outros ”.

Eu fui um anjo de uma asa só que alcei vôo, abraçada em anjos de

imensas

asas, que me ensinaram a viver, a compartilhar, a amadurecer e acima

de tudo a lutar pelos sonhos que fossem possíveis. A esses anjos ofereço este

trabalho como forma de agradecê-los por tudo que fizeram por mim e por terem

me dado a chance de nascer e trilhar o meu caminho neste mundo de provas e

expiações. A meus Pais, June e Jaime, anjos da minha vida, guardiões da minha

alma, arcanjos das minhas conquistas, este trabalho dedico a vocês e que Deus

sempre me ofereça as suas asas para poder voar...

(5)

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelos momentos maravilhosos e pelos

momentos difíceis que tive durante o processo e a construção deste trabalho, os

quais só consegui superá-los, por meio das minhas preces, as quais me trouxeram

paz e calma para me levar adiante.

Ao meu anjo da guarda, a qual sempre pedi inspiração para que a minhas

palavras fossem claras e fidedignas aos resultados e aos objetivos propostos

nesta pesquisa.

Aos meus tios Marli e Hilson, que me acolheram com amor e dedicação

quando precisei realizar as minhas coletas. Que Deus sempre os ilumine.

Aos professores de Lian Gong Jaime Kuk, Iza Stramich, Nelson Iba em

tornar possível a minha coleta em seus grupos.

Aos praticantes de Lian Gong que participaram da pesquisa, pois sem a

cooperação de todos este trabalho não seria realizado.

A Maria Lúcia Lee que me trouxe para o caminho dos exercícios chineses

e me ensinou a olhar e a compreender a filosofia chinesa que tanto admiro,

aprecio e que me dá luz para continuar as minhas pesquisas.

O meu muito obrigado aos meus amigos e amigas que me ajudaram direta

e indiretamente na estrutura do trabalho e na execução das fotos.

(6)

A minha irmã, Elita, meu cunhado Mário, meus sobrinhos Gustavo e a

Giovana, que assistiram e entenderam as minhas ausências em momentos que

precisei me dedicar exclusivamente à pesquisa.

Ao meu querido amigo João Simões, que me agüentou durante esses dois

anos, com paciência e dedicação, sempre preocupado com a minha saúde,

interessado e pronto a ajudar no que fosse necessário.

A minha querida “Marcinha” que me acalmou e me ajudou a amadurecer

como pessoa. Um outro anjo que me fez alçar vôo e aprender os caminhos da

caridade, da compaixão, do desapego, do bom humor e principalmente de como

lutar sem se machucar perante aos problemas que foram surgindo pelo caminho.

O Professor Dr. Afonso A. Machado que me ensinou muito em suas

aulas, a minha sincera admiração.

As Professoras: Dra. Antonieta Marília de Oswald de Andrade, Dra.

Gisele M. Schwart e Dra. Silvana Venâncio, Dra. Elizabethe Paoliello Machado

de Souza e Dra. Graciele Rodrigues Massoli meus sinceros agradecimentos.

Ao Professor Dr. Luiz Alberto Lorenzetto, o meu respeito e a minha

gratidão não apenas pelas orientações, mas pela pessoa que me tornei depois do

nosso contato. O carinho e a sabedoria de lidar com as pessoas e com as

circunstâncias que a vida oferece, foi o maior aprendizado que tive com você, o

qual tentarei exercitá-lo pela vida em diante. A você Luiz as minhas sinceras

considerações como admiradora, amiga e eterna aluna. Que Deus sempre o

abençoe nessa estrada, na qual você sempre nos traz luz, alegria e esperança.

(7)

RESUMO

As experiências dos estados de ânimo levam o indivíduo a estruturar-se corporalmente e a manifestar reações fisiológicas que organizam, desorganizam e reorganizam as tensões musculares. Quando tornadas crônicas, modificam o movimento humano em si e as relações com o meio externo. O objetivo deste trabalho é identificar os efeitos do Lian Gong em 18 Terapias sobre a relação tensão muscular/estados de ânimo, em indivíduos de 30 a 60 anos. A amostra foi composta por 30 participantes distribuídos em quatro grupos, de acordo com o tempo de prática desta abordagem. A coleta dos dados foi efetuada através de questionários com perguntas abertas e de múltipla escolha: o primeiro diagnóstico e o segundo referente às práticas do Lian Gong. Esta pesquisa foi de natureza exploratória e os dados foram investigados qualitativa e quantitativamente, através de uma análise de conteúdo. As unidades de registro basearam-se em temas relacionados a sentimentos, comportamentos, opiniões e atitudes; e como unidade de contexto, cada questão referente aos dois questionários, distribuídos em sete categorias. Os resultados revelam que o Lian Gong em 18 Terapias é um sistema de auto-organização

corporal e favorece a prevenção e a terapia. As 1a, 2a, 3a e 4a séries demonstram um

relacionamento maior com a tensão muscular e estados de ânimo. A maioria dos participantes pensa e pratica o Lian Gong como forma de auto-ajuda, leveza, bem-estar, para diminuir a tensão e aliviar as dores no corpo; os participantes sentem-se mais alegres, dispostos, equilibrados, com energia, tranqüilos e auto-regulados; sentem-se mais relaxados, mais ágeis e mais flexíveis. Socialmente sentem-se mais extrovertidos, comunicativos, abertos para fazerem novas amizades e em relação ao comportamento familiar, mais calmos, pacientes, compreensivos e equilibrados. Portanto, o Lian Gong em 18 terapias proporciona a conscientização do ser como um todo indissociável.

(8)

ABSTRACT

The experiences of the state of spirit takes the individual to structure itself physically and to reveal physiological reactions that organize, disorganize and reorganize the muscular tensions. When they become chronic, they modify the human movement and the relations with the external atmosphere. The aim of this work is to identify the effects of Lian Gong in 18 therapies about the muscular tension relation / the state of spirit in individual aged from 30 to 60. The sample was composed of 30 participants that was separated in 4 groups, according to the knowledge of this subject. The data collection had been achieved through opened questions and multiple choice questionnaires. The first one, diagnosis and the second one regarding to Lian Gong experiences. This was an exploratory nature research and the data had been searched quantitativity and qualitativity through a content analysis. The unit of register had been based on subjects related to feelings, behaviors, opinions and attitudes; and as unit of context each question refered to both questionnaires, which had been distributed in seven categories. The results show that Lian Gong in 18 therapies is a system of self-physical organization and promote the prevention and the therapy. The 1ª, 2ª, 3ª and 4ª series show a larger connection with the muscular tension and the state of spirit. The majority of participants thinks and practices Lian Gong as a way of self-help, lightness, well being to diminish the tension and to relieve pains in the body; the participants feel happier, stimulated, balanced, calm, disciplined. They feel more relaxed, agile and more flexible. Socially they feel more extroverts, communicative, ready to make new friendships and with reference to the familiar behavior, they feel themselves calmer, patient, comprehensive and balanced. Therefore, Lian Gong in 18 therapies provides the awareness of a human being totally integrated.

