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64 ARS VETERINARIA, 17(1):64-70, 2001.

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1 Zootecnista. MSc. em Zootecnia. Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (Produção Animal) da FCAV/Unesp - Jaboticabal SP – Via de acesso Prof. Paulo D. Castellane - 14884-900. Bolsista Fapesp. e-mail: rmbrito@fcav.unesp.br

2 Zootecnista. Prof. Adj. Depto. Zootecnia - FCAV/Unesp. Bolsista CNPq. e-mail: sampaio@fcav.unesp.br

EFEITO DE FONTES DE PROTEÍNA NAS CARACTERÍSTICAS

DA CARCAÇA E AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO DE CARNE

APROVEITÁVEL ESTIMADA POR MEIO DE EQUAÇÕES

DE REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA EM TOUROS

¾ CANCHIM ¼ NELORE

(EFFECT OF PROTEIN SOURCES ON CARCASS TRAITS AND EVALUATION

OF YIELD GRADE ESTIMATED BY MULTIPLE LINEAR REGRESSION

EQUATIONS OF 3/4 CANCHIM 1/4 NELORE BULLS)

R. M. BRITO

1

, A. A. M. SAMPAIO

2

RESUMO

Foram utilizados 30 bezerros inteiros cruzados 3/4 Canchim 1/4 Nelore, desmamados com sete meses de idade e 210 kg de peso vivo e alimentados com rações isonitrogenadas e isocalóricas, compostas por três diferentes fontes de proteína (farelo de algodão, farelo de soja e soja integral). Após 168 dias de confinamento, os animais foram abatidos, e foram comparadas algumas características das carcaças: gordura de cobertura; área de olho de lombo; rendimento; e musculosidade. Algumas medidas foram utilizadas para a aplicação de equações para predição do rendimento de carne aproveitável total. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%). O ganho de peso corporal diário dos animais que receberam farelo de soja ou farelo de algodão foi maior do que o dos animais que receberam soja integral, com médias de 1,34; 1,30 e 1,07 kg/cab., respectivamente. Não houve efeito da fonte de proteína sobre as características da carcaça ou sobre a carne aproveitável total.

PALAVRAS-CHAVES: Carcaça, carne aproveitável, equação de predição, proteína.

SUMMARY

It were utilized 30 intact male crossbred ¾ Canchim ¼ Nelore calves, weaned at seven months of age and 210 kg of liveweight and fed with isocalorics and isonitrogenous rations, compounded by three protein sources (cottonseed meal, soybean meal and whole soybean). After 168 days of confinement, the animals were slaughtered, and were compared some carcass traits: fat thickness; loin eye area; dressing percentage; and conformation. Some measurements were utilized to application of equations to predict the total edible portion. The means were compared by Tukey test (5%) in a completely randomized design. The daily weight gains of animals fed with soybean meal or cottonseed meal were greater than those animals fed with whole soybean, with means of 1.34; 1.30 and 1.07 kg/head, respectively. There was no effect of protein source on carcass characteristics or total edible portion.

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INTRODUÇÃO

A qualidade dos produtos destinados à alimentação humana tem recebido grande importância no contexto da produção agropecuária mundial. No Brasil, a pecuária de corte vem se preocupando em produzir animais jovens, com peso de abate que proporcione bom rendimento ao produtor e forneça ao frigorífico uma carcaça com proporções adequadas de carne, ossos e gordura. Dessas frações, a que mais interessa ao consumidor é a quantidade de carne comestível, sendo necessária a estimativa desse parâmetro para a seleção de animais que serão destinados aos diferentes segmentos de mercado, com elevado gradiente de preferências ou necessidades de consumo.

A determinação da porção comestível pode permitir ainda a remuneração diferenciada ao invernista/ confinador, desde que essa fração possa ser adequadamente estimada após o processo de resfriamento das carcaças, prática comum nos países que se destacam na produção de carne bovina, como EUA, Inglaterra e França.

