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CORPO:PRINCÍPIO DA APRENDIZAGEM Adriana Moreira Silva. Universidade Federal de Uberlândia Comunicação- Relato de pesquisa

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Academic year: 2021

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CORPO:PRINCÍPIO DA APRENDIZAGEM

Adriana Moreira Silva drika_talentos@hotmail.com

Universidade Federal de Uberlândia Comunicação- Relato de pesquisa

O teatro na educação possibilita a integração de dois papéis em um único indivíduo: professor e artista. Para os quais o ensino permite não apenas as habilidades e conhecimento específico da áreas, mas também colaborar com a formação geral dos alunos, visto que ambas as áreas devem construir um diálogo com as características peculiares que envolve a sociedade.

A presença do teatro nas escolas municipais de Uberlândia vem crescendo e suscitando discussões à cerca das atividades desenvolvidas pelos professores egressos do curso de Teatro da UFU na rede. O ensino para formação de novos sujeitos implica no mínimo um educador que domine seu conhecimento e fundamente com segurança e excelência o trabalho de um “ professor-artista”.

Refiro-me a este termo – professor-artista- por acreditar no desenvolvimento das duas áreas, ao longo do curso, que oferece disciplinas voltadas tanto para a área pedagógica quanto para áreas de domínio artístico como interpretação e cenografia, ou seja, os vários elementos compõem o fazer teatral. Por isso, é preciso incorporar uma visão crítica que questione a forma de pensamento unilateral que caracteriza o teatro atualmente.

Dentro da estrutura oferecida pelo curso até então nomeado de Artes Cênicas ( atualmente o curso é intitulado por Teatro) os alunos aprendem a lidar com esses dois componentes do teatro, sendo então necessário que exista um eixo comum de possibilidades mediante essa formação.

Diante disso incorporar uma visão crítica é caracterizar uma distinção de papéis estruturados na universidade, na maioria das vezes, e que se concretiza no âmbito escolar da rede. Essa visão se configura justamente por sustentar uma idéia de verticalidade á respeito dos indivíduos que são artistas e, assim, passam por determinados processos que englobam essas características, posto que é através da ampliação desse campo que a educação ocupará um espaço de diálogo entre artistas que também se tornam professores.

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Tomemos por referência o dramaturgo Luís Alberto de Abreu1, .pedagogo e artista, no qual seu trabalho une as duas funções deixando transparecer o fato de suas práticas educativas interferirem na sua atuação artística. Portanto, é imprescindível que em determinados ou todos os momentos as duas áreas se mesclem ,posto que só podemos ensinar aquilo que de certa forma vivificamos.

Dentro das escolas os professores de teatro acabam muitas vezes reduzindo as atividades artísticas para datas específicas como Dia das Mães ou Festa Junina impedindo sua própria liberdade de expressão e de seus alunos que vinculam a essa tarefa a verdadeira “hora do recreio” ou da desordem. Sendo assim, acredito que exista uma falta de consciência desses professores - artistas em torno de suas próprias investigações pessoais.

O princípio de qualquer forma de atuação, seja ela profissional ou pessoal, é o corpo humano. É a partir dele que nos conhecemos e começamos a desenvolver a base de nossas ações: o movimento.

Ninguém existe sem antes perceber o próprio corpo. Nossos movimentos vão gradualmente ganhando autonomia e se concretizando corporalmente com características próprias de acordo com as percepções e sensações emitidas pelo meio. O corpo registra através dessas percepções um processo de desenvolvimento gerado e passado de geração em geração. Todo conhecimento que nos é transmitido, portanto, é fruto da expansão do aprendizado humano. Nosso corpo é feito para o movimento e, por essa razão devemos experimentá-lo em sua mobilidade para que a estrutura corporal adapte-se naturalmente as condições impostas pelo meio.

Porém essa consciência não existe na maioria dos indivíduos, visto que a formação do nosso corpo acompanha um processo histórico e cultural nos quais rompem quase sempre com a perspectiva de auto-conhecimento estabelecendo, assim, aspectos corporais unificados. Esse contexto capitalista, por exemplo, ao qual a sociedade está inserida, traz interpretações de que o corpo é compreendido isoladamente desse meio e que para uma pessoa se exprimir enquanto corpo que realiza livremente seus desejos é necessário que ela cresça não na sua individualidade somente , mas nas relações que se constrói com os outros e o mundo.

Com o passar do tempo somos culturalmente modelados,” o que o corpo fala é o que o social está falando”(66: Brasileiro e seu corpo) esta influência é um fator determinante na construção

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da percepção corporal. A própria forma do espaço escolar enxergar o corpo humano estabelece padrões que tolhem a visão subjetiva do educador e do educando. Carteiras enfileiradas, salas cheias, alunos uniformizados e uma hierarquia na qual nenhuma prática é levada a reflexão .Assim o corpo é algo controlado, domesticado e a criatividade e sensibilidade de cada um deixa de ser preocupações diante dos métodos educacionais

Sabe-se que o processo no qual o corpo está inserido permite que pensamentos e interpretações a respeito da questão corporal fiquem impregnados pelo desconhecimento e preconceito que insistem em criar parâmetros que excluem o diverso cultural da nossa sociedade, ou seja, uma manifestação da totalidade de raças, religiões e classes sociais em torno das riquezas que cada grupo possui e a partir delas criam uma relação de respeito um pelo corpo do outro, afim de que exista uma liberdade individual dentro do coletivo.