(9)

SUMÁRIO Página RESUMO --- vii ABSTRACT --- viii CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO O Problema --- 16 Justificativa --- 19 Objetivo --- 21

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA Emoções --- 22

Concepção Neurofisiológica das Emoções --- 23

Concepção Psicológica das Emoções --- 29

Estados Ânimo e Tensão Muscular --- 42

Exercícios Físicos Suaves --- 47

Lian Gong em 18 Terapias --- 50

História do Lian Gong --- 51

Estrutura do Lian Gong --- 51

Descrição e Ilustração dos Exercícios --- 54

Qualidade do Movimento dos Exercícios do Lian Gong e a Energia Vital --- 75

A Respiração e a Música da Lian Gong --- 77

Benefícios do Lian Gong --- 78

CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODO Natureza do Trabalho --- 80

Participantes --- 80

(10)

Procedimento para a Realização da Pesquisa --- 85

Tratamento dos Dados --- 86

Procedimento para oTratamento dos Dados --- 89

CAPÍTULO IV – ANÁLISE E DISCUSSÂO DOS RESULTADOS Perfil dos Participantes de Cada Grupo--- 92

Categoria 1 – Aspectos Emocionais --- 98

Discussão da Categoria 1 --- 108

Categoria 2 – Aspectos Físicos --- 116

Discussão da Categoria 2 --- 129

Categoria 3 – A Relação entre Estados de Ânimo e Tensão Muscular --- 140

Discussão da Categoria 3 --- 145

Categoria 4 – A Prática do Lian Gong e os Estados de Ânimo --- 159

Discussão da Categoria 4 --- 166

Categoria 5 – Prática do Lian Gong e Tensão Muscular --- 178

Discussão da Categoria 5 --- 188

Categoria 6 – Prática do Lian Gong sobre a relação Estados de Ânimo e Tensão Muscular --- 198

Discussão da Categoria 6 --- 206

Categoria 7 - Aspectos Comportamentais --- 210

Discussão da Categoria 7 --- 215

CAPITULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS --- 224

(11)

LISTA DE FIGURAS

ILUSTRAÇÃO DOS EXERCÍCIOS DA 1a PARTE DO LIAN GONG

x Ilustração da descrição do 1o

exercício da 1a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 54

x Ilustração da descrição do 2o exercício da 1a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 54

x Ilustração da descrição do 3o exercício da 1a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 55

x Ilustração da descrição do 4o exercício da 1a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 55

x Ilustração da descrição do 5o exercício da 1a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 55

x Ilustração da descrição do 6o exercício da 1a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 56

x Ilustração da descrição do 1o exercício da 2a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 56

x Ilustração da descrição do 2o exercício da 2a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 57

x Ilustração da descrição do 3o exercício da 2a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 58

x Ilustração da descrição do 4o exercício da 2a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 58

x Ilustração da descrição do 5o exercício da 2a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 59

x Ilustração da descrição do 6o exercício da 2a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 59

x Ilustração da descrição do 1o exercício da 3a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 60

x Ilustração da descrição do 2o exercício da 3a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 60

x Ilustração da descrição do 3o exercício da 3a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 61

x Ilustração da descrição do 4o exercício da 3a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 61

x Ilustração da descrição do 5o exercício da 3a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 62

(12)

ILUSTRAÇÃO DOS EXERCÍCIOS DA 2a PARTE DO LIAN GONG

x Ilustração da descrição do 1o exercício da 4a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 64

x Ilustração da descrição do 2o exercício da 4a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 64

x Ilustração da descrição do 3o exercício da 4a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 65

x Ilustração da descrição do 4o exercício da 4a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 65

x Ilustração da descrição do 5o exercício da 4a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 66

x Ilustração da descrição do 6o exercício da 4a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 66

x Ilustração da descrição do 1o exercício da 5a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 67

x Ilustração da descrição do 2o exercício da 5a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 68

x Ilustração da descrição do 3o exercício da 5a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 68

x Ilustração da descrição do 4o exercício da 5a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 69

x Ilustração da descrição do 5o exercício da 5a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 70

x Ilustração da descrição do 6o exercício da 5a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 70

x Ilustração da descrição do 1o exercício da 6a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 71

x Ilustração da descrição do 2o exercício da 6a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 72

x Ilustração da descrição do 3o exercício da 6a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 73

x Ilustração da descrição do 4o exercício da 6a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 73

x Ilustração da descrição do 5o exercício da 6a série do Lian Gong em 18 Terapias--- 74

(13)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Análise descritiva para as variáveis sexo, idade, tempo de prática do Lian

Gong e prática de outra atividade física --- 92

TABELA 2 - Análise descritiva para as variáveis saúde, medicamento, presença de tensão muscular no corpo, presença de dor no corpo e o motivo de praticar a ginástica --- 94

TABELA 3 - Aspectos Emocionais : Classificação dos Participantes como Pessoas Emotivas --- 99

TABELA 4 - Aspectos Emocionais : Reação do Corpo quando vivência algum Estado de Ânimo --- 102

TABELA 5 - Aspectos Emocionais : o(s) meio(s) buscado(s) para aliviar estados de ânimo negativos--- 105

TABELA 6- Aspectos Físicos: O Significado da Tensão Muscular--- 117

TABELA 7 - Aspectos Físicos: Classificação dos participantes como Pessoas Tensas--- 119

TABELA 8 - Aspectos Físicos: Situações que causam tensões no corpo--- 124

TABELA 9 - Aspectos Físicos: O(s) meio(s) buscado(s) para a tensão muscular--- 126

TABELA 10 - Estados de ânimo e Tensão Muscular--- 140

TABELA 11- Associação dos Estados de Ânimo com as Palavras Tensão Muscular--- 143

TABELA 12 - A Prática do Lian Gong e os Estados de Ânimo --- 159

TABELA 13 - Mudanças dos Estados de ânimo relacionadas à prática do Lian Gong--- 162

TABELA 14 - Associação dos Estados de Ânimo com a Palavra Exercício--- 163

TABELA 15 - Prática do Lian Gong e Tensão Muscular: Condição muscular--- 178

(14)

TABELA 15b - Prática do Lian Gong e Tensão Muscular: Contração Muscular--- 182 TABELA 16 - Prática do Lian Gong e Tensão Muscular: mudanças das tensões

musculares no corpo, após a prática do Lian Gong --- 185

TABELA 17 - Categoria - Prática do Lian Gong sobre a relação Estados de Ânimo e

Tensão Muscular: a série do Lian Gong que trabalha mais a relação tensão muscular e estados de ânimo --- 198 TABELA 18 - Prática do Lian Gong sobre a relação Estados de Ânimo e Tensão

Muscular: reações corporais se houvesse interrupções da prática do Lian Gong--- 200

TABELA 19- Categoria - Prática do Lian Gong sobre a relação Estados de Ânimo e

Tensão Muscular: a prática do Lian Gong quando há dores no corpo e

estados de ânimo negativos--- 204

TABELA 20 - Aspectos Comportamentais: mudanças no comportamento social

emocional e físico --- 210

(15)

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 01

Questionário Diagnóstico--- 248 ANEXO 02

(16)

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

O Problema

É importante que as pessoas sintam-se bem psicologicamente, possuam boas condições físicas, sintam-se socialmente integradas e funcionalmente competentes. Para isso acontecer é necessário que o indivíduo tenha uma boa qualidade de vida.

Para Rigato (1994) falar sobre qualidade de vida é pensar na importância de equilibrar o corpo no sentido geral, englobando aspectos físicos e psíquicos. Para que isso ocorra é necessário que o homem respeite o seu corpo alterando os hábitos e atitudes para com a sua vida, para que não haja conflitos no comportamento de suas defesas orgânicas e psíquicas causando, assim, doenças.

Segundo Winterstein e Piccolo (1996) essa alteração dos hábitos e atitudes tem ligação direta com a modificação do comportamento e com as emoções de cada indivíduo. Ou seja, segundo os autores, as emoções têm funções regulativas nas preparações, execuções e avaliações de nossas ações e que, muitas vezes, podem interferir negativamente nos processos motivacionais, nas relações interpessoais, no desenvolvimento da personalidade e, até mesmo, nos aspectos fisiológicos do corpo.

O homem contemporâneo utiliza ou sabe de seu próprio corpo e, principalmente, de suas emoções e sentimentos. Algumas emoções ou estados de ânimo, como o medo e a tristeza, são fortes motivos para que o corpo se retraia, gerando um distúrbio emocional e, consequentemente, uma tensão corporal.

(17)

Nesta pesquisa serão relatadas duas vertentes que falam sobre a emoção: a primeira baseia-se na concepção neurofisiológica e a segunda na concepção psicológica da emoção.

Dentro da concepção neurofisiológica das emoções alguns autores definem que as emoções são estados fisiologicamente excitados que incluem mudanças no sistema nervoso autônomo, principalmente no sistema simpático (JAMES, 1884; MARINO, 1975).

Há ainda pesquisadores que realçam os eventos corticais entendidos como respostas fisiológicas, tais como as vísceras, os músculos esqueléticos e o hipotálamo (PAPEZ, 1937; MARINO, 1975). Os estudos de Damásio (2000) mostram uma definição de que a emoção é um processo avaliatório mental com respostas dispositivas dirigidas ao corpo, resultando um estado emocional deste, mas também dirigidas ao próprio cérebro (núcleos transmissores no tronco cerebral).