Algumas pesquisas têm se preocupado em identificar as fontes de variação na qualidade da carcaça bovina, especialmente na porção comestível (carne aproveitável total), envolvendo testes com raças especializadas em produção de carne (STEEN, 1995; FERREL & JENKINS, 1998 a; b; CRUZ et al., 1996); avaliação de vários alimentos (COMERFORD et al., 1992; HORTON et al., 1992; HUSSEIN & BERGER, 1995) e níveis nutricionais (LOERCH & FLUHARTY, 1998); formas de quantificação e mensuração de diversas características da carcaça (FELÍCIO & ALLEN, 1982); e ainda a comparação de particularidades do produto final como cor, sabor, odor e maciez.

Outras pesquisas objetivaram o estudo da proteína, por representar nutriente de elevada importância no desenvolvimento muscular do animal, além do maior custo nas formulações de dietas para engorda do gado confinado ou em pastagens suplementadas. COMERFORD

et al. (1992) compararam os efeitos do farelo de soja e da

farinha de peixe suplementando a silagem de milho, sobre as características da carcaça de novilhos ½ Angus ¼ Simental ¼ Charolês com peso corporal variando de 264 a 270 kg à desmama e abatidos aos 13,5 meses de idade, não encontrando diferenças entre os tratamentos e obtendo 320,8 e 318,1 kg para peso de carcaça fria; 61,60 e 61,40% para rendimento de carcaça; 10,8 e 10,3 mm para gordura de cobertura; 24,2 e 24,0 cm2 de área de olho de lombo/100

kg de carcaça; e 67,60 e 67,60% para carne aproveitável total, para farelo de soja e farinha de peixe, respectivamente. HUSSEIN & BERGER (1995) avaliaram o efeito do farelo de soja e farelo de soja + uréia sobre as características da

carcaça e não obtiveram diferenças significativas para rendimento de carcaça, área de olho de lombo, gordura de cobertura e carne aproveitável total.

Em abordagem um pouco diferenciada, ANDERSON et al. (1988) avaliaram o efeito de níveis de proteína bruta (10; 12 e 14% MS) nas características da carcaça de 59 tourinhos Angus x Hereford de 353 kg de peso corporal e 13,6 meses de idade, cuja ração foi composta por silagem de milho, cevada e farelo de soja. Os autores não observaram diferenças entre as médias de 326,1; 331,1; e 334,8 kg para peso de carcaça fria; 60,0; 60,2; e 61,0% para rendimento de carcaça e 94,2; 89,7; e 96,1 cm2 de área de olho de lombo nos níveis de 10; 12; e

14% PB na MS, respectivamente. Houve diferenças entre os tratamentos para as médias de 11,2; 14,4; e 10,7 mm para gordura de cobertura e 72,0; 69,0 e 72,0% para carne aproveitável total, para os níveis de 10; 12; e 14% PB na MS, respectivamente.

LOERCH & FLUHARTY (1998) alimentaram novilhos provenientes do acasalamento de raças continentais e britânicas de 273 kg de peso corporal com dietas de 15% de volumoso, suplementadas com farelo de soja e milho moído para ganhos diários de 0,91; 1,13; 1,36 kg/cab.; e máximo ganho possível, obtendo 320; 317; 322; e 323 kg para peso de carcaça quente; 59,9; 59,3; 60,1; e 60,3 para rendimento de carcaça; 76,8; 76,8; 78,1; e 78,1 cm2

para área de olho de lombo; 10,9; 10,2; 10,7; e 10,1 mm para gordura de cobertura e 67,1; 67,6; 67,4; e 66,8% para rendimento de carne aproveitável, respectivamente, sem diferença significativa entre as médias.