Esquece-se diante do quadro escolar trabalhos desenvolvidos durante a graduação do curso de teatro que aprimoravam a consciência corporal através de disciplinas que visavam o conhecimento anatômico, aquecimento e alongamento do corpo. O que acontece na sala de aula?

Neste contexto educacional a palavra é privilegiada enquanto ao corpo é atribuído uma visão informal da emoção, numa divisão que não associa a racionalidade à emoção, sendo que estes dois aspectos estão presentes na corporiedade de todos os indivíduos. Vê-se um equívoco na exacerbação das demais disciplinas e exclusão da importância do corpo no ensino e aprendizado na sala de aula. Mesmo aqueles professores que deveriam estar acostumados a trabalhar tais características estimulam a fala e a escrita não usando a possibilidade de desenvolver e enriquecer-se através do movimento.

O ator, diretor, cenógrafo ou qualquer outro sujeito do fazer teatral deve levar para sala de aula as características peculiares do teatro expandindo sua movimentação para ocupar um espaço que fica vago diante da ausência da liberdade de expressão. Ser professor é estar em cena de forma que o corpo se mova e acompanhe tanto a necessidade de movimento quanto as possibilidades que se criam e recriam a partir da realidade de cada universo corpóreo.

Conhecer nosso próprio corpo requer uma disciplina interna, pois as diferenças históricas, as possibilidades corporais e as experiências se fazem bastante específicas. Portanto lidar com determinadas condições implica um caráter de valores que não impeçam do ser humano agir enquanto agente social.

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O artista e educador de teatro estão simultaneamente provocando uma reeducação dos sentidos, ou seja, uma nova constituição do movimento visto que ambos possuem o corpo como instrumento de trabalho. Sendo assim o foco se encontra na redescoberta do próprio corpo, as marcas de possibilidades e limites dentro do processo de aprendizagem ao qual cada um está inserido.

Por que o educador não enxerga a hipótese de utilizar sua corporiedade para desenvolver suas aulas? Qual é o receio em relação ao corpo do outro? Para ser artista não se pode ser educador ou vice-versa? Questões como essas suscitam a investigação da função e da forma como os professores de teatro vêm-se relacionando com o aprendizado que tiveram ao longo de sua vida acadêmica.

O ambiente escolar parece ter o poder de tornar-se excludente de qualquer manifestação corporal. O corpo não é visto como um meio de se obter a aprendizagem, ele é considerado apenas como um receptor de informações. Mesmo que o prazer seja ocasionado pelas brincadeiras, por isso, a consciência dessa relação corporal deve ser formada previamente antes do artista enfrentar qualquer outro espaço escolar com uma função pedagógica.

Para tanto faz-se necessário que o corpo assuma o lugar central na aprendizagem a fim de que seus alunos aprendam a não se envergonharem de seus corpos, a comunicarem-se corporalmente e recuperarem o direito de serem criativos. Conhecendo, assim, a necessidade do movimento, os docentes provavelmente irão refletir sobre seus saberes da experiência e consequentemente terão um aceleramento da transformação da realidade social vigente.

O que se percebe é que enquanto artista a expressividade é alcançada e mantida dentro das aulas práticas oferecidas pelo curso ou de outros ambientes que se consideram “próprios” para que a arte aconteça como em um teatro. O corpo que sente, que recebe informações, manifesta opiniões, alegria e criação tem que assumir seu lugar no ambiente escolar com a finalidade de que as pessoas reconheçam sua importância na sociedade para ir além de padrões de beleza e imagens de indivíduos perfeitos.

A pesquisa promoverá descobertas a cerca dessas relações corporais entre educadores de teatro e artistas, visto que o conhecimento está presente mesmo que de forma implícita. Portanto promover a consciência do corpo desses “professores-artistas” é clarear alguns princípios e pontos de conexão entre essas áreas.

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O trabalho educativo corporal é eminentemente crítico dos valores e costumes que tiranizam o homem. A elaboração do direito de expressão implica auto-aceitação da própria história, construção de auto-referência como trabalho para desvencilhar-se da opinião do outro e da possibilidade de caracterizar-se como autônomo diante do próprio exercício de experienciar e compreender este processo.

O professor e o artista precisam se reconhecer enquanto produtores de conhecimento, para isso propõe que se estabeleça uma relação de dialogocidade entre a escola( ensino) e a universidade ( pesquisa) com intuito de desenvolver um trabalho com os professores da rede municipal de Uberlândia através das reuniões que acontecem mensalmente no CEMEP, na qual professores de teatro se encontram para discutirem através de seminários por eles preparados sob orientação da professora do curso de Teatro da UFU Ms. Vilma Campos.

Sendo assim esse contato permitirá delimitar quais as necessidades reais de atuação da pesquisa, visto que primeiramente o diálogo entre pesquisador e esses “ professores-artistas” faz-se necessário para compreensão da realidade atual e passada das condições a que estão submetidos para estarem se explorando corporalmente no sentido de se conhecer e promover ações que partem desse princípio. Seguidamente desenvolver uma visão crítica dos mesmos para que exista uma mobilização da área de educação e artística configurando propostas que dicotomizem teoria e prática, saberes acadêmicos e saberes experienciais.

BIBLIOGRAFIA:

CALAZANS, Julieta; CASTILHO, Jacyan. Dança e educação em movimento. São Paulo: Cortez, 2003.

BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão corpo: identidade e autonomia do movimento. São Paulo: Summus, 1998.

MEDINA, João Paulo S. O brasileiro e seu corpo: educação e política do corpo. Campinas, SP: Papirus, 1994.

Referências

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