Já a concepção psicológica das emoções se refere a um estudo sobre o estado de excitação do organismo, e que se apresenta sobre três maneiras bem diferentes: experiência emocional; comportamento emocional e alterações fisiológicas do corpo estudadas por Krech e Crutchfield (1973).

Estas duas vertentes que falam sobre as emoções tratarei mais minuciosamente na revisão da literatura que será realizada no capítulo II.

Segundo Fiamenghi (1994) esse estado de excitação do organismo, que foi referido ao se falar sobre as emoções é sempre visível. Dependendo do estado emocional, o grau de excitação exibe no corpo, um aumento ou uma diminuição de atividade.

De acordo com Fiamenghi (1994), quando o organismo por algum motivo inibe a expressão de seus sentimentos e de suas ações, impede o seu fluxo de excitação. Com o passar do tempo e com a repetição constante dessa situação, as ações gradualmente podem virar

(18)

hábitos e os músculos se tornarem tensos, duros e rígidos, reduzindo a mobilidade e flexibilidade de todo o corpo.

Desta forma, pode-se afirmar que as tensões musculares podem ser perturbadas por um estado de excitação do organismo e as emoções modificam esse estado, de acordo com a situação em que o indivíduo se encontra.

Então, como controlar as emoções de forma a que estas não influenciem no grau de excitação do organismo, causando tensão muscular e/ou tensões musculares crônicas?

Lacerda (1995) mostra em seus estudos que a prática de exercícios físicos suaves pode diminuir as desordens provocadas pelas emoções, como por exemplo: reduzir sintomas do stress, da ansiedade; diminuir sintomas relacionados com a tensão, proporcionando, assim, uma sensação de bem estar.

Além de trabalharem com o equilíbrio vital do corpo, os exercícios suaves também trazem resultados bastante visíveis em indivíduos que costumam, com freqüência, sofrer lesões por falta de alongamento e fortalecimento adequado dos músculos, tendões e ligamentos.

Portanto, esta pesquisa terá como centro uma Ginástica Oriental chamada Lian Gong em 18 Terapias que previne e trata de dores, tensões musculares e dos distúrbios emocionais.

Lee (1997) acredita que uma pessoa que sofre de dores no corpo ou que não faz qualquer tipo de atividade física, não possui a liberdade de movimento de uma pessoa saudável ou que faz atividades físicas regularmente. Portanto, deve realizar exercícios lentos e suaves, para que os tecidos moles, que sofrem de contraturas e espasmos, possam se relaxar e se soltar gradativamente, permitindo que o movimento alcance seu limite máximo, recuperando a utilização normal do corpo. A autora ainda realça que praticar exercícios lentos e suaves confere consciência ao corpo e evita traumas que podem ser provocados por

(19)

movimentos bruscos e rápidos.

Enfim, se o indivíduo conseguisse um equilíbrio emocional e um controle de suas tensões musculares, por meio de exercícios físicos suaves, mais especificamente por meio do Lian Gong em 18 Terapias, então seu comportamento motor, emocional e psíquico melhoraria, aumentando, assim, a sua qualidade de vida e se prevenindo contra possíveis doenças.

Desta forma, este presente estudo pretende investigar quais são as relações existentes entre tensão muscular e estados de ânimo e verificar há e de que tipo sãos as influências que os exercícios físicos suaves retirados de uma Técnica Oriental chamada Lian Gong em 18 Terapias podem ter sobre esta relação, na visão dos praticantes.

Justificativa

Sou formada pela Faculdade de Dança da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP e no período da minha formação tive contato com a Técnica Oriental Lian Gong em 18 Terapias. Trabalho e estudo essa Técnica Oriental empregando-a em Empresas e em Clínicas Fisioterápicas. A Ginástica é oferecida para funcionários e pacientes ativos e não ativos, com um grau significativo de D.O.R.T. (Distúrbio Osteomuscular Referente ao Trabalho) e tensões musculares.

Levando em consideração a minha experiência com os exercícios da técnica citada acima pude observar que muitas das tensões musculares, dores e formigamentos em determinadas partes do corpo como, pescoço, ombros, braços e pernas desapareceram conforme a prática regular dos exercícios. Uma outra observação feita foi a respeito dos estados de ânimo. À medida que os funcionários conseguiam relaxar os seus corpos sentiam

(20)

menos ansiedade, menos raiva e mais motivação para realizar seus trabalhos.

Por essas observações descritas acima procurei buscar resultados efetivos e estudos realizados sobre a relação tensão muscular e estados de ânimo, pois acredito que toda tensão muscular pode possuir um significado ou uma origem emocional, ou seja, do mesmo jeito que o indivíduo tenso pode associar o seu "estado" como resultado de uma postura corporal incorreta no trabalho, em casa, no carro, também pode associá-lo a uma raiva, a uma emoção ou preocupação, desestruturando o corpo.

Sabe-se também que muitos dos desequilíbrios emocionais que nos atingem são associados com o meio social e econômico em que vivemos, fazendo com que esqueçamos o nosso corpo e, seu aspecto físico, sobrecarregando apenas o aspecto mental.

Neste sentido, os exercícios suaves podem ajudar o homem a resgatar os seus movimentos naturais e atuar como uma "pedagogia para o corpo esquecido". Um corpo "alfabetizado" pode expressar as suas intenções e se libertar de sua mecanicidade, ocupar o seu lugar no mundo e "estar" nele influenciando e sendo influenciado por ele (LEE, 1997).

Enfim, esse presente estudo busca um esclarecimento científico dos benefícios que os exercícios físicos do Lian Gong podem causar sobre a relação: tensão muscular e estados de ânimo, mostrando outras possibilidades, para que os indivíduos possam usufruir das atividades físicas, não apenas buscando um desempenho físico e estético, mas sim pensamentos e atitudes produtivas, no que diz respeito à sua qualidade de vida, a saúde e

(21)

Objetivo

Esse estudo tem como objetivo: identificar os efeitos da Ginástica Terapêutica Chinesa Lian Gong em 18 Terapias sobre a relação: tensão muscular e estados de ânimo, em indivíduos na faixa etária de 30 a 60 anos.

Questões a Investigar

Procurei atingir pontos relativos ao Lian Gong para a discussão na pesquisa, por maio das seguintes Questões a Investigar:

1- Qual a origem e estrutura da Ginástica Terapêutica Chinesa Lian Gong em 18 Terapias?

2- Quais as relações existentes entre estados de ânimo e tensão corporal?

3- Quais as influências e os benefícios da prática do Lian Gong em 18 Terapias na relação estados de ânimo e tensão muscular?

4- Quais as respostas filosóficas orientais e ocidentais para as influências do Lian Gong na relação estados de ânimo e tensão muscular?

5- Qual é a visão dos participantes da pesquisa, da relação estados emocionais e tensão muscular?

6- Quais as principais mudanças nos aspectos físico, emocional, social e familiar, dos participantes, depois que começaram a praticar o Lian Gong em 18 terapias?

(22)

CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

Emoções

O que realmente é emoção? De que tipo de fenômeno se trata?

Durante anos alguns autores sustentaram que essa palavra é inútil sem uma definição. Morgan (1973) afirma que há inúmeras palavras em vernáculo, para denotar o que são realmente as emoções.

A palavra emoção é muitas vezes usada para designar um fenômeno ou um grupo de fenômenos psicológicos ou motores.

Para Murray (1978) as emoções são poderosas reações que exercem efeitos motivadores sobre o comportamento. São reações fisiológicas e psicológicas que influem na percepção, na aprendizagem e no desempenho.

No pensamento filosófico, emoções são alterações psicofísicas que decorrem de experiências, as quais são reações mais ou menos automáticas aos estímulos do meio ambiente.

Broghirolli; Bisi; Risson et. al. (1990) concordam que as emoções são complexos estados de excitação que se comunica com o organismo todo.