STEEN (1995) avaliou os efeitos de plano de nutrição (à vontade x 20 % de restrição), peso de abate, sexo (touro, macho castrado e novilhas) e raça (Holandês; Limousin x Holandês; e Belgian Blue x Holandês) em 236 animais recebendo dietas com relação volumoso concentrado de 67:33, compostas por feno de gramínea, 29% de cevada e 3,5% de farelo de soja. Os animais machos inteiros alimentados à vontade foram abatidos aos 18,6 meses de idade, com 610 kg de peso corporal e apresentaram 56,3% de rendimento de carcaça e portanto 346 kg de peso de carcaça quente. Em razão da importância da determinação dos componentes da carcaça, o autor desenvolveu equações de regressão linear para estimar a porcentagen de carne para cada tipo de animal avaliado, publicando a equação: CARNE (kg) = -f + 0,3913 x PESO

CORPORAL (kg), com r2 = 0,90, em que f representou o

fator calculado para cada raça: Holandês = 26,5; Limousin x Holandês = 11,3; e Belgian Blue x Holandês = 10,1.

Considerando as grandes variações observadas nas dietas fornecidas aos bovinos quanto à natureza protéica, torna-se necessário identificar os efeitos das alterações quantitativa e qualitativa desse nutriente no desempenho do animal, bem como sua influência nas

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características das carcaças produzidas. Neste contexto, a quantificação da proporção de carne comestível nos frigoríficos brasileiros pode tornar-se exigência incondicional para que o empreendimento possa atender adequadamente o mercado e continuar operando em condições não deficitárias, além de representar remuneração diferenciada pelo produto oferecido pelo pecuarista. Os padrões norte-americanos de avaliação de carcaça bovina são uma opção de pouca viabilidade nas condições brasileiras, pois aplicam-se às carcaças tratamento diferente daquele praticado em nosso país. A estimativa por meio de equações que utilizam alguns indicadores tomados nas carcaças pode ser uma opção válida, desde que tais medidas não causem alterações nos padrões dos cortes cárneos brasileiros.

Neste trabalho procurou-se identificar os efeitos de diferentes fontes de proteína nas características da carcaça de tourinhos jovens; e comparar as estimativas da proporção de carne aproveitável, obtidas a partir de diferentes equações de regressão linear múltipla.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 30 bezerros machos inteiros 3/4 Canchim 1/4 Nelore, desmamados, com sete meses de idade e 210 kg de peso corporal, alimentados com rações isonitrogenadas e isocalóricas, compostas por três diferentes fontes de proteína: farelo de algodão, farelo de soja e soja integral; ajustadas para atender os requerimentos de crescimento e engorda, com ganho de peso corporal diário de 1,1 kg/cab., de acordo com as recomendações do NRC (1984), conforme mostrado na Tabela 1.

Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos, cinco repetições e alojados em grupos de dois animais em 15 baias de 16 m2 cada, visando homogeneização do peso

corporal das parcelas dentro de cada tratamento. As baias contavam com piso concretado e cocho coberto. Os animais foram vacinados, dosificados e permaneceram 28 dias em adaptação ao local e às dietas. Durante 168 dias, foram arraçoados à vontade, duas vezes ao dia (8 e 16 h). Para caracterizar o consumo à vontade, as sobras alimentares foram quantificadas duas vezes por semana, e com base nessa avaliação as quantidades fornecidas foram sistematicamente reajustadas para se obter cerca de 10% do total fornecido em sobras. As pesagens dos animais foram efetuadas pela manhã, a cada 28 dias, após imposição de jejum de alimentos sólidos de 15 h.

Após a pesagem final, os animais foram encaminhados ao matadouro-frigorífico, onde procedeu-se ao atordoamento, por meio de concussão cerebral com

pistola de ar comprimido, seguindo-se a sangria. Posteriormente foram realizados os procedimentos usuais de esfola, evisceração e preparo da carcaça. Ao final da linha de abate foram tomados o peso da carcaça quente (PCQ) e o peso da gordura perirrenal e pélvica (GPP) colhida durante o preparo da carcaça. Cada meia carcaça foi identificada de acordo com o animal e tratamento correspondente.