Por meio destas definições sobre a emoção serão relatadas duas vertentes que falam sobre a emoção: a primeira baseia-se na concepção neurofisiológica e a segunda na concepção psicológica da emoção.

(23)

Concepção Neurofisiológica das Emoções.

Um dos pioneiros nos estudos sobre as emoções foi James (1884) que sugeriu em suas

pesquisas que as alterações fisiológicas são as bases da experiência emocional. A emoção seria essencialmente percepção de mudanças no organismo, ou pode-se dizer um fenômeno de consciência.

Lange in Lange e James (1967) chegou a conclusões de algo semelhante, embora tivesse enfatizado as alterações vasculares. Essa noção foi chamada de Teoria de James-Lange que apontava alterações viscerais associadas a diferentes emoções com padrões diferentes de respostas fisiológicas.

Uma outra posição foi adotada por Cannon (1929). Cannon tinha vários argumentos contra a posição de James, uma delas é que a experiência emocional continua inalterada, mesmo quando a consciência das alterações do organismo reduz muito ou desaparece, ou seja, os acontecimentos no corpo parecem não diferir de uma emoção para outra, desta forma, as atividades viscerais não podem ser sentidas com muita precisão, mesmo sabendo que emoções estão sendo experienciadas.

A teoria das emoções de Cannon foi proposta em 1927 e ampliada por Bard (1934 apud ELGELMANN, 1978), chamada de Teoria de CANNON-BARD. Esta apontava a importância de fatores do sistema nervoso central (tálamo e córtex). Basicamente ela sustenta que os impulsos viajam pelos nervos sensoriais para o córtex. O córtex, estimulado pelas emoções, libera o tálamo.O tálamo pode descarregar tanto para o córtex, para produzir experiências emocionais, como para as vísceras, para produzir o comportamento emocional.

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sistema límbico, pelo hipotálamo, pelos núcleos talâmicos anteriores, pelo giro cíngulo e pelo hipocampo.

Graças à revolução conceitual de Papez (1937) de provocar a primeira tentativa organizada para delinear os mecanismos corticais específicos, responsáveis pela regulação das emoções, muitos autores como MacLean (1949 apud MARINO, 1975) e outros adquiriram maior convicção para estudar nessa área.

Papez (1937) formulou hipóteses de que o sistema límbico é o sistema central na mediação das emoções e o hipotálamo o centro do mecanismo efetor da expressão emocional. Estas hipóteses foram comprovadas por MacLean (1949 apud MARINO, 1975) levando-o à conclusão de que somente o córtex cerebral é capaz de apreciar as várias qualidades afetivas de experiências e combiná-las em estados sensoriais de medo, raiva, amor e ódio.

Fazendo uma interpretação da descrição que MacLean faz do sistema límbico, Marino (1975) afirma que mecanismos ocorridos nesse sistema, sugerem quão intensamente a emoção pode paralisar o pensamento e a ação conjuntamente, tendo em vista que: o hipocampo é assistido pelo processo amigdalóide, o mais diretamente relacionado com a experiência subjetiva da emoção; o giro parahipocampal e a formação hipocampal serviriam de córtex afetoceptor e afetomotor, o que se dá ao nível dos giros somestésicos e motor do neocórtex e o papel do giro cíngulo seria o de um centro víscero-motor integrando respostas autônomas e somatomotoras, bem como experiências emocionais.

Mas o que significa realmente “vivenciar uma emoção?”.

Segundo Damásio (2000), depois da formação de imagens mentais, verifica-se uma mudança no estado do corpo. Registram-se mudanças em uma série de parâmetros relativos ao funcionamento das vísceras e órgãos (coração, pulmões, intestinos e pele), bem como, na musculatura esquelética e nas glândulas endócrinas.

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O que acontece, então, no organismo para provocar essas mudanças?

Em um nível não consciente, redes do córtex pré-frontal regem automática e involuntariamente aos sinais resultantes do processamento das imagens, que podem ser verbais ou não. Essa resposta pré-frontal provém de representações dispositivas adquiridas e não inatas. Aquilo que as disposições adquiridas incorporam é a sua experiência única dessas relações ao longo da vida. As respostas das disposições pré-frontais são assinaladas a amígdala, ao cíngulo anterior, por exemplo:

A – ativa os núcleos do sistema nervoso autônomo, que enviam os sinais ao corpo por meio dos nervos periféricos, colocando as vísceras no estado mais associado ao tipo de situação desencadeadora;

B – envia sinais ao sistema motor, de modo que a musculatura esquelética complete o quadro externo de uma emoção por meio de expressões e postura corporais;

C - ativa o sistema endócrino e peptídico;

D - ativa os núcleos neurotransmissores não específicos no tronco cerebral e prosencéfalo basal, os quais liberam mensagens químicas em diversas regiões do telencéfalo.

Segundo Damásio (2000) as mudanças A, B e C afetam o organismo, causando um “estado emocional do corpo” e são representadas no sistema límbico e somatossensorial. As mudanças D ocorrem num grupo de estruturas do tronco cerebral relacionado com a regulação do corpo, apresenta-se como uma via paralela para a resposta emocional e se relaciona com o processo cognitivo.

Enfim, observa-se por estas teorias apresentadas acima que alguns pesquisadores localizam as emoções no sistema nervoso central, dando ênfase à natureza do processo neurofisiológico e outros vêem nas emoções, fundamentalmente, fenômenos viscerais.

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conceitos fisiológicos das emoções quando afirma que há, também, as chamadas "explosões emocionais" destacadas como "seqüestros neurais", uma tomada de poder neural, que se origina na amígdala.

A amígdala é um feixe, em forma de amêndoa e de estruturas ligadas, situadas acima do tronco cerebral, perto da parte inferior do anel límbico. Há duas amídalas, uma de cada lado do cérebro. Junto com o hipocampo formavam duas partes-chave do primitivo "nariz cerebral", que, na evolução, deu origem ao córtex e ao neocórtex. Até hoje essas estruturas límbicas são responsáveis pela maior parte do aprendizado e da memória do cérebro.

Segundo Goleman (1996), as amídalas são as especialistas em questões emocionais, atuando como um depósito da memória emocional e do próprio significado.

Mas, foi Le Doux (1998) que descobriu que as amídalas estão no centro da ação. Sua pesquisa explica como elas podem assumir o controle sobre o que fazemos quando o cérebro pensante, o neocórtex, ainda toma uma decisão. Por exemplo: quando soa um alarme de medo, as amídalas enviam mensagens urgentes para as principais partes do cérebro: disparam a secreção dos hormônios orgânicos para lutar-ou-fugir, ativam sistemas cardiovascular, os músculos e os intestinos. Outros circuitos das amídalas enviam sinais de emergências para hormônios como a noradrenalina para aumentar a reatividade de áreas cerebrais chave. Outros sinais das amídalas informam o tronco cerebral para fixar a expressão de medo no rosto, acelerar a pulsação cardíaca, aumentar a pressão sangüínea e reduzir o ritmo da respiração. Essas são uma série de mudanças que as amídalas organizam quando recrutam áreas de todo o cérebro.

A pesquisa de Le Doux (1998) é revolucionária para a compreensão da vida emocional, por ser a primeira a estabelecer caminhos neurais de sentimentos que contornam o neocórtex. Esses sentimentos que tomam a rota direta das amídalas servem para explicar o

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poder da emoção sobre a racionalidade.

A opinião convencional na neurociência era que os órgãos sensoriais transmitem sinais ao tálamo, e de lá para áreas de processamento sensorial do neocórtex, mas Le Doux descobriu um pequeno feixe de neurônios que vai direto do tálamo para as amídalas, além dos que seguem até o córtex. Esse caminho menor permite as amídalas receberem alguns impulsos diretos dos sentidos e iniciar uma resposta antes que eles sejam registrados pelo neocórtex. Ou seja, as amídalas podem nos lançar à ação, enquanto o neocórtex, ligeiramente mais lento, porém, mais plenamente informado, traça o seu plano de reação mais refinado.

Anatomicamente, o que Le Doux quis provar é que o sistema emocional pode agir de modo independente do neocórtex.

Segundo Goleman (1996) algumas reações e lembranças emocionais podem formar-se sem absolutamente nenhuma participação consciente e cognitiva. Isso quer dizer que, enquanto as amídalas lembram o "sabor" emocional que acompanha os fatos o hipocampo lembra os fatos puros, o qual é crucial para as lembranças narrativas. Enquanto o hipocampo retém as informações, as amídalas determinam se elas têm valência emocional.

Se as amídalas trabalham preparando uma reação impulsiva e ansiosa, qual outra parte do cérebro emocional possibilita respostas mais adequadas? Segundo Goleman é o córtex pré-frontal (um circuito principal do neocórtex) que parece agir quando a pessoa está zangada ou assustada. De acordo com suas pesquisas, essa região (córtex pré-frontal) traz uma resposta mais analítica aos nossos impulsos emocionais, modulando as amídalas e outras áreas límbicas. Por exemplo, quando estamos tristes ou registramos uma perda, ou alegres com uma vitória ou refletimos sobre alguma coisa que alguém disse ou fez, ou ficamos chateados e zangados é o neocórtex agindo, ou seja, sem o funcionamento dos lobos pré-frontais grande parte da vida emocional desapareceria.

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Por uma abordagem neurofisiológica do comportamento realizada pelo centro de neuropsicocirurgia da USP, a emoção é definida como um estado fisiologicamente excitado que inclui mudanças no sistema nervoso autônomo, principalmente no sistema simpático. (MARINO, 1975).

Marino (1975) também acrescenta que “situações passadas” são um dos elementos principais da emoção, pois exercem influência sócio-cultural sobre as emoções. O autor apresenta-nos, ainda, elementos que considera como os quatros principais na constituição da emoção:

x Conhecimento: refere-se às experiências anteriores;

x Excitação: a viveza excessiva dos processos mentais durante uma emoção;

x Experiência: como parte subjetiva do processo emotivo (é o que o indivíduo sente quando emocionado que pode ser agradável, prazerosa ou desagradável, desprazerosa, exemplo: medo, raiva, alegria, felicidade, agitação, tranqüilidade, depressão);

x Expressão: seria uma tradução da experiência emocional, por intermédio de atividades somáticas e autônomas, que podem ser externas: expressão facial, lágrimas, vocalização, ereção pilosa, enrubescimento ou palidez, riso, fuga ou ataque, grito, alteração de postura ou internas: alterações viscerais, vasculares, mediadas pelo sistema autônomo.

Já Damásio (2000) coloca que as emoções só são desencadeadas após um processo de avaliação mental que é voluntário e não automático.

Segundo suas pesquisas, há um filtro reflexivo e avaliador, como Damásio (2000) assim o denomina, que possibilita a variação da proporção e intensidade das emoções preestabelecidas. Exemplo: de uma forma não consciente, automática e involuntária redes no

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córtex pré-frontal recebem sinais resultantes de alguma situação de medo ou outra circunstância que o sujeito esteja passando. Esses sinais são assinalados as amídalas e pelo cíngulo anterior ativando o sistema nervoso autônomo, enviando os sinais ao corpo pelos nervos e ao sistema motor, de modo que a musculatura esquelética complete o quadro externo de uma emoção por meio de expressões faciais e posturas corporais.

Desta forma, pode-se concluir que a emoção é a combinação de um processo

avaliatório mental, simples ou complexo, com respostas dispositivas e esse processo em sua maioria dirigida ao corpo, resultando num estado emocional do corpo, mas também dirigidas ao próprio cérebro (núcleos transmissores no tronco cerebral).

Por meio dos autores citados acima, trouxe para o presente estudo conceitos e pesquisas fisiológicas referentes às emoções e seus processos, mas me aprofundarei nas concepções psicológicas das emoções, baseando-me nos estudos realizados por Krech e Crutchfield (1973); Atkinson et. al. (2002) e Davidoff (2001).

Concepção Psicológica das Emoções.

A emoção, em seu significado psicológico mais amplo, refere-se a um estado de excitação do organismo, e que se apresenta sobre três maneiras bem diferentes: a experiência emocional; o comportamento emocional e as alterações fisiológicas do corpo.

Segundo Krech e Crutchfield (1973) inúmeros pesquisadores procuraram um número de “dimensões” gerais da experiência emocional, que se encontrassem na descrição de todas as experiências emocionais. Perante a esse número de dimensões, os autores destacaram quatro destas: a intensidade da emoção, o nível de tensão, o caráter hedonista e o grau de

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complexidade.

De acordo com Krech e Crutchfield (1973) a intensidade da emoção diz respeito à intensidade das experiências emocionais, por exemplo: a cólera pode variar da leve irritação à fúria violenta.

O nível de tensão, por exemplo, refere-se ao impulso para a ação, a qual pode ser ativa ou passiva, exemplo: o medo ativo domina as manifestações motoras do tipo desordenado com agitação, hipertonia incoerente. O medo passivo se caracteriza pela pobreza da motilidade, hipotonia relativa, imobilidade A diferença entre a ação passiva e a ativa está no grau de excitação e na força de impulso para a ação. Mas, há grande intensidade, também, encontrada em emoções de pouca tensão, sendo o caso da depressão profunda.

No caráter hedonista as experiências emocionais são classificadas em prazerosas e desprazerosas ou agradáveis e desagradáveis, por exemplo: o sentimento de tristeza, vergonha, medo são nitidamente desagradáveis; os sentimentos de alegria, satisfação e respeito são nitidamente agradáveis. Mas, esses sentimentos desagradáveis e agradáveis, dependendo do grau de intensidade podem tornar-se paradoxos, ou seja, a emoção levemente negativa pode tornar-se agradável e a positiva desagradável.

O grau de complexidade, segundo Krech e Crutchfield (1973), indica um fato importante o por que das experiências emocionais serem complexa, pois são padrões de sentimentos diferentes e muitas vezes sentidos em um estado de emoção indescritível e é essa complexidade que permite dizer qual é a experiência de uma emoção interior, se é desagradável ou agradável. Por um lado muitas das experiências emocionais são simples e diretas, por exemplo: pura tristeza diante da morte de uma pessoa da família.

Outros pesquisadores e psicólogos mapearam o componente sentimento –pensamento das emoções pela observação das dimensões, mencionadas por Krech e Crutchfield (1973).

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Davidoff (2001) destaca apenas três dimensões que descrevem confiavelmente os sentimentos refletidos no rosto, as quais foram pensadas como uma escala classificatória. A primeira vai do agradável até o desagradável; a segunda vai da atenção à experiência até a rejeição desta e a terceira vai do intenso até o neutro. Percebe-se que duas das três dimensões não fogem das explicações oferecidas por Krech e Crutchfield (1973), mas a segunda dimensão já traz uma dimensão que não foi falada por Krech e Crutchfield. A experiência emocional pode ser percebida aceita e/ou rejeitada pelo indivíduo.

Sobre a intensidade das experiências emocionais, Atkinson et al. (2002), fornecem outra interpretação, complementando os conceitos dados por Krech e Crutchfield (1973) e Davidoff (2001), sobre a intensidade das emoções.

Quando vivenciamos uma situação, nós a explicamos em relação às nossas metas e bem – estar pessoal, exemplo: “ fico triste em ver crianças passando fome”; “ fui mal em uma prova e fiquei decepcionada” (exemplo meu), etc. Essa interpretação é conhecida, segundo os autores como avaliação cognitiva, a qual ajuda a determinar o tipo de emoção que sentimos, bem como a sua intensidade.

A emoção cognitiva pode ser também responsável pela diferenciação das emoções. Muitas vezes enfatizamos as avaliações cognitivas quando descrevemos a qualidade de uma emoção: “ [...] fiquei com raiva porque ele(a) foi injusto(a) [...] ”, ou seja, as avaliações cognitivas, são suficientes para determinar a qualidade da experiência emocional. (Atkinson et al., 2002, p. 422)

Segundo Atkinson et al. (2002) existe uma outra teoria da emoção, que alguns autores rotulam de teoria da avaliação. Trata-se de um grupo de teorias que sugere que as avaliações que o indivíduo faz das situações levam a experiências subjetivas de emoção e excitação associada a ela. Estas teorias podem ser divididas em: teorias que identificam as emoções

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primárias ou fundamentais e especificam que tipo de situações e avaliações que provocam essas emoções e teorias que identificam as dimensões primárias das avaliações e as emoções específicas que delas resultam.