As carcaças foram encaminhadas à câmara fria, onde permaneceram por 24 h. Em seguida foram novamente pesadas para obtenção do peso de carcaça fria (PCF), e as meias carcaças direitas foram avaliadas segundo FELÍCIO

et al. (1979) e FELÍCIO & ALLEN (1982), quanto às

seguintes características: a) área de olho de lombo (AOL): medida em cm2 na secção transversal do músculo

longissimus dorsi na altura da 5a (AOL5) e 12a (AOL12)

costelas; b) espessura de gordura de cobertura (EGC): medida em mm na secção transversal do músculo

longissimus dorsi na altura da 5a (EGC5) e 12a (EGC12)

costelas; e c) espessura de gordura de cobertura na 4a

estérnebra (EGC4): medida em mm na gordura do peito, perpendicular à 4a estérnebra.

A avaliação de gordura de cobertura (GC) foi visual e obedeceu a um escore atribuído de acordo com a cobertura de gordura geral apresentada pela carcaça, variando de 1 (gordura ausente) a 5 (gordura excessiva). Também a conformação (CNF) recebeu avaliação semelhante, variando de 1 (musculatura pesada) a 5 (musculatura leve). As médias de cada variável analisada foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, de acordo com as recomendações de BANZATTO & KRONKA (1992).

Os dados colhidos e expressos nas devidas unidades (cm2, pol2, mm, kg, lb) foram aplicados à duas

diferentes equações de predição do rendimento de carne aproveitável total, descritas na Tabela 2 e propostas por FELÍCIO & ALLEN (1982). Cada uma das equações utilizou diferentes indicadores, de acordo com os padrões americano (USDA) e brasileiro de corte de carcaças bovinas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da análise estatística para as médias de peso corporal inicial, ganho de peso e características da carcaça estão apresentados na Tabela 3. É possível notar que não houve diferença (p > 0,05) entre as médias de peso corporal inicial, evidenciando boa homogeneidade das parcelas. O ganho de peso corporal diário não diferiu (p > 0,05) entre os tratamentos compostos por farelo de algodão e farelo de soja, que por sua vez diferiram (p < 0,05) do tratamento composto por soja integral. HORTON

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* FELÍCIO, P.E. – Fac. de Engenharia de Alimentos (Depto. Tecnologia de Alimentos) – Campinas (SP), 1999.

Tabela 1 - Composição das dietas utilizadas em cada tratamento

C o m p o s i ç ã o d a s d i e t a s ( % M S ) I n g r e d i e n t e s F . a l g o d ã o F . s o ja S o ja in t e g r a l S i l a g e m d e m ilh o 5 7 , 1 1 6 0 , 2 5 6 2 , 0 2 M i lh o m o í d o 2 3 , 0 2 2 9 , 0 6 2 1 , 4 8 F a r e l o d e s o ja - 9 , 7 6 -F a r e l o d e a lg o d ã o 1 8 , 9 6 - -S o ja in t e g r a l - - 1 5 , 5 6 M in e r a l 0 , 9 1 0 , 9 3 0 , 9 4 T o t a l 1 0 0 , 0 0 1 0 0 , 0 0 1 0 0 , 0 0 M a t é r i a s e c a c a l c u la d a (% ) 4 3 , 0 0 4 4 , 2 8 4 2 , 4 1 P r o t e ín a b r u t a c a l c u la d a ( % M S ) 1 2 , 8 5 1 3 , 1 2 1 2 , 9 4 E n e r g i a b r u t a e s t im a d a ( M J / k g M S ) 1 7 , 1 6 1 7 , 0 8 1 7 , 8 9

et al. (1992) e COMERFORD et al. (1992) observaram

ganhos de peso de 0,94 e 1,04 kg/animal/dia utilizando rações cuja base protéica foi o farelo de soja, sendo esses valores inferiores aos aqui obtidos para o tratamento com farelo de soja (1,34 kg/cab./dia). ARRIGONI (1995) empregou a soja integral como fonte de proteína e obteve ganho de 1,01 kg/cab./dia, utilizando animais com composição genética 1/2 Simental 1/2 Nelore em 160 dias de confinamento, resultado também inferior ao obtido no presente trabalho para a ração com soja integral, de 1,07 kg/cab./dia.