Sobre o primeiro grupo de teorias de avaliação, Atkinson et al. (2002) dizem que existe um conjunto relativamente pequeno de emoções primárias e cada uma delas são provocadas por avaliação específica de um evento. Exemplos: se um ente querido falece, sentimos tristeza; se nos sentimos ameaçados temos medo; se há um obstáculo à cólera pode surgir; se nos deparamos com algum objeto repulsivo sentimos nojo, entre outros.

Sobre o segundo grupo de teorias de avaliação, o qual se preocupa em especificar as dimensões primárias das avaliações e as conseqüências emocionais dessas dimensões, é explicado por Atkinson et al. (2002), os quais trazem, primeiramente a definição do que seriam as dimensões, também ressaltadas por Krech e Crutchfield (1973).

Segundo Atkinson et al. (2002, p. 420):

Uma dimensão é o quanto um evento previsto é desejável, e outra é a ocorrência ou não desse evento. Quando combinamos essas duas dimensões, obtemos quatro possíveis avaliações, cada uma produzindo uma emoção distinta. Exemplo: quando um evento desejado ocorre sentimos alegria, quando o evento desejado não ocorre sentimos tristeza; quando um evento indesejado ocorre, sentimos angústia e quando um evento desejado não ocorre, sentimos alívio.

Atkinson et al (2002) apresentaram duas dimensões, mas a maioria das teorias da avaliação cognitiva considera que inúmeras dimensões estão envolvidas. Pesquisadores sobre esse grupo de teorias constataram que pelo menos seis dimensões eram necessárias para descrever quinze diferentes emoções, incluindo, por exemplo, a cólera, a culpa e a tristeza, lembrando que já haviam sido citadas algumas dimensões, por meio dos estudos de Krech e Crutchfield (1973) e Davidoff (2001).

Essas dimensões incluem:

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caráter hedonista citada por Krech e Crutchfield e a escala classificatória de uma experiência emocional descrita por Davidoff (2001);

- a quantidade de esforço que ela prevê que irá despender na situação (o nível de

tensão, citado por Krech e Crutchfield e a escala do intenso ao neutro de Davidoff);

- a certeza da situação (grau de complexidade, citado por Krech e Crutchfield);

- a quantidade de atenção que a pessoa deseja dedicar à situação (a escala

classificatória da atenção à rejeição citada por Davidoff);

- o grau de controle que a pessoa sente que tem sobre a situação

- o grau de controle que a pessoa atribuiu a forças não-humanas na situação.

Assim, se você e seu amigo perderam uma viagem que queriam muito ir, você sentirá cólera se a perdeu, porque o seu amigo esqueceu as passagens, sentirá culpa se foi você que as esqueceu e sentirá tristeza se a viagem foi cancela.

Observa-se, então, que pesquisadores como Krech e Crutchfield (1973); Davidoff (2001) e Atkinson et al. (2002) tratam e explicam uma ampla variedade de experiências, cada um na sua concepção, mas que facilita o esclarecimento e a compreensão das dimensões da experiência emocional.

Atkinson et al. (2002) como viram acima, nos apresentam a teoria da avaliação e o primeiro grupo de teorias identifica as emoções primárias ou fundamentais e especifica que tipo de situações e avaliações provoca essas emoções.

Já Krech e Crutchfield (1973) fazem outras denominações, eles discutem as emoções dentro de seis categorias: emoções primárias; emoções referentes à estimulação sensorial; emoções referentes à auto-estima; emoções referentes à outra pessoa e emoções contemplativas.

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As emoções primárias são reações emocionais “instaladas” no momento do nascimento. Seriam emoções inatas. O indivíduo está programado para reagir com uma emoção, de modo pré-organizado, quando certos estímulos, vindos do meio ambiente ou do próprio corpo são detectados.

As emoções primárias dependem da rede de circuitos do sistema límbico, sendo as amídalas e o cíngulo as personagens principais. Mas, o mecanismo das emoções primárias não descreve toda a gama dos comportamentos emocionais, apenas o processo básico.

Pelas definições dadas por Krech e Crutchfield (1973) as emoções primárias são um grupo de emoções que é, geralmente, considerado como o mais básico e o mais simples, por exemplo: a alegria, a cólera, o medo e a tristeza e que, de maneira característica, está associado à busca de objetivos e com altos graus de tensão.

A alegria, por exemplo, é a réplica emocional do alívio de tensão que se dá com a realização do objetivo desejado. Exemplo: “ você está alegre (emoção) porque passou no vestibular (avaliação)”. O alívio da tensão e a rapidez para se atingir o objetivo influenciam a intensidade da alegria.

Para Krech e Crutchfield (1973) a condição essencial para o aparecimento da cólera é

a barreira que se opõe à realização do objetivo, especialmente quando existe uma frustração contínua dessa realização, caso em que se dá uma acumulação gradual de tensão. Inicialmente pode existir apenas um leve sentimento de irritação ou contrariedade; com a frustração prolongada, a pessoa pode tornar-se verdadeiramente encolerizada e atingir um estágio de raiva ou fúria.

Segundo Sivadon (1990) quando alguém se encoleriza observa-se um aumento de tônus muscular com passagem freqüente ao ato; forma primitiva de defesa para reter perto de si ou em si, aquilo que faz parte do seu próprio corpo e de seu ambiente habitual.

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Em certo sentido a alegria e a cólera são emoções de “aproximação”, envolvem uma busca de um objetivo. Ao contrário, o medo é uma emoção de “afastamento” e envolve uma fuga do perigo. A situação essencial para o aparecimento do medo é a percepção de um objeto perigoso ou de uma condição ameaçadora. O Fato fundamental da situação parece ser a ausência de poder ou capacidade da pessoa para dominar a ameaça. Deve-se notar também que alterações inesperadas em nosso ambiente conhecido podem provocar o medo.

O medo é uma emoção fundamental, constante e também dá para analisá-lo como uma espécie de defesa. O medo patológico se converte em ansiedade e angústia, inquietude forte e dilacerante do corpo, um estado de alerta generalizado sem razão de defesas empobrecendo o corpo pelo enorme gasto de energia e produção de reatividade.

A tristeza, segundo Krech e Crutchfield (1973), se liga à perda de algo ambicionado ou valorizado. Pode ser classificada como passiva e ativa. A primeira é acompanhada de hipotonia, lentidão, fadiga, astenia e mutismo perplexo. A segunda é hipertônica; o sujeito é contraído, tenso, revoltado, com uma expressão de desgosto, de queixas; está próxima do medo e da ansiedade.

Já, as emoções ligadas ao estímulo sensorial, como as emoções de dor são muitas vezes reforçadas pelo medo de mudanças. O desejo de autopreservação, a inércia, a resistência à mudança são compreensíveis, previsíveis e transformam-se em hábitos, e o afastamento disso pode ser manifestado pelo medo, causando dor.

Uma dor interna pode provocar intensa agitação, principalmente se ela tiver um significado ameaçador (mudanças de hábitos, por exemplo). Quando ela é diagnosticada como inofensiva pode haver uma diminuição da intensidade da emoção de dor. A compreensão que a pessoa tem da situação de dor tem muita relação com a intensidade da emoção despertada, podendo dar início a importantes mudanças fisiológicas, por exemplo: um choque emocional

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negativo pode ser sério o suficiente para provocar a falência do funcionamento fisiológico normal, causando a perda da consciência e até a morte. (ROLF, 1999)

A relação da dor com o desprazer ou com o negativo parece óbvia, o efeito dela, na experiência emocional, amplia-se por meio do comportamento que ela desencadeia; isto, por sua vez, excita outros receptores da dor no interior do corpo, acarretando uma tensão muscular específica e, também, reflexos que podem dar uma impressão desprazerosa e até repugnante.

Para Krech e Crutchfield (1973), os desprazeres são sentimentos de aversão, desgosto, desagrado e aflição que se dirigem, fundamentalmente, ao objeto estimulador negativo. Quanto à intensidade, vão desde pequenos aborrecimentos e irritações até o extremo do horror.

Segundo os mesmos autores, entende-se por repugnância, essa emoção primária, que inclui as sensações físicas indispensáveis de náuseas e perturbações correlatas. Mas há também os padrões culturais e a experiência passada específica do indivíduo, que também desempenham um papel na determinação dos objetos que provocam repugnância autêntica.

Ainda dentro das emoções ligadas ao estímulo sensorial, não posso deixar de destacar as emoções de prazeres.

De acordo com Krech e Crutchfield (1973) as emoções de prazeres não devem ser

confundidas com a alegria. Não são sentimentos de brusco alívio de tensão, ao contrário, são satisfações positivas.

As fontes do prazer, assim como do desprazer são inesgotáveis. Algumas são sensações agradáveis do corpo, quando tocado, acariciado. Algumas decorrem de percepções de movimento e funcionamento do corpo – prazer na atividade muscular, na dança rítmica e no canto, por exemplo. Existem variedades ilimitadas de atividades que dão prazer como:

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jogar, ler, pensar, fazer esportes e exercícios físicos e etc., conforme a identificação com a personalidade de cada indivíduo.

Em relação às emoções ligadas à auto-estima os sentimentos de êxito, de fracasso, de vergonha, de culpa e de remorso são emoções que estão ligadas à percepção que se tem do próprio comportamento, com relação a vários padrões de comportamento.

Segundo Krech e Crutchfield (1973) o fracasso e o êxito são determinados pelos padrões interiores do indivíduo e não pelos padrões sociais e externos, mas os fatores sociais desempenham um papel importante na formação desses padrões íntimos. Muitas vezes, o indivíduo está colocado em situações de competição com os outros e a avaliação comum da realização é fortemente imposta. Além disso, a vida social faz com que a pessoa se torne especialmente consciente dos juízos que os outros constantemente fazem ao seu respeito. A percepção que o indivíduo tem de seu eu, depende das percepções que tem o mundo social.

As emoções de orgulho e de vergonha podem surgir quando a pessoa percebe os triunfos e os fracassos, na realização de seus objetivos. Geralmente, o sentimento de orgulho resulta da percepção da pessoa, de que o seu comportamento está de acordo com o exigido pela concepção do eu ideal. Já o sentimento de vergonha é a percepção que o seu comportamento se afasta do exigido pela imagem de seu eu ideal.

O sentimento de culpa, de acordo com Krech e Crutchfield (1973), corresponde a ter agido erradamente ou violado alguma regra e é geralmente vivenciado como angustiante e doloroso. Ele pode ser passageiro ou uma prolongada tortura. Às vezes é mais objetivado e se refere a um ato “mau”, outras vezes e mais subjetivado e se liga a um “mau eu”.Os sentimentos de culpa se ligam também a sentimentos de vergonha, na medida em que a pessoa percebe a ação culpada como se significasse um fracasso na tentativa de corresponder à sua autoconcepção ideal de conduta.

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Sobre as emoções ligadas a outras pessoas, entre essas emoções, o amor, o ódio, a inveja e os ciúmes têm elevados graus de tensão. A pessoa está ativamente motivada, por isso, tais emoções se caracterizam, especialmente, por agitação, excitação e perturbação.

A intensidade da experiência emocional do amor pode variar desde suave até profunda. O grau de tensão pode variar da mais serena afeição até a mais violenta e agitada paixão. O núcleo de sentimento de amor parece ser o sentimento de ser atraído para o outro e o de desejar ser atraído.

O núcleo essencial da emoção do ódio, por exemplo, é o desejo de destruir o objeto odiado. O ódio não é apenas um sentimento de desagrado ou de repulsa, procura-se o objeto odiado, não se pode livrar de pensamentos obsessivos a seu respeito, e não se satisfaz enquanto não é destruído. Isso, também, ocorre quando sente ódio de si mesmo. A pessoa se humilha, se pune mental e fisicamente e pode chegar a matar-se.

A inveja, segundo Krech e Crutchfield (1973) é uma outra forma negativa do eu e que depende da relação com outra pessoa. Um fator é a intensidade do desejo com relação a um objeto; se o desejo é fraco, teremos menor tendência para sentir inveja da pessoa, podendo apenas sentir uma frustração por não possuir o objeto. Outro fator é a tendência que a pessoa tem de querer ocupar um lugar central no nosso espaço de vida.

Já a disposição do indivíduo para o ciúme depende de vários fatores. Um fator é a intensidade do amor, especialmente quando os desejos estão insatisfeitos porque o amor não é correspondido. Outro fator é o sentimento de diminuição da auto-estima, principalmente quando o indivíduo é desvalorizado pela pessoa que é muito importante na sua vida. Outra forma importante de ciúme pode ser encontrada nas relações entre familiares. A criança pode sentir ciúme do irmão recém-nascido ao perceber que a atenção da mãe se deslocou para a criança.

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Complementando as considerações de Krech e Crutchfield, regularmente as emoções podem ser mistas. Sentimos ansiedade e receio por um emprego novo, amor e ódio por uma mesma pessoa, dó e repulsa por um moribundo, por exemplo.

De acordo com Davidoff (2001, p. 375) “ A noção das emoções mistas é fácil de demonstrar intuitivamente [...] e só não são mistas como estão ligadas a motivos[...] ”. É provável que algumas situações, como as que foram descritas acima, despertariam diversos sentimentos. Quando as pessoas são privadas de algo que necessitam, ficam ansiosas, com raiva e tristes, mas, quando conseguem realizar e ter aquilo que foi desejado sentem-se alegres. Essa ligação entre motivo-emoção, ou seja, através de um motivo sinto várias emoções mistas, pode ser uma via contrária. As emoções podem acarretar um motivo. Por exemplo: a raiva é geralmente acompanhada por um desejo de ferir alguém (agressão); o medo está ligado ao desejo de evitar alguém ou algo que o despertou.

Segundo Davidoff (2001) as emoções estão em constantes mudanças e suas experiências despertam emoções e reações relativamente fortes, as quais despertam automaticamente uma pós-reação, esta por sua vez gradativamente opõe-se a força de afeto que a desperta. Depois de uma experiência terminada, a emoção que havia sido diretamente despertada desaparece rapidamente, ao passo que a pós-reação persiste, ou seja, a emoção evocada pela experiência enfraquece, e a pós-reação intencifica-se. Exemplo: estamos em casa sozinhos e de repente ouvimos um barulho, como se alguém estivesse querendo entrar na nossa casa, experimentamos um extremo medo e ansiedade, mas depois percebemos que era apenas um gato de rua que pulou no quintal, a ansiedade desperta uma pós-reação de calma e quando realmente identificamos que era somente um gato a ansiedade desaparece, vindo um estado de tranqüilidade. Se esse episódio repetisse novamente, provavelmente apresentaria menos ansiedade e mais conforto a cada episódio.

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Essa neutralidade da intensidade das emoções fortes (positivas ou negativas), Davidoff (2001) a caracteriza por emoções volúveis.

Enfim, falarei sobre as emoções de apreciação ou contemplativas. As emoções de apreciação se caracterizam pela orientação apreciadora da pessoa a objetos e acontecimentos em seu mundo. Exemplo : o riso, a disposição

No riso a pessoa pode explodir numa gargalhada, apenas sorrir, ter um riso irônico, rir discretamente ter um riso contido, assim, como qualquer outra resposta motora, o riso pode ser provocado por um grande número de condições estimuladoras diferentes e , muitas vezes, não relacionadas. Mas o riso pode ter pouco ou nada a ver com o humor. Ele pode não exprimir satisfação, mas apenas extravasamento de tensão, em uma situação dolorosa, como acontece no riso histérico e no riso nervoso. (KRECH e CRUTCHFIELD, 1973)

Os estados emocionais, difusos e transitórios, denominados de disposições, dão um colorido afetivo a toda nossa experiência momentânea. A disposição tende a invadir tudo, repentinamente, pode-se ser invadido por disposições inexplicáveis, e elas podem manter-se depois, apesar de todas as mudanças em nossa situação imediata e de maneira igualmente rápida, podem desaparecer.