De modo diferente do ocorrido com o ganho de peso corporal, não foi possível identificar diferenças significativas em nenhuma das características avaliadas nas carcaças (p > 0,05). É possível que esse fato deva-se à menor interferência da qualidade da proteína nas características da carcaça, atribuindo-se maior efeito aos teores desse nutriente na ração, conforme mostrou o trabalho de ANDERSON et al. (1988), juntamente com o nível energético, fatores aqui controlados pela semelhança nas densidades protéica e energética entre as diferentes rações.

Os valores de EGC12 para os animais que receberam farelo de soja situaram-se abaixo daqueles obtidos por COMERFORD et al. (1992), de 10,55 mm; ANDERSON et al. (1988), de 10,7 a 14,4 mm; LOERCH & FLUHARTY (1998), de 10,1 a 10,9 mm, obtidos em animais que também receberam farelo de soja como fonte de proteína bruta, embora todos esses autores tenham abatido animais com maior peso de carcaça e de raças distintas em relação aos avaliados no presente estudo. Em razão disso,

as médias de AOL12 dos animais do tratamento com farelo de soja também foram inferiores às obtidas por ANDERSON

et al. (1988), de 89,7 a 96,1 cm2, e LOERCH & FLUHARTY

(1998), de 76,8 a 78,1 cm2, em carcaças de aproximadamente

320 kg.

As médias de carne aproveitável total, obtidas segundo as diferentes equações de predição para cada um dos tratamentos, encontram-se na Tabela 4. A ausência de diferenças significativas nas médias de carne aproveitável estimadas pelas equações pode ser explicada pela semelhança observada nas características das carcaças (Tabela 3), especialmente na EGC12 e AOL12, considerados bons indicadores da proporção de carne na carcaça. Segundo FELÍCIO*, essas equações subestimariam o valor de carne aproveitável total em dois ou três pontos percentuais quando aplicadas a tourinhos jovens, pois foram desenvolvidas para animais zebuínos castrados. De acordo com o pesquisador, a equação 1 é a que mais se aproxima do real, porque considera a AOL12 e pode ser útil para comparar animais de tipos biológicos semelhantes. ANDERSON et al. (1988) estimaram a quantidade de carne da carcaça de novilhos cruzados recebendo farelo de soja que variou de 69 a 72 %, e LOERCH & FLUHARTY (1998) obtiveram valores de carne aproveitável total estimada entre 66,8 e 67,7%, ambos os trabalhos realizando avaliações em carcaças aproximadamente 100 kg mais pesadas do que as do presente estudo. Esses resultados, aliados aos de OLIVEIRA et al. (1996), que encontraram maior rendimento em carne quando o peso de carcaça fria foi menor, sugerem que menores pesos de abate interferem a favor de um maior rendimento de carne, se as demais variáveis forem consideradas praticamente constantes: 18% de ossos e 13-15% de gordura. Essas considerações tornam-se ainda mais evidentes se a AOL12 for expressa

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Tabela 2 - Equações de predição para retalhabilidade e rendimento de carne aproveitável total (CAT) em % do peso da carcaça fria, utilizando diferentes indicadores.

E quação 1 1 E quação 2 2

Intercepto 72,92 75,51

G ordura de cobertura3 - - 1,097

C onform ação4 - - 0,588

Á rea de olho de lom bo 5a costela (cm2) - + 0,156

E spessura de gordura 4a estérnebra (m m ) - - 0,063

E spessura de gordura 12a costela (m m ) - 0,489 -

P eso de carcaça quente s/ G P P (kg) - 0,02 -

Á rea de olho de lom bo 12a costela (cm2) + 0,119 -

1 Aplicada a partir de indicadores do USDA, segundo FELÍCIO & ALLEN (1982).

2 Aplicada por meio do padrão brasileiro de cortes na carcaça, segundo FELÍCIO & ALLEN (1982). 3 Escala de 1 (gordura ausente) a 5 (gordura excessiva).