O sentimento de disposição depende muito do grau de tensão, do prazer e do desprazer que é experimentado. Uma disposição sombria, por exemplo, pode ser azeda, deprimida; uma disposição de tristeza pode ter uma tonalidade nostálgica; uma disposição de tensão pode ter o colorido da angústia, uma disposição de alegria pode ter animação e jovialidade. Ou seja, essa mudança de disposição e de sentimento emocional sempre acompanhará um extravasamento de tensão, que pode ser brusca ou não.

A mesma coisa acontece com a duração de alguns estados emocionais, que pode ser pequena, um simples clarão de sentimentos e ressentimentos que chegam e passam, antes de

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serem totalmente experimentados, ou serem bastante duradouros. Por exemplo: em episódio de cólera, de tristeza, de vergonha ou de humor inteiramente desenvolvidos, a duração pode ser de horas ou minutos; uma disposição de alegria ou de abatimento pode persistir por um período de vários dias ou até mais.

Pode-se observar que a tonalidade de disposições e a variação da duração, dependendo do grau de intensidade dos estados emocionais, variam, em intensidade fraca ou forte, duração média ou fraca etc. Quando os estados afetivos são de fraca intensidade e relativa duração, os denominam de Estados de Ânimo.

Segundo Deutsch (1997) os estados de ânimo diferem qualitativamente das emoções, além de serem, pouco específicos e superficiais, difusos e globais, permitem ter uma ação auto-reguladora, ou seja, esta ação pode servir tanto para manter um estado de ânimo agradável, quanto para auxiliar a eliminação dos estados de ânimo considerados desagradáveis.

Os estados de ânimo são, em geral, estados afetivos de fraca intensidade e relativa duração que se instalam de forma lenta e progressiva sendo desencadeados mais por motivos internos que externos. Seriam como pequenas emoções, diferenciando-se quanto à intensidade e à dimensão. Distinguem-se das emoções por estas serem bruscas e agudas.

Quando comparados às emoções, os estados de ânimo, podem apresentar-se como leves e prolongados ou breves e intensos alterando a predisposição do organismo.

Em acordo com as idéias e definições da autora citada acima, foi levado em consideração mais os estados de ânimo nesta pesquisa, do que propriamente dito os estados emocionais, buscando trabalhar e estudar os estados afetivos, não tão bruscos e agudos, os quais podem estar relacionados á Ginástica Terapêutica Chinesa - Lian Gong em 18 Terapias ou despertados no organismo por ela.

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Estados de Ânimo e Tensão Muscular

Como foi visto anteriormente, as emoções estão muitas vezes associadas à busca de objetivos, à fuga ou defesa e que, dependendo da intensidade, podem ser bruscas e agudas ou leves ou superficiais, caracterizadas como estados emocionais e de ânimo, mas que tanto um quanto o outro geram altos graus de tensão.

Quando essa defesa do corpo começa a produzir uma contração permanente de uma determinada região muscular e não consegue relaxar é chamado de couraça muscular. Ela vai se formando quando os movimentos de expansão do ser são reprimidos, porque não correspondem ao que está ocasionalmente aceito. (GAIARSA, 1984).

Portanto, a couraça representa o conflito entre o ser e o mundo, se coloca no meio como uma proteção, uma barreira. Com o tempo ela isola o indivíduo reforçando os estados de ânimo negativos, como o medo, a cólera, a tristeza e o choro.

Spinoza (1988 apud SIVADON, 1990) pensava que os estados de ânimo negativos eram duplamente nocivos à saúde. Seriam atos humanos, nos quais o indivíduo é pego em redes emocionais sem poder exercer nenhum controle sobre elas, " [...] o indivíduo é arrastado para isso [...]" (p. 127). Em contrapartida, esses estados de ânimo não aliviam o indivíduo, o qual aliena nisso a sua liberdade, se compromete no passivo, causando os distúrbios emocionais e físicos.

Esses distúrbios significam que algo não está funcionando bem no corpo, diminuindo a resistência e alterando o grau de excitação do organismo.

Segundo Fiamenghi (1994), o estado de excitação do organismo é sempre visível e, dependendo do estado de ânimo, o grau de excitação exibe no corpo um aumento ou uma diminuição de atividade. Por exemplo, na raiva, o corpo fica quente e os olhos brilham. Na

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cólera observa-se um aumento do tônus muscular.

Portanto, pode-se afirmar que as tensões musculares podem ser perturbadas por um estado de excitação do organismo e os estados de ânimo modificam esse estado, de acordo com a situação em que o indivíduo se encontra.

É correto afirmar que certa tensão muscular é necessária durante o dia, a fim de manter a postura e conservar alguma forma de expressão. Não obstante, há uma grande dose de tensão muscular inconsciente, desnecessária, fatigante e prejudicial.

Muitos sociólogos e psicólogos tendem a acreditar que algumas doenças, como dores e formigamentos que podem aparecer nos braços, ombros, cotovelos e mão, sem que a pessoa esteja lesionada ou machucada, seja, principalmente, a manifestação somática das angústias e tristezas vividas nesta era conturbada, marcada pelo medo do desemprego, da violência e da falta de perspectiva de realização pessoal.

Há também um grande número de fatores pessoais e emocionais, que interferem na postura corporal e no sistema musculoesquelético do homem, gerando dores múltiplas e má postura, como é o caso do estresse, da ansiedade e da raiva.

Por exemplo, o sentimento de estresse, o qual, segundo Brandão e Matsudo (1990); Atkinson, (2002) é um processo psico-biológico complexo que consiste em três elementos: a situação estressante, a cognição ou o pensamento e a reação emocional. Há alguns sintomas físicos e psíquicos do estresse, exemplo:

Sintomas Físicos – a prolongada exaustão dos recursos fisiológicos, devido à exposição à estressores permanentes, dos quais não se pode fugir ou lutar, é responsável por uma ampla gama de doenças e os sintomas acabam sendo: tensão muscular; mãos ou pés frios; boca seca; ansiedade, insônia, aumento da pressão arterial; suor exagerado; mudança de apetite; ranger dos dentes (dormindo); “nó no estômago”; diarréias passageiras, perda da

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memória, cansaço constante e tonturas. Isso acontece porque a necessidade imediata de energia faz com que o fígado segregue glicose extra, para abastecer os músculos, e hormônios que estimulam a conversão de gorduras e proteínas em açúcar, os quais são liberados. Desta forma, o metabolismo do corpo aumenta para preparar-se para o gasto de energia na ação fisiológica. O estresse pode afetar diretamente o sistema imunológico e trazer grandes danos à saúde.

Sintomas Psíquicos: o estresse pode também ser causado por processos internos como conflitos não resolvidos que podem ser conscientes e inconscientes; sensibilidade emotiva exagerada; perda do senso de humor; angústia; pensar somente em uma coisa; vontade de fugir de tudo; raiva ou depressão prolongada; irritabilidade sem causa; dúvidas quanto a si mesmo; pesadelos; sensação de incompetência.

Ansiedade e raiva são, também, algumas das principais reações emocionais. A ansiedade consiste de sentimentos de apreensão, tensão, nervosismo e preocupação que provocam uma grande ativação do sistema nervoso autônomo. Já a raiva pode variar de sentimentos de irritação e aborrecimento até fúria e cólera, e também apresenta uma ativação do sistema nervoso autônomo que é correspondente à intensidade de sentimentos de raiva vivido. (BRANDÃO e MATSUDO, 1990)

Segundo Davidoff (2001) a ansiedade começa com um alerta de perigo emitida pelo ambiente estressor e o organismo gera o máximo de energia a fim lidar com a crise, se a tensão é prolongada, o corpo permanece altamente incitado e o sistema imunológico fica enfraquecido e suscetível a outros estressores. Persistindo ainda o estressor original ou surgindo novos o corpo começa a mostrar sinais de exaustão e perda muscular. As atividades físicas diminuem, desenvolvendo males psicológicos e físicos.

Referências

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