4 Escala de 1 (musculatura pesada) a 5 (musculatura leve).

Tabela 3 – Desempenho e características de carcaça de tourinhos cruzados Canchim em confinamento, alimentados com rações compostas por diferentes fontes de proteína

T ra ta m e n to s V a riá v e is 1 F . a lg o d ã o F . so ja S o ja in te g ra l c v % 2 P e so c o rp o ra l in ic ia l (k g ) 2 1 0 ,8 2 0 7 ,2 2 0 8 ,4 1 0 ,5 3 G a n h o d e p e so c o rp o ra l (k g /c a b ./d ia ) 1 ,3 0 a 1 ,3 4 a 1 ,0 7 b 5 ,3 2 P e so d a c a rc a ç a q u e n te c / g o rd u ra p e rirre n a l e p é lv ic a (k g ) 2 3 8 ,7 7 2 4 4 ,8 1 2 1 4 ,8 5 9 ,0 7 P e so d a c a rc a ç a q u e n te s/ g o rd u ra p e rirre n a l e p é lv ic a (k g ) 2 3 3 ,1 0 2 3 9 ,0 0 2 0 9 ,7 5 9 ,0 7 G o rd u ra p e rirre n a l e p é lv ic a (k g ) 5 ,6 8 5 ,8 2 5 ,1 2 9 ,0 0 Á re a d e o lh o d e lo m b o n a 5ª c o ste la (c m2) 2 3 ,8 9 2 7 ,1 0 2 5 ,5 2 8 ,5 0 Á re a d e o lh o d e lo m b o n a 1 2ª c o ste la (c m2) 6 9 ,4 8 7 2 ,1 3 7 2 ,5 4 8 ,4 7

E sp e ssu ra d e g o rd u ra d e c o b e rtu ra n a 5a c o ste la (m m ) 7 ,7 8 6 ,3 5 6 ,4 0 2 7 ,5 1 E sp e ssu ra d e g o rd u ra d e c o b e rtu ra n a 1 2a c o ste la (m m ) 6 ,8 5 6 ,4 5 5 ,9 5 2 1 ,1 3 E sp e ssu ra d e g o rd u ra d e c o b e rtu ra n a 4a e sté rn e b ra (m m ) 4 0 ,7 6 3 3 ,5 2 3 5 ,0 0 2 2 ,1 8

G o rd u ra d e c o b e rtu ra 3 3 ,9 3 ,5 3 ,6 1 5 ,5 5

C o n fo rm a ç ã o 4 1 ,2 1 ,2 1 ,6 2 4 ,6 9

R e n d im e n to d e c a rc a ç a q u e n te c / g o rd u ra p e rirre n a l e p é lv ic a (% ) 5 4 ,8 8 5 5 ,7 8 5 4 ,5 7 2 ,2 2

1 Médias seguidas de letras desiguais nas linhas diferem pelo teste de Tukey (5%). 2 cv – coeficiente de variação.

3 Escala de 1 (gordura ausente) a 5 (gordura excessiva). 4 Escala de 1 (musculatura pesada) a 5 (musculatura leve).

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Tabela 4 - Resultado da análise estatística das médias de carne aproveitável total (CAT) em % do peso de carcaça fria (PCF), de acordo com diferentes equações de predição

Tratamentos1

F.algodão F.soja Soja integral cv % 2

Equação 1 (CAT - % PCF s/ gordura perirrenal e pélvica) 73,18 73,57 74,44 1,13

Equação 2 (CAT - % PCF s/ gordura perirrenal e pélvica) 71,68 73,08 72,39 1,35

1 Médias seguidas de letras desiguais nas linhas diferem pelo teste de Tukey (5%). 2 cv – coeficiente de variação

em relação aos pesos de carcaça fria (dados não apresentados), na unidade cm2 AOL/100 kg carcaça fria,

obtendo-se valores de 30,1; 30,5; e 35,0% para os tratamentos compostos por farelo de algodão, farelo de soja e soja integral, respectivamente. Como COMERFORD

et al. (1992) obtiveram 24,2 e 24,0 cm2 AOL/100 kg carcaça

fria em animais com cerca de 320 kg de carcaça, supõe-se que esse valor será tanto maior quanto mais leves e musculosos forem os animais, já que maiores variações no valor relativo da AOL12 são controladas principalmente pelo peso de carcaça fria.

O trabalho de CRUZ et al. (1996) objetivou quantificar a carne aproveitável total em tourinhos mestiços Canchim x Nelore, porém através da desossa manual, sendo que os autores obtiveram média de 70,90%, próxima às médias obtidas neste trabalho. As médias obtidas com animais provenientes do cruzamento das raças Blonde d´Aquitaine, Limousin e Piemontês com o Nelore foram 75,20; 73,64; e 76,50%, respectivamente, em geral maiores do que as obtidas neste trabalho.

OLIVEIRA et al. (1996), estudando a influência do peso de abate nas características da carcaça, obtiveram, por meio de desossa manual, média de 76,03% de rendimento de carne aproveitável em novilhos mestiços Canchim x Nelore, ajustando o peso de carcaça fria para 220,8 kg. Se considerada a subestimativa de três pontos percentuais, proporcionada pelas equações empregadas, e os pesos de carcaça fria obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que é grande a proximidade entre os valores aqui estimados e os valores reais. Entretanto, faz-se necessário considerar que a equação 1 traz limitações quanto à possível desvalorização da carcaça nos frigoríficos, uma vez que os cortes na carcaça devem ser realizados em locais não convencionais. A equação 2 mostrou-se eficiente e de utilização viável para a estimativa de carne aproveitável ou para a comparação entre animais, pois é simples e não causa transtornos quanto à alteração dos cortes cárneos tradicionais. Sua precisão pode ser aumentada, na medida em que o avaliador aprimora a capacidade de classificar os animais nos escores de GC e CNF. Essa avaliação deve ser feita após o resfriamento,

pois esse processo modifica o aspecto do tecido adiposo. A avaliação econômica dos resultados do trabalho indicou que 20% dos animais de cada um dos tratamentos avaliados atingiram a classificação tipo cota Hilton (4 a 6 mm de espessura na gordura de cobertura e mínimo de 220 kg de carcaça), e apesar da ausência de diferenças estatísticas, os animais dos tratamentos com farelo de soja e farelo de algodão proporcionariam respectivamente US$ 71,94 e US$ 57,43 a mais (US$ 1,00 = R$ 1,03) na remuneração bruta da carcaça (considerando US$ 36,89/@) do que os animais que receberam o tratamento com soja integral, resultando em sensível e importante diferencial de rentabilidade, que pode determinar a viabilidade ou o insucesso da exploração.

CONCLUSÃO

Não houve efeito das diferentes fontes de proteína sobre as características da carcaça. A equação que utilizou medidas adequadas aos cortes comerciais brasileiros apresentou boa viabilidade de utilização em razão da facilidade e dos benefícios proporcionados.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq e à Fapesp pela concessão da bolsa de auxílio financeiro e ao Prof. Dr. Pedro Eduardo de Felício pelas sugestões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARRIGONI, M.B. Efeito da restrição alimentar sobre o desempenho, área e tipo de fibras musculares, em

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agrícola. 2.ed., Jaboticabal: Funep, 1992. 247p. COMERFORD, J.W., HOUSE, R.B., HARPSTER, H.W.

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Referências

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